quinta-feira, dezembro 21, 2006

OS MEUS VOTOS

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UM BOM NATAL PARA TODOS

E QUE

2007 NOS TIRE DESTE SUFOCO, NOS

SEJA MAIS “LEVE”, TRAGA, FINALMENTE, PAZ E ALEGRIA.

E SAÚDE.

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Clique abaixo, para ver a minha prenda

BOAS FESTAS

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IVG

“Sempre que a questão da legalização do aborto é evocada no Parlamento, é evitada a sua discussão por grupos religiosos. E, assim, os abortos continuam a ser praticados na clandestinidade”.

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Não. A constatação não respeita ao parlamento português... Mas sim ao ugandês.

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Li o impressionante post do “sineiro” Jorge Guedes, no seu “O sino da Aldeia”: O calvário das ugandesas.

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Serve-nos, a nós de motivo de reflexão.

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Como?

Ao ugandês e ao português?

Ora!... A qualquer “terceiromundês”...

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Nesta matéria situamo-nos – serão precisas mais confirmações? – entre as mentalidades mais arcaicas, geralmente terceiromundistas.

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Em Portugal, não serão, tanto, os grupos religiosos, tout-court, que evitam tal discussão no parlamento. São antes grupos conservadores de mentalidades com raízes judaico-cristãs, cujo estatuto sócio-económico (na realidade ou pretensiosa ou imaginariamente), porém, conduz a que, para uso próprio e familiar, se “esqueçam” dos valores ético-religiosos que farisaicamente tentam impor, “ao povo” (em que nunca se incluem) do alto das suas tribunas.

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Os povos têm saberes, qualidades e ricos valores cujo “odor”, há muito, escaparam a boa parte das suas elites – das que a troco dumas migalhas sobrantes, e “generosamente” oferecidas pelos poderosos, fazem o seu jogo e engordam os seus créditos.

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O povo (os outros, “lá em baixo”) têm o eterno destino de, submissamente, pagar “as facturas” (lugar comum, mas apropriado) que facultam “o estatuto” duns e “engordam” os créditos dos outros (de quem são fieis servidores).

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Tudo uma farsa. De que, no entanto, quer autores quer actores, sempre vão colhendo louros...

Até um dia...

(Quando virá esse dia?)

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Redordo, de novo, que O Sino da Aldeia é um blogue a visitar e a anotar nos favoritos.

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Língua Portuguesa...


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Tem corrido pelo ciberespaço (via mail) uma redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve um sucesso extraordinário...

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Mas, pergunto? Atenta, e observada, a virtual reforma “telésbica” (cacofónico, mas não ofensivo, pois se refere “telesbice”, a TLEBS), a redacção conseguiria manter a mesma grácil qualidade?

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Bom, é que nos termos da reforma que vigorava nos tempos desta criativa aluna, a redacção é fabulosa...
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"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem
vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular.
Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco àtona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito
oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos. O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir.
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E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
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De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro. Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.
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Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante.
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Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente.
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Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que
ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros. Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
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Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
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Nisto a porta abriu-se repentinamente.
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Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus.
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Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do
sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente
uma mesóclise-a-trois. Só que, as condições eram estas. Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com
um complemento verbal no artigo feminino.
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O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto
final na história.
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Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino
colocado em conjunção coordenativa conclusiva".

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RR – SÍMBOLO DA MODERNIDADE


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As artes, e a cultura em geral, encontraram, recentemente, um mecenas verdadeiramente dedicado à causa: o “estóico” presidente da edilidade portuense.

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AS PÉROLAS ARQUITECTÓNICAS PERDIDAS NO PORTUGAL PROFUNDO – post de 28.07.2005


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Introduzi uma ligeira melhoria no apontamento sobre o Mosteiro de Pombeiro de Riba Vizela: duas fotografias.

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PRENDAS DE NATAL


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Na costumada azáfama do Natal...

