sexta-feira, abril 29, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO) – tudo de acordo com a proclamação da Assembleia Geral da ONU.

Dia Nacional do Japão. Dia Mundial da Dança.

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Faz hoje 576 anos (1429), era (como hoje) uma SX: o exército francês, sob a liderança de Joana d'Arc, põe fim ao cerco de Orleães. Em Portugal reinava D. João I (10º). Em Roma pontificava Martinho V (206º).
Para os franceses Joana D’Arc simboliza o espírito de independência nacional. Terá nascido em 1412 e morrido em 1431, portanto, com 19 anos. A sua personalidade continua a ser um enigma. Rezam os anais, em geral, que a sua vida terá tanto de imaginário, de lendário como de histórico.
O momento histórico, para a França, era muito difícil: os ingleses ocupavam quase todo o seu território.
Joana dizia-se inspirada pelo divino, que ouvia “vozes” do “além” que a incitavam a salvar a sua pátria. Terá conseguido convencer o herdeiro da coroa, o futuro Carlos VII, a entregar-lhe o comando do exército. Assumida essa liderança, vence o inimigo (nesta data?) e liberta Orleães do cerco inglês, o que lhe permitiria conduzir o rei a Reims para ser sagrado.
Capturada e vendida aos ingleses por uma soma de dinheiro, eles libertam-se dela criando um tribunal que a julga e condena por feitiçaria. E é queimada na praça do Mercado Velho de Ruão, em 30MAI1431.

Conta-se que, na sagração de Carlos VII, em Reims, alguém lhe terá perguntado porque estava ali, na igreja, com o estandarte, ao que ela terá respondido: “estive na tormenta; justo era que estivesse no triunfo”.
O Vaticano conduziu-a aos altares. Inspirou nomes como Schiller, Gounod, Péguy, Claudel, Anouilh e Shaw.

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Faz hoje 179 anos (1826), era um SB: o rei de Portugal, D. Pedro IV (28º da sucessão), outorga a Carta Constitucional de 1826 compromisso entre o velho sistema absolutista e a nascente onda liberal - a Portugal e abdica da coroa portuguesa em favor de sua filha D. Maria (II). Pontificava Leão XII (252º).

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Faz hoje 121 anos (1884), era uma TR: nasceu, em Cantanhede, Jaime Cortesão, historiador, político e escritor. Reinava D. Luís (32º). Pontificava o papa Leão XIII (256º).
Jaime Zuzarte Cortesão, era o seu nome completo.
Republicano e democrata, a sua área de formação académica foi a das ciências: medicina.
Porém, sempre cultivou as letras. E com que qualidade o fez!
Foi poeta e dramaturgo (sobretudo peças de conteúdo histórico). E também escreveu para as crianças.
Afinal, a história seria a sua grande paixão. Deixou, pois, importantes e valiosos estudos sobre os descobrimentos: Descobrimentos Portugueses, em 2 volumes (1960). Donde o seu amplo contributo para algumas obras colectivas de grande envergadura como a História de Portugal, dirigida por Damião Peres, ou a História da Expansão Portuguesa no Mundo, da direcção de Hernâni Cidade.
Mas publicou outras obras. E colaborou, ainda, na Seara Nova.
Foi um “intransigente opositor do regime de Salazar”. Participou, activamente, nas tão comentadas eleições presidenciais de 1958. O Directório Republicano-Socialista pretendeu, mesmo, propô-lo como candidato da oposição, nessas presidenciais. Mas recusou. Tanto pretendeu contribuir para o despertar da consciência cívica dos seus concidadãos, que acabou por ser novamente preso em 21NOV1958.
Fora Director da Biblioteca Nacional. Demitido da função pública, foi nela reintegrado a título póstumo.
No ano em que deu à estampa a sua obra maior, atrás referida, sobre o período dos descobrimentos, morre em Lisboa, aos 14AGO1960, com 76 anos.
Aliás, deve esclarecer-se que nesse ano de 1960 é apenas publicado o 1º volume daquela sua obra. Sendo o 2º publicado em 1962. Obra, afinal, que deixaria incompleta. De todo o modo um importante e valioso manancial de conhecimentos.

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Faz hoje 106 anos (1899), era um SB: nasceu, em Washington, Duke Ellington, pianista, chefe de orquestra e compositor norte-americano. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). Pontificava Leão XIII.
O seu verdadeiro nome era Edward Kennedy.
Foi um dos maiores compositores da história do jazz.
Grandes nomes dessa área musical trabalharam a seu lado.
Deixou arranjos de grande originalidade.

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Faz hoje 61 anos (1944), era um SB: morreu Bernardino Machado, presidente da República Portuguesa entre 1915 e 1917. Nessa altura era PR o general Carmona. Pontificava Pio XII (260º).

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Completam-se hoje 56 anos (1949), foi numa SX (tal como hoje acontece): nasceu, em Madrid, o actor e encenador Luís Miguel Cintra. Era ainda Carmona o PR. Prosseguia o pontificado de Pio XII.
Fundou, com Jorge Silva Melo, o Teatro da Cornucópia, onde se afirmou como actor e encenador (por exemplo, com Brecht, Dário Fo, Shakespear e outros).
No cinema protagoniza muitos filmes de Manoel de Oliveira (como Non ou a Vã Glória de Mandar, 1990, e A Caixa, 1994), de João César Monteiro (como Recordações da Casa Amarela, 1989, e As Bodas de Deus, 1999), de João Botelho (Aqui na Terra, 1993) e de Maria de Medeiros (Capitães de Abril, 2000).

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Na mesma data nasceu o escritor Nuno Júdice.
Transcrevo o que ainda não há muito deixei, mais acima, sobre este autor. Nuno Júdice desde A Noção de Poema (1972) que revelou uma atenção particular à matéria do seu trabalho. “A sua poesia assenta numa «textualidade» discursiva que, por vezes, se confunde com a prosa ou que se expande mesmo na prosa (por exemplo, Plâncton, 1981; A Manta Religiosa, 1982; O Tesouro da Rainha do Sabá, 1984; Adágio, 1989…”). “A atmosfera da sua poesia é neo-romântica, por vezes simbólica, abstracta, mas embebida de elementos do real. (…) É um dos poetas mais significativos da poesia portuguesa contemporânea” – A Enciclopédia, Público, vol 12, pg 4910.
Foi um
dos distinguidos com o Prémio Pen Clube de 15ABR1987 – donde esta transcrição.

