segunda-feira, agosto 22, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA




Como sempre, recordo:






Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.


ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 22 DE AGOSTO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS




Foi no SB 22.08.1422, há 589 anos: D. João I determina que Portugal se passe a reger pelo calendário da era de Cristo e não pelo romano.

Desde tempos bem recuados (séc. I a.C.), e até então, as datas referidas pelos cronistas, designadamente os peninsulares, respeitavam à era de César ou de Augusto ou hispânica ou gótica. Em Portugal, a partir, no entanto, de D. João I (lei de 15.07.1422, que caiu num SB), é estabelecido que se passem a referir os anos da era cristã. Para tanto, e sendo necessário fazer a conversão daqueles (era de César) a estes (era cristã), essa conversão faz-se subtraindo 38 anos à era de César, encontrando-se, assim, o correspondente ano da era cristã.


Ou seja, estava-se, então, no ano de 1460 da era de César ou 1422 da era cristã.

No entanto vigorava o calendário juliano

Julho é o quinto mês do Ano no calendário Romano,
que originalmente começava em Março,
sendo chamado Quintilis (do latim quintus).
Em 46 a.C., Júlio César introduz o calendário Juliano,
acrescentando dois meses ao Ano - Janeiro e Fevereiro
- o que tornou Quintilis no sétimo mês,
sendo rebaptizado como Julius (Julho, em português) em sua honra.

O Calendário Gregoriano, utilizado actualmente na maior parte dos países ocidentais, foi promulgado pelo papa Gregório XIII a 24 de Fevereiro do ano de 1582, para substituir o calendário Juliano. Mas Julho manteve-se como sétimo mês...

O ano 1 da era cristã corresponde ao ano 753 (da fundação) de Roma. Ou, o que vinha dar no mesmo, fora fixado o seu início em 25 de Dezembro do ano do nascimento de Cristo.

"A era hispânica, ou de César, ou safarense, como os árabes diziam, foi abolida em 1422 em Portugal, adoptando-se oficialmente a era de Cristo pelo cálculo pisano, que faz coincidir o ano I com o 39 da era hispânica, de forma que a redução das datas da moda antiga faz-se eliminando trinta e oito anos. A reforma cronológica data de 1422 da era de Cristo (ou 1460 da era de César).


A era cristã fora já anteriormente adoptada em outros estados da Espanha: em 1350 no de Aragão, em 1383 no reino unido de Castela-Leão. Havia, porém, várias eras cristãs; a da Encarnação, a do Nascimento e a da Ascensão; havendo além disso o cálculo pisano e o florentino. Pelo primeiro, o nascimento de Cristo é o primeiro dia do ano I; pelo segundo o ano I só começa um ano depois do mesmo nascimento. Para a concordância das datas os dois cálculos diferem pois de um ano. (Cfr Oliveira Martins/OM, Os Filhos de D. João I, nota 14, pág 21 - que neste passo se socorre de J. P. Ribeiro)


E continua, O. M.: "Eis aqui o texto da lei nas Ordenações Afonsinas, VI, 66.
«ElRey Dom Joham de famosa e excellente memoria em seu tempo fez Ley em esta forma que se segue:
I - Manda ElRey a todolos Taballiaães e Escripvaães do seu Regno e Senhorio que daqui em diante todolos contrautos e escripturas que fezerem ponham Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, assi como ante soyam a poer Era de César: e esto lhes manda que façam assi sob pena de privaçom dos Offícios.
II - Poblicado foi assi o dito Mandado do dito Senhor na Cidade de Lixboa per mim Philipe Affonso Loguo-Tenente do Escrivam de Chancellaria nos Paaços d'ElRey perante Diego Affonso do Paão ouvidor na sua Corte que sia em audiencia, aos vinte e dous d'Agosto Anno de Nascimento de Nosso Senhor Jesu Christo de mil quatro centos vinte e dous annos.
III - E vista per nos a dita Ley, mandamos que se guarde como em ella, hé contheudo». (cfr Oliveira Martins, id, 22).

De notar que a referência de todos os autores à data do régio decreto, é a de 15 de Agosto de 1422, conquanto nos termos do final do mesmo conste a notícia de sua publicação pelo lugar-tenente do Escrivão da Chancelaria dos Paços d’el Rei, em audiência, “aos vinte e dous dias d’Agosto Anno do Nacimento de Nosso Senhor JESU CHRISTO de mil e quatrocentos e vinte e dous annos”.

Isto, no respeitante a eras – já atendendo ao calendário juliano.

Outra era a matéria específica dos calendários.

Gregório XIII, depois de um longo estudo (cinco anos) - em que um dos cientistas consultados foi o nosso matemático e cosmógrafo Pedro Nunes (1502-1578) - decretou, em 1582, (foi promulgado pelo papa Gregório XIII a 24 de Fevereiro do ano de 1582, para substituir o calendário Juliano) a reforma do calendário juliano, adoptando-se, a partir de então, o actual - que, por isso, se diz calendário gregoriano. Em síntese (e de uma forma necessariamente grosseira, já que nós - o vulgo - não entendemos os respectivos fundamentos científicos), a questão a resolver era acertar, o mais possível, a diferença - que se vinha acentuando - entre o ano civil e o ano natural.


Antes de mais, tenha-se em conta que o calendário que se reformava já era velho de muitos séculos: era o calendário Juliano, introduzido em 46 a. C. por Júlio César!

Recordo que os romanos tiveram um diferente calendário.
Uma das suas particularidades era a de que
os dias 15 de Março, de Maio, de Julho e de Outubro,
assim como os dias 13 dos outros meses,
eram designados por “idos”.

Calendário, esse (juliano), que a equipa designada pelo papa Gregório XIII, para o reformar (e de que fazia parte um importante astrónomo, Clavius), considerou baseado num sistema quase perfeito.


O calendário juliano era um calendário solar que procurava sintonizar o calendário com as quatro estações do ano. Assim, César impôs que o ano fosse constituído por 12 meses com duração pré-determinada e a adopção de um ano bissexto de quatro em quatro anos.

Consta que no ano anterior ao uso do calendário juliano,
foram introduzidos mais dois meses, de 33 e 34 dias,
entre Novembro e Dezembro,
além dum outro que se seguiu ao de Dezembro,
com 23 dias.
Ou seja, aquele ano teve 445 dias, distribuídos por 15 meses.

Assim, para a equipa constituída pelo Papa Gregório XIII, para reformar o calendário, a questão a resolver, era a seguinte: para facilitar os cálculos, atribuiu-se ao ano (natural) a extensão de 365 dias e 6 horas. Assim - e de novo para facilitar as coisas - considerava-se que o ano (comum) tinha apenas aqueles 365 dias. Logo, as seis horas que restavam, em cada ano, eram a justificação do acréscimo de um dia, de quatro em quatro anos (ano bissexto).


