terça-feira, janeiro 31, 2006

CONCORDÂNCIA?… PASSIVIDADE?… DESPREZO?...

Alguém aplaudiu, não me recordo bem quando, onde nem a que propósito, «o respeito do outro “pelo silêncio”»…

Tal silêncio não tem de equivaler, porém e necessariamente, a concordância. (Conclusão tão cómoda como duvidosa)

Se não se concorda, porque não se há-de criticá-lo?

Se não há motivo para o criticar, porque se não há-de apoiá-lo, explicitamente?

Pode também acontecer que se despreze ou se lhe não dê importância ao “outro”.

Aí, é ele que se não enxerga. Tanto pior para si!

CRISE??? DEVE SER BOATO!... SÓ PODE SER!!!


Lucros do BPI sobem 57,5% em 2005


O BPI lucrou 250,9 milhões de euros no ano passado, o que corresponde a um aumento de 57,5%, face aos 159,3 milhões de euros registados em 2004, segundo as normas europeias de contabilidade (IAS/IFRS).
(DD, QI 26.01.06)

Boa gestão, concluem alguns…

Só?

Claro que a questão é muito mais de fundo…

QUANDO A MEMÓRIA NÃO ESTÁ DE TODO ESVAÍDA


Era a crónica que faltava acerca das presidenciais.

José Ricardo ainda é bastante jovem. Mas ainda se recorda de muitas coisas que, os “rapazes” da idade dele já, há muito, esqueceram.

(Somos, irremediavelmente, um povo de esquecidos…)

A arte e o senso com que José Ricardo “pinta” a realidade social cá do nosso pequeno rectângulo… São notáveis.

E o humor com que sublinha, por vezes, essa realidade!... As comparações, impagáveis que lhe vêm à mente!...

A crueza – serena – com que se refere a algumas delas!...

(Nalgumas dessas deambulações comparativas invoca o seu Benfica!... Claro que José Ricardo tinha de ter um “quêzito” qualquer… É benfiquista… P’r’o que lhe havia de dar! Mas quem atinge a absoluta perfeição?)

Desta vez brinda-nos com um texto muito interessante em que além de recordar um importante episódio da nossa história recente, evoca algumas bem marcantes diferenças que se vão notando no nosso percurso democrático… (E elas têm sido para todos os gostos).

Visite, pois, no JTol, “1986.


MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2006 Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

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Decorreram 1692 anos (314), que foi num DM: foi eleito o papa Silvestre (33º), que sucedeu ao papa Milcíades (ou Melquíades).

Estes eram os tempos das perseguições, em massa, dos cristãos.

Que se refugiavam e reuniam nas célebres catacumbas romanas.

E onde sepultavam os seus mártires.

Nomeadamente os seus papas

- em arcossólios (sepulturas escavadas nas paredes).

Nas catacumbas de S. Calisto existe mesmo uma região chamada de S. Milcíades.

E uma outra com o nome do papa que o antecedeu, S. Eusébio (31º),

a quem o Papa S. Dâmaso (37º)

– um lusitano (de Guimarães? Da Idanha?) que pontificou de 366 a 384 –

dedicou um poema que ali se encontra gravado.

A autoridade de Silvestre foi, mormente a partir de 323, eclipsada pela de Constantino. Terá sido mesmo o imperador quem convocou o sínodo de Arles, em 314

(sínodo:

reunião de eclesiásticos - mais tarde de bispos –

para tratar de assuntos da sua jurisdição)

e o Concílio de Niceia, em 325

(concílio:

assembleia de prelados católicos

para discutirem assuntos dogmáticos ou disciplinares),

aos quais o papa Silvestre não terá comparecido.

Foi neste concílio que se definiu o método de determinação da Páscoa

(grosso modo esse método resume-se no seguinte:

o Domingo de Páscoa é aquele que se segue ao primeiro dia de Lua cheia

depois do equinócio da Primavera,

seja, depois de 21 de Março.

Portanto a Páscoa nunca é antes de 22 de Março nem depois de 25 de Abril).