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Completam-se hoje 35 anos (1970), era uma QA: morreu, em Lisboa, o escritor Tomás de Figueiredo. Nesta altura era PR Américo Tomás. Pontificava Paulo VI (262º).
Tomaz de Figueiredo é da geração da Presença, conquanto não apareça nas páginas da revista coimbrã. Só em 1947 (com 45 anos) se estreia, mas fá-lo logo com a sua obra-prima: A Toca do Lobo, 1947. “Aí se encontra já todo o escritor, na evocação saudosa do passado, no culto dos valores aristocráticos e das virtudes populares, no domínio da linguagem, na mestria do monólogo interior, na visão, ora comovida ora satírica dos homens e da vida” – A Enciclopédia, Público, volume 9, pg 3686.
Publicou ainda outros títulos.
“Se uma obra vale sobretudo pelo estilo, a de Tomaz de Figueiredo, pelo extraordinário poder da sua prosa, ficará como uma das mais singulares da língua portuguesa” – id

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Faz hoje 31 anos (1974), era uma SG: o general Costa Gomes foi nomeado chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. Spínola era o PR. Paulo VI (262º), o romano pontífice.

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Faz hoje 25 anos (1980), era uma TR: morreu, em Los Angeles, nos EU, Alfred Hitchcock, cineasta britânico. Em Portugal decorria o mandato de Ramalho Eanes. Soberano pontífice era, então, João Paulo II (264º).
Hitchcock nascera em Londres, em 1899. Mestre na técnica do suspense e do mistério, foi grande o seu sentido dramático e fundo o seu alcance psicológico. Mas temperados, sempre, por um especial humor. Dirigiu grandes nomes da tela: Joan Fontaine, Ingrid Bergman, Marlene Dietrich, Grace Kelly, Kim Novak, Lawrence Olivier, Gary Grant, James Stewart, Henry Fonda, Anthony Perkins… e tantos outros.
O seu primeiro filme é de 1925, The Pleasure Garden, a que se seguiu, em 1926, o seu primeiro policial, The Lodger.
Já nos EU, realiza Rebecca (1940, Óscar para o Melhor Filme). É extensíssima a sua filmografia, de que recordarei apenas The Man Who Knew Too Much (1934), The Rear Window (1954), Vertigo (1958), Psycho (1960) e The Birds (1962).

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Foi há 24 anos (1981), que ocorreu numa QA: o Pen Club Português atribui os prémios literários a Jorge de Sena, António Ramos Rosa e Agustina Bessa-Luís. Era então PR Ramalho Eanes. Decorria o pontificado de João Paulo II(264º)

quinta-feira, abril 28, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO) – tudo de acordo com a proclamação da Assembleia-geral da ONU.

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Há 150 anos (1855), que foi num SB: nasceu, nas Caldas da Rainha, o pintor José Malhoa. Decorria a regência de D. Fernando, marido de D. Maria II, já que D. Pedro V ainda era menor (o seu reinado iniciar-se-ia em Setembro seguinte). Pontificava Pio IX (255º).

José Vital Branco Malhoa, de seu nome completo, matriculou-se na Escola de Belas-Artes aos 12 anos. Começou com louvores, prémios e fortes incentivos, ao terminar o seu curso. Mas, habituado que estava a ganhar, logo veio a grande desilusão da sua vida: foi preterido em dois concursos do Estado. Desligou-se, por uns 3 anos da pintura. Mas voltou quando soube que em Madrid se preparava uma exposição de grande envergadura: pintou um quadro destinado a esse certame, Seara Invadida, assim se intitulava. Trabalho que tanto em Madrid como, também, em Lisboa, obteve grande êxito, causando a melhor impressão no meio artístico. Acabaria por se impor como grande pintor romântico (só Outono revela certas características impressionistas). Pintou inúmeros quadros, destacando-se entre os mais conhecidos, Os Bêbados, pertencente ao Museu de Arte Contemporânea, quadro que viria a ser renomeado como Festejando o S. Martinho, e As Promessas, que está exposto no museu com o seu nome na sua cidade natal, onde se encontra mais representada a sua vasta obra. E são ainda muito célebres o seu retábulo, S. João Baptista, da capela-mor da igreja de Figueiró dos Vinhos, como o seu painel Nossa Senhora da Consolação, da igreja de Chão de Couce, outra área da obra do artista: os temas religiosos.
Morreu a 26OUT1933.

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Faz hoje 119 anos (1886), era uma QA: em Lisboa, inauguração do Monumento dos Restauradores. Reinava D. Luís (32º). Pontificava Leão XIII (256º).

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Completam-se hoje 116 anos (1889), era um DM: nasce, em Vimieiro, Santa Comba Dão, o professor universitário e estadista António de Oliveira Salazar. Reinava D. Luís (32º). Pontificava Leão XIII (256º).

Filho de uma modesta família de lavradores, António de Oliveira e Maria do Resgate Salazar. (Curiosamente o seu nome seguiu, não a nossa, mas a tradição espanhola: primeiro o apelido do pai; o da mãe em último lugar). Como então acontecia muito aos filhos de famílias rurais com mais fracos recursos que revelassem maior propensão para estudar, deu entrada num seminário. No de Viseu, que frequentou durante oito anos.

Desistindo da carreira eclesiástica, esforçado e brilhante aluno que era, cedo se formou em direito, cujo curso faz, com altas classificações e nota final de 19 valores, de 1910 a 1914.

Enquanto estudante universitário, a sua actividade não se confina aos estudos, é, antes, também membro activo do CADC (Centro Académico da Democracia Cristã), onde, depressa, se torna destacado orientador. O CADC é, então, “um núcleo de elaboração doutrinária na qual [Salazar] teve parte importantíssima, com a cooperação de elementos que, com ele, viriam, em 1928 e seguidamente, a exercer papel preponderante na governação do País.”

Um dos membros do CADC era, então, o seu colega universitário, mas aluno de História, e seu amigo pessoal, Manuel Gonçalves Cerejeira, futuro cardeal patriarca de Lisboa (05AGO1929-15MAI1971). Em 1917, é assistente na faculdade onde se formou. E no ano seguinte, com 29 anos, é professor catedrático, na mesma faculdade, do grupo de Ciências Económicas.

E a par da sua actividade de docente, escrevia, escrevia sempre, escrevia sobretudo na área da sua formação académica. Mas não só. Escrevia, também, e participava em fóruns de cariz e pendor católico-social. Como, por exemplo, no Congresso Católico de Abril de 1922, cuja tese, aí defendida, muitos consideram como “o seu primeiro grande documento político”. E prossegue, já no seu afã de “mentor” político de muitos discípulos, as suas intervenções em conferências e congressos.

Entrementes, “chega 1926 com a revolução incruenta [“stricto sensu”, não posso deixar passar em branco] de 28 de Maio; estabelece-se no País uma ditadura militar que, logo no início, para uma renovação de objectivos e processos de governo, apela para o Professor Salazar a fim de que este assuma a gerência da pasta das Finanças”. Mas, porque “reinava certa confusão, grande imprecisão de objectivos imediatos, desarmonia entre os dirigentes principais”, desta vez esteve apenas uns dias no Ministério. Demite-se de ministro e regressa à cátedra. Não que se abstivesse “de prosseguir a sua doutrinação pública” – que mantinha através da imprensa, a par da sua actividade docente.

