sexta-feira, dezembro 28, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês. ano 5767/5768 do calendário hebraico



DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:



2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".2007 Ano Internacional da Heliofísica




o pianista e compositor
Domingos Bomtempo


Estão decorridos 232 anos, foi na QI 28DEZ1775: nasceu, em Lisboa, o pianista e compositor João Domingos Bomtempo.
Nesse ano reinava D. José (25º) e pontificava Pio VI (250º), que fora eleito em 15FEV do mesmo ano; e também nesse ano foi inaugurada em Lisboa, no Terreiro do Paço, da estátua equestre de D. José, da autoria do escultor Machado de Castro (06JUN).
Como foi ainda o ano em que se iniciou a revolução americana e se realizou o II Congresso Continental em Filadélfia; em que Diderot iniciou a crítica de arte; em que o dramaturgo francês Beaumarchais escreveu a peça “O Barbeiro de Sevilha”, que Rossini transformaria em ópera.
D. Bomtempo morreu, igualmente em Lisboa, na QI 18AGO1842, com 67 anos incompletos. Ano em que reina D. Maria II (30º), pontifica Gregório XVI (254º); se dá o golpe de Costa Cabral e o início da ditadura (27JAN); é aclamada a Carta em Lisboa (11FEV); morre Stendhal (23MAR) e nasce Antero de Quental em Ponta Delgada (18ABR).

Bomtempo era filho do músico italiano Francesco Saverio Buontempo, oboísta na Corte de Lisboa, e seu primeiro professor de Música.
Domingos fixou-se em Paris (1801), onde as suas obras foram aclamadas. A partir de 1810, dividiu o seu tempo entre Portugal, Paris e Londres, instalando-se definitivamente em Lisboa em 1820, para criar a primeira sociedade filarmónica portuguesa — Filarmónica de Lisboa (1822).
Liberal convicto, foi impiedosamente perseguido pelos absolutistas.
Restabelecido o poder dos liberais, foi professor de música da rainha D. Maria II e o fundador e primeiro director do Conservatório Nacional de Lisboa (1835).
Virtuoso intérprete, deixou obra importante, como a op. 23, Missa de Requiem (à Memória de Camões), a quatro vozes para coro e grande orquestra.
Em Maio de 1809, o jornal Le publiciste assinalava: a sua maneira de tocar piano conquistou todos pela sua agilidade e energia de execução, pela nobreza e grandeza de estilo que tão raramente se vêm unidos no mesmo grau. No ano seguinte a sua 1ª Sinfonia é alvo dos maiores elogios por parte da crítica parisiense.
A sua obra como compositor é relativamente extensa, abrangendo trabalhos das mais variadas formas musicais: concertos, sonatas, fantasias e variações que compôs para o seu instrumento de eleição, o piano (algumas com acompanhamento de violino), que combinam uma escrita brilhante muito ao estilo de Clementi (o compositor italiano que mais o influenciou e a quem o ligavam laços de amizade desde Paris), que nasceu em Roma em 23 de Janeiro de 1752 e morreu aos 80 anos, em Worcestershire, perto de Londres, em 10MAR1832, e que compôs mais de 100 sonatas, as famosas sonatinas Op. 36 e 38; sinfonias; aberturas... Além de que foi director da Phillarmonic Societ em Londres.

Estrelas de primeiríssima grandeza na arte musical, na época, como foram um Beethoven, um Mozart e um Haydn, entre outros, ofuscavam, naturalmente, outros grandes valores que emergiam na mesma área.
Daí que não restasse tempo nem espaço aos amantes e estudiosos da música, para descobrir, estudar e apreciar um Clementi, de créditos mais firmados, quanto mais um Bomtempo, de menor projecção e mais reduzida obra.

Na verdade, Bomtempo foi contemporâneo, e praticamente da mesma geração que Beethoven (este mais velho 5 anos) como foi contemporâneo, mais de Mozart e Clementi (o primeiro mais velho que ele 19 anos, o segundo 23) do que de Haydn, em relação ao qual era mais novo 43 anos.

As duas sinfonias de Domingos Bomtempo (admitindo-se a existência de mais cinco) revelam talvez de uma forma mais evidente a sua personalidade, mostrando uma assimilação, muito rara em músicos ibéricos daquele tempo, da música germânica do período clássico de Haydn (31 de Março de 1732- 31 de Maio de 1809), Mozart (27 de Janeiro de 1756-5 de Dezembro de 1791) e Beethoven (16 de Dezembro de 1770-26 de Março de 1827).




Contudo, “a música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista sendo mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de Beethoven (...). Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa”. (cfr Wikipédia)

Deixando uma obra a que muitos críticos estrangeiros fazem lisonjeiras referências, “Domingos Bomtempo foi, a todos os títulos, uma figura notável da história da arte em Portugal, ocupando, sem favor, lugar entre os grandes reformadores oitocentistas da cultura portuguesa. A sua obra, à frente do Conservatório foi inovadora e imbuída de uma modernidade notável para a sua época. Se não produziu, depois, melhores frutos, foi porque, infelizmente, não houve continuadores à sua altura. Virtuoso de craveira internacional (...) como compositor, grande parte da sua obra é desconhecida, o que torna difícil a avaliação exacta do seu talento. No entanto, e se outros méritos não houvesse que lhe atribuir - coube-lhe o papel histórico de ter sido o primeiro português a tentar as formas sinfónicas, quebrando uma tradição que muito diminuía a nossa cultura musical”. (Cfr site Compositores portugueses).

Da sua obra há que destacar as Sonatas para piano, a já referida Missa de Requiem (à Memória de Camões), a 2.ª Sinfonia, Variações «Alessandro in Éfeso», Fantasia e Variações sobre Uma Ária de Mozart, etc. A Secretaria de Estado da Cultura, na sua Biblioteca Básica Nacional, tem editado as suas obras – pode ler-se em “Vidas Lusófonas”






capa de uma Marcha




“O período de 1810 a 1814 , período em que permanece ininterruptamente em Londres foi, de facto, fértil em produções, às quais pertencem, por exemplo, as 3 Grandes Sonatas, op. 9, o Hino Lusitano, op.10, a I Grande Sinfonia, op. 11, a Marcha de Lord Wellington , assim como mais sonatas e concertos. Em 1820 e, na sequência do movimento liberal em Portugal, Bomtempo regressa a Lisboa, desde logo mostrando-se simpatizante da causa e compondo diversas obras evocativas desses novos momentos da nação portuguesa. É o caso, por exemplo , da Missa "composta em obséquio da Regeneração Portugueza" e que será executada , juntamente com o Te Deum em Fá M na festa do juramento das Bases da Constituição, na Igreja de S. Domingos (29 Março de 1821). No mesmo ano dirige o Requiem, em primeira audição lisboeta, na mesma igreja, em memória dos supliciados de 1817 e do General Gomes Freire de Andrade. Compõe, ainda uma Serenata em Fá M a qual inclui várias variações sobre o Hino da Carta. Em Junho de 1834 retoma o projecto de criação de um estabelecimento de ensino da música, que ficara adiado em 1822 (...) Finalmente, a 5 de Maio de 1835 é criado, por decreto o "Conservatório de Música", que ficou anexo à Casa Pia e, do qual Bomtempo foi nomeado Director. Mais tarde, no âmbito do projecto de Almeida Garrett, esse mesmo Conservatório seria transformado em Escola de Música e anexado ao Conservatório Geral de Arte Dramática que se instalaria no Convento dos Caetanos, escola de que permanece director. escrevendo no seu último ano de vida um "Tantum Ergo, Kyrie, Gloria e Credo", dedicado a D.Fernando II, mas cuja partitura (como tantas outras ), se perdeu” – cfr site do Conservatório Nacional - dados de Maria José Borges.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica






Salazar estava convencido que ainda governava...
(Quem se atrevia a desiludi-lo?)
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Não foi assim há tanto tempo como isso. Imaginar-se-ia que tinha sido lá para os primórdios do século passado... Não: foi apenas há 39 anos, na QA 26DEZ1968: é publicada, em Portugal, a lei da igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres, seja qual for o seu estado civil, salvo quanto às eleições para as juntas de freguesia, relativamente às quais permanecem, apenas, como eleitores, os chefes de família.