Eu, Carolina, Percepções e Realidades e o último livro de Margarida Rebelo Pinto,

são as obras mais apetecidas dos escaparates... por parte de muitos leitores sedentos de elevarem o seu nível cultural e o dos amigos.

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A FOTOGRAFIA

14-12-2006 - 08:47 (apud Público)
Dança a preto e branco
Membros da companhia de dança norte-americana Momix levaram ao palco do Teatro Alberniz, em Madrid, a coreografia Sun Flower Moon. Foto: Emilio Naranjo/EPA

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Espectacular criatividade, não é mesmo?

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NEM MAIS...


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"O relatório Baker alerta para o caos e a catástrofe e recomenda, suprema heresia, o diálogo directo com o Irão, isto é, com o "eixo do mal". Diálogo com terroristas... As voltas que o mundo dá!"
António José Teixeira
Diário de Notícias, 07-12-06 (apud Público, SX 08.12.06)
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"A "operação furacão", como todas as "operações" que mexem no "núcleo duro" do regime, acabará numa leve brisa."
João Gonçalves
portugaldospequeninos.blogspot.com, 07-12-06 (id)
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“Sócrates tenta repetir este esquema: não quer que o amem, mas sim que o considerem indispensável.”
Helena Matos, Público, SB 16.12.06

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"A nomeação de Maria José Morgado para superintender nos processos relativos ao futebol é uma verdadeira declaração de guerra do procurador-geral Pinto Monteiro ao futebol."
José Leite Pereira
Jornal de Notícias, 15-12-06 (apud Público, SB 16.12.06)

"Maria José Morgado não tem espaço para errar, sob pena de se transformar num mito com pés de barro."
Fernando Santos
O Jogo, 15-12-06 (id)

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Bush destapou a panela do Médio Oriente e não se vê maneira de a tapar outra vez.

VPV Público, SB 16.12.06

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"Vou empenhar-me, como sempre fiz (...) Não quero muito ruído."
Maria José Morgado
Correio da Manhã, 16-12-06 (apud Público)



MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Bocage

Sumário:

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- Há 631 anos morreu Boccaccio, o autor do Decameron.

- Nasceu Bocage, um dos precursores da lusa modernidade, há 201 anos.

- Há 162 anos foi lançada , em Manchester, a semente do que viria a ser o cooperativismo.

- Há 105 anos, as norueguesas votaram pela primeira vez.

- Há 103 anos foi atribuído, pela primeira vez, o cobiçado e prestigioso Prémio Goncourt.

- Lançamento da Apolo 8, a primeira nave tripulada a entrar em órbita lunar. Foi há 38 anos.

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Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2006 do calendário gregoriano corresponde ao:

ano 5767 do calendário judaico

ano 1427 dH do calendário islâmico (Hégira)

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DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2006 Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

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Há 631 anos, na SX 21.12.1375, morria, na Toscana, Itália, aos 62 anos, o humanista Giovanni Boccaccio, poeta italiano, um dos grandes escritores de todos os tempos.

A Toscana foi a antiga Etrúria romana. Tornou-se uma identidade política, quando já o era geográfica e culturalmente, a partir do século XV, nomeadamente sob os Médicis. Na época medieval, depois do domínio carolíngio, foi dividida em pequenos estados, em torno de Florença. Passou a fazer parte da Itália unificada em 1861.

Em França reinava Carlos V, o Sábio, da terceira dinastia, de Valois.

Espanha, como tal, ainda não existia. Nessa altura era ainda um mosaico de condados e pequenos reinos, uma miscelânea de nacionalidades.

Em Portugal reinava D. Fernando (9º) – foi neste ano que ele publicou a “Lei das Sesmarias”, pela qual tenta impedir a alta dos salários e evitar a fuga dos campos. No Vaticano pontificava Gregório XI (201º).

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Boccaccio, que nascera em Paris, em 1313, é geralmente apontado como o primeiro grande realista da literatura universal.