Porém, o ano natural não tinha mais 6 horas que o ano civil: na realidade aquele tinha a mais que este, apenas 5h 48m 46s. Desta forma, quando, para facilitar cálculos, se entra em linha de conta com aquelas 6 horas, estamos a considerar mais 11m e 14s do que o que deve ser. O que, ao fim de 4 anos, soma quase 45 minutos.


O que a equipa nomeada por Gregório XIII, para se debruçar sobre este assunto, concluiu, foi que nesse ano de 1582 a acumulação daqueles 11m e 14s já somava 10 dias completos. Daí que o papa ordenasse que a esse ano se subtraíssem esses 10 dias. Para tanto, mais determinou que ao dia 4 de Outubro desse ano se seguisse o dia 15 do mesmo mês.


E para que o sistema se aproximasse o mais possível da realidade, determinou-se que os anos de 1700, 1800 e 1900 fossem comuns, e não bissextos, como seria natural. E que a partir daí, a cada três anos seculares comuns se seguisse um ano (secular) bissexto. Nesta ordem de ideias, 2000 será bissexto; mas 2100, 2200 e 2300 deverão considerar-se comuns.


Outra consequência da alteração foi a contagem dos dias através da designação dos números cardinais 1, 2, 3, ... pela ordem e seguidamente (e não mais por calendas, nonas e idos).


No fundo, e em resumo, digamos que a regra a respeitar, a partir de então (1582) é a seguinte: o ano é bissexto se for divisível por 4. Porém, no que aos anos seculares respeita, estes só são bissextos se divisíveis por 400.


O calendário gregoriano foi, pois, promulgado pelo Papa Gregório XIII a 24 de Fevereiro do ano 1582 para substituir o calendário juliano. Em alguns países, como em França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e também em Portugal e em Espanha - onde o mesmo rei detinha as duas coroas: Filipe I - esta determinação foi cumprida de imediato. Ou seja: esta determinação foi objecto de determinações legais internas (de cada país) nesse sentido. Noutros, só mais tarde isso aconteceu. Os últimos países a adoptar o calendário gregoriano foram a Turquia, em 1926 e a China, em 1929. Continua hoje, este calendário, a não ser o único (subsiste, por exemplo, o calendário muçulmano), mas é o calendário dominante em todo o mundo. Por razões óbvias.







(A presente postagem, nalguma medida, reproduz uma outra anteriormente deixada neste blogue. Mas desta vez introduzem-se-lhe alguns acrescentos relacionados com a matéria.
A fonte é, basicamente, a mesma: artigos da Wikipédia e outros da Net).






sexta-feira, agosto 12, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


Como sempre, recordo:







Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.


ESTAMOS NA SEXTA-FEIRA DIA 12 DE AGOSTO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao

Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)

Ano 4707 a 4708 do calendário chinês

Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico

Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado

2011 é o

ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA

ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

Hoje é o
DIA INTERNACIONAL DA JUVENTUDE




Monumento aos heróis da
Guerra Peninsular em Lisboa (Entrecampos)



Foi na QA 12.08.1812, faz hoje 199 anos: decorria a Guerra Peninsular e o duque de Wellington entra em Madrid.

Guerra Peninsular: guerra de 1807 a 1814, provocada pelas invasões francesas de Portugal e Espanha, envolvendo Portugal, Espanha, Grã-Bretanha e França, com repercussões além da Europa, na independência da América Latina. Em Espanha chama-se Guerra da Independência Espanhola.

A Guerra Peninsular tem como causa mais remota a Campanha do Rossilhão (1793–95), quando tropas de Portugal reforçam as da Espanha, integrando a primeira aliança liderada pela Inglaterra contra a França revolucionária.

Rossilhão é um dos cantões históricos do Principado da Catalunha, correspondente ao actual Sul da França, ao département de Pyrénées-Orientales (Pireneus-Orientais). É também chamado Catalunha Francesa ou Norte da Catalunha.

Mas, ao invés, a partir da ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder (1799), a Espanha alia-se à França para, por meio da invasão e da divisão de Portugal entre estes, atingir indirectamente os interesses comerciais do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. E aí temos a causa próxima: a não adesão de Portugal ao bloqueio continental decretado em 1806 por Napoleão à Inglaterra. Nessa sequência, a França e a Espanha estabeleceram pelo Tratado de Fontainebleau (1807) as condições de partilha de Portugal. Mas logo depois, Napoleão, e em clara violação ao acordo com a Espanha, ordena a invasão de Portugal em 1807 pelo exército francês, comandado por Junot: assim se inicia a Guerra Peninsular.


Este facto é que está na base da fuga da corte portuguesa para o Brasil e da abdicação de Carlos IV de Espanha e de seu filho Fernando VII, sendo o trono espanhol ocupado por José Bonaparte, irmão de Napoleão.


Mas na iminência da (1ª) invasão francesa, Portugal estabeleceu uma Convenção secreta com a Inglaterra: nela se estabelecia a manobra de, com segurança, se pôr a salvo, no Brasil, a família real, a corte e o governo português (15 mil pessoas, com seus teres e haveres e com boa parte do património nacional – como móveis, preciosidades e bibliotecas inteiras) tudo numa frota de navios que, escoltada por naus britânicas, zarpou, rumo ao Brasil, na madrugada de 30 de Novembro de 1807.


Entretanto, sob o comando do General Junot, as tropas francesas entraram na Espanha em 18 de Outubro de 1807, cruzando o seu território em marcha acelerada em pleno inverno, e alcançando a fronteira portuguesa em 20 de Novembro. Sem encontrar resistência militar atingiu Abrantes em 24 de Novembro. Faminto e desgastado pela marcha e pelo rigor da estação, o exército francês teve dificuldade para ultrapassar o rio Zêzere, entrando em Santarém em 28, de onde partiu no mesmo dia, rumo a Lisboa, onde entrou em 30, à frente de dois regimentos em muito mau-estado.


A 2 de Dezembro, entra em Lisboa o general Laborde, com mais efectivos, mas reduzidos e extenuados, com muitos homens montados em burros, mal podendo estar de pé. Três semanas depois de chegar a Lisboa, Junot tinha apenas um efectivo de 10 mil dos 28 mil soldados franceses que tinham invadido Portugal, distribuindo-os ao redor de Lisboa.