A 15ABR1928 o general Carmona (um dos actores e obreiros do golpe do 28MAI1926) é proclamado presidente da República (sem que então a maioria dos portugueses, os cidadãos comuns, se apercebessem que o era vitaliciamente).

Constituído novo governo, presidido pelo general Vicente de Freitas, este convida Salazar para a pasta das Finanças, de novo. Salazar aceita, mas impondo condições. “Aceitou, sob a condição de lhe caber o direito: a) de fixar para cada Ministério a dotação máxima dos respectivos serviços; b) de examinar previamente todas as iniciativas governamentais que tivessem repercussão directa nas receitas ou despesas; c) de impedir todos os aumentos de despesa; d) de intervir em todas as providências relativas à arrecadação de receitas e à redução de despesas”. E – espantosamente ou nem por isso – o chefe do governo (humildemente) aceitou as condições. A necessidade era grande, mas o respeito (temor reverencial, já então) era muito maior. O programa não era do governo, era dum ministro! A semente do endeusamento da personalidade estava lançada. Foi a 27ABR1928 (recordou-se ontem nesta coluna) que Salazar tomou posse como ministro das Finanças. Data que seria repetida e insistentemente recordada pelos anos fora. Num país já então adiado, era o repetido anúncio do triunfo final.

«A 28 de Agosto de 1931, uma circular chega aos jornais para"evitar que seja utilizada a imprensa como arma política contra a realização do programa de reconstrução nacional, contra as instituições republicanas e contra o bem-estar da nação".
O texto, enviado pela direcção dos Serviços de Censura, dizia como fazer "cortes". Não eram permitidas "referências desprimorosas ao chefe de Estado"; "notícias de atentados de carácter político"; "notícias que originem o alarme e a intranquilidade pública"; "suicídios, com excepção dos cometidos por criminosos conhecidos"; "infanticídios"; "anúncios de astrólogos, bruxas ou videntes"; "crimes cometidos por menores"; "alusões aos serviços de censura" e "espaços em branco", entre outras normas.» Memória do PÚBLICO (entre outras, sobre a matéria e na mesma data), com o título «CALAR PARA O "BEM DA NAÇÃO"», de QA 27ABR 05.

Rendido, o regime (que já então era ele – qual Luís XIV poderia dizer: o Estado, sou eu. O regime, sou eu), pouco depois, designa o seu “salvador providencial” Presidente do Conselho de Ministros. Estávamos em 05JUL1932 quando Salazar toma posse e apresenta o seu governo (presidente do Ministério e Ministro das Finanças, ele mesmo; Ministro das Obras Públicas, Engº Duarte Pacheco; Ministro da Justiça, Prof Manuel Rodrigues; Ministro do Interior, Dr Albino dos Reis; Ministro da Guerra, general Daniel de Sousa; Ministro da Marinha, Com. Mesquita Guimarães; Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr César Mendes; Ministro do Comércio, Engº Sebastião Ramires; Ministro das Colónias, Prof Dr Armindo Monteiro).

Um dos seus primeiros actos, foi um aceno de simpatia ao movimento monárquico: o nosso 34º e último rei, D. Manuel II, morrera, em Inglaterra, dias antes, aos 02JUL1932, e o governo da presidência de Salazar decretava-lhe solenes funerais, em Lisboa, e prestava-lhe as maiores homenagens. Simpatia (monárquica) que se confirmaria no discurso da tomada de posse dos corpos directivos da União Nacional (já então, o partido único do regime), em 23NOV do mesmo ano.

Desde o começo do seu longo consulado que o seu fiel cronista foi António Ferro. Em DEZ1932, A. Ferro publica as suas entrevistas com o novo chefe do governo no Diário de Notícias. E publica-as em volume nos começos de 1933, sob o título Salazar – o Homem e a sua Obra. (Isto – “o Homem” e a “Sua Obra” -, repare-se, nos começos do seu reinado. Imagine-se o que não estaria para vir!).

Desta obra de A. Ferro recorda Luís Graça, no seu site “História da Saúde e do Trabalho (1926-1974)”, o seguinte: «Salazar, o Homem e a Obra (Entrevistas de António Ferro ao ‘chefe’ do Estado Novo): tiragem de 125 mil exemplares (!) na primeira operação de marketing político feita no nosso país».

Mas A. Ferro cedo seria premiado com a direcção Secretariado da Propaganda Nacional (assim, tal e qual!), que numa posterior operação de cosmética (única reacção usual do regime às críticas e “incompreensões” dos seus detractores – sobretudo internacionais) passou a denominar-se SNI/Secretariado Nacional de Informação (já com um pinguinho de pudor).

Agora havia que reflectir, preparar e lançar as pontes para consolidar a obra e o regime – em suma, afinal, para conservar, manter a qualquer preço, a personagem deificada.

Em 19MAR1933 é aprovada, por plebiscito, a “constituição corporativa”, cujos “direitos e garantias individuais” mais não eram que fogos fátuos na interpretação, obtusa e vesga, desses tiranetes do regime, que eram os submissos juízes dos Tribunais Plenários e Tribunais Militares Especiais, criados criteriosa e cautelosamente pelo iluminado legislador do regime.

Em 29AGO1933 o governo extingue a Polícia Internacional Portuguesa e a Polícia de Defesa Política e Social e cria a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado/PVDE (polícia política e instrumento de repressão do Estado Novo, antepassada da PIDE-DGS). Que ficaria registada na história apenas como PIDE.

Os grandes esteios do edifício do Estado Novo eram o exército, a censura e a polícia política. Eles aí estavam todos, agora. E a Igreja daria também uma nada desprezível contribuição, sobretudo enquanto nela pontificaram preponderantes figuras como o seu ex-colega e sempre amigo cardeal Cerejeira (de 05AGO1929 a 15MAI1971).

Em 23SET1933 era publicado o Estatuto do Trabalho Nacional, o qual, apoiado por um sindicalismo corporativo, tanto ao nível organizativo de base, como ao nível dos princípios, rege as relações laborais.

Simultaneamente – socorro-me de informação constante do site da IGT/Inspecção Geral do Trabalho - «o Decreto-Lei 23035 de 23 de Setembro de 1933, de acordo com os princípios do regime corporativo, cria sob a presidência do Subsecretário de Estado das Corporações e Previdência Social (cargo junto da Presidência do Ministério de acordo como Decreto-lei 22428 de 10 de Abril de 1933), o Instituto Nacional do Trabalho e Previdência (INTP).
Com delegações privativas fora do distrito de Lisboa, dirigidas por um delegado e competindo-lhes “a propaganda da nova ordem social”, cabia-lhes, para além da “inspecção e assistência aos organismos corporativos do distrito”, “inquirir da segurança dos locais de trabalho, do regime dos salários, da observância das leis sobre o trabalho de mulheres e menores e do horário do trabalho...”.»