A obra que o celebrizaria foi o Decameron. O Decameron (que em grego significa dez dias ou dez jornadas) é uma colecção de cem novelas escritas por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353. Com subtítulo de "Príncipe Galeotto", a obra “marca com certa nitidez o período de transição vivido na Europa com o fim da Idade Média, após o advento da Peste Negra - aliás é neste período de terror que a narrativa se passa. Dez jovens (sete moças e três rapazes) fogem das cidades tomadas pela pandemia que dizimava impiedosamente o continente europeu.” [Wikipédia]

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Os jovens, reunidos num mesmo local, designavam, cada dia, um rei ou uma rainha, por essa noite, que escolheria o tema sobre que cada um devia contar um episódio que conhecesse.

Rompendo com os códigos míticos da literatura medieva, Boccaccio utiliza uma forma inovadora e realista, tornando, assim, o Decameron numa fonte de referência para vários autores de futuras gerações. O primeiro conto, por exemplo, (que fala do falso “São Ciappelletto”) foi traduzido por Voltaire. Molière usou esta tradução para criar a personagem título do seu “Tartufo”. Shakespeare, por outro lado, fez uma tradução do conto “Frederico de Jennen”, baseado no nono conto da segunda etapa. E “O Mercador de Veneza” reflecte clara influência do nono conto da terceira jornada. Molière e Lope de Vega usaram o terceiro conto do terceiro dia como base para suas respectivas peças teatrais: “L'ecole de Maris” e “Discreta Enamorada”.

Além disso, muitas das personagens realmente existiram, como Giotto di Bondone, Guido Cavalcanti, Saladino e o Rei Guilherme II, da Sicília. Outras, fictícias, foram criadas com base em figuras reais.

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Mas não era só ao conto que se dedicava. “Igualmente versado na tragédia e na narrativa cómica, estabeleceu, juntamente com Petrarca (que conheceu em 1350, e por quem foi profundamente influenciado), as bases do humanismo renascentista e elevou a literatura vernácula ao estatuto dos antigos clássicos.” [BU/Texto Editores]

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Particularmente versado em Dante, fez uma série de palestras (mais de 50) acerca da sua imortal obra, de que restam raros registos, mas de que ainda nos legou Esposizioni sopra la Comedia di Dante.

Boccaccio foi autor de uma das primeiras biografias do autor da Divina Comédia, o Trattatello in laude di Dante.

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Aliás, foi ao ler "A Comédia", de Dante Alighieri, que Boccaccio ficou tão fascinado que a renomeou como "A Divina Comédia", título com que a obra se imortalizou.

[Fontes: enciclopédias]

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Nesse SB 21.12.1805, há 201 anos, morreu em Lisboa, aos 40 anos, o poeta Bocage, árcade, um dos precursores da lusa modernidade.

Por motivo de doença grave de D. Maria I (26º) – insanidade mental - a regência do reino estava a cargo de seu filho D. João (VI); era então Secretário de Estado (cargo equivalente ao de primeiro-ministro) António de Araújo e Azevedo, conde da Barca. No Vaticano pontificava Pio VII (251º).

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“Saiba morrer o que viver não soube”

Bocage

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Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal aos 15.09.1765. Vivendo numa época de enorme convulsão, a sua obra tinha de ser um reflexo da instabilidade que o mundo atravessava.

Ainda hoje, por alguns, considerado um poeta menor, foi na realidade um nome grande da nossa literatura setecentista. “Arguto observador da sociedade, Bocage foi a consciência crítica de uma ordem social que se encontrava em profunda mutação. Neste contexto, não surpreende que tenha cultivado a sátira, género que estava em sintonia com a sua personalidade e que servia integralmente os seus desígnios de carácter reformador” – [Ana Caroline Barreto, no site “Olhar Literário”].

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Bocage visto por ele mesmo:

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“Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, meão na altura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio, e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura,

Bebendo em níveas, por taça escura,

De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades

(Digo, de moças mil) num só momento,

E somente no altar amando os frades;

Eis Bocage em quem luz algum talento;

Saíram dele mesmo estas verdades,

Num dia em que se achou mais pachorrento.”