Salazar ainda era vivo. Mas algo acontecera.
“A 3 de Agosto de 1968 a cadeira prega-lhe realmente uma partida: queda, a cabeça a bater no chão, hematoma cerebral, bloco operatório, diminuição das faculdades mentais. Depois de muito hesitar, Américo Tomás acaba por nomear Marcelo Caetano para a Presidência do Conselho de Ministros. Alguns destes, junto de Salazar, fingem que é ele ainda o Presidente do Conselho; ou ele finge acreditar na encenação e, a fingir, lá vai dando despacho aos assuntos correntes. Morre a 27 de Julho de 1970. 81 anos de idade, 42 de poder ininterrupto.” (Vidas Lusófonas; texto de Fernando Correia da Silva)

1968 foi o ano em que: foram assassinados Robert Kennedy (5 de Junho) e Martin Luther King (4 de Abril); em que foi eleito Richard Nixon para presidente norte-americano (Novembro). Foi ainda o ano em que se realiza a união aduaneira da CEE, com a eliminação total dos direitos entre os Seis e o estabelecimento de uma taxa aduaneira comum (1 de Julho), enquanto se institui o princípio da liberdade de circulação de trabalhadores (8 de Novembro). Como foi o ano em que rebenta a crise estudantil parisiense do Maio de 1968 e se dá a ascensão e queda da chamada Primavera de Praga. Em 19 de Agosto, já depois da queda, mas com Salazar ainda na direcção efectiva do Governo, efectiva-se uma remodelação ministerial: Gonçalves Rapazote no interior; José Hermano Saraiva, na educação; João Dias Rosas, nas finanças; Bettencourt Rodrigues no exército; Pereira Crespo na marinha; Jesus dos Santos na saúde. Como subsecretário de Estado da educação, Elmano Alves e como CEMGFA, Venâncio Deslandes. “Os últimos conselheiros da remodelação foram Mário de Figueiredo, Luís Supico Pinto, Soares da Fonseca e Castro Fernandes que tiveram uma reunião como o supremo seleccionador em 10 de Agosto.
Portanto, a remodelação acontece ainda “antes de surgirem os primeiros sinais de desconexão mental do presidente do conselho que passa a sofrer de doença incapacitante (4 de Setembro). Operado de urgência ao cérebro por Vasconcelos Marques (6 de Setembro), é, depois, acometido de trombose (16 de Setembro). É neste contexto que surge a inevitável reunião do Conselho de Estado (17 de Setembro), onde se discute a substituição do omnipotente cônsul, sendo consensual a opinião sobre a nomeação imediata de um novo Presidente do Conselho” – como se pode ler num dos inúmeros trabalhos do Prof José Adelino Maltez publicados na net.

Perante o avanço que no mundo se ia verificando em matéria de direitos, liberdades e garantias,
Portugal não tinha outro remédio que “parecer” ser um país moderno.
Porque só parecia. Continuava longe de o ser.
Quem se debruçasse sobre as nossas leis encontrava surpresas, relativamente ao que se proclamava em todo o mundo. Coisas interessantes, havia-as. Mas só no papel. Recorde-se que até tínhamos um artigo 8º da nossa Constituição de 1933 (de 1933, sublinho) que nos reconhecia direitos, liberdades e garantias… Mas sabemos todos bem (os que não têm memória curta) como é que a lei era aplicada pelo poder e respeitada pelos seus algozes, e pelos tribunais, sobretudo pelos tribunais especiais, os Plenários…
Todo o aparelho estatal – não esqueçamos -, TODO, obedecia cega e zelosamente aos ditames do todo-poderoso “salvador” da Pátria… Que já não liderava o governo, embora cuidasse que sim.

O Decreto da Presidência da República (Américo Tomás) 48 597, 27SET1968, “exonera o Doutor António de oliveira Salazar do cargo de Presidente do Conselho, do qual manterá todas as honras a ele inerentes, e nomeia, para o substituir, o Doutor Marcelo José das Neves Alves Caetano.”

Foi, pois, recentemente, e neste contexto, que Portugal deu um passo, medroso, no sentido da definitiva igualdade de direitos entre todos os cidadãos, de qualquer sexo ou condição. Que esta só viria mais tarde.

terça-feira, dezembro 11, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

imagem Wikipédia
Guerra colonial: Angola (1961)
uma coluna militar portuguesa

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico



DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica


Dia Internacional das Montanhas
Dia Nacional do Burkina Faso (antigo Alto Volta)


Aconteceu há 43 anos, na SX 11DEZ1964: foi divulgado um manifesto intitulado “Amangola”, por um grupo de angolanos da UPA (União dos Povos de Angola) exilados em Brazaville, que constituiam a base da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola)”.

Tudo isto no mesmo ano em que
- são fundados a FAP (Frente de Acção Popular), os GAP (Grupos de Acção Popular) e o CMLP (Comité Marxista-Leninista Português). (JAN)
- é criada a ASP (Acção Socialista Popular) em Genebra, liderada por Tito de Morais, Ramos da Costa e Mário Soares. (ABR)
- a FRELIMO inicia a luta armada a partir do distrito de Cabo Delgado, nesta altura ainda sob a chefia de Mondlane. (SET)
25NOV1964: a OUA reconhece o MPLA como único representante legítimo do povo angolano.

O regime da ditadura de Salazar já estava em manifesto declínio, desde os finais da década anterior. Teoricamente, a suprema magistratura da nação estava, então, entregue ao submisso e fiel Américo Tomás. Só na aparência e para estrangeiro impressionar, pois que o líder do regime nunca deixou de ser Salazar.
Como se vê acima, à medida que o regime se radicaliza, também do outro lado, na metrópole e nas colónias, se vão cavando posições cada vez mais extremadas. E recorde-se que os movimentos de libertação iniciaram a sua acção armada em 1961.
A crise política em Portugal vinha-se acentuando, num crescendo veloz, desde, sobretudo, como se disse, os finais da década anterior. Crise para o controle da qual o regime começa a mostrar que não tem resposta adequada e satisfatória. Nem é possível que tenha – dentro dos seus rígidos e anquilosados parâmetros de actuação.

Claro que nesta movimentação anti-ditadura, nas colónias, não era de incluir o embrião que significava o manifesto Amangola. O movimento daqui resultante mais viria a parecer uma invenção dos “buldogues” do regime…

“Desde o início da sua actividade política, Savimbi manteve contactos privilegiados com organizações políticas e religiosas conotadas com a CIA americana e promoveu repetidamente tendências fraccionárias de raiz étnica.”

Em 1964, demitiu-se de ministro do GRAE/Governo Revolucionário de Angola no Exílio e de secretário-geral da FNLA e terá tido especial intervenção naquele manifesto, propondo a luta armada como solução contra o colonialismo português.

Mas claro que não era contra o colonialismo português, como apregoava.

O GRAE era dominado maioritariamente pela FNLA. E chegou a ser reconhecido como representante de Angola na recém-formada (1963) OUA, organização esta que recomenda aos países africanos o reconhecimento do GRAE e o apoio à FNLA.

Sabe-se, igualmente, que Savimbi desde 1969 contactou as autoridades coloniais portuguesas (já com Marcelo Caetano na chefia da ditadura), nomeadamente a PIDE (nessa altura já DGS. “Esta acção traduziu-se num protocolo de colaboração de Savimbi com as forças portuguesas, em que este se comprometeu combater o MPLA no Leste de Angola, em troca do apoio dos militares à acção da UNITA junto das populações controladas por este movimento.”
Dum lado e doutro da mesa era só bleuf. E conivências.

Nesta altura já a OUA apoiava e incentivava o apoio ao MPLA. Que tinha, então, outro e bem diferente líder!





segunda-feira, dezembro 10, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico


DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica


Dia Mundial dos Direitos do Homem



sede da PIDE, em Lisboa


Foi há 58 anos, no SB 10DEZ1949: embora continue excluído da ONU, Portugal subscreve aí a Declaração Universal dos Direitos do Homem, cuja comemoração do 30º aniversário da sua adopção o mundo comemorara no ano anterior.
Em Portugal entrava-se no auge do poder da ditadura conduzida por Salazar, nessa altura acolitado pelo general Carmona.