UM PAÍS EM GRAVE CRISE.
UM ZOOM DO DESENLACE BURLESCO

As invasões francesas não foram, apenas, o resultado da sede do despotismo napoleónico e das suas ambições imperialistas. Foram, igualmente, a consequência de pactos internacionais que visavam a partilha e o completo domínio deste pequeno País arruinado e destroçado, governado por inábeis, incompetentes, corruptos, ambiciosos e parasitas. (Imagine-se um bando de abutres à disputa de uma carcaça de animal apodrecido!).


Portugal, durante grande parte dos anos de 1700 e as primeiras décadas de 1800 era essa carcaça de animal sucumbido pelas suas próprias chagas.


Quando em 1807 Napoleão ordena a ocupação militar de Portugal, a família real, Corte, Clero e altos funcionários... não esqueceram o seu patriotismo... Qual quê? Não: tomaram, antes, uma atitude altamente patriótica: puseram-se a salvo, embarcando em vários navios, no Tejo, rumo ao Brasil com os seus e “com o seu”.


Levaram tudo o que puderam, que não apenas as suas riquezas, comodidades e luxos. Deram eles mesmos início ao grande saque do espólio nacional, que se seguiria nos próximos anos. Arte, livros (bibliotecas inteiras) e outros tesouros mudaram de ares, foram transportados para o Brasil!



Não resisto a trazer para aqui um relato da tragicomédia que foi esse embarque de suas majestades e de suas reverências, de tantas "irmandades" e de montes de excelências - todos gente prendada, tudo quanto era pestilência -, relato magistralmente feito por Oliveira Martins, (esse "desenlace burlesco" - como ele próprio escreveu) na sua História de Portugal:
"Três séculos antes, Portugal embarcara, cheio de esperanças e cobiça, para a Índia; em 1807 (Novembro, 29[DM]) embarcava um préstito fúnebre para o Brasil. A onda da invasão varria diante de si o enxame dos parasitas imundos, desembargadores e repentistas, peraltas e sécias, frades e freiras, monsenhores e castrados. Tudo isso a monte, embarcava, ao romper do dia, no cais de Belém. Parecia o levantar de uma feira, e a mobília de uma barraca suja de saltimbancos falidos: porque o príncipe-regente para abarrotar o bolso, com louras peças de ouro, seu enlevo, ficara a dever a todos os credores, deixando a tropa, os empregos, os criados, por pagar.


Desabava tudo a pedaços; e só agora, finalmente, o terramoto começado pela natureza, continuado pelo marquês de Pombal, se tornava um facto consumado. Os cortesãos corriam pela meia-noite as ruas, ofegantes, batendo às lojas, para comprarem o necessário; as mulheres entrouxavam a roupa e os pós, as banhas, o gesso com que caiavam a cara, o carmim com que pintavam os beiços, as perucas e rabichos, os sapatos e fivelas, toda a frandulagem do vestuário. Era um afã, como quando há fogo; e não havia choro nem imprecações: havia apenas uma desordem surda. Embarcavam promiscuamente, no cais, os criados e os monsenhores, as freiras e os desembargadores, alfaias preciosas e móveis toscos sem valor, nem utilidade. Era escuro, nada se via, ninguém se conhecia. Os botes formigavam sobre a onda sombria, carregando, levando, vazando bocados da nação despedaçada, farrapos, estilhas, aparas, que o vento seco do fim dispersara nessa noite calada e negra.


Muita gente, por indolência, recusava ir; outros preferiam o invasor ao Bragança, que fugia miserável e cobardemente: ao herdeiro de reis, que jamais tinham sabido morrer, nem viver. Mais de um regimento desobedeceu aos chefes que o mandavam embarcar; e muitos, vendo a debandada, se dissolveram, deixando as armas, dispersando. Outros embarcavam: chegavam ao portaló dos navios já repletos e voltavam para terra, aborrecidos e enjoados de tanta desordem, de tão grande vergonha.


O príncipe-regente e o infante de Espanha chegaram ao cais na carruagem, sós: ninguém dava por eles; cada qual cuidava de si, e tratava de escapar. Dois soldados da polícia levaram-nos ao colo para o escaler. Depois veio noutro coche a princesa Carlota Joaquina com os filhos. E por fim a rainha, de Queluz, a galope. Parecia que o juízo lhe voltava com a crise. "Mais devagar! gritava ao cocheiro; diria que fugimos!" A sua loucura proferia com juízo brados de desespero, altos gritos de raiva, estorcendo-se, debatendo-se às punhadas, com os olhos vermelhos de sangue, a boca cheia de espuma. O protesto da louca era o único vislumbre de vida. O brio, a força, a dignidade portuguesa acabavam assim nos lábios de uma rainha doida!


Tudo o mais era vergonha calada, passiva inépcia, confessada fraqueza. O príncipe decidira que o embarque se fizesse de noite, por ter a consciência da vergonha da sua fuga; mas a notícia transpirou, e o cais de Belém encheu-se de povo, que apupava os ministros, os desembargadores, toda essa ralé de ineptos figurões de lodo. E - tanto podem as ideias! - chorava ainda pelo príncipe, que nada lho merecia. D. João também soluçava, e tremiam-lhe muito as pernas que o povo de rastos abraçava.


A esquadra recebera 15 000 pessoas, e valores consideráveis, em dinheiro e alfaias. Levantou ferro na manhã de 29 [um Domingo], pairando em frente da barra até o dia seguinte, às 7 horas, que foi quando Junot entrou em Lisboa. Os navios largaram o pano, na volta do mar, e fizeram proa a sudoeste, a caminho do Brasil. Enquanto a esquadra esteve à vista, pairando, os altos da cidade, donde se descobre o mar, apareciam coroados de povo mudo e aflito. As salvas dos navios ingleses que bloqueavam o Tejo troavam lugubremente ao longe. O sol baixava, a esquadra perdia-se no mar, ia-se toda a esperança, ficava um desespero, uma solidão... Soltou-se logo a anarquia da miséria, e na véspera da chegada do Anti-Cristo, Lisboa correu risco de um saque.


Napoleão estava burlado. O príncipe D. João, a bordo com as mãos nos bolsos, sentia-se bem remexendo as peças de ouro: ia contente com a sua esperteza saloia, única espécie de sabedoria aninhada no seu gordo cérebro. Bocejava ainda: mas porque o enjoo começava com os balanços do mar. É o que sucede à história, com os miseráveis balanços do tempo: vem o enjoo incómodo e a necessidade absoluta de vomitar."
(Edição da Guimarães, de Lisboa; 16ª edição, de 1972; pp 516 a 518)


Patético!