Não obstante, foi durante o pontificado de S. Silvestre, de quase 22 anos, que a autoridade da Igreja foi estabelecida e se construíram os primeiros monumentos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, e as primitivas basílicas de Roma (São João de Latrão e São Pedro), bem como as igrejas dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia, em Constantinopla.

Falar do romano pontífice Silvestre implica, como já se viu, falar-se do Imperador Constantino.

Contemporâneos, os respectivos reinados coincidiram na quase totalidade da sua duração.

Em 306 Constantino é proclamado Augusto pelas suas tropas. E no mesmo ano sucede a seu pai, que era um dos tetrarcas reinantes.

Tetrarquia:

sistema de governo criado por Diocleciano:

atendendo à enorme extensão do Império, ao número e à magnitude dos problemas,

o imperador dividiu-o em Império Ocidental e Império Oriental,

sendo superiormente dirigida, cada uma dessas metades,

por um Augusto (imperador sénior) e um César (imperador júnior).

Reportando, naturalmente, este àquele.

Constantino lutou 18 anos pelo seu objectivo, mas alcançou-o em 324, quando, derrotando o derradeiro imperador que se lhe opunha, Licínio ou Licínio Augusto (Públio Flávio Galério Valeriano Licínio), passa a ser imperador único e governa até à data da sua morte em 22.05.337.

Constantino, ou Constantino Augusto, ou Constantino Magno, ou Constantino o Grande, ou Constantino I - Caio Flávio Aurélio Cláudio Constantino, de seu nome completo – era filho primogénito de Constâncio Cloro e de Helena, sua primeira mulher.

A mãe de Constantino é a celebrada Santa Helena. Curiosamente, consta que era concubina de Constâncio Cloro quando nasceu Constantino. E só depois deste evento se casaram.

Dizem alguns autores que foi Santa Helena que influenciou a conversão do filho; afirmam outros, pelo contrário, que foi o imperador que levou Helena a converter-se.

O génio político de Constantino acabou com a guerra, tornou-se imperador único (324-337) e estabeleceu o Cristianismo como religião do Estado - o que para alguns constituiu um perigo para a sua pureza como fé.

Diz a lenda que foi durante a batalha de Saxa Rubraa que alguns também chamam batalha da ponte Mílvio, que ligava as duas margens do Tibreem que derrotou o imperador Maxêncio, em 28OUT312, que ele teve a célebre visão da cruz luminosa com a inscrição “in hoc signo vinces” (com este sinal vencerás).

Em 313 (ainda no pontificado de Milcíades, a quem Silvestre sucederia no ano seguinte) promulga, com o acordo de Licínio, o célebre Édito de Milão, que estabelecia a liberdade religiosa e fazia restituir aos cristãos os bens que lhes tinham sido confiscados. E converte-se, entretanto.

O ÉDITO DE MILÃO

começa assim:

Pois que eu, Constantino Augusto,

e eu, Licínio Augusto,

viemos sob bons auspícios a Milão

e aqui tratamos de tudo o que respeitava ao interesse e ao bem público,

entre as outras coisas que nos pareciam dever ser úteis a todos sob muitos aspectos, decidimos em primeiro lugar e antes de tudo,

emitir regras destinadas a assegurar o respeito e a honra da divindade,

isto é,

decidimos conceder aos cristãos

e a todos os outros

a livre escolha de seguir a religião que quisessem,

de tal modo que tudo o que existe de divindade

e de poder celeste

nos possa ser favorável,

a nós e a todos os que vivem sob a nossa autoridade.
Assim pois,

num salutar e rectíssimo propósito,

decidimos que a nossa vontade é

que não seja recusada absolutamente a ninguém a liberdade de seguir

e de escolher a prática ou a religião dos cristãos,

e que a cada um seja concedida a liberdade de dar a sua convicta adesão

à religião que considere útil para si,

de tal forma que a divindade possa conceder-nos

em todas as ocasiões

a sua habitual providência e a sua benevolência. (…)

Foi ainda este imperador que, em 321, tornou obrigatório o descanso dominical.

