segunda-feira, abril 11, 2005

“VOU ANDAR POR AÍ”


«A ele [Santana Lopes] se deve a grande frase deste congresso: "Não estou aqui, mas vou andar por aí". Como é habitual, a frase não significa coisa nenhuma, é apenas uma ameaça vaga, mas é precisamente por isso que se revela tremendamente eficaz. Tem o mérito das grandes frases publicitárias: toda a gente a vai repetir sem saber o que com ela quer dizer» - escrevia, hoje, no Público, Prado Coelho

A expressão (embora só com dois dias) tem sido muito recorrente, basto glosada. E muito gozada.

E logo que a ouvi, ou li, pela primeira vez, me lembrei de José Gil.

Este filósofo que tão bem conhece a nossa realidade e que tão bem “topa” (passo a ligeireza do termo, mas acho-o tão expressivo!) Santana Lopes


“o governo de Santana Lopes, leviano, um pouco [?!] extravagante,
incompetente, mas de boa vontade [?!], que age impunemente mas,
por isso mesmo inocente (um pouco como uma criança
que faz mal sem intenção)” [imaturo, esclareço eu]


analisa, no capítulo em que descreve os nossos medos, a santanista expressão (ao mesmo tempo um aviso e uma ameaça), que classifica deexpressão típica do viver desta estranha pseudocontingência do deambular lusitano” : “O «por aí» refere-se a um pequeno território de deambulação (física e mental), ao mesmo tempo invisivelmente enclausurado e internamente livre. Nesse espaço reduzido, o sujeito vai passear ao acaso, cheirar o ar, deixar vir a si as coisas visíveis, sentar-se num café a ler o jornal, provocar sem dúvida calmos encontros esperadamente inesperados com outros que também andam «por aí» (cf “Portugal, Hoje: O Medo de Existir”, Relógio D’Água/Argumentos, págs 128 e 74).


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