Os nomes dos Papas
Este, outro dos “posts” em atraso, por problemas havidos com o blogue. Transcrito do PÚBLICO, de QA, 20ABR.
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O nome do novo Papa é ele próprio que o escolhe, segundo a tradição, podendo ser a forma latinizada do seu nome de baptismo, o nome de um santo ou o nome de um dos predecessores. Assim o fizeram os 265 anteriores chefes da Igreja, assim o fez o sucessor de João Paulo II, Joseph Ratzinger, que escolheu Bento, o nome do segundo Papa do século XX, Bento XV.
A regra manda que o sucessor do apóstolo Pedro escolha o seu nome logo após a sua eleição pelo Sacro Colégio dos Cardeais, reunidos em conclave, que foi o que aconteceu de novo, ontem, no Vaticano.
João Paulo I, eleito em 1978, e cujo pontificado não durou mais do que 33 dias, escolheu usar dois nomes, um a seguir ao outro, algo que nunca acontecera na história da Igreja, querendo com isso expressar a sua gratidão e o seu compromisso para com a herança deixada por João XXIII e Paulo VI.
João Paulo II, que lhe sucedeu em Outubro de 1978, explicou a sua escolha na sua primeira encíclica, Redemptor Hominis, de 4 de Março de 1979, pela vontade de se inscrever simbolicamente na linha dos seus mais imediatos antecessores.
"Este pontificado [de João Paulo I], que não durou mais do que 33 dias, pertence-me não só continuá-lo, mas, de alguma maneira, de o tomar do mesmo ponto de partida", escreveu o então novo Papa.
"João XXIII e Paulo VI constituem uma etapa à qual desejo referir-me directamente como a uma só a partir da qual quero, na companhia de João Paulo I, por assim dizer, continuar a caminhar na direcção do futuro, deixar-me guiar, com uma confiança sem limite, por obediência ao Espírito que Cristo prometeu e enviou à sua Igreja", pôde então ler-se no documento.
Na origem, os papas mantinham habitualmente o nome de baptismo, o que aconteceu até ao fim do primeiro milénio. O costume mudou em 996, quando Gregório V abandonou o nome baptismal, Bruno. Cento e trinta e um dos seus 133 sucessores fariam o mesmo a seguir, incluindo João Paulo II.
Antes do século X, seis Papas mudaram de nome por motivos diversos. A primeira excepção foi João II, em 533. Os pais deram-lhe o nome de Mercúrio. Mas ao ser eleito recusou manter um nome que considerava pagão.
Depois de Galileu Simão-Pedro, o primeiro Papa morto em martírio, em 64, mais nenhum ousou adoptar o nome de Pedro. João XIV, que governou a Igreja em 983, abdicou igualmente do nome de baptismo, Pedro.
O primeiro nome a ser escolhido várias vezes foi o de Sisto, em 257. Depois, os nomes mais adoptados foram João, 21 vezes, Gregório, 16, Clemente e Bento, 14, Leão e Inocêncio, 13, e Pio, 12 vezes. No caso de repetição, os nomes são classificados por números romanos, como acontece com os reis e os imperadores.
Esta contagem não tem em conta os chamados "antipapas" (houve um Papa João XXIII em 1410) e comporta algumas anomalias - por exemplo passa-se de Bento IX (que foi três vezes Papa entre 1032 e 1048) para Bento XI, em 1303, e o Papa João XX nem sequer existiu.
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