Como foi ele que resolveu criar uma nova capital, por ampliação da antiga Bizâncio (hoje Istambul), no Bósforo, a que chamou Constantinopla.

Igualmente a ele se devem grandes reformas no Império.

Por exemplo:

"Desde o tempo de Constantino, a Hispânia ficou dividida,

para efeitos administrativos, em 5 províncias:

Lusitânia, capital Mérida [Emerita]; Bética, capital Sevilha [Hispalis];

Galécia [então mais extensa que a Galiza de hoje, pois abrangia o nosso actual Minho, pelo menos],

capital Braga [Bracara];

Cartaginense, capital Cartagena [actualmente na região de Múrcia];

Tarraconense, capital Tarragona [não muito longe da Barcelona de hoje, na Catalunha actual].

A cada uma delas veio a corresponder, em época que não se pode determinar,

uma província eclesiástica,

e atribuiu-se a categoria de metropolita ao bispo da capital civil.

A cada civitas presidia, em regra, um bispo.

Do actual território português, pertencia à Lusitânia

o situado entre o Douro e Guadiana;

o norte era da Galécia,

a parcela a nascente do Guadiana era da Bética.

Eclesiasticamente, só nos importa considerar a metrópole de Braga e a de Mérida.

A diocese de Braga datava talvez do século III

e seria a única da Galécia em terras do moderno Portugal.

Deste período apenas se lhe conhece um bispo, Paterno,

que no ano 400 assistiu ao concílio de Toledo.

Na metrópole de Mérida, conhecem-se no séc. IV:

Ossónoba (Estói [Faro]), com os bispos Vicente e Itácio;

Évora [Ebora], com o bispo Quinciano;

Lisboa [Olisipo], com Potâmio.

(...) O bispo exercia jurisdição na cidade e no respectivo termo,

e todo este território se chamava paroecia ou diocesis."

(Pe Miguel Oliveira,

História Eclesiástica de Portugal, 30)

Silvestre foi o primeiro papa a habitar o palácio romano de Latrão, que fora confiscado por Nero à família Laterani, e dado a este papa pela imperatriz Fausta, mulher de Constantino.

O palácio de Latrão,

residência dos papas durante 10 séculos,

foi sendo sumptuosamente ampliado pelos sucessores de S. Silvestre.

Silvestre foi, ainda, o primeiro papa a ser representado, na estatuária e na pintura, com a tiara (mitra de pontífice rodeada de três coroas e rematada por um globo que sustenta uma cruz), um dos símbolos da dignidade pontifícia.

Ao papa Silvestre, romano de nascimento, seguiu-se, em 336, o papa Marcos, igualmente romano.

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Foi há 668 anos (1338), era um SB: nasceu Carlos V, de França. Em Portugal reinava D. Afonso IV (7º). Pontificava Bento XII (197º).

Carlos V de Valois, o Sábio, nasceu em Vincennes e foi rei de 1364 até à sua morte, em 16.09.1380.

Foi o primeiro herdeiro do trono francês a usar o título de Delfim de França (dauphin), como passou a ser costume dos primogénitos dos reis de França das casas de Valois e de Bourbon.

Carlos V assumiu funções de regente, aos 18 anos, ainda em vida do seu pai, João II (Jean le Bon), que tinha sido feito prisioneiro pelos ingleses na batalha de Poitiers (19SET1356), travada entre exército inglês, comandado por Eduardo, o Príncipe Negro, e o exército francês, liderado por João II.

Esta batalha de Poitiers foi um dos decisivos recontros que ditaram o desfecho final da Guerra dos Cem Anos.

Recordo que esta designação de

Guerra dos Cem Anos

alude a uma série de conflitos armados, intermitentes, durante os séculos XIV e XV,

entre a França e a Inglaterra.

Eram grandes os domínios dos ingleses em terras gaulesas.

E era muito antiga a pretensão dos monarcas ingleses ao trono da França.

Por outro lado a França apoiava aberta e interventivamente as pretensões da Escócia à independência,

que os ingleses nunca desistiram de submeter.