“Direitos do Homem”? No Portugal da ditadura? Com os processos e as práticas utilizados pelo governo de Salazar na Metrópole e nas colónias?
O que fez correr Salazar?
Que pressões internas e do exterior terá suportado?

Deve ter sido puro engano. Ou farsa bem montada.

O Portugal de Salazar tinha tão só a preocupação de parecer ser “humano”, moderado e disciplinado quer dentro de portas, quer, em especial, passadas elas. Um “humanismo” sui generis, é evidente, como era a praticada pelos seus inquisidores, intolerantes e torcionários.
Claro que na perspectiva do discurso oficial e da aparência, vivia-se, então, em Portugal, no melhor dos paraísos.

Mas, perante o Mundo, faltava-lhe a necessária coerência. Portugal só tinha preocupação em parecer ser. Não em ser. O que é próprio de ditadores e fariseus.

Os atropelos constantes aos referidos “Direitos” e a todas as práticas humanitárias, à tolerância, à convivência democrática, eram a prova provada de que o autoritarismo salazarista se regia por outros códigos, por outras matrizes. Daí que fosse interna e externamente repudiado e combatido.

Parafraseando um velho ditado: “Salazar preferia estar só ou mal acompanhado” (com nazis, fascistas e franquistas). Ou: “Salazar preferia estar só que bem acompanhado” (pelos democratas).

O medo, a intimidação e o terror que essa sombria organização policial todo-poderosa, que se chamava PIDE, espalhava é que mantinha a ditadura salazarista.

Uma breve e insuspeita nota histórica do que foi a PIDE pode encontrar-se no site da Universidade Nova de Lisboa, no respectivo CITI (Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências sociais e Humanas). É a seguinte a apresentação:


«A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (anterior PVDE) foi criada em 1945
para defender o regime contra todos aqueles que dele discordavam, nomeadamente o PCP.
Dos diversos modos que a PIDE dispunha para alcançar os seus objectivos
destacam-se a vasta rede de informadores por todo o país
e a intercepção de correspondência e telefonemas.
Milhares de opositores foram enviados para prisões
(Caxias, Peniche, Tarrafal, por exemplo),
muitas vezes sem julgamento,
onde eram sujeitos aos mais variados maus tratos e torturas.
A PIDE instalou um clima de horror, onde até era proibido pronunciar a palavra "liberdade".»


Recordo que por brindarem à liberdade, em público, foram presos e condenados a sete anos de prisão dois estudantes da Universidade de Coimbra, em 1961, acontecimento que deu brado e foi noticiado pela imprensa estrangeira, acabando por dar origem à prestigiosa organização política internacional não-governamental que é a Amnistia Internacional/AI (como recentemente recordei, com mais pormenor, num outro local.

Claro que existe imenso material de consulta e inúmeros testemunhos do que foi esse (um deles) suporte da ditadura.
Os outros eram o exército e a Igreja, cujo contributo não foi nada despiciendo.


Acerca dos direitos humanos (e por certo com o pensamento na Cimeira EU-África, de que se desmontou ontem a “tenda”) diz hoje Carla Machado no Público/Opinião (“Do relativismo ao compromisso”):
“A Europa deve exigir o cumprimento dos direitos humanos, não porque "saiba mais" ou porque está "num estádio superior de evolução", mas porque eles representam o seu compromisso e opção ética. E, não baseando esta exigência em critérios de autoridade, deve fortalecê-la com argumentos diplomáticos e contrapartidas relevantes. Mas adoptar um discurso ético requer coerência e persistência. A sua defesa tem que se sobrepor aos interesses e às conveniências. Não há semidireitos nem quase-liberdades - contemporizar significa ser conivente”.
Reflexão que se aplica, em grande medida, mesmo aos cidadãos.

As organizações internacionais têm de procurar maneira de exigir o cumprimento dos direitos humanos em tantos países onde eles são permanentemente violados.
E não se pense que me refiro, apenas, aos distantes países africanos ou asiáticos... Muito perto de nós há quem tenha outras responsabilidades e os não respeite, a cada passo.

quinta-feira, novembro 29, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico



DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica



D. João (VI)

Foi há 200 anos, no Domingo 29NOV1807: fuga da família real para o Brasil: a esquadra levantou ferro, mas ficou pairando frente à barra até às 7 h do dia seguinte, que foi quando Junot entrou em Lisboa (30NOV1807) - era a 1ª invasão francesa (pela linha do Zêzere até Lisboa).

As invasões francesas vêm na sequência do Tratado de Fontainebleau, firmado em 27OUT1807, por Manuel de Godoy e Napoleão.
Em Portugal a regência do reino estava entregue a D. João VI, que a exercia em nome de sua mãe, D. Maria I (26º), incapacitada por demência.
Em Espanha reinava Fernando VII, da Casa de Bourbon. Frederico Guilherme III era o rei da Prússia. Nos EU decorria o mandato do seu 3º presidente, Thomas Jefferson. Jorge IV era o monarca reinante no Reino Unido. No Vaticano pontificava Pio VII (251º).


«Chovia muito. As ruas começavam a transformar-se num lamaçal. Havia gente desorientada por todo o lado, e um movimento inusitado em direcção a Belém. Há tempo que corriam por Lisboa rumores de que a família real estaria a preparar a partida para o Brasil, mas no dia 26 de Novembro de 1807 já não restavam dúvidas a ninguém - a decisão fora, finalmente, tomada no dia anterior numa reunião do Conselho de Estado. Com as primeiras tropas francesas já em Portugal, a família real e grande parte da nobreza corria a Belém e preparava-se para deixar o país» – Alexandra Prado Coelho, Público, 18NOV207.
«No dia seguinte [SX 27], entre as onze e o meio-dia (Pedreira e Dores Costa seguem a versão de Acúrcio das Neves, que consideram a mais plausível), o príncipe regente é o primeiro membro da família real a chegar ao cais - "não havendo ninguém à sua espera, tal a dificuldade de circulação na cidade, e a deficiência na organização do embarque"» - idem, idem.

As condições de tempo, chuva e vento, não abrandavam, impedindo a partida da frota durante dois dias.


UM PAÍS EM GRAVE CRISE.

UM ZOOM DO DESENLACE BURLESCO


As invasões francesas não foram, apenas, o resultado da sede do despotismo napoleónico e das suas ambições imperialistas. Foram, igualmente, a consequência de pactos internacionais que visavam a partilha e o completo domínio deste pequeno País arruinado e destroçado, governado por inábeis, incompetentes, corruptos, ambiciosos e parasitas. (Imagine-se um bando de abutres à disputa de uma carcaça de animal apodrecido!).
Portugal, durante grande parte dos anos de 1700 e as primeiras décadas do séc XIX era essa carcaça de animal sucumbido pelas suas próprias chagas.
Quando em 1807 Napoleão ordena a ocupação militar de Portugal, a família real, Corte, Clero e altos funcionários... não esqueceram o seu patriotismo... Qual quê? Não: tomaram, antes, uma atitude altamente patriótica: puseram-se a salvo, embarcando em vários navios, no Tejo, rumo ao Brasil com os seus e com o seu.
Levaram tudo o que puderam, que não apenas as suas riquezas, comodidades e luxos. Deram eles mesmos início ao grande saque do espólio nacional, que se seguiria nos próximos anos. Arte, livros (bibliotecas inteiras) e outros tesouros mudaram de ares, foram transportados para o Brasil!

