Faço sinal. Pára.
Entro. Digo o meu destino.
O táxi arranca.
- “Ora bem… Por onde? Por aqui… Por acolá” – vai o motorista pensando em voz alta.
- “Olhe, talvez assim” – e dou uma sugestão.
O Sr Feliciano ergue o polegar direito: “Certo. Nem mais!”
- “Experimente ver o trajecto ao contrário: de lá para cá. Às vezes ajuda” – sugiro também.
Pensa uns segundos. Reage, como quem descobre uma solução:
- “Essa é boa: nunca tinha pensado em tal…” – reflecte mais uns segundos: “Atão não é que tem razão? Ajuda mesmo. Não vou esquecer o seu conselho”…
E continuámos a falar.
E falámos de muita coisa. Até do tempo: da chuva que teimava em não chegar. Do frio que ainda se fazia sentir.
A propósito dos polícias, da polícia. Acerca da política, do governo que acabava de chegar. Da esperança. De tanta coisa.
Por falar em esperança falou nos netos. Confessou gostar de ser avô. À pergunta dele respondi: “não, não tenho netos, mas gostava de ter. E talvez venha a ter um dia.”
A propósito do trânsito, do problema que é viver hoje numa cidade como esta: sem tempo para nada; sem horas para coisa nenhuma; num frenesim constante; numa pressa sem sentido.
E mais se não disse porque a viagem chegou ao fim.
Corrida terminada. E paga.
Desejámo-nos , mutuamente, um Bom Dia.
Conversar é bom, mesmo com conhecidos ocasionais: desintoxica e arrefece a moleira (escaldante que por vezes anda com os casos e problemas do dia-a-dia). Acalma.
Deslocar-me, hoje, no meu carro, por essa cidade?
Que calvário! Nem pensar: é o inferno do trânsito, é a constante surpresa dos sentidos únicos e proibidos, é o desespero de encontrar um lugar para estacionar!!!
O táxi resolve tudo.
Por vezes também o metro.
O meu carro? Só em horas mais sossegadas e quando sei, antecipadamente, que no destino encontro lugar para estacionar regularmente.
Há alturas em que com mais frequência utilizo o táxi: como agora que andei a fazer a minha revisão dos 67, durante vários dias seguidos.
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