Depois, e recorrendo à mesma fonte, «o Decreto-lei 24403 de 24 de Agosto de 1934, determina que o INTP organize um serviço de fiscalização do horário de trabalho (FHT) e mais tarde (Decreto-Lei 30022 de 4 de Novembro de 1939), “tendo presente que ao INTP cabe a fiscalização do cumprimento das disposições legais reguladoras da disciplina do trabalho e clausulas dos contratos e acordos colectivos do trabalho”, cria-se o serviço de fiscalização do trabalho (FT)».

Entretanto o INTP passa por reorganizações e reestruturações várias, até que (citando de novo a mesma fonte) «o Decreto-Lei 203/74 de 15 de Maio, da Junta de Salvação Nacional, que criou o Ministério do Trabalho, revogou o Estatuto do Trabalho Nacional e o INTP foi extinto pelo Decreto-Lei 760/74 de 30 de Dezembro».

Em 28MAI1936, Salazar pontifica, em Braga, nas comemorações do 10º aniversário do golpe que o levaria ao poder, onde proferiu o discurso que um filme, já várias vezes já passado na TV, nos recorda: “às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século procurámos restituir [não sei se enfático plural magestático, se simulação de humildade, colocando-se na sombra do movimento] o conforto das grandes certezas [sic!]. Não discutimos Deus e a virtude; não discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos a autoridade e o seu prestígio [claro!]; não discutimos a família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever”. (Repare-se: Deus, Pátria e família – maiúsculas e minúscula a marcar a importância. Mais tarde juntar-se-ia a corporação).

Em 1937 é criada a Legião Portuguesa “destinada especialmente a enfrentar, em colaboração com o Estado e com as Forças Armadas, a ameaça comunista e os perigos que pudessem visar a estrutura da Nação no campo dos princípios que ele [Salazar] considera indiscutíveis ou axiomáticos no discurso de Braga.

No ano anterior havia sido criada a Mocidade Portuguesa, “organização pré-escolar, de função educativa, patriótica e pré-militar”.

Com a morte de Carmona (18ABR1951) chegou a desenhar-se um movimento no sentido de que Salazar “consentisse” em ser eleito para a chefia do Estado. Como era de esperar, e absolutamente certo, Salazar não consentiria em tal. “Consentiu”, antes que se candidatasse o general Craveiro Lopes. Que, claro, foi eleito e o reconduziu nas suas funções.

Não obstante um regime super-vigiado, Salazar foi objecto de alguns atentados. Todos falhados, naturalmente. Um ou outro golpe foi pensado para o destituir, mas a vigilância não desarmava. Nenhum vingou. Mas ele vingar-se-ia.

Uma pequena sacudidela do regime aconteceu em 1958: estavam marcadas eleições presidenciais para 08JUN. À UN foi imposto, por Salazar, o nome do seu ex-ministro da Marinha, o “sempre atento e obrigado” “a bem da Nação” (do regime, queria-se dizer, claro) Américo Tomás. Pela oposição tinha dado brado a candidatura do general Humberto Delgado que - não sendo de forma nenhuma um esquerdista, muito ao contrário – teve no entanto a ousadia de se opor a Salazar (acerca de quem disse a frase que ficou célebre: “obviamente, demito-o”). Rezam as crónicas que Delgado só não ganhou as eleições devido às “costumadas” manobras de bastidores, no manuseamento dos cadernos eleitorais e das urnas…

Aliás, Delgado, em 25OUT1957, aceita candidatar-se, explicitamente, pela “oposição não comunista”. Mas não tinha sentido, para Salazar, tal expressão. Na verdade, para o regime, “quem não fosse por ele, era contra ele”. E esses eram todos – todos, mesmo Delgado – comunistas. Logo, o regime não podia aceitar a candidatura de um comunista, nem quem os representasse. Era dogma. Inquestionável. Estava dito. Acabou. Com fraude ou legalmente, Tomás tinha de ganhar. Ponto final.

O que efectivamente aconteceu, na reviravolta política de Delgado, foi que ele deixou de acreditar - logo de defender - a postura colonialista de Portugal (o que tornou explícito, mais tarde, em declarações proferidas no exílio, no Brasil, em 27FEV1961). Era uma evidência, irrecusável, para todos, menos para os salazaristas. Foi esse o seu crime de lesa-regime: sustentar a necessidade de Portugal abandonar essa postura – como o mundo reclamava e a oposição, em bloco (mesmo os moderados como Delgado) exigia.

O preço desse atrevimento do “general sem medo”, foi a sua perseguição e execução sumária, em Espanha, perto da fronteira portuguesa, por uma brigada da PIDE, chefiada por Rosa Casaco e com o tiro fatal de Casimiro Monteiro. Estávamos, então, em 13FEV1965.

Mas que foi um razoável abanão… Foi. Tanto que, em 29AGO1959, são promulgadas alterações à Constituição de 1933. Como, entre outras: o presidente da República passa a ser eleito por um colégio eleitoral restrito, onde dominam Salazar e a UN. Na base da mudança, o apoio popular a Humberto Delgado, nas presidenciais do ano anterior, em que apenas a fraude eleitoral garantiu a eleição de Américo Tomás.

Um exemplo, entre tantos, da sanha persecutória de Salazar e dos seus seguidores, foi o que ocorreu com a crise académica de 1962: 24MAR, decretado pela “academia” dia do estudante, foi mais um motivo para actuação das forças policiais em defesa do regime férreo da ditadura: várias centenas de estudantes fomos conduzidos em vários autocarros para a parada dum quartel na Parede, para sermos objecto de “registo”. Várias dezenas de outros, com mais pesado “cadastro” , foram conduzidos aos calabouços da PIDE para interrogatório.

A “Primavera marcelista”, afinal, mais não foi que um Outono sombrio.

Marcelo Caetano, só por si, não teria vontade nem poder para tão “ciclópica tarefa” (cito de memória) nas suas próprias palavras de então (referindo-se, porém a outra realidade) Nem os ultras da direita mais radical lhe permitiriam quaisquer veleidades de abrandamento na acção, de desvio nos propósitos.

Em 22ABR1970, o fim da censura prévia está incluído no projecto de lei de Imprensa apresentado na Assembleia Nacional pelos deputados, da chamada “ala liberal”, Francisco Sá Carneiro e Francisco Pinto Balsemão.

No entanto, em 05MAI1972, mais uma mudança de fachada ocorre: o governo substitui a censura prévia pelo regime de exame prévio.

Ou seja, e na expressão popular bem conhecida: tanto fazia dar-lhe na cabeça, como na cabeça lhe dar.