«Não eram, a acreditar na descrição feita por Raul Brandão em El-Rei Junot, cenas dignificantes. "Na véspera do embarque [que aconteceu a 27, sendo depois a partida a 29] remexe-se tudo: as roupas, as jóias, as inutilidades. Na casa de este, de aquelle, do Lavradio, do Angeja, do Cadaval, do Alegrete, há gritos, cólicas, desmaios, uma mixórdia de saque e de grotesco - arcas arrombadas, farrapos, lágrimas, desespero. Aferrolha-se e clama-se: - depressa! Depressa!... - Foge tudo, foge toda a gente de representação e de vergonha: fidalgos, ricos, pregadores, poetas obscenos, a côrte, as damas frágeis e inúteis, as figurinhas d"encanto, e as creadas, as pretas, os anões. O drama é idêntico em todas as casas soberbas: enfardela-se, enfardelam-se de mistura objectos indispensáveis, seringas de clisteres, jóias, quadros, inutilidades, vergonhas e riquezas. Depressa! Depressa!"».
imagem do Publicopormenor do embarque para o Brasil
de Nicolas Louis Albert Delerive
MNC
Aliás, não resisto a trazer para aqui mais um relato da tragicomédia que foi esse embarque de suas majestades e de suas reverências, de tantas "irmandades" e de montes de excelências - todos gente prendada, tudo quanto era pestilência -, relato magistralmente feito por Oliveira Martins, (esse "desenlace burlesco" - como ele próprio escreveu) na sua História de Portugal:

"Três séculos antes, Portugal embarcara, cheio de esperanças e cobiça, para a Índia; em 1807 (Novembro, 29[DM]) embarcava um préstito fúnebre para o Brasil. A onda da invasão varria diante de si o enxame dos parasitas imundos, desembargadores e repentistas, peraltas e sécias, frades e freiras, monsenhores e castrados. Tudo isso a monte, embarcava, ao romper do dia, no cais de Belém. Parecia o levantar de uma feira, e a mobília de uma barraca suja de saltimbancos falidos: porque o príncipe-regente para abarrotar o bolso, com louras peças de ouro, seu enlevo, ficara a dever a todos os credores, deixando a tropa, os empregos, os criados, por pagar.
Desabava tudo a pedaços; e só agora, finalmente, o terramoto começado pela natureza, continuado pelo marquês de Pombal, se tornava um facto consumado. Os cortesãos corriam pela meia-noite as ruas, ofegantes, batendo às lojas, para comprarem o necessário; as mulheres entrouxavam a roupa e os pós, as banhas, o gesso com que caiavam a cara, o carmim com que pintavam os beiços, as perucas e rabichos, os sapatos e fivelas, toda a frandulagem do vestuário. Era um afã, como quando há fogo; e não havia choro nem imprecações: havia apenas uma desordem surda. Embarcavam promiscuamente, no cais, os criados e os monsenhores, as freiras e os desembargadores, alfaias preciosas e móveis toscos sem valor, nem utilidade. Era escuro, nada se via, ninguém se conhecia. Os botes formigavam sobre a onda sombria, carregando, levando, vazando bocados da nação despedaçada, farrapos, estilhas, aparas, que o vento seco do fim dispersara nessa noite calada e negra.
Muita gente, por indolência, recusava ir; outros preferiam o invasor ao Bragança, que fugia miserável e cobardemente: ao herdeiro de reis, que jamais tinham sabido morrer, nem viver. Mais de um regimento desobedeceu aos chefes que o mandavam embarcar; e muitos, vendo a debandada, se dissolveram, deixando as armas, dispersando. Outros embarcavam: chegavam ao portaló dos navios já repletos e voltavam para terra, aborrecidos e enjoados de tanta desordem, de tão grande vergonha.
O príncipe-regente e o infante de Espanha chegaram ao cais na carruagem, sós: ninguém dava por eles; cada qual cuidava de si, e tratava de escapar. Dois soldados da polícia levaram-nos ao colo para o escaler. Depois veio noutro coche a princesa Carlota Joaquina com os filhos. E por fim a rainha, de Queluz, a galope. Parecia que o juízo lhe voltava com a crise. "Mais devagar! gritava ao cocheiro; diria que fugimos!" A sua loucura proferia com juízo brados de desespero, altos gritos de raiva, estorcendo-se, debatendo-se às punhadas, com os olhos vermelhos de sangue, a boca cheia de espuma. O protesto da louca era o único vislumbre de vida. O brio, a força, a dignidade portuguesa acabavam assim nos lábios de uma rainha doida!
Tudo o mais era vergonha calada, passiva inépcia, confessada fraqueza. O príncipe decidira que o embarque se fizesse de noite, por ter a consciência da vergonha da sua fuga; mas a notícia transpirou, e o cais de Belém encheu-se de povo, que apupava os ministros, os desembargadores, toda essa ralé de ineptos figurões de lodo. E - tanto podem as ideias! - chorava ainda pelo príncipe, que nada lho merecia. D. João também soluçava, e tremiam-lhe muito as pernas que o povo de rastos abraçava.
A esquadra recebera 15 000 pessoas, e valores consideráveis, em dinheiro e alfaias. Levantou ferro na manhã de 29 [um Domingo], pairando em frente da barra até o dia seguinte, às 7 horas, que foi quando Junot entrou em Lisboa. Os navios largaram o pano, na volta do mar, e fizeram proa a sudoeste, a caminho do Brasil. Enquanto a esquadra esteve à vista, pairando, os altos da cidade, donde se descobre o mar, apareciam coroados de povo mudo e aflito. As salvas dos navios ingleses que bloqueavam o Tejo troavam lugubremente ao longe. O sol baixava, a esquadra perdia-se no mar, ia-se toda a esperança, ficava um desespero, uma solidão... Soltou-se logo a anarquia da miséria, e na véspera da chegada do Anti-Cristo, Lisboa correu risco de um saque.
Napoleão estava burlado. O príncipe D. João, a bordo com as mãos nos bolsos, sentia-se bem remexendo as peças de ouro: ia contente com a sua esperteza saloia, única espécie de sabedoria aninhada no seu gordo cérebro. Bocejava ainda: mas porque o enjoo começava com os balanços do mar. É o que sucede à história, com os miseráveis balanços do tempo: vem o enjoo incómodo e a necessidade absoluta de vomitar.
(Edição da Guimarães, de Lisboa; 16ª edição, de 1972; pp 516 a 518)

Patético!

E quando se toma consciência disto, uma pessoa até se encolhe de vergonha e cora de raiva!
Mas era assim, tal e qual, essa gente! Eram deste jaez os militantes do Portugal absolutista, intolerante e freirático (ou apostólico).
E já agora (porque vem mesmo a propósito): os governantes desses tempos, eram assim caracterizados, de forma sintética, por esse sociólogo e grande historiador da Idade-Média portuguesa que foi Alexandre Herculano:

"São financeiros e barões, viscondes, condes, marqueses, de fresca e mesmo velha data, comendadores, gran-cruzes, conselheiros: uma turba que grunhe, burburinha, fura, atropelando-se e acotovelando-se na obra de roer um magro osso chamado orçamento e que grita Aqui-del-rei!, quando não pode tomar parte no rega-bofe". (Apud Flausino Torres, "Portugal - uma perspectiva da sua História", edição da Afrontamento, Porto, 1973; p 301)

Mas, mesmo após as invasões, a Corte optou, uma vez mais, "pelo superior interesse nacional" (!?): continuar no Brasil - onde a vida era bem mais agradável.
Mais: em 1815, o Brasil foi declarado reino, não colónia. O Rio era agora a verdadeira capital portuguesa e Portugal um território secundário, governado por um regente. Regência inteiramente rendida ao jugo inglês que, a pretexto de garantir segurança (?), comandando o exército, controlava toda a máquina do Estado.
E enquanto as classes dirigentes do velho Portugal absolutista e freirático (ou, na expressão de Oliveira Martins: o velho Portugal Apostólico), gozavam e esbanjavam à tripa forra, lá longe, em terras de Sta Cruz, aqui sofriam-se vexames de franceses, ingleses e espanhóis... Cá, passavam-se enormes dificuldades...

Ah! Mas enquanto tudo isto acontecia... O vírus da liberdade e da democracia germinava. (Não esqueçamos que a Revolução Francesa acontecera 20, 30 anos antes...).

Foi um século (mais de metade dele) de tremendas lutas políticas e sociais, de confronto permanente dos adeptos dum sistema liberal e dos defensores duma aristocracia musculada, do despotismo iluminado, do absolutismo agonizante.

sexta-feira, novembro 09, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico




DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica

Dia Nacional do Camboja.



imagem Wikipédia
Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple (28JUL1830)







Foi há 208 anos, no SB 09.11.1799: Napoleão Bonaparte conquista o poder, em França, através de um golpe de Estado que ficou conhecido pelo Golpe 18 Brumário (de acordo com o calendário revolucionário, entretanto, adoptado).