E quando se toma consciência disto, uma pessoa até se encolhe de vergonha e cora de raiva!
Mas era assim, tal e qual, essa gente! Eram deste jaez os militantes do Portugal absolutista, intolerante e freirático (ou apostólico).
E já agora (porque vem mesmo a propósito): os governantes desses tempos, eram assim caracterizados, de forma sintética, por esse sociólogo e grande historiador da Idade-Média portuguesa que foi Alexandre Herculano:
"São financeiros e barões, viscondes, condes, marqueses, de fresca e mesmo velha data, comendadores, gran-cruzes, conselheiros: uma turba que grunhe, burburinha, fura, atropelando-se e acotovelando-se na obra de roer um magro osso chamado orçamento e que grita Aqui-del-rei!, quando não pode tomar parte no rega-bofe". (Apud Flausino Torres, "Portugal - uma perspectiva da sua História", edição da Afrontamento, Porto, 1973; p 301)

Mas, mesmo após as invasões, a Corte optou, uma vez mais, "pelo superior interesse nacional" (!?): continuar no Brasil - onde a vida era bem mais agradável, livre de percalços e problemas.


Mais: em 1815, o Brasil foi declarado reino, não colónia. O Rio era agora a verdadeira capital portuguesa e Portugal um território secundário, governado por um regente. Regência inteiramente rendida ao jugo inglês que, a pretexto de garantir segurança (?), comandando o exército, controlava toda a máquina do Estado.


E enquanto as classes dirigentes do velho Portugal absolutista e freirático (ou, na expressão de Oliveira Martins: o velho Portugal Apostólico), gozavam e esbanjavam à tripa forra, lá longe, em terras de Sta Cruz, aqui, sofriam-se vexames de franceses, ingleses e espanhóis... Cá, passavam-se enormes dificuldades...

Ah! Mas enquanto tudo isto acontecia... O vírus da liberdade e da democracia germinava. (Não esqueçamos que a Revolução Francesa acontecera 20, 30 anos antes...).

Foi um século (mais de metade dele) de tremendas lutas políticas e sociais, de confronto permanente dos adeptos dum sistema liberal e dos defensores duma aristocracia musculada, do despotismo iluminado, do absolutismo agonizante.

Vejamos, pois, em traços gerais como foi a primeira metade do séc. XIX.


Durante os primeiros 15 anos, foram as invasões das tropas de Napoleão; foi a deserção réptil e sorrateira, rumo ao Brasil, dos principais responsáveis do estado deplorável a que o País chegou; foi a declaração do mesmo Brasil como reino - o que em si não seria condenável - mas com a prática atribuição a Portugal dum estatuto secundário (de colónia!) - e este abandono, este assumido desprezo é que foi vergonhoso e deplorável.

Mas em Portugal ainda havia um punhado de valentes patriotas. E os democratas não deram tréguas aos defensores do despotismo, do caduco absolutismo.


Daí que, ainda durante a primeira metade do sé. XIX, se tenham desencadeado as lutas entre os liberais e os absolutistas, com a clara derrota destes.

Junot instala-se no palácio do barão de Quintela. As tropas, nos conventos de S Francisco e de Jesus. O reino está ocupado pelos franco-espanhóis. Roubos. Violências. Despotismo do invasor.

Chegada da família real ao Brasil (21JAN1808)
Pedido apoio aos aliados britânicos, esse apoio tardou um pouco, mas chegou a 01AGO1808: desembarque em Lavos, no estuário do rio Mondego, do exército aliado inglês, comandado por Arthur Wellesley. A rainha D. Maria I ainda era viva, mas afastada do poder por incapacidade, pelo que presidia à regência do reino seu filho, D. João (VI).


As tropas inglesas tinham como objectivo auxiliar os portugueses a combater a invasão francesa.


Em duas ou três semanas as forças luso-britânicas defrontaram as tropas napoleónicas, com sucesso: a 17AGO1808: batalha de Roliça (concelho do Bombarral). Quatro dias depois, aos 21AGO, na batalha de Vimeiro (perto da Lourinhã).


Nestes dois combates sucessivos, Junot era rechaçado, não tardando em pedir um armistício.


30AGO1808: convenção de Sintra (Junot, e as suas tropas, têm de abandonar Portugal: "Covém notar que nela se entendiam a Inglaterra e a França, por via dos seus generais: nem Portugal, nem a Regência figuravam em coisa alguma" (História de Portugal, Oliveira Martins, 524).

Em FEV1809: 2ª invasão francesa (comandada por Soult, um dos generais de Napoleão) por Trás-os-Montes.


As forças anglo-lusas, sob o comando de Wellesley retomam o Porto obrigando Soult e o seu exército a retirarem dessa cidade e do país. A menos sangrenta das invasões francesas


JUL1810: terceira invasão napoleónica: Almeida, Viseu, Coimbra – comando de Massena (com Junot, Ney, etc, todos generais de Napoleão).


SET1810: batalha do Bussaco (com muitas baixas): Massena retira para Coimbra. Mas prosseguindo sempre no vandalismo e nas violências.


Em 1811 (MAR/MAI) Massena bate em retirada pela Beira, vencido e perseguido pelos aliados Luso-ingleses.

Derrotados na batalha do Buçaco, os franceses iniciaram a retirada em 1811. Wellington ficou na defensiva e em 1812 conseguiu nova vitória em Salamanca, ocupou Madrid e obrigou os franceses a retirar do sul de Espanha. No ano seguinte os franceses foram expulsos de Espanha por Wellington na batalha de Vitoria (entre Maio e Agosto de 1813). As forças britânicas invadiram o sul de França, em 1814, obrigando os franceses a assinarem o armistício em 14 de Abril. A guerra terminou com a abdicação de Napoleão. (fonte básica: BU)


«REFLEXOS (LOCAIS) DAS INVASÕES FRANCESAS»

Nem só dos anais oficiais se faz a História de um país. Também dos registos paroquiais se podem extrair informações corroborando ou corrigindo aqueles.


É o que se segue relativamente a duas pequenas freguesias do concelho de Ferreira do Zêzere, Dornes e Igreja Nova do Sobral, assim como de Tomar, concelho vizinho daquele.

Como já antes foi dito, um dos factos que mais agitou a sociedade portuguesa do princípio do séc XIX foram as invasões francesas. Os franceses entraram no termo de Dornes em 19 de Novembro de 1810 e saíram em princípios de Março de 1811: "... Os lavradores ficaram totalmente destituídos de sementes e gados com a passagem, demora e assolação do exército inimigo" - como se lê num ofício do procurador da comenda de Dornes (reflexo dum sentir mais geral... ) (cfr António Baião, A VILA E CONCELHO DE FERREIRA DO ZÊZERE, pág 331)

E de uma pesquisa minha, na Torre do Tombo, aos livros de registos paroquiais da referida freguesia de Igreja Nova do Sobral, colhi, entre muitos outros, com diverso objectivo, elementos respeitantes a esta matéria, integrantes de uma nota pessoal, ainda inédita, que se segue:


Em 1807, 1809 e 1810 deram-se as invasões francesas. Que acabaram por não ser o "passeio" e a consagração triunfal que Junot, Soult, Massena e Ney – e o próprio Napoleão Bonaparte - imaginaram.