No site do sociólogo Luís Graça: Textos30: História da Saúde no Trabalho: 1926-1958 (http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/textos30.html), pode ler-se esta interessante síntese:

«Numa perspectiva de história política e institucional, podemos apontar os seguintes marcos fundamentais deste longo período de quase meio século::

- A Ditadura Militar, de 1926 a 1933, ou seja, antes e depois da entrada de Oliveira Salazar para o ‘Governo da Nação’ (em 1928, como ministro das Finanças, e em 1932 como presidente do Conselho);

- 1933 é porventura o ano mais emblemático do Estado Novo, o ano em que são aprovados a ‘Constituição Corporativa’ e o Estatuto do Trabalho Nacional, e criados a Polícia de Vigilância do Estado (antecessora da PIDE), o Secretariado da Propaganda Nacional e os Tribunais Militares Especiais;

- No âmbito da Igreja e das organizações de leigos católicos, 1933 é também o ano da institucionalização da Acção Católica Portuguesa e da extinção do Centro Católico Português (donde provinham Salazar e Cerejeira);

- 1933-1936 corresponde à fase de consolidação do Estado Novo: em 1936 começa a Guerra Civil de Espanha e, em 1937, Salazar escapa ileso a um atentado à bomba;

- O apogeu do regime fascistas português (até 1940, com o início da Segunda Guerra Mundial; momento alto do regime com a Exposição do Mundo Português e as Comemorações do Duplo Centenário da Fundação da Nacionalidade, em 1140, e da Restauração, em 1640);

- O período de crise e dificuldades resultantes da Segunda Guerra Mundial e, no imediato pós-guerra, do derrube dos principais regimes fascistas europeus (1945-1949);

- A fase de reestabilização através da integração de Portugal no mundo dual da 'Guerra Fria’ (1949-1961) (1958: campanha do general Humberto Delgado; 1959: adesão à EFTA; 1960: adesão ao FMI; 1961: início da guerra colonial em Angola, perda dos territórios de Goa, Damão e Diu);

- A longa agonia do regime salazarista (1961-1968);

- E, por fim, o marcelismo, tentativa tardia e falhada de modernização do regime ditatorial, e a sua desagregação, devido à acumulação de tensões contraditórias de natureza endógena e exógena, terminando com o golpe militar e, depois, com a Revolução de 25 de Abril de 1974.»

(Alguns dos sublinhados, e o reforço de outros, são meus)

Salazar morreu no dia 27JUL1970, com 81 anos. Como já referi antes, no Verão de 1968, Salazar, com 79 anos, que gozava férias no forte de S. João do Estoril, deu uma queda de uma cadeira de que resultou a sua incapacidade física e intelectual.

Internado e agonizante, pensava que ainda era o chefe do governo – já Marcelo Caetano o substituíra. O seu submisso e indefectível amigo, Américo Tomás, sempre o poupou, até ao fim, ao desgosto de saber a verdade.

A bibliografia sobre Salazar é imensa. Mas sempre tem merecido particular destaque o livro de Christine Garnier, Vacances avec Salazar, publicado em Paris, em 1952, e em Lisboa, no mesmo ano (Férias com Salazar).

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Faz hoje 95 anos (1910), era uma QI: nasceu Francisco Keil do Amaral, arquitecto português. Ainda reinava D. Manuel II. Pontificava Pio X (257º).

Foi o autor do pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Paris, em 1937, da Aerogare de Lisboa e dirigiu as obras do Parque de Monsanto e do jardim do Campo Grande, em Lisboa.

Publicou vários trabalhos, livros e artigos, na sua área profissional. Teve vários prémios, nomeadamente o Prémio Valmor em 1962. E foi destacado membro da oposição ao Estado Novo, com participação activa, por exemplo, nas eleições presidenciais de 1958, pela candidatura de Humberto Delgado, e no Congresso da Oposição em Aveiro, em 1973.
Morreu em Lisboa, aos 19FEV1975, perto de perfazer os 65 anos.

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Faz hoje 87 anos (1918), era um DM: Sidónio Pais é eleito presidente da República Portuguesa. Era ainda PR Bernardino Machado. A Igreja era dirigida por Bento XV (258º).

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Faz hoje 86 anos (1919), foi numa SG: é fundada a Liga das Nações. Em Portugal era PR Canto e Castro. Prosseguia o pontificado de Bento XV.

No dia 28 de Junho de 1919 os alemães viram-se forçados a assinar o Tratado de Versalhes, conjunto de condições de paz a impor pelas potências aliadas (Inglaterra, Estados Unidos, França e Japão) e associadas (entre outros, Portugal, Brasil, Bélgica e Grécia) à Alemanha. Uns dias após a realização deste colóquio, a 28 de Abril de 1919, a Conferência de Paz de Versailles aprovou a criação da Liga das Nações (ou Sociedade das Nações), atendendo a uma proposta do então presidente dos Estados Unidos, Thomas Woodrow Wilson. Sedeada em Genebra, na Suíça, a Liga das Nações deu início às suas actividades em Janeiro de 1920, tendo como missão agir como mediadora no caso de conflitos internacionais, procurando assim, preservar a paz mundial. Mas a Liga das Nações revelou-se inoperante e sem força política, devido à ausência das grandes potências. Seria uma primeira tentativa fracassada de criação da Organização das Nações Unidas, que só viria a vingar em 1945, após a 2ª Guerra Mundial.

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Faz hoje 64 anos (1941), foi numa SG: nesta data em que Salazar faz 52 anos, a União Nacional e as outras estruturas do regime promovem, em Lisboa, no Terreiro do Paço, uma manifestação em sua homenagem. Era Carmona o PR. Pontificava Pio XII (260º).

As crónicas registam algumas interessantes e “espontâneas manifestações” destes tempos.

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Faz hoje 60 anos (1945), era um SB: morreu Benito Mussolini, político italiano. Em Portugal o PR era o general Carmona. Pio XII (260º) era o Sumo Pontífice da Igreja.

Nascido em 1883, começa por ser professor e por se aproximar dos socialistas. A sua intransigente defesa, em 1914, da intervenção da Itália na Guerra ao lado dos aliados, afasta-o definitivamente dos socialistas. Funda o jornal Il Popolo d’Italia, mais tarde órgão do seu partido fascista. Terminada a guerra e considerando, como tantos italianos, a Itália lesada pelo tratado de paz, e ainda levado pela miséria e anarquia reinantes no seu país, cria o célebre Partido Fascista, em 1919. Em 1922 organiza e lidera a célebre Marcha sobre Roma. O rei Vítor Manuel III, designa-o para formar um novo governo. Depressa (1925) passa de primeiro-ministro a chefe absoluto (Il Duce). A sua política interna consolida a sua popularidade, mas a sua política externa não é tão bem sucedida: é com a indignação geral que conquista a Etiópia (1935-36). Aproxima-se da Alemanha de Hitler (Pacto de Aço, de 1939, que cria o Eixo). Entra na guerra (1940) ao lado da Alemanha. A Itália, agora mero instrumento de Hitler, faz decrescer rapidamente a popularidade do Duce. O rei ordena a sua destituição e prisão (1943). Ainda tenta, no norte da Itália fundar uma república corporativa e fascista, mas sem êxito. Tenta, também, a fuga para a Suiça, mas é interceptado por partidários comunistas que o executam sumariamente.