O último rei de França, Luís XVI de Bourbon, já havia sido guilhotinado e Maria Antonieta executada. Estava instalada a República. Reinava no Reino Unido Jorge III, avô da rainha Vitória e pentavô de Isabel II. Frederico Guilherme III era o rei da Prússia. Enquanto Francisco II era o imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Em Espanha ocupava o trono Carlos IV, pentavô de Juan Carlos de Bourbon. Em Portugal, ainda era viva D. Maria I (26º), sendo deposta nesse ano, por insanidade mental, e a regência estava entregue a seu filho D. João – futuro D. João VI (27º); e o chefe do governo ("Secretário de Estado") era o Visconde de Balsemão, Luís Pinto de Sousa Coutinho. A Cadeira de Pedro, em Roma, estava vaga: em Agosto desse ano morreu Pio VI (250º), precisamente prisioneiro em França , sendo que só no ano seguinte lhe sucederia Pio VII.

Em bom rigor, a Revolução de 1789 começou dois anos antes.
Em 1787 Luís XVI convocou a Assembleia dos Notáveis (nobreza e clero), pedindo-lhes que resolvessem a crise financeira e pagassem impostos.
“Intolerável ousadia” que lhe sairia bem cara. Perante a recusa dos “notáveis” de qualquer reforma que diminuísse os seus privilégios, o rei ficou impossibilitado de promover as reformas tributárias que urgia levar a cabo. Os notáveis (notáveis, talvez não tanto pela inteligência), indignados com o rei, mas esquecendo que deviam os seus privilégios ao statu quo, pediram colaboração à burguesia para lutar contra o absolutismo do poder real, reclamando, conjuntamente a convocação dos Estados Gerais para deliberar em matéria de reformas.


imagem Wikipédia
Abertura dos Estados Gerais de 1789, em Versalhes,
que não reunia desde 1614!


O rei, envolvido em contradições insanáveis, perdeu o controlo da situação.
Instalara-se o caos económico. O descontentamento generalizou-se e foi-se radicalizando mais e mais.
.

Sem qualquer intuito sexista, e sem pretender atiçar (ou alimentar)
as chamas entre machistas e feministas,
a verdade é que há uma (creio que) secular sentença que diz,
acerca de grandes factos ou acontecimentos ou decisões desajustadas, infelizes e de piores consequências de notáveis figuras públicas:
“cherchez la femme...”
Talvez aqui tivesse cabimento o conselho:
consideram alguns historiadores que muito terá contribuído
(para além de outros e mais pesados factores, como adiante se verá)
para o “terramoto” social que foi a Revolução Francesa,
a perniciosa e insinuante actuação da mulher de Luís XVI de Bourbon,
a rainha Maria Antonieta: frívola como era,
“o rei, imprudentemente, dava-lhe ouvidos sobre assuntos políticos”,
além de a nobreza e o clero lhe devotarem um ódio ostensivo,
até por ela ser da linhagem dos poderosos e invejados Habsburgos (ou Áustrias),
eternos rivais dos Bourbons.

A Assembleia dos Estados Gerais era uma instituição medieval (equivalente às Cortes Gerais) que congregava “as três ordens [antigas] da sociedade: o nobre que luta, o clero que reza e o camponês que trabalha. Afinal, e em síntese “os factos que marcaram o início da Revolução”.
A Assembleia de 1789 com uma nova ordem a constituí-la: a burguesia.

O rei, confrontado com graves dificuldades financeiras, enfrenta a oposição do Parlamento. Remodela o governo. Promete reformas. O Parlamento volta a opor-se-lhe. Substitui ministros.
E o caos crescia cada vez mais.
Por fim, por sugestão de Jacques Necker, que era seu ministro pela segunda vez, convocou a Assembleia dos Estados Gerais, para Maio desse ano de 1789, no Palácio de Versalhes. «Com o objectivo, não declarado, de que “o terceiro estado”» – então, já integrando a burguesia – «pagasse os impostos que a nobreza e o clero se recusavam a pagar».

«Carta de Convocação dos Estados Gerais (1789)

Por ordem do Rei.
Nosso amado e fiel. Temos necessidade do concurso de nossos fiéis súbditos para
nos ajudarem a superar todas as dificuldades em que nos achamos, com relação ao estado de nossas finanças e para estabelecer, segundo os nossos desejos, uma ordem constante e invariável em todas as partes do governo que interessam à felicidade dos nossos súbditos e à prosperidade de nosso reino. Esses grandes motivos Nos determinaram a convocar a assembleia dos Estados de todas as províncias sob nossa obediência, tanto para Nos aconselharem e Nos assistirem em todas as coisas que serão colocadas sob as suas vistas, quanto para fazer-Nos conhecer os desejos e queixas de nossos povos, de maneira que, por mútua confiança e amor recíproco entre o Soberano e seus súbditos, seja achado, o mais rapidamente possível, um remédio eficaz para os males do Estado e que os abusos de toda espécie sejam reformados e prevenidos, através de bons e seguros meios que possam assegurar a felicidade pública e restituir a Nós, particularmente, a calma e a tranquilidade da qual estamos privados há tanto tempo.
Por esses motivos, Nós vos advertimos e notificamos que é de nossa vontade
começar a realização da reunião dos Estados livres e gerais de nosso reino, segunda-feira, 27 de Abril próximo, na nossa cidade de Versalhes, onde exigimos e desejamos que estejam presentes todos os notáveis de cada província, bailiado e senescalia. E por esse efeito, vos ordenamos e mui expressamente vos prescrevemos, que, ao recebimento da presente, passeis a eleger, escolher e nomear... todas as pessoas dignas desse grande testemunho de confiança. E serão os ditos deputados, munidos de instruções e poderes gerais e suficientes para propor, admoestar, avisar e consentir tudo aquilo que pode concernir às necessidades do Estado, à reforma dos abusos, ao estabelecimento de uma ordem fixa e durável em todas as partes da administração, para a prosperidade geral de nosso reino e o bem de todos e cada um dos nossos súbditos, assegurando-lhes que, de nossa parte, encontrarão toda a boa vontade e afeição para manter e fazer executar tudo aquilo que seja decidido entre Nós e os ditos Estados, seja em relação aos impostos que terão consentido, seja para o estabelecimento de uma regra constante em todas as partes da administração e da ordem públicas; prometendo-lhes pedir e ouvir favoravelmente suas opiniões sobre tudo aquilo que possa interessar o bem de nossos povos, e de prover de tal modo sobre as queixas e propostas que terão feito, que o nosso reino, e todo os nossos súbditos em particular, ressintam para sempre os efeitos salutares que eles devem esperar de tal e tão notável assembleia.

Dado em Versalhes, em 24 de Janeiro de 1789.
Assinado: Luís
Secretário: Laurent de Villedeuil»

(Fonte: MATTOSO, Kátia M. de Q. Textos e documentos para o estudo de História Contemporânea. São Paulo: Edusp, 1976, apud site da UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS)

.
.
Recordo que “Revolução Francesa” é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que entre 5 de Maio de 1789 (instalação da Assembleia dos Estados Gerais, em Versalhes) e 9 de Novembro de 1799 (Golpe do 18 Brumário) alteraram o quadro político e social da França.

Para expor os seus anseios e as suas queixas, os eleitores de cada uma das três "ordens" redigiram seus "Cadernos de Reclamações" ("Cahiers de Doléances"), de cuja leitura se concluía que o clero, a nobreza e a burguesia reclamavam a liberdade individual e o direito à propriedade, bem como a elaboração de uma constituição que definisse claramente os direitos do rei e os da nação, limitando assim o poder real. Por outro lado, a nobreza e a burguesia queriam, ainda, a liberdade de imprensa. O povo exigia, igualmente, a abolição dos privilégios e dos direi tos feudais, contra os interesses do clero e da nobreza.