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Conquanto cultivasse o género clássico (apelo à mitologia, uso de latinismos, a frequente utilização do soneto), é um pré-ronântico, dando mais voz aos sentimentos que à razão. Eis o seu eterno debate íntimo:

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"Razão, de que me serve o teu socorro?

Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;

Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro"

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Tendo começado por fazer parte da “Nova Arcádia” (que também dava pela designação de “Academia de Belas Letras”), em 1790, cedo rompeu com a academia, onde a prática do elogio mútuo e a fraca qualidade de produção poética se não coadunavam com a sua sensibilidade e com a sua visão das novas realidades. Sucedeu-se, então, o fogo cruzado, de ataques pessoais, em quadras e sonetos, entre Elmano Sadino e alguns dos árcades.

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(Elmano: anagrama de Manoel;

Sadino... Ora, porque nascido à beira do Sado)

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Ataques por vezes de extrema virulência, com retratos muito severos. A que os visados (e apoiantes) respondiam com idêntica violência.

Acabou por ser expulso do grémio arcádico em 1794.

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No século XVIII vingava ainda um puritanismo castrador. Tal como durante a feroz ditadura do consulado de Salazar, já em pleno séc. XX.

Daí que o poeta nascido de família burguesa (avô materno almirante francês – que prestou serviços na Armada portuguesa; pai, jurista, mas de más contas, que lhe foi arrancado do convívio por muitos anos de prisão), mas de infância infeliz em consequência de problemas familiares (designadamente por morte prematura da mãe) e por forte apego aos ideais da revolução, sobretudo pelo seu jeito “solto” e pelo pendor panfletário, sempre (até “ABRIL”) tenha sido considerado um poeta não recomendável.

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Mas panfletários não foram tantos outros, como Antero e Aquilino, e nem por isso deixando de ocupar lugar em pedestal bem alto?...

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Quer nos idos de setecentos, quer na época salazarista, a “Santa Inquisição” e a censura prévia, com os seus index, fizeram imergir a poesia erótica de Bocage na clandestinidade.

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"Eu louco, eu cego, eu mísero, eu perdido

De ti só trago cheia, oh Jónia, a mente;

Do mais e de mim ando esquecido."

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Ou este outro exemplo:

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"Mais doce é ver-te de meus ais vencida
Dar-me em teus brandos olhos desmaiados
Morte, morte de amor, melhor que a vida"

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Mas a verdade é que dos seus amores nunca se conheceu a verdade. Sabe-se que cantou os nomes de “moças mil”: Marília, Jónia, Armia, Anarda, Anália, Nise, Flérida ou Alcina... Além do mais.

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“Era difícil uma pessoa assumir-se integralmente, de corpo e alma. Tabus sociais, regras estritas, uma educação preconceituosa, a moral católica tornavam a sexualidade uma vertente menos nobre do ser humano. Por outro lado, uma censura férrea mutilava indelevelmente os textos mais ousados e a omnipresente Inquisição demovia os recalcitrantes. Em presença desta conjuntura, ousar trilhar a senda do proibido, transgredir era, obviamente, um apelo inexorável para os escritores, uma maneira salutar de se afirmarem na sua plenitude, um imperativo categórico” - [Cit. “Olhar Literário”].

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Donde que o poeta se tornasse particularmente crítico para com a sociedade vigente, intolerante e antidemocrática:
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"Sanhudo, inexorável Despotismo
Monstro que em pranto, em sangue a fúria cevas,
Que em mil quadros horríficos te enlevas,
Obra da Iniquidade e do Ateísmo:

Assanhas o danado Fanatismo,
Porque te escore o trono onde te enlevas;
Por que o sol da Verdade envolva em trevas
E
sepulte a Razão num denso abismo.