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Faz hoje 46 anos (1959), era uma TR: o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes é condenado ao exílio. Era PR o almirante Américo Tomás. Pontificava o papa João XXIII (261º), o “bom papa João”, como muitos o recordam.

O bispo do Porto pagou o preço da sua “intervenção” nos negócios de Estado:

em 13JUL1958, poucas semanas depois das presidenciais (ainda era PR o general Craveiro Lopes, pois o Almirante Américo Tomás só tomaria posse em 09AGO seguinte), o Bispo do Porto escreve uma carta a Salazar criticando alguns aspectos do regime, o que lhe valeu o desterro donde só regressaria depois da morte do ditador.

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Foi há 43 anos (1962), um SB: greve e manifestação dos mineiros de Aljustrel: 2 mortos e dezenas de feridos foi o resultado da violenta repressão concretizada pela GNR. Era Américo Tomás o PR.
Pontificava João XXIII.

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Faz hoje 36 anos (1969): era uma SG: o presidente francês Charles de Gaulle demite-se. Em Portugal era PR Américo Tomás. No Vaticano pontificava Paulo VI (262º).

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Completam-se hoje 31 anos (1974), foi num DM: Mário Soares, Ramos Costa e Tito de Morais regressam do exílio. Spínola era o PR. Paulo VI (262º), o papa reinante.

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Na mesma data: dissolução da Assembleia Nacional e do Conselho de Estado.

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Faz hoje 30 anos (1975), era uma SG: morreu, em Lisboa, Leopoldo Neves de Almeida, escultor português. Era PR o general Spínola. Pontificava Paulo VI (262º).

Nascido, também em Lisboa, em 1899, foi professor de desenho na Escola Superior de Belas-Artes. Deixou muitas obras monumentais, como, por exemplo, o Padrão dos Descobrimentos, em Belém, Lisboa. Também na área da arte sacra tem muitas obras, como as imagens da Virgem e de S. João Baptista da igreja de Fátima, em Lisboa.

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Faz hoje 24 anos (1981), era uma SG: a escritora Maria Alberta Menéres recebe o Grande Prémio Gulbenkian da Literatura Infantil. Era PR o general Ramalho Eanes. Pontificava João Paulo II (264º).

São seus O Cântico de Barro (1954) e A Palavra Imperceptível (1955). Na área em que aquele prémio a distinguiu, destaco Conversa com Versos (1968), A Lenga-Lenga com Vento (1976) e A Gaveta das Histórias (1995). A sua obra é muito vasta.


quarta-feira, abril 27, 2005

“DIZ-SE”… NO PÚBLICO DE HOJE


"Em Mourinho, o país encontrou o líder que gostava que os seus líderes fossem."

Tiago Rodrigues
A Capital, 26-04-05

TÍTULOS E DESTAQUES – PARA MEMÓRIA FUTURA

Ps insiste na regionalização

Os candidatos às autárquicas prometem bater-se pelas regiões


Filipe Santos Costa

DN, QA 27 ABR 05

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Isaltino avança para Oeiras mesmo sem o apoio do PSD

Nuno Simas com Luísa Botinas

DN, id

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O Dia seguinte
CDS procura "pacificação"

DN, id

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Governo aumenta beneficiários do rendimento social de inserção

O novo diploma será apresentado nesta semana. O Governo pretende tornar mais justo o acesso ao RSI e alargar o número dos beneficiados. Será alterada a fórmula de cálculo, que passará a ter em conta apenas os três últimos meses de rendimento dos candidatos ao subsídio, em vez dos actuais doze.

Mariana Adam e Luís Claro

A Capital, QA 27 ABR 05

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Entrevista do dia: Kenneth Maxwell, professor de Harvard, faz a história do 25 de Abril visto da América

«Washington foi totalmente surpreendido pela revolução»

Ana Goulart

Id, id

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Segredos do sucesso

Explicações para o primeiro lugar da Finlândia

Ensino gratuito, corpo docente estável e alunos motivados são segredos
do sucesso

Bárbara Wong

Público, QA 27 ABR 05

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"Exames são antídoto contra a preguiça e o facilitismo"

A historiadora e professora universitária Maria de Fátima Bonifácio não tem dúvidas de que o fracasso do sistema de ensino português se deve às teorias pedagógicas e defende que os alunos devem trabalhar para adquirir conhecimentos, em vez de competências.

Entrevista, id, id

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recuo inédito do "não"

Ofensiva de Schroeder e Chirac pelo "sim" à Constituição da UE

O chanceler alemão foi a França ajudar o Presidente francês a convencer os seus compatriotas a votarem "sim" no referendo de 29 de Maio

Ana Navarro Pedro, Paris

Id, id

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Chefe da oposição de Taiwan visita a China

Viagem histórica de oito dias inclui uma audiência com o Presidente Hu Jintao

Público, id

E AGORA?

Viva, Sr Prof Freitas do Amaral!

Desculpe, Sr Professor-Ministro, mas deixe que mal lhe pergunte:

Agora que o recreio acabou, e o CDS abjurou do PP (personagem/instituição/personagem), regressando às origens (ou a mais próximo delas), que vai o Sr Ministro-Professor fazer: continuar a ser Ministro-Ministro do governo do PS, ou regressar a ser Professor-Professor e recuperar o seu CDS-CDS?

Sobretudo, imagine que Ribeiro e Castro seguia o conselho de Luís Osório e, publicamente, pedia desculpa pela brincadeira e recolocava a sua fotografia de fundador do partido “no lugar devido”? (Não me diga que não lhe viria a lagrimazita indiscreta, tocado pela emoção e pelo desvelo do gesto nobre…).

Mas a questão é essa: regressando (se regressar) o CDS ao CDS, o Sr Ministro volta ao Professor, ou o Sr Professor continua no Ministro?

Ou então (porque isto pode estar um bocado confuso): o Sr Professor regressa professoralmente à casa que fundou – antes do desvirtuamento do PP – ou continua ministerialmente na casa que o acolheu?

(Não sei se terá ficado melhor!...)

É assim (expressão tão in para os jovens “comissários” do PP): o Sr Prof volta a trás, ou o Sr Ministro continua? Por outras palavras: volta ao Caldas ou continua nas Necessidades?

A questão poderá não ser – no mais importante – decisiva. Mas convirá ser esclarecida.

SOLTAS


«É preciso que a riqueza seja mais bem distribuída , que a democracia
seja corrente por todo o lado e que a protecção ambiental seja tratada com a importância que merece. E estas três coisas, de tão simples e evidentes que são, não são património ideológico de ninguém.»