Estas invasões trouxeram, no entanto, graves consequências políticas, económicas e sociais para Portugal.


As tropas napoleónicas fizeram, por aquela zona centro, em que se insere a Igreja Nova, muita "desgraça"!


Por exemplo, as crianças expostas, por essa época, na roda da Santa Casa da Misericórdia de Tomar, ou até à porta das pessoas, eram num número apreciável. E é provável que muitas delas tenham sido "obra" dos invasores.


Além de que destruíam, de facto, tudo por onde passavam.


Acerca dessa época, para ilustrar o que acabo de dizer (quanto às invasões francesas), peguemos, por exemplo, no livro de registos de baptismos da freguesia relativo aos anos de 1805-11. Que, na capa, exteriormente, diz:

Este livro serve para nelle se [lançarem?] os Assentos dos Baptizados desde 1805, athe 1811, cujos se perderão pella Invazão dos Francezes em 1810, e por Ordem Superior lançada neste mesmo livro, se mandarão aqui lançar precedendo Inquerição de Testemunhas, v. gª. O vigrº a) Godinho

O que, em grafia actual, equivale a: “Este livro serve para nele se [lançarem?] os assentos dos baptizados desde 1805 até 1811, os quais se perderam com a invasão dos franceses em 1810 e, por ordem superior lançada neste mesmo livro, se mandaram aqui lançar precedendo inquirição de testemunhas, por exemplo. O vigário a) Godinho”

Mas, mais precioso e interessante - até porque suponho que mais raro - é o seguinte documento onde, curiosamente, se define com grande precisão de datas, o período pelo qual se arrastou a presença da tropa invasora na Igreja Nova, e em que se faz o balanço das baixas por ela provocada.


A fls 127 do livro F3, e na sequência de três assentos de óbito, respectivamente de 1810.10.20, 1810.11.18 e 1811.04.05, e antes de prosseguir com os mais de 1811, pode ler-se:

No entervallo de tempo que discorre de dezoito de Novembro do prezente anno de mil, oito centos, e dez, athe Quatro de Marso de mil, oito centos, e onze esteve esta freguezia, e mais com vezinhas envadida com o innimigo Francez e nesta mesma freguezia matou o mesmo innimigo as pessoas seguintes = Homens (menciona 8) = Mulheres = (menciona duas) ------------------ Para que a todo tempo conste esta clareza (*) que é verdadeira a faço e asigno Mourº Cinco de Abril de i8ii
O Vigº Fr Antº Ribº da Sª
Lº 3F/fls 127

Portanto, de acordo com esta clarificação ("clareza") feita pelo pároco Fr António Ribeiro da Silva (que não era propriamente um mestre na língua pátria, nem dela um bom exemplo de utilizador), em 5 de Abril de 1811, os franceses estiveram na Igreja Nova de 18.11.1810 a 04.03.1811(**). Onde mataram 8 homens e 2 mulheres. Assim, “no intervalo de tempo que decorre de dezoito de Novembro do presente ano de mil oitocentos e dez, até quatro de Março de mil oitocentos e onze, esteve esta freguesia, e mais com vizinhas, invadida com o inimigo francês, e nesta mesma freguesia matou o mesmo inimigo as seguintes pessoas; homens:(…); mulheres: (…). Para que a todo tempo conste esta clareza, que é verdadeira, a faço e assino: Mourº (Mourolinho) Cinco de Abril de i8ii; O Vigº Fr Antº Ribº da Silva”.

(*) Termo que surge com alguma frequência [vg, num documento de 1796: "fiz a prezente Clareza"]. Clareza: documento justificativo dum acto... [ou contrato...], declaração.
(**) Em Tomar os invasores – comandados pelo general Ney - estiveram de 7 de Outubro de 1810 a 7 de Março de 1811. E já lá tinham estado antes tropas napoleónicas comandadas por Junot, de 27NOV de 1807 a 11AGO de 1808.

Estamos a falar da terceira invasão francesa: a de Julho/Agosto de 1810, em que o marechal Massena comandou um forte exército (85 000 homens), "onde participavam alguns generais franceses famosos, tais como Ney".


O exército invasor "foi forçado a deter-se nas linhas de Torres, após ter já sofrido uma primeira derrota no Buçaco que o não impedira de prosseguir no avanço.


Os dois exércitos observaram-se um ao outro durante cinco meses, Massena à espera de reforços, Wellington à espera da fadiga geral do inimigo.

Nos começos de Março de 1811, cansados de esperar e abatidos no moral, os Franceses iniciaram a retirada", sempre seguidos de perto (e derrotados, de novo) pelas tropas comandadas por Wellington, até para além da nossa fronteira. "Em Espanha, o exército inglês, com alguns contingentes portugueses, e ajudado pelos Espanhóis, continuou a empurrar os Franceses à sua frente, até Toulouse. – (Cfr A H de Oliveira Marques, História de Portugal, I, Edições Ágora, 3ª edição/1973, pág 580.)

Bom, mas para trás os rapazes de Massena deixaram morte, destruição, violações, atrocidades, pilhagens...

Nos anos 30, ainda de 1800, é frequente registar-se o baptizado de uma criança cuja mãe (quase sempre elas) aparece identificada como exposta, da roda da Misericórdia de Tomar. O que, penso, terá a ver (talvez), com a convulsão que se viveu no princípio do século - aliás, por toda a primeira parte dessa centúria - mas sobretudo com a época das invasões francesas - sabido, que é, que "os franceses" andaram muito por essas bandas, onde deixaram marcas de má recordação...








quinta-feira, agosto 04, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Como sempre, recordo:







Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.



ESTAMOS NA QUINTA-FEIRA DIA O4 DE AGOSTO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao

Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)

Ano 4707 a 4708 do calendário chinês

Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico

Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico


Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO

ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA

ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS



Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África,
Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
(pintura a óleo atribuída a Cristóvão de Morais, patente no Museu Nacional de Arte Antiga).
A representação do rei vestido com armadura e acompanhado por um galgo
retomam simbolicamente a imagética imperial
do seu bisavô D. Manuel e do seu avô Carlos V da Alemanha.


Foi há 433 anos, na SG 04.08.1578: deu-se a batalha de Alcácer-Quibir, na qual desapareceu o rei português D. Sebastião, de 24 anos.