Ora, com a subida ao trono francês de Filipe VI, de Valois,

Eduardo III de Inglaterra, sobrinho de Carlos IV de França,

apresenta-se como pretendente ao trono francês, iniciando o conflito

(Guerra dos Cem Anos)

em 1337.

Na fase final é que terá surgido a mítica e lendária Joana D’Arc

(para os franceses o símbolo da independência nacional)

que, vencendo os ingleses em Orleães, fez coroar Carlos VII em Reims.

Foi com a batalha de Castillon (1453) que se pôs termo à referida guerra,

quando os ingleses conseguiram a posse de Calais.

Afirmam os historiadores que este prolongado conflito armado teve como consequência

o fim do feudalismo,

o principio do absolutismo em França

e o aumento do poder da nobreza contra o poder real em Inglaterra.

“A Casa de Valois foi uma família importante na Idade Média e Renascimento. Os seus membros sucederam aos Capetos na coroa de França e tornaram-se líderes de outros estados... A casa de Valois é originária dos descendentes de Carlos, Conde de Valois, também Imperador de Constantinopla, filho de Filipe III de França” – (apud Wikipédia)

Dinastia de Bourbon: Casa real francesa, que sucedeu à de Valois, com Henrique IV, em 1589, e terminou com Luís XVI, com uma breve restauração sob Luís XVIII, Carlos X e Luís Filipe.

Os bourbons reinaram também em Espanha quase ininterruptamente desde Filipe V, neto do rei francês Luís XIV, a Afonso XIII, tendo a dinastia sido restaurada em 1975 por Juan Carlos, actual monarca espanhol que sucedeu, no trono, ao anterior, seu avô.

Em Portugal houve esporádicas aproximações com os bourbons. Por exemplo, com o contrato nupcial envolvendo a princesa D. Maria Francisca Isabel de Sabóia - Bourbon, pelo lado materno -, que casou, aos 20 anos com o nosso frágil D. Afonso VI (“rapazinho doente, de minguados dotes intelectuais”, na expressão de António Sérgio) e que, entretanto, enamorada pelo cunhado, D. Pedro II, com ele casa dois anos depois.

D. Pedro II,

recorde-se,

roubou o trono e a mulher ao inábil irmão,

D. Afonso VI,

traindo-o, depondo-o e exilando-o.

Ou seja, sucedeu-lhe no trono e na nupcial alcova.

No século XVIII, D. João V também estabeleceu vários acordos matrimoniais entre membros de ambas as famílias reais.

Por último, igualmente D. João VI casou com uma Bourbon, de ambos os costados, filha de Carlos IV, de Espanha, Carlota Joaquina de Borbón, mãe de dois tão diferentes filhos como D. Pedro IV e D. Miguel. Sendo certo que o último foi a fotocópia da mãe, na idiossincrasia.

Acerca de mãe e filho, colhi da história

(certa história, evidentemente – não, de certeza, daquela por onde estudei

nos meus tempos de escola e liceu),

das enciclopédias e de outras leituras o seguinte retrato:

O terror, a tirania, a traição do ultra-reaccionário e impetuoso regente, D. Miguel,

e dos seus sequazes,

foram fomentados e animados

pela intriguista e tenebrosa rainha D. Carlota Joaquina,

sua mãe,

de “temperamento violento”,

condizente com os

“traços varonis e grosseiros do seu rosto”

e com

“o seu próprio impudor”

que patenteavam que

em D. Carlota havia apenas de feminino o invólucro”,

já que a

“beleza física de todo lhe faltava”,

a que se somavam

“o seu temperamento buliçoso e desbragada educação”

traduzidos em

“acessos de volúpia em que prostituía o tálamo e a coroa”

“e numa linguagem (que) soía ser mais do que livre:

(que) era por vezes obscena…”

E não resisto a segundo apontamento:

acredito no que alguns sugerem

– outros creio que o afirmam explicitamente:

que D. Miguel não era filho de D. João VI.

Calculo, por isso,

que a seguinte expressão bem popular

terá sido proferida pela primeira vez por D. Maria I e seu marido, D. Pedro III:

“os filhos da minha filha, meus netos são; os do meu filho… são ou não”.