José Diogo Madeira (Jornal de Negócios on line, QA 27 ABR 05)

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«Hoje em dia vemos diplomatas, analistas políticos, jornalistas, opinarem sobre o que é a Europa, e as infinitas compensações estratégicas (nunca claramente enunciadas, em bom rigor) de termos a Turquia, Marrocos, Israel, um dia o Kasaquistão, na União Europeia. São esses os cultores actuais da engenharia histórica. Querem converter, querem um novo começo. Herdeiros serôdios e mal digeridos de um cristianismo e de um paganismo que nunca assimilaram plenamente, querem reduzi-lo a meras expressões técnicas. Curiosamente são em geral pessoas que ou vivem ou viveram nos Estados Unidos. O arquiduque Otão de Habsburgo percebeu que era europeu quando se teve de refugiar na América. Estes burgueses, indo para lá, ainda não se aperceberam que não o eram em suficiência.»
Alexandre Brandão da Veiga (id, id)

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«O passado em Portugal surge sempre como glória. Nunca como lição. Este país criou uma cultura de adolescência. Queremos ser, mas nunca somos. Passamos directamente da idade da inocência para a da reforma.»
Fernando Sobral (id, id)

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«O CDS-PP é um partido em busca de um destino. E nem mesmo a astrologia é capaz de o decifrar.»
Fernado Sobral (id, TR 26 ABR 05)

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«O fervor anti-aborto de Portas afastava os liberais, a recente conversão à Europa afastava os nacionalistas económicos, e a luta contra o rendimento mínimo e a favor da guerra do Iraque desalinhava-o do Vaticano e dos democratas-cristãos. Ao tentar crescer com sucessivas piruetas ideológicas, o CDS-PP espatifou-se nas urnas. Consciente disso, Portas partiu, e o seu baralhado exército de “conservadores-liberais” foi batido facilmente por Ribeiro e Castro.»
Domingos Amaral (Diário Económico, QA 27 ABR 05)

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«Ao contrário do que pensam aqueles que por norma se opõem a qualquer mudança, é exactamente por termos exemplos nefastos de profunda personalização e "clientelização" da acção política, sobretudo na esfera local e regional, que as regras se mudam. Por outras palavras, é natural que o "efeito Alberto João", que nos lembra todos os dias que a América Latina fica perto, provoque legislação limitando o número de mandatos, induzindo alguma renovação dos dirigentes políticos locais.»
António Costa Pinto (DN, QA 27 ABR 05)

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«A imagem, ou o cliché, do novo Papa é de um conservador intolerante. Duvido que Bento XVI confirme tal ideia, mas esta levou muitos a falarem em divergência crescente entre a Igreja católica e o mundo moderno. Não é novidade divergências grandes existiram até ao Concílio Vaticano II, sobretudo em torno de questões filosóficas. E a Igreja teve aí algumas responsabilidades. Hoje, a referida incompatibilidade diz mais respeito a questões como o celibato dos padres, regras de moral sexual, posição perante a vida, etc. São temas importantes, mas nem todos do cerne da fé - embora alguns campeões do "religiosamente correcto" e da "estrita observância" transmitam a falsa sugestão de a fé ser um moralismo.»
Francisco Sarsfield Cabral (id, id)

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«Ele [Joseph Ratzinger] é o Papa que a hierarquia da Igreja Católica quis - o que diz alguma coisa sobre a hierarquia da Igreja Católica. Melhor: de uma maioria. E uma maioria não é toda a hierarquia. E a hierarquia também não é toda a Igreja...»
Joaquim Fidalgo (Público, QA 27 ABR 05)

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«Que um autarca [pres. da Câm. de Coimbra] e barão do PSD [Carlos Encarnação] venha materializar a manobra revivalista de direita e de extrema-direita dando-lhe pública expressão onomástica e iconográfica não surpreende, mas é um sinal de alarme.»
Fernando Rosas (id, id)

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«Assistimos hoje ao cruzamento de tendências diversas. Que vê o fundamentalismo islâmico na evolução ocidental? Conhecemos a lista de agravos, repetida até à exaustão, do Papa a João Carlos Espada. Com particular relevo para João César das Neves: temos a devassidão sexual, a decomposição das famílias, o consumismo, o materialismo, o relativismo.


Qual é o diagnóstico que a Igreja reiteradamente assume? Exactamente o mesmo: devassidão, materialismo, relativismo. Por conseguinte, os males são idênticos e o combate do fundamentalismo islâmico é o mesmo combate que o do fundamentalismo da religião europeia e americana. O eixo do mal é em todo o lado o eixo do mal.


Segundo o novo Papa, cardeal Ratzinger (…), a crise em que vivemos não é um conjunto de circunstâncias que abala a religião. É uma situação de conjunto que afecta a técnica, a política, a cultura e a religião - isto é, a sociedade no seu todo.»

Eduardo Prado Coelho (id, id)

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«Ribeiro e Castro, que conquistou as bases por lhes ter prometido umas migalhas de atenção e poder, era o homem certo para resgatar em congresso o partido ao "exército" que Portas formou, mas é o menos certo dos homens para, fora da cobertura mediática garantida pela reunião partidária, esvaziar o poder de todos os que, à primeira oportunidade, o tentarão diminuir.»
Luís Osório (A Capital, QA 27 ABR 05)

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«O novo líder deveria, e não o vai fazer, criar condições para, no próximo congresso, ser votada a extinção do Partido Popular. Seria um importante sinal para fora do partido e coerente com o sentido da sua vitória sobre os comissários de Portas.»
Id (id, id)

PORTUGAL: UM CASO ESPECÍFICO


Bartoon de Luís Afonso, do Público de hoje: 27 ABR 2005

NOTA:

Com a devida vénia (e autorização) remeto para o Público.

Mais um cartoon com o arguto barman saído da pena do acutilante Luís Afonso.

O BARTOON tem sempre o mesmo endereço informático, embora cada dia com um diferente conteúdo.
Assim, o cartoon só corresponde ao título que o antecede
na data desse “post”.
Passado esse dia, tem que se procurar, no próprio BARTOON, a data a que um outro título e “post” respeitem, através da seta da esquerda, nele bem visível, ao lado do calendário.

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO) – tudo de acordo com a proclamação da Assembleia-geral da ONU.