O panorama das casas reais europeias, ao tempo deste acontecimento, era o seguinte:
rainha de Inglaterra era Isabel I, da dinastia dos Tudor. Filha de Henrique VIII e de Ana Bolena, era cognominada Rainha Virgem. Sucedeu a seus dois meios-irmãos: Eduardo VI e Maria I, a Sangrenta.
Na França, era detentor do poder Henrique III, da dinastia de Valois, filho de Henrique II de quem foi o terceiro sucessor, depois de seus irmãos Francisco II e Carlos IX, a quem sucedeu. Também foi rei da Polónia, de 1573 a 1575.
Imperador da Germânia era Rodolfo II, filho do Imperador Maximiliano II, de quem foi co-regente entre 1575 e 1576, da Casa de Habsburgo. Também era rei da Itália.
Em Espanha governava Filipe II, da Casa de Habsburgo (Casa de Áustria), depois também Filipe I de Portugal, após o desaparecimento de D. Sebastião.

Relativamente ao desaparecimento de D. Sebastião o mistério que subsiste é: desapareceu nessa data de 1578, mas quando e onde morreu?
Supõe-se que terá falecido aí e na mesma data, na batalha travada na localidade marroquina de (Ksar-el-Kebir) Alcácer Quibir, entre o exército português, liderado pelo rei D. Sebastião e o exército marroquino. Este último, maior e mais bem organizado, venceu. D. Sebastião morreu, deixando Portugal sem sucessor e sem grande parte da nobreza, também ela morta ou aprisionada. A crise dinástica agravou-se, abrindo caminho à perda da independência nacional. (BU/Biblioteca Universal, da Texto Editora)

Terá morrido, pois, nesta data, D. Sebastião, décimo sexto rei de Portugal, entre 1557 e 1578, neto de D. João III. Nasceu em 1554 e era filho do infante D. João Manuel (filho de D. João III) e de D. Joana de Áustria, filha de Carlos V de Espanha. Sendo menor à morte do seu avô, em 1557, teve de esperar até 1568 para atingir a idade (14 anos) que lhe permitia ascender ao trono, permissão que lhe foi dada pelas Cortes reunidas para o efeito.
Deve o seu cognome, o Desejado, ao facto de o seu nascimento ter permitido viabilizar a sucessão masculina por portugueses, após a morte, ainda na infância, de todos os mais filhos varões de D. João III. O próprio infante D. João, pai de D. Sebastião, morrera nas vésperas do seu nascimento.


D. Sebastião, ao morrer nesta data, na referida batalha, com apenas 24 anos, deixou de novo a questão da sucessão em aberto.


Na sua menoridade, a regência foi entregue a sua avó D. Catarina de Áustria, viúva de D. João III, próxima dos interesses castelhanos. A partir da década de 60, começou a esboçar-se uma oposição à regente em certos meios influentes da corte. A alta administração da coroa, partidária de uma maior autonomia face a Espanha, apoiou, a partir de 1562, o cardeal D. Henrique, que vinha substituir D. Catarina na regência. A subida ao trono de D. Sebastião ter-se-á verificado neste momento de encruzilhada da sociedade portuguesa quanto às opções a tomar em política externa.


Educado no meio de padres e cavaleiros, o novo rei foi submetido a forte pressão e expectativa. Os sucessivos ataques das potências norte-europeias aos entrepostos e fortalezas portuguesas no Índico e no Atlântico mais terão reforçado a atracção de D. Sebastião pelo Norte de África. Desde 1572, que a passagem a Marrocos se tornara um objectivo explícito do rei, apoiado pela jovem nobreza do reino, e envolvido de uma forte componente ideológica e cruzadística.


Em Agosto de 1574, o rei foi pela primeira vez a Marrocos, sem sucesso. Nos anos seguintes preparou a grande expedição contra o xerife marroquino, procurando o apoio papal e de seu tio, Filipe II, que o tentou demover até ao fim, e com quem se encontrou em Guadalupe, em finais de 1576. Mas D. Sebastião reocupava Arzila em 1577 e, no ano seguinte, a 4 de Agosto, conduzia, finalmente, um mal preparado exército à derrota e à morte nos campos de Alcácer Quibir.


O seu abrupto desaparecimento estaria na origem do sebastianismo, um dos mitos mais duradouros da história de Portugal - a crença no seu regresso redentor numa manhã de nevoeiro.


O nosso poeta maior esboçou-o assim:


Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais do que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

"Mensagem", Fernando Pessoa

A questão sucessória foi vencida pelo partido do rei de Espanha, Felipe II (Filipe I de Portugal).



Filipe I de Portugal (Valladolid, 1527 — El Escorial, 1598) desde 1580, tendo sido coroado nas Cortes de Tomar de 1581 (II, de Espanha, desde 1556) era filho do Imperador do Sacro Império Romano Germânico e rei das Espanhas Carlos V de Habsburgo e de Isabel de Portugal, governou um vasto território integrado por Aragão, Castela, Catalunha, ilhas Canárias, Maiorca, Navarra, Galiza e Valência, Rossilhão, Franco-Condado, Países Baixos, Sardenha, Córsega, Sicília, Milão, Nápoles, além de territórios ultramarinos na África (Orão, Túnis, e outros), na América e na Ásia (Filipinas). Em termos de política externa, sua mais significativa vitória sucedeu contra os turcos otomanos: a Batalha de Lepanto, em 1571. Cognominado o Sábio, era irmão da mãe de D. Sebastião, portanto seu tio.


Por outro lado, enquanto Filipe I era neto de D. Manuel I, D. Sebastião era seu bisneto.


O primeiro casamento de Filipe I (aos 16 anos) foi com uma sua prima direita, D. Maria (Manuela?), filha de seu tio D. João III e neta de D. Manuel (ora se filha de D. João III, tia do jovem rei). Mas D. Maria morreria (de parto: príncipe D. Carlos) passados dois anos.
Assim, quando D. João III morreu (em 1557, com 55 anos) já não era vivo nenhum dos seus 9 filhos (8 que teve com D. Catarina; mais um filho natural, Duarte, que foi arcebispo de Braga e teve, por sua vez outro filho natural, seu homónimo). Daí que lhe tenha sucedido um neto: D. Sebastião (que tinha, então 3 anos - donde as regências, primeiro, da avó, D. Catarina de Áustria, e depois do tio-avô, o cardeal D. Henrique). E D. Sebastião era, também, neto - pelo lado materno - de Carlos V, e sobrinho-neto do mesmo imperador, pelo lado paterno.