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Passaram-se 494 anos (1512), foi num SB: nasceu o Cardeal D. Henrique, 17º rei de Portugal entre 1578 e 1580. Reinava, então, sei pai, D. Manuel I (14º). Pontificava Júlio II (216º).

O Cardeal-rei nasceu em Lisboa. Era filho de D. Manuel I (14º) e de D. Maria de Castela (sua segunda mulher, irmã da primeira, D. Isabel). Foi o 7º dos 9 filhos deste casamento de D. Manuel.

Bem cedo na sua vida, Henrique foi ordenado padre: aos 14 anos era prior (!) comendatário (a título de benefício eclesiástico) de Santa Cruz de Coimbra, e cedo subiu na hierarquia da Igreja.

Aos 22 anos foi designado Arcebispo de Braga (1533-1540) pelo Papa Clemente VII (219º).

(Recordo que Clemente VII

foi o nome adoptado, primeiro, por Roberto de Genebra,

que foi o antipapa eleito por 15 cardeais, em oposição a Urbano VI, em 1378)

Foi “inquisidor-geral [presidente do tribunal da Inquisição] dos reinos de Portugal”, tornou-se bispo de Évora (1540- 1564) e arcebispo de Lisboa em 1564, cargo que abandonou em 1570, voltando ao arcebispado de Évora (1574-1578).

Foi feito cardeal pelo Papa Paulo III (220º), em 16 de Dezembro de 1545, com o título dos Santos Quatro Coroados. Foi o 12º cardeal português.

Júlio III (221º), conferiu ao cardeal D. Henrique a dignidade de legado a latere (legado ou convidado pessoal do papa),

D. João III, irmão (germano, ou inteiro) do cardeal D. Henrique, ainda desenvolveu esforços para que este subisse ao trono pontifício por morte do papa Júlio III. E o Cardeal ainda recolheu opinião favorável nessa tentativa. Sem sucesso, como se sabe.

Paulo IV (223º) mal foi eleito suspendeu a dignidade de legado a latere, do cardeal D. Henrique, no reino de Portugal, criado por Júlio III na pessoa do cardeal D. Henrique

Paulo IV sucedeu a Marcelo II (222º),

e este foi o último papa a manter o seu nome próprio após a eleição.

Fundou a Universidade de Évora (1559) e participou no projecto de construção do novo edifício do colégio de Santo Antão (actual Hospital de São João José), em 1574.

Em 1562 a rainha viúva (de D. João III) é substituída na regência do reino, na menoridade de D. Sebastião, pelo cardeal D. Henrique que se manteve nesse cargo até 1568, que foi quando se iniciou o reinado de D. Sebastião (16º).

A 04AGO1578 dá-se o desastre de Alcácer-Quibir e a prematura morte do imaturo rei. Na incerteza da morte de D. Sebastião, a 13 do mesmo mês o cardeal D. Henrique assume, pela segunda vez, a regência. Mas é aclamado rei ao receber a confirmação da morte do seu sobrinho-neto, no mosteiro de Alcobaça, de que era administrador a título vitalício.

O Cardeal D. Henrique é então “Rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém-mar em África” (de 1578 a 1580 – durante menos de ano e meio).

Uma vez entronizado, punha-se a premente e importante questão da sucessão do cardeal-rei. E D. Henrique renunciou então às suas funções clericais e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar continuidade à dinastia de Avis. Nesse sentido pede ao papa que o dispense das ordens sacras para poder casar. Porém, Gregório XIII (226º), por sinal um Habsburgo, a instâncias de Felipe II de Espanha, não concedeu ao nosso cardeal-rei a dispensa pretendida.

D. Henrique reinou por escasso tempo, um ano e quatro ou cinco meses.

Não se estranhe que, em idades tão jovens,

se recebessem títulos e dignidades eclesiásticas, nestes idos…

Não sei se em toda,

mas em grande medida tais benesses não eram mais que a moeda de troca

com que a Igreja retribuía outras benesses, outros favores e outros apoios

dos grandes do tempo.