Assim:


«CADERNO DE RECLAMAÇÕES DO TERCEIRO ESTADO DA PARÓQUIA DE LONGEY- ELEIÇÃO DE CHATEAUDUN, GENERALIDADE DE ÓRLEANS, BAILIA DO DE BLOIS.
Nós, habitantes da paróquia de Longey abaixo-assinados, tendo nos reunido em virtude das ordens do Rei, na sexta-feira, dia 6 do presente mês de maio de 1789, resolvemos o que segue:
Pedimos que todos os privilégios sejam abolidos.- Declaramos que se alguém merece ter privilégios e gozar de isenções, são estes, sem contradição, os habitantes do campo, pois são os mais Úteis ao Estado, porque por seu trabalho o fazem viver. Que até hoje foram quase os únicos a pagar os exorbitantes impostos de que esta província está carregada; que os campos estão - arruinados e os cultivadores na impossibilidade de poder manter e criar sua família; que à maior parte falta o pão, visto os impostos que os sobrecarregam e as perdas que experimentam todos os anos, seja pela caça, seja por outros flagelos.
Pedimos também que as talhas com as quais a nossa paróquia esta sobrecarregada sejam abolidas; que este imposto que nos oprime, e que só é pago pelos infelizes, seja convertido num só e único imposto ao qual devem ser submetidos todos os eclesiásticos e nobres sem distinção, e que o produto deste imposto seja levado diretamente ao Tesouro. *Pedimos ainda que não haja mais gabela e que o sal se torne comerciável, o que seria um grande benefício para todo o povo e principalmente para nós, habitantes do campo, que pagamos esta mercadoria muito caro e que dela fazemos o maior consumo um imposto que nos e muito oneroso e prejudicial.
(Seguem-se 12 assinaturas.)»

(cit Mattoso, Kátia M. de Q., op. cit. p. 4/5.)

Para a Assembleia dos Estados gerais são eleitos 1171 deputados: 291 do clero, 270 da nobreza e 610 do Terceiro Estado



imagem Wikipédia
Juramento da Péla



Na sequência do Juramento da Péla – como costuma referir-se o juramento do Terceiro Estado na sala do jogo com aquele nome (antecessor do ténis) – em 9 de Julho de 1789, os Estados Gerais autoproclamaram-se Assembleia Nacional Constituinte.

O rei, que já antes a tentara dissolver, decidiu fechar a Assembleia, mas foi impedido do seu intento por uma sublevação na capital, que logo foi reproduzida em todo o país.

Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza.
“Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Com ela terminava o Antigo Regime e começava uma nova era: Idade Contemporânea.
Destacando-se no assédio de Toulon, em 1793, Napoleão Bonaparte tornou-se general. Em 1796, Bonaparte esmagou uma insurreição monárquica.”
.
Através da acção do exército, comandado por Napoleão, a burguesia procurou estabelecer no país um governo estável, forte, que eliminasse a possibilidade de participação política da plebe parisiense e de seus líderes "radicais", que representavam uma ameaça directa aos privilégios burgueses.
.
Daí que o famoso golpe tenha sido articulado por sectores da alta burguesia - os girondinos - junto do exército, para pôr fim à instabilidade política reinante no país. Desde 1794, após o derrube de Robespierre, a burguesia havia retomado o controle da revolução, no entanto o novo governo - o Directório - enfrentava sucessivas revoltas internas, organizadas por grupos populares de tendência jacobina, assim como a ameaça externa, sobretudo da Áustria que se esforçava por repor, em França, a velha ordem monárquica.
Essa situação não representava apenas uma ameaça ao poder da burguesia, mas principalmente às suas conquistas sociais e económicas. [Adaptado do site HistoriaNet]
.
Os girondinos eram um grupo político conservador,
chefiado por Jacques-Pierre Brissot (1754-1793) durante a Revolução Francesa.
Este grupo era constituído pela média burguesia
e fazia oposição aos jacobinos,
o grupo mais exaltado da Revolução - liderados por Robespierre.
Os girondinos sentavam-se à direita no recinto da Assembleia,
enquanto os jacobinos ocupavam a esquerda
– uma das razões que costuma invocar-se para explicar
a convencional identificação dos termos direita e esquerda.
[Idem]

(curiosamente, à massa dos politicamente indefinidos chamava-se O Pântano)

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A Revolução “aboliu a servidão e os direitos feudais na França e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité, palavra de ordem lançada por Jean Nicolas Pache”).

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO: 26/08/1789

ARTIGO 1.

Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser fundamentadas senão sobre a utilidade comum.

ARTIGO 2.

A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são: a liberdade, a prosperidade, a segurança e a resistência à opressão.

ARTIGO 3.

O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação; nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.

(...)
ARTIGO 6.

A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou pelos seus representantes, na sua formação. Ela tem que ser a mesma para todos, quer seja protegendo, quer seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a capacidade deles e sem outra distinção do que a de suas virtudes e talentos.

(...)
ARTIGO 11.

A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo pelo abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei.
.


Aliás, compreenda-se «o drama que afectou os aristocratas nos séculos XVIII e XIX, (...) que Hannah Arendt, recuperando algumas das conclusões de Tocqueville, descreve em As Origens do Totalitarismo: "Enquanto os nobres dispunham de vastos poderes, eram não apenas tolerados mas respeitados. Ao perderem os seus privilégios, e entre eles o privilégio de explorar e oprimir, o povo descobriu que eles eram parasitas sem qualquer função real na condução do país. Por outras palavras, nem a opressão nem a exploração em si constituem a causa principal do ressentimento; mas a riqueza sem função palpável é muito intolerável, porque ninguém pode compreender - e consequentemente aceitar - por que deverá ser tolerada."» [Apud Helena Matos, Público, SB 04.11.06]
.
Chega, então, o dia 9 de Novembro de 1799 (18 do mês Brumário no calendário revolucionário), e o corso Andreas Capellanus (Napoleão Bonaparte) derrubou o directório e, ao assumir o governo Francês, assumiu, igualmente, o comando da França revolucionária. Bonaparte, centralizando cada vez mais o poder, governou a França durante cerca de 15 anos.
.
Em conclusão: “O 18 Brumário foi o golpe que iniciou a ditadura napoleónica na França. Os admiradores de Napoleão criaram um jornal em Paris que divulgava a imagem de um general patriota, invencível e adorado por seus soldados. Nacionalismo, glórias militares, ideal de igualdade: essas ideias fascinavam os franceses. A burguesia e os políticos astutos do Directório perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar o novo regime. Propuseram a ele que utilizasse a força do exército para assumir o governo. Assim foi feito. Numa acção eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão fechou a Assembleia do Directório. Foi o golpe do 18 Brumário de 1799. Durante essa época, a burguesia consolidaria seu poder económico.”
[Wikipédia, a enciclopédia livre]
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“Como se pode notar, o 18 de Brumário se resume em um golpe de Estado bonapartista, o qual significou o fim da Revolução Francesa e segundo Karl Marx, representou o início da fase de consolidação das conquistas burguesas” [Ana Kelly Souto, no site “Geocities”].

















terça-feira, outubro 30, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico




DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica


24Out a 31 Out - Semana do Desarmamento/Semana Mundial da Paz

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The Last Emperor/O Último Imperador
Bernardo Bertolucci, 1987


Aconteceu há 96 anos, na SG 30.10.1911: Pu-Yi, imperador da China com 5 anos de idade, jura uma nova Constituição, terminando oficialmente três séculos de domínio Manchu na China.
Nos EU decorria o mandato do 27º presidente William Howard Taft, do Partido Republicano. No trono do Reino Unido encontrava-se o avô da rainha Isabel II, Jorge V; e ao governo de SM presidia H. H. Asquith, do Partido Liberal. Na Rússia reinava o czar Nicolau II. Na Prússia reinava Guilherme II. Em França decorria a Terceira República, com Armand Fallières na chefia do Estado e Joseph Caillaux na liderança do governo. Em Portugal fora implantada a República, um ano antes, e era presidente Manuel de Arriaga – aliás, Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue (1840-1917) – do Partido Republicano (depois Partido Democrático), que foi o primeiro presidente da República Portuguesa constitucionalmente eleito, sendo o governo liderado por Pinheiro Chagas, do Partido Republicano, que foi o primeiro primeiro-ministro (designava-se então por presidente do Ministério) dum governo constitucional, da primeira República. À igreja romana presidia Pio X (257º).