Da sagrada Virtude o colo pisas,
E aos satélites vis da prepotência
De crimes infernais o plano gizas,

Mas, apesar da bárbara insolência,
Reinas só no ext'rior, não tiranizas
Do livre coração a independência."

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Em Bocage, a transgressão era uma imperiosa necessidade. Não podia abafar as suas mais mordazes críticas aos poderosos, ao petulante e descerebrado novo-riquismo, à mediocridade, à hipocrisia. Como não podia calar o seu anti-clericalismo convicto

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"Casou-se um bonzo da China
Com uma mulher feiticeira
Nasceram três filhos gémeos
Um burro, um frade e uma freira."

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“A apologia dos ideais republicanos que sopravam energicamente de França, a agitação que disseminava pelos botequins e cafés de Lisboa, o tipo de vida , "pouco exemplar" para os vindouros e para os respeitáveis chefes de família e a sua extrema irreverência tiveram como corolário ser considerado subversivo e perigoso para a sociedade” – [Cit. “Olhar Literário”].

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Em 1797 «foi acusado de "herético perigoso e dissoluto de costumes" e, como era conhecida a sua simpatia pela Revolução Francesa, foi preso e condenado pela Inquisição. Quando saiu da reclusão, conformista e gasto, viu-se obrigado a viver da escrita (sobretudo de traduções). Apesar de ter recebido o auxílio de alguns amigos, acabaria por morrer doente e na miséria» [Infopédia].

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Há 162 anos, no SB 21.12.1844, um grupo de 28 tecelões de Rochdale, Manchester, lançou ao mundo a semente do sistema económico do Cooperativismo.

O movimento desencadeou-se nos começos do reinado da rainha Vitória. Na Prússia reinava Frederico Guilherme IV. Em França reinava Luís Filipe de Orléans, ou Luís Filipe I de França, que em 1790 aderira aos jacobinos. Em Espanha reinava Isabel II de Bourbon. Em Portugal reinava D. Maria II (30º), sendo Presidente do Conselho de Ministros (pela primeira vez), Costa Cabral, Marquês de Tomar. Pontificava Gregório XVI (254º).

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Foi no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra), que 27 tecelões e uma tecelã fundaram a "Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale" com o produto do aforro mensal de uma libra, por parte de cada participante durante um ano.
Constituía-se uma pequena cooperativa de consumo.

Estava lançada a semente do Cooperativismo.

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”Tendo o homem como principal finalidade - e não o lucro -, os tecelões de Rochdale tentavam naquele momento uma alternativa económica para actuarem no mercado, frente ao capitalismo ganancioso que os submetia a preços abusivos, à exploração da jornada de trabalho de mulheres e crianças (que trabalhavam até 16h/dia) e ao desemprego crescente resultante da revolução industrial.”

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”Tal iniciativa foi motivo de troça por parte dos comerciantes, mas logo no primeiro ano de funcionamento o capital da sociedade aumentou para 180 libras e cerca de dez anos mais tarde o "Armazém de Rochdale" já contava com 1.400 cooperantes. O sucesso dessa iniciativa passou a ser um exemplo para outros grupos”.
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”O cooperativismo evoluiu e conquistou um espaço próprio, definido por uma nova forma de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social”, impondo-se como fórmula democrática para a solução de problemas socioeconómicos.

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Desde o seu começo que é sublinhada e valorizada a união entre as cooperativas, donde que elas estejam organizadas internacionalmente. A entidade que coordena esse movimento nos cinco continentes é a “Aliança Cooperativa Internacional” - ACI.
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Criada em 1895 e actualmente com sede em Genebra, “essa associação não-governamental e independente reúne, representa e presta apoio às cooperativas e suas correspondentes organizações”, incrementando a autonomia e o desenvolvimento do cooperativismo.

[Transcrições do “Portal do Cooperativismo].

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21.12.1901, há 105 anos: nesse SB, as mulheres votaram, pela primeira vez, na Noruega.

Reinava, nesse país escandinavo, Haakon VII.