Assim, o irmão do cardeal D. Henrique

que o antecedeu na escala familiar,

D. Afonso (o 6º dos 9 filhos das segundas núpcias de D. Manuel),

nascido em 1509,

que foi bispo de Évora, Guarda e Viseu e arcebispo de Lisboa,

recebeu de Leão X

(o 217º pontífice, a quem D. Manuel enviou a famosa e espectacular embaixada de Tristão da Cunha, com as primícias dos descobrimentos – que até um elefante incluía - e testemunho de obediência)

a dignidade de cardeal, em 1513, quando o infante tinha 4 anos (!), mas sob a condição de não poder ser tratado como tal antes de chegar aos 14 anos.

Contudo recebeu o barrete cardinalício aos 9 anos

- cfr “Ditos portugueses...”

Autor desconhecido;

anotado e comentado por

José Hermano Saraiva, 56.

Acontece que as pretensões de D. Manuel

primeiro foram indeferidas por inconstitucionalidade,

já que o concílio de Latrão estipulara que

não podia ser “dada catedral a menores de 30 anos”.

O rigor da lei, contudo,

pode em certas circunstâncias tornar-se extremamente flexível.

E foi assim que, a insistência de D. Manuel,

D. Afonso foi investido no arcebispado de Braga, ainda criança,

e que o título de 10º cardeal português lhe fosse atribuído sendo ele ainda bebé.

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Faz hoje 426 anos (1580), foi num DM: morreu, em Almeirim, o Cardeal-rei D. Henrique (17º). Pontificava o papa Gregório XIII (226º).

D. Henrique finou-se no dia em que completava os 68 anos. Coincidência rara.

O rei-cardeal morreu enquanto decorriam as Cortes de Almeirim, mas deixou uma Junta de cinco governadores: o arcebispo de Lisboa D. Jorge de Almeida, D. João Telo, D. Francisco de Sá Meneses, D. Diogo Lopes de Sousa e D. João de Mascarenhas

Acentuava-se, contudo, e com que premência, a questão da sucessão.

Nesta conjuntura

eram quatro os principais pretendentes que se apresentavam à sucessão do trono:

a) D. António, Prior do Crato - que era filho natural do culto príncipe D. Luís, irmão de D. João III, logo, também (Luís) filho de D. Manuel;

b) D. Catarina, duquesa de Bragança, igualmente neta de D. Manuel,

porque filha do (também ele culto, como seu irmão D. Luís) infante D. Duarte;

c) Felipe II de Espanha, ainda ele neto de D. Manuel, já que filho da infanta D. Isabel (que casou com o imperador Carlos V);

d) D. Manuel Felisberto, duque de Sabóia, por sua vez também neto de D. Manuel,

pois que era filho da infanta D. Beatriz (que casou com Carlos III, duque de Sabóia).

Numa perspectiva

- parece que o critério mais seguido –

dos quatro pretendentes,

o que tinha mais direito à sucessão era D. Catarina de Bragança: por ser a única sucessora na linha masculina, numa linha legítima de ascendência. (D. António também era sucessor na linha masculina... mas era filho natural [não legítimo, portanto] do infante D. Luís.

Todos eles, como vimos, netos de D. Manuel. E também todos sobrinhos de D. João III.

Ora, em Novembro de 1580, o rei espanhol enviou o duque de Alba para reivindicar o Reino de Portugal pela força. Lisboa caiu rapidamente, depois da batalha de Alcântara e da derrota do Prior do Crato, e Felipe foi eleito rei de Portugal, com o nome de Filipe I, mas na condição de que o Reino e suas colónias não se tornassem províncias espanholas.

No mesmo ano em que Portugal perdia a independência, morria também, em 10JUN, um dos ícones da portugalidade: Camões.

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Completam-se hoje 209 anos (1797), era uma TR: nasceu, em Himmelpfortgrund, perto de Viena, o compositor austríaco Franz Schubert.

Franz Peter Schubert, primeiro como pianista, depois como compositor, marcou a transição entre as formas clássicas e o romantismo.