Dia Nacional do Togo

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Foi há 619 anos (1386), era uma SX: morreu, no convento de Tordesilhas, em Espanha, D. Leonor Teles, rainha de Portugal entre 1372 e 1383, viúva de D. Fernando. Reinava D. João I (10º). Pontificava Urbano VI (202º).
Fernão Lopes descreveu assim D. Leonor Teles: “Esta rainha D. Leonor ao tempo que a el-rei tomou por mulher, era bem manceba em fresca idade, e igual em grandeza de corpo; havia loução e gracioso gesto e todas as feições do rosto quais o direito da formosura outorga; tal que nenhuma por então era a ela semelhável em bem parecer e dulcidão de fala”.
Ora esta bela D. Leonor Teles, que fora casada com um fidalgo português, tendo conhecido D. Fernando e nele despertado grande paixão, aproveitou o ensejo para satisfazer a sua grande ambição. O rei logo tratou de desfazer o seu noivado com a filha do rei castelhano, e de promover a anulação do casamento de D. Leonor com o fidalgo seu marido.
O escândalo indignou fidalgos e plebeus. Mas o rei, a nada, a ninguém atendia e, secretamente, casou com D. Leonor.
D. Fernando e D. Leonor tiveram uma única filha, D. Beatriz, que era uma criança de 10 anos, casada com João I, rei de Castela, quando D. Fernando faleceu. Daí a questão sucessória de 1383. Mas o tratado de casamento da rainha-criança previa que, enquanto a princesa não tivesse um filho (varão) maior de 14 anos, a regência caberia à rainha viúva, D. Leonor Teles.
O pior é que, se o povo não aceitava a sucessão de D. Beatriz (...risco da independência) a burguesia também não aceitava a regência da rainha-mãe (... instrumento do partido dos nobres). Daí: Crise e revolução. Que marca o fim da Idade Média portuguesa (José Hermano Saraiva, Breve História de Portugal, ilustrada; Bertrand, MAR1981: 39).

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Foi há 484 anos (1521), um SB: morreu Fernão de Magalhães, em Cebu, nas Filipinas. Em Portugal reinava D. Manuel I (14º). No Vaticano pontificava Leão X (217º).
Foi numa luta travada com os indígenas que
Fernão de Magalhães, navegador português ao serviço de Castela, morreu. Foi combatente em África e na Índia, mas desgostoso por não receber de D. Manuel as compensações a que se julgava com direito, emigrou para Castela onde ofereceu os seus préstimos ao imperador Carlos V. Fez a conhecida viagem de circum-navegação do globo, rumando a ocidente, e descobriu a passagem do Atlântico para o Pacífico, ao sul da América do Sul, um estreito que ficaria conhecido com o seu nome (Estreito de Magalhães).

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Completam-se hoje 185 anos (1820), foi uma QI: nasceu, em Derby, Inglaterra, Herbert Spencer, filósofo inglês. Em Portugal reinava D. João VI (27º). Pontificava Pio VII (251º).
Este filósofo positivista inglês, autodidacta, “pretendeu aplicar o conceito de «evolução» a todos os sectores da realidade, defendendo a transmissão de caracteres adquiridos, mesmo no plano moral. Utilitarista em ética e extremo defensor das liberdades individuais, consagrou o darwinismo social em que a selecção natural elimina os mais fracos (os pobres)”.
São dele, por exemplo, Principles of Sociology (1876-96) e The Principles of Ethics (1892-93).

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Faz hoje 77 anos (1928), era uma SX: tomou posse o IV Governo da ditadura militar, presidido pelo General José Vicente de Freitas, e em que Salazar é designado para a pasta das Finanças. Na PR estava Carmona. Pio XI (259º) era o soberano pontífice.
Salazar já antes integrara o primeiro governo da ditadura militar, presidido pelo Comandante Mendes Cabeçadas, para o qual foi nomeado como Ministro das Finanças, em 03JUN1926, aos 37 anos de idade.
Dentro em pouco como seu líder (a partir de 05JUL1932), Salazar jamais abandonaria o governo, até à sua substituição, por Marcelo Caetano, em SET1968. (No Verão desse ano de 1968, Salazar, com 79 anos, que gozava férias no forte de S. João do Estoril, deu uma queda de uma cadeira de que resultou a sua incapacidade física e intelectual).

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Faz hoje 73 anos (1932), foi numa QA: Salazar é condecorado pelo presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial, assinalando o 4º aniversário da sua posse como ministro das Finanças. Continuava Carmona como PR. Pio XI prosseguia o seu pontificado.
É em 05JUL deste ano que Salazar se torna o “vitalício” chefe do executivo.

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Na mesma data nasceu Anouk Aimée, actriz francesa.
Nome grande do cinema dos anos 60.
Estudou dança e teatro e estreou-se no cinema em 1946. Participou, entre outros, nos filmes La Dolce Vita (de F. Fellini, 1960), Oito e Meio (também de Fellini, 1962) e Um Homem e Uma Mulher (1964).

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Completam-se hoje 67 anos (1938) por proposta do deputado Correia Pinto, a Assembleia Nacional decide assinalar o aniversário da nomeação de Salazar para o governo (de que nesta altura já era o presidente), atribuindo-lhe o título de benemérito da Pátria. Decorria um dos mandatos de Carmona como PR. Prosseguia o pontificado de Pio XI.
O culto da personalidade era uma realidade. O regime ganhava raízes.

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Na mesma data, nasceu Maria Belo, que viria a ser deputada e professora universitária.

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Faz hoje 59 anos (1946), que foi num SB: várias iniciativas marcaram o 18º aniversário da chegada de Salazar ao governo. Era ainda Carmona o PR. Já pontificava o papa Pio XII (260º).

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Faz hoje 47 anos (1958), era um DM: é inaugurada, em Lisboa, no Palácio Foz, uma estátua de Salazar da autoria de Francisco Franco. Era PR o general Craveiro Lopes. Prosseguia o pontificado de Pio XII.

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Faz hoje 43 anos (1962), era uma SX: é revogado o Código do Trabalho Indígena, numa tentativa de diminuir a contestação ao domínio colonial português. Era, então, PR o almirante Américo Tomás. Pontificava o “bom papa João”, João XXIII (261º).

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Foi há 31 anos (1974), era um SB: o Movimento das Forças Armadas ocupa as instalações da PIDE. Era PR o general Spínola. Pontificava, então, o papa Paulo VI (262º).

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Na mesma data os presos políticos da prisão de Caxias são libertados.

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Faz hoje 19 anos (1986), era um DM: em Itália, o filme Um Adeus Português, do realizador João Botelho, recebe o Grande Prémio de Cinema e Televisão de Salsomaggiore. Era PR o Dr Mário Soares. Pontificava o papa João Paulo II (264º).
O realizador João Botelho nasceu em Lamego, em 1949.

Um Adeus Português é uma reflexão sobre a guerra colonial portuguesa.
João Botelho realizou, também, Tempos Difíceis (1988), Aqui na Terra (1993) e Tráfico (1998).

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Faz hoje 13 anos (1992), foi numa SG: o arquitecto português Siza Vieira é agraciado com o Prémio Prittzker. Era PR o Dr Mário Soares. Pontificava João Paulo II.
Álvaro Siza Vieira nasceu em 1933. “Notabilizou-se com obras como a recuperação do bairro judeu de Veneza e do Bairro Kreuzberg em Berlim. Foi encarregado do plano para a recuperação da zona do Chiado, em Lisboa, destruída pelo incêndio de 25.08.1988. É considerado um dos mais importantes arquitectos contemporâneos” – entrada relativa ao nome, em A Enciclopédia, editada pelo Público, vol. 20, pág 8655.

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