Puyi ou Pu-Yi - Aising-Gioro Pu Yi - (Pequim, 1906 - Pequim, 1967), nascido na dinastia Qing, foi imperador da China de 1908 a 1911, quando foi forçado a abdicar. Isto é, dos 2 aos 5 anos.
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O rigor dos protocolos... A inflexibilidade de certas tradições...
Uma criança de 5 anos a jurar uma nova constituição!....
E é o gesto estudado (imposto), mecânico, inconsciente da criancinha
que acaba, assim, com séculos doutro domínio?
Tantas as crianças
– sobretudo de outros estratos sociais, onde, aí, sim, um verdadeiro drama –
que nunca tiveram “tempo” de ser crianças!
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Neste caso: os poderosos e os seus títeres pondo e dispondo a seu bel-prazer...
Mas uma criança, senhores!...

Veja-se uma sinopse do filme biográfico co-escrito e dirigido por Bertolucci
“Pequim 1908 - Um menino de três anos torna-se o Imperador do China. Seu nome é Pu Yi. Apenas três anos depois, a China passa a ser uma República. A dinastia Qing é forçada a abdicar e mais de três mil anos de domínio imperial chegam ao fim. A única pessoa que parece não compreender é o imperador do três anos de idade. À medida que cresce, Pu Yi é tratado como um deus. Mas aos dezoito anos é expulso da Cidade Proibida por um guerreiro republicano. Ajudado por seu amigo e preceptor, [Flemming Johnson] (Peter O`Toole) ele foge e abriga-se na legação japonesa. Depois de viver um bom período de boa vida, ele é convidado pelos japoneses a ser o Imperador da Manchúria. Pu Yi [John Lone] permanece no trono até ser capturado pelos russos, sendo então extraditado e entregue com prisioneiro à República Popular da China, permanecendo encarcerado por 10 anos. A história do último imperador da China é um conto de intriga, traição, guerra e desastre nacional. É também a história pessoal de um dos mais extraordinários antigos heróis dos tempos modernos.”

No filme, o papel de Wang Jung, sua primeira mulher, é desempenhado por Joan Chen.

Tendo como pano de fundo as transformações políticas e sociais que atingiram a China entre o final do século XIX e a instituição do governo socialista de Mao Tse Tung em 1949, O Último Imperador foi o primeiro filme que recebeu autorização do governo chinês para filmar na Cidade Proibida. Ganhou os Óscares de todas as categorias às quais foi indicado, nove. Pertence à terceira ordem de filmes mais premiados com as célebres estatuetas douradas da Academia (houve três filmes com 11 óscares, dois com 10 e três com 9).

quarta-feira, outubro 17, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza


imagem Wikipédia

"O meu maior sonho é ser pobre um dia!
Porque ser todos os dias, é terrível”

(Anónimo)



Aconteceu há vinte anos, no SB 17 de Outubro de 1987: milhares e milhares de cidadãos reuniram-se na Praça do Trocadéro, em Paris, para comemorar a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos e para proclamar que a pobreza extrema é uma violação desses direitos fundamentais. A mensagem que, então, passaram, em essência, foi a seguinte: "Onde os Homens estão condenados a viver na miséria, aí os Direitos Humanos são violados. Unir-se para os fazer respeitar é um dever sagrado"

Acontecera, realmente, que na SX 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 217 A (III), como resposta às atrocidades da Segunda Guerra Mundial.

Aí, naquela manifestação de Paris, de há vinte anos, a origem da criação do dia internacional que hoje passa.
Numa perspectiva mais abrangente, alguns designam-no por
Dia Mundial contra a Pobreza e Exclusão Social.


Uma das consequências da pobreza é a fome. E, acerca da fome, já em 1946 um nome enorme nestas matérias, Josué de Castro, escrevia a sua impressionante, mais constatatória que premonitória, “Geografia da Fome”.

É da recordação desse nome e dessa obra que se ocupa o seguinte excerto:
“No Portugal dos anos 60, quando da Guinness mal conhecíamos a cerveja, quanto mais os recordes, um livro de capa vermelha chamou a atenção de muitos. Chamava-se Geografia da Fome e era assinado por Josué de Castro. Lido num repente, tornou-se peça essencial na formação de muitos espíritos e muitas mentes. Dizia assim, no prefácio (a primeira edição era de 1946): "O assunto deste livro é bastante delicado e perigoso. A tal ponto delicado e perigoso que se constituiu num dos tabus de nossa civilização. É realmente estranho, chocante o fato de que, num mundo como o nosso, caracterizado por tão excessiva capacidade de escrever-se e publicar-se, haja até hoje tão pouca coisa escrita acerca do fenómeno da fome, em suas diferentes manifestações." Josué era brasileiro, pernambucano (o centenário do seu nascimento há-de comemorar-se em 2008, a 5 de Setembro) e as suas palavras punham o mundo de alerta.”
(Crónica de hoje, de Nuno Pacheco, no Público)

Traduzidas em números essas realidades (pobreza, fome, exclusão), tais valores são esmagadores. Impresionantes.

“50 mil pessoas morrem diariamente devido a causas relacionadas com a pobreza e 854 milhões de pessoas passam fome, apesar de a produção alimentar mundial ser suficiente” –
confirma Sofia Branco no trabalho abaixo mencionado.

Actualmente, cerca de 19% da população portuguesa (dois milhões e cem mil) é pobre. E 740 mil têm menos de seis euros por dia!
Confirmam os noticiários.

“São oito os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) que as Nações Unidas declararam em 2000 que queriam ver cumpridos até 2015. A erradicação da pobreza não é só o primeiro enunciado, é também o único que, se não for atingido, impede a realização de todos os outros.Porque ser pobre não é só não ter dinheiro suficiente para comer ou não dispor de um abrigo. É também não ter possibilidades para estudar. Não ter emprego e não saber o que vai ser o dia seguinte. É estar doente e não poder pagar uma consulta no médico nem tratamentos. Ou perder uma criança no parto por falta de cuidados de saúde.”
(Reporta Sofia Branco, hoje, também no Público)


imagem Público

Tirânicas são as sociedades que fiscalizam, pedem, exigem, obtêm, legalizam, legislam, puncionam, retêm, subtraem, impõem, taxam, quando não perseguem, param, constrangem e prendem para, depois, se declararem incapazes de oferecer o mínimo ao cidadão que terão despojado, roubado, despido, desnudado.
Michel Onfray
(Texto transcrito do blogue “antologia do esquecimento” que todos conhecem por “Insónia”, post de 17.10.2005)



O cidadão médio de um país desenvolvido goza de uma riqueza superior aos sonhos mais loucos de 1000 milhões de pessoas que vivem em países com um rendimento per capita inferior a 200 dólares. São estes, portanto, os países e os indivíduos que têm uma riqueza tal que podiam, sem ameaçar o seu próprio bem-estar, transferir uma parte para os pobres absolutos.
Robert McNamara
(Id)


O HORROR DE SER POBRE
Risco c’um traço
(um traço fino, sem azedume)
todos os que conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes não me verão
Nunca mais
Olhar com azedume.
O horror de ser pobre!
Muitos gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as caras alguns anos depois!
Cheiros de latrina e papéis de parede podres
Atiravam abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
Destroem planos que fazem forte um povo.
Sem água de banho, solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do público
Arruína o espinhaço.
O pobre
Nunca está sozinho. Estão todos sempre
A espreitar-lhe pra o quarto. Abrem-lhe buracos
No prato da comida. Não sabe pra onde há-de ir.
O céu é o seu teto, e chove-lhe lá pra dentro.
A Terra enxota-o. O vento
Não o conhece. A noite faz dele um aleijado. O dia
Deixa-o nu. Nada é o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada ajuda
Quem dinheiro não tem.
Bertolt Brecht, in Poemas e Canções, selecção e versão portuguesa de Paulo Quintela, Livraria Almedina, Coimbra, Outubro e 1975.
(Id)

Se o autor de qualquer dos excertos acabados de passar dispensa apresentações, parece-me que o de Bertolt Brecht menos as exige.
Michel Onfray, nascido em 1 de Janeiro de 1959, é um filósofo francês. Afirmam muitos que é, mesmo, o filósofo francês mais lido da actualidade e o mais popular.
Robert McNamara foi secretário de defesa dos Estados Unidos de 1961 a 1968, dos presidentes Kennedy e Lyndon Johnson.


segunda-feira, outubro 08, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA



O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:
. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)
. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)
. ano 4703/4704 do calendário chinês
. ano 5767/5768 do calendário hebraico



DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.
2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
2007 Ano Internacional da Heliofísica

Semana Mundial do Espaço Sideral



Aconteceu há 62 anos, nessa SG 08OUT1945: foi criado o Movimento de Unidade Democrática/MUD, de oposição ao regime salazarista.