Pode, pois, com mais propriedade, dizer-se que foi um compositor romântico.

Escreveu cerca de seiscentas canções românticas (o "lied" alemão), bem como cinco óperas, 10 sinfonias e quatro sonatas.

Das cinco óperas que escreveu, duas ficaram, aparentemente, incompletas (Adrast e Die Freunde von Salamanka).

Entre as suas sinfonias incluem-se as conhecidas oitava, em Si menor, a «Incompleta», e a nona, a «Grande», em Dó maior.

A lista das suas obras inclui ainda um quarteto de cordas em Sol menor e muitas peças de menor dimensão para piano como, por exemplo, «A Truta».

É um dos grandes nomes da música ligados a Viena, tal como Mozart ou Beethoven.

Como tantos, não conseguiu alcançar reconhecimento internacional em vida.

Pensa-se que em 1822 terá contraído sífilis, o que o matou, tão prematuramente, aos 31 anos.

As suas últimas obras, como Die schöne Müllerin/A Bela Moleira (1823) e Die Winterreise (1827), reflectem, bem, a dor e a tristeza que a doença lhe trouxe.

Schubert morreu em Viena aos 19.11.1828.

Veja na “Wikipédiainformação mais completa sobre Schubert.

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Aconteceu há 130 anos (1876), numa SG: os índios são obrigados pelo governo dos EUA a mudarem-se para as reservas índias. Decorria, nos EU, o mandato do Republicano Ulysses Simpson Grant (1869-1877). Em Portugal reinava D. Luís (32º), sendo o governo chefiado por Fontes Pereira de Melo (seu 1º governo), do partido regenerador. Em Roma pontificava Pio IX (255º).

Os índios são os primitivos povos autóctones, nativos ou indígenas, que viviam na América antes da sua colonização pelos europeus e seus actuais descendentes e que, após a colonização, passaram a constituir grupos étnicos não integrados nem identificados com os novos colonizadores. Marginalizados, portanto. Ao ponto de terem sido obrigados a mudarem-se para reservas especiais

O continente Americano, quando foi descoberto pelos Europeus a partir do século XV, era todo ele habitado por povos indígenas.

A hipótese mais aceite para explicar a origem dos primeiros habitantes da América é a de que eles tenham vindo da Ásia atravessando, a pé, o Estreito de Bering, aquando da glaciação ocorrida há 62 mil anos atrás.

Parece que a designação mais correcta para designar estes primitivos povos da América é a de ameríndios.

O termo mais usual, índios, resulta, naturalmente, da confusão de Cristóvão Colombo, que supunha ter chegado à Índia quando aportou às Américas.

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Completam-se nesta data 125 anos (1881), era uma SG: nasceu Anna Pavlova, bailarina russa. Reinava o czar russo Alexandre II. Em Portugal reinava ainda D. Luís; na chefia do governo estava, então, o advogado e maçon Anselmo José Braamcamp, líder do Partido Histórico, depois designado Partido Progressista. O pontífice reinante era Leão XIII (256º).

A bailarina clássica Anna Pavlova Matjeweja nasceu na Rússia, em São Petersburgo, e foi uma das maiores estrelas da história do ballet. “Uma das maiores de todos os tempos”.

Ficou memorável, tornou-se inesquecível e guindou-a aos píncaros da fama, a sua interpretação da Morte do Cisne, em 1907, com música de Saint-Saen e coreografia de Mikhail Fokine, que conta a história do último voo de um cisne, antes de sua morte, trabalho especialmente composto por Fokine para sua criação e que passou a constituir para o público um símbolo da sua arte.

Fokine que foi também bailarino e par oficial de Anna.

Anna Pavlova entrou para o Ballet Imperial Russo em 1892, onde foi prima ballerina do Teatro Mariinskij, de São Petersburgo, desde 1906, depois de interpretar "Le Lac des Cysnes" (O Lago dos Cisnes), na coreografia também de Fokine.

Destacou-se em inúmeras coreografias, entre elas, além das já referidas, em Giselle e Les Sylphides.