Em Inglaterra reinava Eduardo VII. Em França decorria a Terceira República com Émile Loubet na chefia do Estado. Em Portugal a monarquia aproximava-se do colapso, mas ainda reinava D. Carlos (33º), o penúltimo rei da última dinastia; na chefia do governo estava Hintze Ribeiro, do Partido Regenerador, no seu segundo mandato não consecutivo. Pontificava Leão XIII (256º).

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“Uma longa tradição europeia que perdurou até finais do século XVIII, considerava as mulheres seres inferiores em relação aos homens. Emotivas, pouco racionais e organizadas, a sua função básica circunscrevia-se à procriação e ao lar. Os gregos remeteram-nas para o Gineceu. Platão considerou as mulheres e os escravos como seres destituídos de razão. Aristóteles embora as considera-se inferiores aos homens, preocupou-se sobretudo em precisar a melhor idade em que deviam procriar e serem educadas pelos maridos. Jean-Jacques Rousseau, símbolo por excelência do iluminismo, mais de 2 mil anos depois continua a repetir o mesmo tipo de discurso sobre a inferioridade das mulheres. Este era o conceito dominante e quase nada mudou ao longo de séculos. Apesar desta ser a realidade, é fácil de constatar que em todas as épocas muitas mulheres se destacaram como filósofas, chefes guerreiras, artistas ou demonstrarem capacidades que teoricamente eram apanágio apenas dos homens. A história sempre as apontou como excepções e como tais foram valorizadas.” [Transcrito dum site a propósito d' Os Direitos das Mulheres como Direitos Humanos]

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A luta das mulheres pelo seu direito de voto vem de longe. Começou nos EU, no séc. XIX, encabeçada por nomes como Susan Brownell Anthony e Elizabeth Cady Stanton. Porém, estas heroínas o mais que conseguiram foi a aprovação da 13ª emenda à Constituição, suprimindo a escravidão no país.

A proposta do voto a todas as americanas, que seria aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em 1919, e ratificada em 1920, tornou-se a 19ª emenda à Constituição, que proibiu a discriminação política com base no sexo.

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A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a conceder esse voto às mulheres: em eleições municipais, em 1886; sem restrições, em 1893.

Na Austrália o direito foi concedido em 1902, mas com algumas restrições.

Na Europa, consta que o primeiro país a conceder o ansiado direito foi a Finlândia, em 1906.

A efeméride de hoje respeitará, pois, eventualmente, a um direito ainda limitado (eleições locais, provavelmente). Porque, segundo consta, tal direito foi conseguido na Noruega em 1913.

Na Ex-União Soviética o direito foi concedido em 1917.

Em Inglaterra as mulheres puderam votar a partir de 1918.

Já, em Espanha, o direito foi concedido em 1931; em França, assim como na Itália, em 1945 e na Suiça, em 1971.

Em Portugal houve uma atribuição do direito de voto às mulheres em 1931. Direito condicionado, porém; só tornado pleno em 1968.

[Das enciclopédias]

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Há 103 anos, em 21.12.1903, uma SG, é atribuído, pela primeira vez, o Prémio Goncourt.

Em França Émile Loubet era o presidente da Terceira República francesa, sendo o governo presidido por Émile Combes. Na Prússia reinava o Guilherme II, Imperador Alemão, sendo chanceler o Príncipe Bernhard von Bülow. No trono do Reino Unido estava Eduardo VII, filho e sucessor da rainha Vitória, bisavô de Isabel II, sendo líder do governo Arthur Balfour. Em Espanha reinava Afonso XIII. Em Portugal reinava D. Carlos, 33º e penúltimo monarca, que ostentava o pomposo título de “Rei de Portugal e dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, Senhor da Guiné e do Comércio, da Conquista e da Navegação da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia…”, estando a chefia do governo a cargo de Hintze Ribeiro (pela 2ª vez). Pontífice romano era Pio X (257º).