A propósito da relação de D. Sebastião com Marrocos, é oportuno lembrar o programa de História do 8º ano, de há anos, e que era o seguinte: Compreender as motivações de D. Sebastião, ao projectar a expedição a Marrocos:
- Ambição de travar combate [vitorioso] contra os infiéis.
- Desejo de encontrar fontes de rendimento e lucro mais próximas de Portugal.
- Corresponder às ambições de grandeza e prestígio de grande parte da nobreza nacional.
- Evitar os inconvenientes de um império colonial disperso e de difícil administração.
Projecto que não teve ocasião de pôr em prática com sucesso.

Mas D. Sebastião não podia queixar-se da fortuna. O seu destino prendia-se com a sua imaturidade, a sua imprudência e com os maus conselheiros que o rodeavam e influenciavam. Não houve pessoa de senso, desde seu tio, Filipe II de Espanha (conquanto eventual pretendente ao trono de Portugal) aos mais experimentados capitães, que conseguisse movê-lo do irremediável desastre em que prosseguia.


Muito duro, impiedoso, sarcástico e sem cerimónias, António Sérgio, um autor de créditos firmados, na sua Breve Interpretação da História de Portugal, traça o seguinte retrato de D. Sebastião, em pinceladas vigorosas e impressivas: "O reizito, em 1568 [tinha 14anos], foi declarado maior pelas Cortes. Este rapazola tresloucado foi convencido por alguns fanáticos a fazer-se paladino da fé católica, contra o Protestante e o Maometano. Por isso (...) se abalançou a conquistar Marrocos, contra o conselho sensato dos mais experimentados capitães. Reuniu em Lisboa um exército aparatoso (...). Chegado a África, cumulou erro sobre erro, com desespero dos capitães, que pensaram em prender o tonto. No dia da batalha (Acácer Quibir, 04.08.1578) mandou que ninguém se mexesse sem ordem sua; mas esqueceu-se de dar a ordem. O exército inimigo, formado em crescente, envolveu a pequena hoste, e submergiu-a. Foi um desastre completo (...).
Não é propriamente a imprudência o que deploramos em D. Sebastião, mas a estupidez, o desvairamento, a tontaria, a explosividade mórbida, a ferocidade inútil, a pataratice constante desse impulsivo degenerado, que era de todo destituído das qualidades de comando absolutamente indispensáveis para a execução do que ambicionava. Se um acaso, por exemplo, lhe desse a vitória em Alcácer Quibir, logo outras asneiras o haveriam perdido, porque o dom da asneira em jacto contínuo era nesse jovem uma propriedade congénita" (op. cit., págs 88/89).

O sebastianismo, tão ao jeito da idiossincrasia da lusa gente, é (!?) um movimento que se encontra muito bem definido e explicado numa entrada com essa designação na Wikipédia, a enciclopédia livre, que transcrevo:

«O Sebastianismo foi um movimento místico-secular que ocorreu em Portugal na segunda metade do século XVI como consequência da morte do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. Por falta de herdeiros, o trono português terminou nas mãos do rei Filipe II do ramo espanhol da casa de Habsburgo. Basicamente é um messianismo adaptado às condições lusas e à cultura nordestina do Brasil. Traduz uma inconformidade com a situação política vigente e uma expectativa de salvação, ainda que miraculosa, através da ressurreição de um morto ilustre. Apesar do corpo do rei ter sido removido para Belém [terá, mesmo? O acontecimento carece de provas], o povo nunca aceitou o facto, divulgando a lenda de que o rei se encontrava ainda vivo, apenas esperando o momento certo para voltar ao trono e afastar o domínio estrangeiro. O seu mais popular divulgador foi o sapateiro de Trancoso, Bandarra, que previu nas suas trovas o regresso do Desejado (como era chamado D. Sebastião). Explorando a crendice popular, vários oportunistas apresentaram-se como o rei oculto na tentativa de obter benefícios pessoais. O maior intelectual a aderir ao movimento foi o Padre [António] Vieira. No dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de conjurados chefiados pelo Duque de Bragança (futuro D. Joao IV - dinastia de Bragança), depôs em Lisboa o representante de Filipe III e restaurou a independência de Portugal e o movimento começou a arrefecer no interior do Nordeste brasileiro, onde tomou a forma de crença na chegada de um "rei bom". O poeta português Fernando Pessoa, em seu livro Mensagem, faz uma interpretação sebastianista da História de Portugal [de que vimos um trecho lá mais acima], em busca de um patriotismo perdido. O poema reinterpreta a História de Portugal em função de uma ressurreição de um passado heróico ("é a Hora!").»



Pobre povo português cuja mórbida natureza quadra com tais crendices quebrando-lhe, ainda mais, um ânimo já de si propenso a um doentio fatalismo…




segunda-feira, agosto 01, 2011

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.



ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 01 DE AGOSTO DE 2011 (MMXI) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2764 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4707 a 4708 do calendário chinês
Ano 5771 a 5772 do calendário hebraico
Ano 1432 a 1433 do calendário islâmico

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2011 é o
ANO EUROPEU DO VOLUNTARIADO
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA
ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

Hoje é o
DIA DA SUIÇA (independência nacional)
DIA DA TRINIDAD E TOBAGO (dia da abolição da escravatura)


Estátua de Cláudio (Museu do Louvre)

Segundo os experts na matéria terá sido neste dia do ano 10 a.C., há 2021 anos, que nasceu Cláudio, imperador romano.


“Cláudio nasceu em Lyon [então Lugdunum, na Gália], nas calendas de Agosto, sob o consulado de Júlio António e de Fábio Africano (…) Chamou-se primeiramente Tibério Cláudio Druso, e adiante, quando o seu irmão maior passou por adopção à família Júlia, tomou o nome de Germânico — Suetónio, Cláudio, 45, em: Vida dos Doze Césares”.

Cláudio foi o primeiro imperador romano nascido fora da Península Itálica, onde faleceu, em Roma, a 13 de Outubro de 54 d.C. Foi o quarto imperador romano da dinastia Júlio-Claudiana, e governou de 24 de Janeiro de 41 d.C. até à sua morte em 54. (cfr Wikipédia, entrada Cláudio).


Cláudio I, aliás, Tibério Cláudio Druso Nero Germânico, era filho de Druso Nero e de Antónia, sobrinha do imperador Augusto, filha de sua irmã Octávia e de Marco António; Cláudio era sobrinho de Tibério (que fora imperador desde 14 d.C. a 37 da mesma era) e irmão mais novo do célebre Germânico.