Perpetuava-se, em Portugal, a dupla Salazar/Carmona.
Em França era presidente, provisoriamente, Charles de Gaulle, entre a Terceira e Quarta República.
No Reino Unido reinava Jorge VI, pai da actual soberana.
Na Alemanha vivia-se o post nazismo, uma época em que o país era presa dos aliados, na sequência da sua recente vitória e partilha. Só em 1949 encontraríamos a Alemanha dividida entre RFA e RDA.
Nos EUA era presidente (33º) Harry Truman, do partido democrata.
Em Espanha vigorava o “franquismo - regime político baseado no fascismo aplicado em Espanha entre 1939 e 1975, durante a ditadura de Francisco Franco”.
No Vaticano pontificava o diplomata Pio XII (260º), cujo papel na Segunda Guerra foi considerado, pelo menos, controverso.

Tanto quanto o feroz regime salazarista ia permitindo, ou por muito que estrebuchasse, a oposição nunca se conteve nem se calou. Bem vistas as coisas, não era a ditadura que ia permitindo coisa nenhuma. Não conseguia era controlar tudo, embora tudo fizesse por isso.
A oposição movia-se sempre sobre brasas e cinzas incandescentes: o risco da prisão, do degredo, da tortura, da despromoção ou irradiação do emprego, da perseguição impiedosa e do mais desumano tratamento. Mas agia.

Desde os alvores da ditadura que se verificaram acções de protesto e de exigência de reposição da legalidade democrática.


A da criação do MUD foi uma de muitas.

Claro que os comunistas de Portugal eram os oposicionistas (clandestinos) mais fortes, uma vez que a sua existência, como partido organizado é de data anterior à instauração da ditadura do Estado Novo.
Qual de nós, de esquerda, com idade superior a 50 anos, não esteve algum dia no PC ou por aí muito perto?

O regime salazarista nunca escondeu ser autoritário, anti-liberal, anti-democrático e repressivo. Mesmo em momentos de maior pressão exterior (quando o isolamento de Portugal mais se acentuava). O que por vezes aconteceu foi que, na sequência dessa pressão, o regime simulava uma certa abertura. Mas durante escassíssimo tempo.

Estávamos, então (nesses primórdios da ditadura), no que alguns classificam de primeira fase da oposição: fraca, desorganizada e violenta.
Esta fase durou até 1943, altura em que, já próximo do final da Segunda Grande Guerra, Portugal era severamente apontado como um péssimo exemplo em matéria de direitos, liberdades e garantias, e de deficit democrático.
No princípio da ditadura, a oposição era desorganizada, como se disse acima, e dominada por concepções anarquistas que privilegiavam a acção violenta, radical e armada. Mas os opositores democráticos organizaram e comandaram várias revoltas como as de 1927, 1928 e 1931. Todas fracassadas, contudo.
E outras se seguiram, em 1934 e 1935. Até que, em 1938, um grupo anarco-sindicalista tentou assassinar Salazar, quando ele se dirigia para a missa. Mas o ditador escapou ileso.

Um país apontado como opressor e usurpador dos direitos dos seus cidadãos, Portugal afrouxa (?), ou finge abrandar a sua tenaz perseguição aos democratas. E é então, mas ainda clandestinamente, que surge o MUNAF, “Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista. Organização clandestina presidida por Norton de Matos, surgida em Dezembro de 1943.”
Com ele se propunha “a constituição da unidade nacional de todas as organizações, grupos e individualidades antifascistas e patrióticas, visando o derrube do governo de Salazar e a instauração de um Governo Democrático de Unidade Nacional.
Dotado de um conselho nacional, de uma comissão executiva e de Comissões de Unidade Nacional (CUN). Os membros da comissão executiva são Piteira Santos, Bento de Jesus Caraça, Jacinto Simões, José Magalhães Godinho, Moreira de Campos, Francisco Ramos da Costa e Manuel Serra. No conselho nacional, está Álvaro Cunhal, Dias Amado e Bento de Jesus Caraça. No Comité Regional de Lisboa, José Magalhães Godinho, Manuel Mendes e Inácio Fiadeiro. No Comité Regional do Porto, Mário Cal Brandão, Azeredo Antas, António Veloso, Veiga Pires e Jorge Delgado. Cria em 1944 os GAC, Grupos de Acção e Combate. Nesse mesmo ano, em Junho, fiado que a vitória dos Aliados derrubaria automaticamente o salazarismo, cria um Programa de Emergência do Governo Provisório” – cfr José Adelino Maltez e a sua página profissional: http://maltez.info.

No MUNAF estava o germe do MUD.

“O MUD (Movimento de Unidade Democrática) foi uma organização política que surgiu em oposição ao Estado Novo, no contexto do final da Segunda Guerra Mundial. Com a vitória dos Aliados e a consequente democratização de toda a Europa Ocidental, o regime fascista de Salazar ficou numa posição isolada e bastante incómoda a nível internacional, o que o levou a "simular" uma política de abertura.
A oposição organiza-se e a 8 de Outubro de 1945 nasce, com autorização do Governo, numa reunião efectuada no Centro Escolar Republicano Almirante Reis, em Lisboa, o MUD.
"A orgânica interna do MUD passava a ser a seguinte: para além da comissão central existia também uma assembleia de delegados (com poder deliberativo), uma junta consultiva (...), comissões distritais, concelhias, de bairro, de freguesia, profissionais e outras comissões de auxiliares e de técnicos."(Fernando Costa, 1996) Havia portanto uma estrutura bem montada e credível” – segundo o CITI-Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.




Comissão Central do MUD
da esquerda para a direita: Maria Isabel Aboim Inglês, Mário Soares (em representação da juventude), Mário de Azevedo Gomes, Gustavo Soromenho, Manuel Mendes e, sentado, Fernando Mayer Garção(Bento de Jesus Caraça não estava presente, por doença)

Como, porém, muito rapidamente o movimento se sente credor de uma muito apreciável adesão popular (a ansiedade era enorme), da mesma forma se tornou uma ameaça para o regime. Assim, Salazar (para quem, quem não fosse por ele era contra ele e comunista), pouco mais de três anos depois, em Janeiro de 1948, ilegaliza-o, sob o pretexto de ligações ao PCP. (Argumento que hoje também colheria a simpatia de alguns “democratas”)
No entanto, ainda viria a apoiar a candidatura de Norton de Matos, às presidenciais, em 1949.

A par do MUD existia o MUDJ, entre os quais militavam Salgado Zenha, João Sá da Costa, Júlio Pomar, Maria Fernanda Silva, Mário Sacramento, Mário Soares, Fidelino Figueiredo e Rui Grácio.
E o MUD Juvenil era exactamente um alfobre democratas, onde se cruzavam e conviviam várias ideologias e tendências, que de comum tinham o serem oposicionistas à Ditadura e ao Estado Novo – escrevi nestas páginas, uma vez.

Qualquer acontecimento que tivesse a marca da oposição, como as crises académicas, era um dos pretextos para que a polícia política fizesse umas “purgas”. O regime não desistia de se impor... Mas as adesões, ao mesmo, eram cada vez mais escassas e a oposição cada vez maior e mais coesa – recordo também uma vez mais.

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