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O Prémio Goncourt (Prix Goncourt) é o mais prestigioso e mais cobiçado prémio literário da França criado pelo testamento Edmond de Goncourt em 1896. Na decorrência daquele testamento, a Société Littéraire des Goncourt foi fundada oficialmente em 1902, e o primeiro prémio Goncourt concedido na data que hoje se comemora.

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Edmond Goncourt, mais exactamente Edmond Louis Antoine Huot de Goncourt (1822-1896), historiador francês, nascido em Nancy, formou com o irmão, Jules Goncourt, ou antes, Jules-Alfred Huot de Goncourt (1830-1870), nascido em Paris, uma das mais célebres duplas de historiadores da literatura.

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Edmond, que morreu mais de 20 anos depois de Jules, doou toda sua fortuna para a fundação e manutenção da “Académie Goncourt”, que criou o Prix Goncourt, destinado a premiar o autor do melhor e mais imaginativo trabalho de prosa do ano, (quase exclusivamente um romance) escrito em francês.

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O Prémio, em si, tem um valor simbólico – dez euros -, mas a notoriedade que ele confere, garante ao laureado o maior sucesso editorial, uma recompensa muito ambicionada.

Os membros da Academia Goncourt - dez escritores escolhidos por cooptação - reunem-se, na primeira terça-feira de cada mês, no restaurante Drouant em Paris, para acompanhar este assunto. O nome do laureado é proclamado no início Novembro após um almoço no restaurante.

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O Prémio Goncourt é indissociável, desde 1926, do Prémio Renaudot, criado nesse ano por dez críticos literários enquanto aguardavam a proclamação do Prémio Goncourt pelo presidente da Academia. Não estando organicamente ligado ao júri do Prémio Goncourt, o júri do Renaudot desempenha o papel de seu natural complemento, sublinhado pelo simultâneo anúncio dos respectivos resultados, na primeira Terça-feira de Novembro, no Restaurante Drouant, em Paris.

[Tradução livre de texto da Wikipédia, em edição francesa].

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O Renaudot não tem valor monetário. E o seu vencedor nunca coincide com o do Prémio Goncourt. Para impedir a eventual repetição de premiados entre o Goncourt e o Renaudot, neste último são sempre escolhidas duas obras, ficando uma de reserva. Além do mais, o prémio Renaudot serve também para, eventualmente, reparar qualquer injustiça que o júri entenda que tenha acontecido na atribuição do Goncourt.

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O nome do galardão evoca o médico de Luís XIII e amigo de Richelieu, Théophraste Renaudot (1586-1653), que foi também filantropo e jornalista. Considerado, justamente, o primeiro jornalista francês. Renaudot fundou o hebdomadário La Gazette, em 1631, para publicar anúncios de recrutamento recebidos no seu escritório, além de actualidades.

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O americano Jonathan Littell (1967) foi o vencedor do Prémio Goncourt 2006.

“Jonathan Littell não compareceu hoje [06.11.06] na cerimónia de entrega do prémio Goncourt, que lhe foi atribuído pelo romance «Les Bienveillantes», deste modo dando forma ao seu confesso desprendimento relativamente a distinções literárias” [Dos noticiários do dia].

«Les Bienveillantes», o primeiro romance de Littell, escrito directamente em francês, é uma confissão em 900 páginas de um oficial das SS nazis.

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Lista de todos os premiados

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O escritor franco-congolês Alain Mabanckou (1966), actualmente professor de literaturas africanas na universidade norte-americana Califórnia-Los Angeles, UCLA, venceu o Prémio literário francês Renaudot 2006, com o romance "Mémoires de porc-épic".

"Mémoires de porc-épic" é, nas palavras do autor, "uma fábula filosófica" em que, "por uma vez, os animais tomam a palavra para julgar o comportamento dos homens". [Fonte: RTP - Informação]

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Foi a 21.12.1968, num SB, vão lá 38 anos: lançamento da missão Apolo 8, a primeira nave tripulada a entrar em órbita lunar (dez voltas).

