SOLTAS (DE ONTEM)

Afinal, e sublinhando essa ressalva, resolvi editar as minhas citações de ontem.

«O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, disse ontem, poucas horas depois de deixar o Vaticano, que o novo Papa "é um homem superior". Acrescentou que são "de respeitar" as reacções negativas de muitas pessoas à eleição de Bento XVI, mas observando que "não é justa" a imagem mediatizada do cardeal Joseph Ratzinger à frente da Congregação para a Doutrina da Fé.»
António Marujo (Público, QI 21 ABR 05)

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«A abertura revelada ontem pelo Papa Bento XVI no que diz respeito ao diálogo ecuménico marcou, pela positiva, sectores católicos portugueses.
Em declarações ao PÚBLICO, Frei Bento Domingues diz mesmo acreditar que o cardeal Ratzinger "morreu como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e ressuscitou como Papa".»
Emília Monteiro (id, id)

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«São precisos gestos concretos no diálogo ecuménico, diz Joseph Raztinger, agora investido como Papa Bento XVI. Quem o afirma é o mesmo homem que, há cinco anos, arrefeceu expectativas de católicos, protestantes e ortodoxos, ao escrever que fora da Igreja Católica não há plenitude de fé cristã.»
António Marujo (id, id)

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«A escolha de Ratzinger, Bento XVI a partir de agora, afastará ainda mais a Igreja Católica dos interesses e preocupações da generalidade dos europeus. Hoje, numa Europa onde as novas gerações são mais letradas e livres do que há 50 anos, o pensamento dominante na hierarquia de Roma passa por construir um reduto de resistência face à "barbárie moral".»
Luís Osório (A Capital, QI 21 ABR 05)

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«Se a generalidade das pessoas é atraída pela facilidade e tentação do prazer, então o dever da Igreja passa por não pactuar com esse estado de coisas. Facilitar o uso do preservativo é, na opinião do pensamento dominante, agora expresso na votação dos cardeais, um estímulo a uma prática sexual moralmente desbragada e sem amor. Admitir a homossexualidade é entrar em contradição com a defesa das famílias e da reprodução como fim último das relações. Aceitar discutir o fim do celibato dos padres, numa altura em que a Igreja quer combater a predominância do prazer nas sociedades modernas, seria um contrasenso.
É por isso que a escolha de Bento XVI, à luz destes argumentos, é admissível. Mas, como disse ontem, trata-se de um erro de avaliação de, pelo menos, dois terços dos cardeais e, arrisco, revela a ausência aparente do Espírito Santo.»
Id (id, id)

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«O regresso ao conservadorismo em termos de doutrina e de moral, consubstanciado no novo Papa, não augura nada de bom e progressivo para o Mundo, em geral, e para os católicos em particular. Os vários debates que se têm sucedido são a expressão clara da inquietação que reina entre os católicos, leigos e eclesiásticos, face a questões tão urgentes e actuais mas que com este Papa vão continuar a ser condenadas ou, no mínimo, adiadas: em torno da vida sexual, do celibato, do aborto, da eutanásia. Os próximos dias ou pelo menos até à primeira encíclica do novo Papa serão decisivos para compreender os novos rumos do Vaticano: se uma abertura para um Mundo, se um aprofundamento para a Europa.»
Rogério Rodrigues (id, id)

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«É óbvio que, sinal também dos tempos, a Igreja não quis anunciar abertura, do ponto de vista doutrinário. Talvez porque não está ainda preparada para isso - e a Igreja, como instituição milenar, tem um tempo próprio, diferente das instituições políticas ou dos temas de moda. Ou talvez porque o debate entre "conservadores" e "reformadores" não está ainda terminado.»
José Manuel Barroso (DN, QI 21 ABR 05)

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«A sociedade portuguesa orienta-se por uma lógica Suiça. Mas não é a do cuco, que surge sempre no segundo exacto. É, antes, a do queijo suíço: está cheia de buracos. (…)
Talvez esteja na altura de Portugal deixar de ter medo de pisar ovos e criar um conceito estratégico de relação com os países africanos e o Brasil. No plano político, económico e cultural. Com um pouco de coragem política talvez isso fosse possível.»
Fernando Sobral (Jornal de Negócios on line, QI, 21 ABR 05)