Júlio César Germânico (15 a.C. - 19 d.C.), anteriormente Nero Cláudio Druso Germânico, foi um membro da família imperial romana, pertencente à Dinastia Júlio-Claudiana. Germânico foi um general talentoso e um homem universalmente reconhecido como bondoso e capaz, estimado pela população romana. Era filho de Nero Cláudio Druso (filho de Lívia Drusa, mulher de Augusto) e de Antónia, a Jovem (filha de Marco António). O imperador Cláudio foi seu irmão. Germânico casou com Agripina, neta de Augusto, e com ela teve nove filhos, seis dos quais sobreviveram à idade adulta. Entre estes 6 filhos Agripina, que viria a casar com Cláudio, seu tio.

Cláudio foi marido (terceiro casamento) da "escandalosamente célebre Messalina" e, em quartas núpcias, de Agripina (Agripina, a Jovem, mãe de Nero, que era sua sobrinha).


Valéria Messalina (c.22-48) foi a terceira mulher de Cláudio. Conhecida pela sua imoralidade, confirmada pela sua bigamia, quando, em 48 d.C., ainda casada com Cláudio, forçou um nobre a casar com ela. Cláudio mandou executá-la.


Cláudio foi eleito imperador pelo seu exército em 41 d. C., após o assassinato do seu sobrinho Calígula, a quem sucedeu. Era um homem culto; erudito, mesmo. Foi historiador e arguto administrador, além de ter sido ainda um estratega considerado. Cláudio foi o responsável pelo alargamento do Império Romano, tendo invadido a Bretanha no ano de 43.


Politicamente, o seu governo distinguiu-se pela hegemonia dos seus secretários particulares no exercício das respectivas funções ministeriais.


Foi dominado pela sua terceira mulher, Messalina, a quem posteriormente mandou executar por envenenamento, supõe-se que por Agripina, sua quarta mulher, em 54 d. C.


Agripina conseguiu assegurar a sucessão ao trono de Nero, filho do seu primeiro casamento, entretanto adoptado por Cláudio, em prejuízo do seu próprio filho. A Cláudio sucede, portanto, Nero.

Tibério, aliás, Tibério Cláudio Nero (42 a.C.-37 d.C.), tio e um dos antecessores de Cláudio, como acima se refere, era enteado, filho adoptivo e sucessor de Augusto como imperador romano, desde 14 d.C.
[Augusto,
aliás, Caio Júlio César Octaviano Augusto,
era imperador quando nasceu Jesus Cristo
e foi o imperador que dividiu a Lusitânia
(que correspondia, em parte, ao nosso actual país),
em quatro distritos ("conventus"): Mérida, Beja, Braga e Santarém].

Tibério foi um governante prudente, contudo o seu reinado ficou marcado por diversos julgamentos por traição e conspiração.
Foi no seu reinado que Jesus Cristo desenvolveu a sua acção profética e que o apóstolo Pedro recebeu, do próprio Cristo, no ano 30, a dignidade pontifícia. Tinha acabado de nascer a religião cristã e a Igreja Católica.


Calígula (Caio César), (12d. C.-41 d. C.), a quem Cláudio sucedeu, era filho de Germânico e foi sucessor de Tibério em 37 a.C. no trono imperial. Indivíduo de notória instabilidade mental, Calígula foi um tirano cruel, o que contribuiu para que um oficial da sua guarda o assassinasse.

O seu nome deriva de uma espécie de sandália com cravos, a caliga,
que usou em novo nos acampamentos militares,
sendo estas umas das peças em voga entre os soldados.

(Cfr Wikipédia, várias entradas)


A localização da Lusitânia na divisão provincial da Hispânia romana

Do que seria Portugal daí a pouco mais de onze séculos, existia um vago e remotíssimo projecto geográfico, já acima referido a propósito de Augusto,

o imperador que reinava quando Jesus Cristo nasceu, que correspondia a parte da Lusitânia de então, na península ibérica, na sua zona mais ocidental. Conquistada por Roma, a sua capitulação não foi fácil nem rápida, atentas as várias rebeliões lideradas pelo lusitano e lendário guerreiro Viriato.



Explicando melhor, “Lusitânia foi o nome atribuído na antiguidade ao território oeste da Península Ibérica onde viviam os povos lusitanos desde o Neolítico [último período pré-histórico], e que após a conquista romana passou a designar a província romana cuja capital era Emerita Augusta, actual Mérida. A Lusitânia romana incluía aproximadamente todo o território português actual a sul do rio Douro, a Estremadura espanhola e parte da província de Salamanca. Tornou-se uma província romana a partir de 29 a.C.” Considerada a origem mais remota de Portugal, a Lusitânia pré-romana onde se distinguiu, como líder guerreiro, Viriato [que morreu em 139 a.C.] está na base do movimento luso-português.


Da Igreja Católica nem projecto existia ainda. Ou se preferirmos, existia já uma sua raiz, se assim quisermos considerar o judaísmo - a religião dos antigos hebreus e dos seus descendentes, os judeus, baseada segundo o Antigo Testamento numa aliança celebrada entre Deus e Abraão, por volta do ano 2000 a.C., e na renovação dessa aliança com Moisés, cerca de 1200 a.C.

O judaísmo é a fé monoteísta mais antiga, o antepassado do cristianismo e do islamismo que se fundamenta no conceito de um Deus eterno e invisível, cuja vontade é revelada na Tora, que é composta pelos primeiros cinco livros da Bíblia (o Pentateuco), que encerram a história, as leis e o guia para uma vida de comportamento exemplar.

(fonte: diversos artigos da net e algumas entradas da Wikipédia)

Tora ou “Torá é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. Contém os relatos sobre a criação do mundo, da origem da humanidade, do pacto de Deus com Abraão e seus filhos, a libertação dos filhos de Israel do Egipto e sua peregrinação de quarenta anos até a terra prometida. Inclui também os mandamentos e leis que teriam sido dadas a Moisés para que entregasse e ensinasse ao povo de Israel.”

(Cfr Wikipédia, a enciclopédia livre, entrada TORÁ)

Voltando a Cláudio: desde o seu nascimento que Cláudio sofreu de algumas deficiências físicas que o tornaram coxo e com dificuldades de comunicar, pois era acentuadamente gago. Talvez daí que tenha sido minimizado e nunca tenha sido levado a sério como eventual general e imperador. A verdade é que conseguiu escapar à expurgação levada a cabo pelos seus antecessores Tibério e Calígula na família imperial romana. Como já foi referido, a verdade é que ele era muito culto, devendo-se-lhe, por exemplo, o conhecimento da língua etrusca. Além disso, Cláudio foi também um bom cabo de guerra o que o levou, por exemplo, à conquista das lhas britânicas, em 43, criando a província romana da Britânia; e também a Mauritânia, no Norte de África. Além disso organizou as finanças do Estado e conseguiu assegurar um ambiente de paz em Roma.

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