Nos EU a presidência estava entregue a Lyndon Johnson (36º), do partido democrata, que sucedeu a John F. Kennedy, após o assassinato deste, de quem fora vice-presidente.

Em Inglaterra já reinava Isabel II, sendo o governo liderado por Harold Wilson, do Partido Trabalhista, que cumpria o seu primeiro mandato, não consecutivo.

Em França a presidência estava a cargo de Alain Poher (Presidente interino), que sucedeu a de Gaule e antecedeu Pompidou, e o governo era chefiado por Couve de Murville.

Em Portugal... Tudo na mesma: embora tivesse havido alteração na chefia do governo (por força da natureza, como só podia ser: por incapacidade do vitalício chefe do governo e do regime, Salazar), onde agora “preponderava” (na aparência; na realidade, os gurus saudosistas da extrema-direita), Marcelo Caetano. O indescritível Américo Tomás continuava na PR. Já não por muito tempo...

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As grandes potências continuavam a competir na descoberta, na conquista e no domínio do planeta e do espaço. Onde investiam somas astronómicas...

Na Idade Média, portugueses e espanhóis, sobretudo, lançavam-se na mesma aventura. Mas cá em baixo. Claro que não descobriram nada, porque tudo estava descoberto. A América, por exemplo, havia sido descoberta havia cerca de 16 milhões de anos, pelos ameríndios, vindos, a vau (a seco, provavelmente), pelo estreito de Bering, desde a velha Ásia...

Os ibéricos puseram-nos, foi, com outro dono...

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Entretanto... A competição espacial absorvia verbas inimagináveis, em prejuízo de muito mais urgentes – inadiáveis, mesmo – prioridades.

Muito embora o progresso que tais realizações representavam, no respeitante ao domínio do homem sobre a natureza, ao avanço da investigação e da ciência em benefício do homem...

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Este primeiro teste de voo tripulado foi atrasado de vinte meses por causa do trágico acidente (incêndio) na base de lançamento que vitimou mortalmente Gus Grissom, Roger Chaffee e Ed White em Janeiro de 1967. Mas, por volta de Outubro de 1968, o CSM (Módulo de Comando e de Serviço) tinha sido modificado para eliminar o risco de fogo, tal como para incorporar algumas modificações essenciais. Dois meses depois, a tripulação do Apolo 8 (Frank Borman, Bill Anders e Jim Lovell) fez uma viagem, pelo Natal, a caminho da Lua e em seu redor (para observar eventuais pontos de alunagem).

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Foi considerada, no entanto, uma viagem antecipada: primeiro, porque o desenvolvimento do módulo lunar ML (indispensável para a alunagem) estava atrasado. Depois – e politicamente mais importante – porque os soviéticos já tinham enviado naves (Zond) não tripuladas em torno da Lua – mas não em órbita lunar – nos meses anteriores, trazendo-as de novo à Terra...

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Esta experiência “deu à NASA experiência vital para controlar uma nave espacial em órbita lunar e também deu uma oportunidade para expandir a cobertura fotográfica de potenciais locais de alunagem.

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Seguiram-se as experiências Apolo 9 (SG 03.03.1969; objectivo: ensaiar, em órbita terrestre, a separação e o acoplamento do ML).

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Depois o voo da Apolo 10 (SB 18.05.1969) que deu 31 voltas ao nosso satélite, numa órbita de 190 por 184 km, preparando futura alunagem.

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Por fim – que não a última missão Apolo – a Apolo 11 foi a primeira missão tripulada a pousar na Lua (no DM 20.07.1969), no Mar da Tranquilidade. A tripulação - Neil Armstrong, comandante e primeiro homem a pisar a Lua; Edwin Aldrin, piloto do Módulo Lunar; Michael Collins, piloto do Módulo de Comando – regressou à Terra na QI 24.07.1069.

[Fontes: várias, na Internet]

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