domingo, abril 10, 2005

AS MINHAS TRANSCRIÇÕES DE HOJE

«O domingo é o dia consagrado à descoberta do método cristão para resistir à morte da esperança.»
Frei Bento Domingues (Público, DM 10 ABR 05)

«Insiste-se na participação frequente na missa e no culto eucarístico. Mas não se anota nenhum caminho para que um grande número de comunidades católicas, por falta de padres, possa ter acesso à mesa do "pão da vida". Por razões de carácter disciplinar, encobertas por motivos pseudoteológicos, não se chamam, não se preparam nem se ordenam homens casados e mulheres para presidirem à eucaristia.»
Id (id, id)

«O espectáculo do sofrimento do Papa agonizante transfigurou-se na celebração globalizada pela televisão, reunindo, numa multidão imensa, as elites políticas e religiosas e o chamado "povo anónimo", crentes e não-crentes, amigos e adversários.»
Mário Mesquita (id, id)

«A fuga de Guterres, o abandono de Barroso e o destempero de Santana tinham deixado tudo, mais ou menos, de pantanas.»
António Barreto (id, id)

«Onde ele [Santana Lopes] aparece há circo e, desta vez, como se esperava, também houve. O PSD e, suponho, o grande público iletrado gostam daquele número: a vítima, a traição, o morto-vivo, a vingança. Que tudo isto seja um pouco indigno nunca preocupou ninguém. O resto do espectáculo é uma maçada sem alívio, com gente que se leva a sério a debitar inanidades sobre a pátria. Santana, ao menos, traz sempre a faca e o alguidar. Vai fazer falta.»
Vasco Pulido Valente (id, id)

«O próprio Congresso do PSD é de transição. Todos intuem que terão de esperar quatro anos. Pelo menos para uma liderança mais duradoura e sustentável. Até lá, vão tendo três motivos de preocupação e também de esperança: o papel errante de Santana Lopes, as autárquicas e as presidenciais. Santana Lopes é a incomodidade; as autárquicas, a grande dúvida, e as presidenciais, a esperança.»
Rogério Rodrigues (A Capital, DM 10 ABR 05)

«Quando Santana Lopes afirma em pleno Congresso: «eu vou andar por aí», faz o seu retrato mais profundo e verdadeiro, mesmo que ele não tenha tido consciência disso. Andar por aí significa não ter lugar. Representa a ausência. A ausência de lugar, numa perspectiva etimológica do grego, significaria utopia. Não é o caso de Santana Lopes, que, desde a campanha eleitoral, usa a metáfora já gasta e sem grande criatividade, diga-se, da faca, em detrimento do assassinato. Acontece que Santana Lopes preferiu o suicídio. Santana Lopes, já sabíamos que não entendia a realidade, ficamos a saber agora que não se entende a ele mesmo. E a um lugar prefere a errância. É o único sinal de coerência que se lhe conhece.»
Id (id, id)

«Quando cheira a uma possibilidade de vitória, o PSD une-se com toda a força.»
Id (id, id)

«A moção de António Borges é um fracasso quando o próprio diz que não quer nada, nem sequer Poder. Assim, não passa de uma terceira via que ainda não começou. Além das banalidades proferidas, abusou do desconhecimento da realidade do país e da realidade do seu partido.»
Id (id, id)

«Este Congresso não passa de um Congresso Extraordinário para sarar feridas, recuperar da descrença e anunciar às bases que a paciência é uma virtude. Que o Poder não está à porta. E que é necessário não desistir entre a impulsividade da caça e a serenidade da pesca.»
Id (id, id)

«O 25 de Abril é mais novo que a maioria dos portugueses. É preciso ter nascido no mínimo nos anos 50 para conhecer o tédio político. Era sempre a mesma merda; tudo previsível. Não havia notícias nem novidades. O cinzentismo era um clima. Todos os dias eram cinzentos; "solenes" e carregados; sem cor nem interesse. O tédio das ditaduras é um veneno mortífero que, graças a Deus, leva uns poucos iluminados a descobrir o antídoto. A maioria adormece e fica quieta. Na pasmaceira, esquecem-se expectativas e desejos. Tornamo-nos todos membros do regime instalados e conformados mas, por efeito apático, colaboradores e culpados. Não sou historiador mas parece-me que os portugueses nunca conheceram o tédio saudável que é o democrático. É um tédio que resulta da preguiça e do cinismo, duas qualidades menosprezadas mas louváveis. Não se vai votar porque "já se sabe" quem vai ganhar - ou que "um voto não é nada. Não nos damos - mesmo os abstencionistas - ao trabalho de passar cinco minutos a escolher se, mal por mal, é pior o PS ou o PSD. Logo se vê E vê-se. Com claridade e um mínimo de esforço. É a certeza errada (mas reconfortante) que "tudo vai dar ao mesmo". Seja qual for a vontade do povo - acaso a tenha -, quem ganha é sempre o Governo. Está certo. Estas últimas eleições foram diferentes. A abstenção deu um passo atrás. Os eleitores enervaram-se. Houve hesitações. Tomaram-se decisões.»
Miguel Esteves Cardoso (DN, DM 10 ABR 05)

«Há e sempre houve, para o bem e para o mal, uma vertigem messiânica no PSD. Ao contrário dos outros partidos, os congressos dos sociais-democratas não existem apenas para discutir política e escolher um líder - comportam uma dimensão de sonho que envolve as suas bases num plano que ambiciona tocar o transcendente.
O PSD organiza verdadeiros conclaves que não se limitam a votar um presidente há, nesta escolha, um ritual em que pequenos sinais - como uma banal rodagem de um carro - se transformam numa partilha que preenche o imaginário colectivo.
O PSD não sabe, por regra, viver com homens comuns. Daí a perplexidade generalizada neste congresso de Pombal o PSD que elegeu Francisco Sá Carneiro e Aníbal Cavaco Silva não compreende que tudo se limite a uma escolha entre dois políticos normais, Luís Marques Mendes e Luís Filipe Menezes.
O PSD que se rendeu à inteligência superior de Marcelo Rebelo de Sousa, à imbatível frieza de Durão Barroso e aos arrebatamentos de Pedro Santana Lopes olha hoje para os candidatos à liderança do partido e sente um vazio. Falta - sejamos objectivos - em Mendes e Menezes um je ne sais quoi

Miguel Coutinho (id, id)

«D. José Policarpo é sportinguista, fumador compulsivo e detentor de uma ironia fina. Destes traços de personalidade, dificilmente se adivinharia um candidato ao lugar de Papa. Ainda mais quando se trata de um dos poucos apontados como “provável” nos complexos bastidores do Vaticano.»
Rosa Pedroso Lima (Expresso, SB 09 ABR 05)

«O endeusamento que se tem feito dos dois Antónios [Vitorino e Borges], vendo-os como santos milagreiros sempre que um lugar aparece vago, não tem sido bom para eles: já circulam anedotas sobre António Vitorino e, de António Borges, diz-se que é “o António Vitorino do PSD”.
E esse endeusamento também não é dignificante para o país.
Revela uma sociedade frágil, carente e ansiosa, pronta a correr atrás da primeira ilusão.»

José António Saraiva (id, id)

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