Em 1908, juntou-se aos Ballets Russes de Diaghilev (empresário do ballet russo e que fora assistente dos teatros imperiais, em São Petersburgo, até 1901) que veio a abandonar pouco tempo depois, já que aí não conseguia manter a sua linha estética conservadora, herdada do academismo russo.

Criou, então (1911) a sua própria companhia com a qual, a partir de 1920, percorreu os mais diversos países do mundo.

Fez a sua última tournée em 1928/1929 e dançou pela última vez em 1930, em Inglaterra.

Anna Pavlova morreu de epidemia em 23.01.1931, aos 50 anos, em Haia, na Holanda.

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Foi há 116 anos (1890), era uma SX: deu-se a revolta republicana no Porto (evento que ficou conhecido como “O 31 de Janeiro”). Reinava D. Carlos (33º) e o governo era liderado por Serpa Pimentel, do Partido Regenerador. Pontificava Leão XIII (256º).

Tratou-se da primeira tentativa de derrube da monarquia e implantação de um regime republicano.

Em 25.03.1876 nasce o Partido Republicano (tendo como fundadores, entre outros, Oliveira Marreca, Latino Coelho, Elias Garcia, Consiglieri Pedroso, Jacinto Nunes, etc.). E, curiosamente, com o consentimento de Sua Alteza Real o Senhor D. Luís (?!).

Ora o movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910 não foi mais que uma natural consequência da acção doutrinária e política que, desde a sua criação, o Partido Republicano vinha desenvolvendo. A contraposição entre a República e Monarquia vinha-se acentuando, e a propaganda republicana soube tirar partido de alguns factos históricos de repercussão popular: as comemorações do tricentenário da morte de Camões, em 1880, e o Ultimato britânico (1890).

Elias Garcia, Manuel Arriaga, Magalhães Lima, tal com o operário Agostinho da Silva, foram personagens importantes dos comícios de propaganda republicana, em 1880.

A revolta republicana que estalou em 31 de Janeiro de 1891, no Porto, veio, mais proximamente, no rescaldo da comoção provocada pelo Ultimato britânico (1890).

“A intensa campanha de protesto e indignação que se seguiu àquele incidente diplomático, movida na imprensa por homens como João Chagas ou Sampaio Bruno, fez crescer a convicção de que a deposição da monarquia era inevitável. Cresceu o ambiente conspirativo e uma revolta militar foi preparada para o início do ano seguinte, com o apoio tácito do líder do Partido Republicano, Elias Garcia.

Mal preparada, porém, a intentona falhou…” “A proclamação da república, feita na Câmara Municipal pelo cérebro do movimento, Alves da Veiga, fracassou rotundamente. Os líderes da conspiração foram presos ou exilados e os republicanos tiveram de esperar até 1910 para verem chegar a sua hora. Até lá, o 31 de Janeiro foi insistentemente relembrado como marco da sua luta”.

Veja uma parte – a disponível ao público em geral - do seguinte artigo da BU/Biblioteca Universal, da Texto Editora, onde a génese do movimento republicano em Portugal, e da nossa República, está muito bem sintetizada.

“Homens como Elias Garcia, Teófilo Braga, Basílio Teles e Sampaio Bruno destacaram-se na difusão deste movimento que, do ponto de vista filosófico, alinhava com o cientismo e o positivismo social, muito difundido na Europa de então” – refere depois o mesmo artigo da BU.

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Completam-se hoje 88 anos (1918), era uma QI: I Guerra Mundial: a Alemanha leva a efeito um ataque aéreo sobre Paris, lançando 14 mil (!) bombas sobre a cidade. Na Alemanha reinava ainda, mas já por pouco tempo, o último Kaiser (Imperador) Guilherme II. Em Portugal era Bernardino Machado o PR e era presidente do Ministério o major Sidónio Pais. Em Roma pontificava Bento XV (258º).

O primeiro conflito militar mundial trouxe uma nova ideia de guerra: a que admite o uso de quaisquer métodos para vergar o inimigo, mesmo vitimando pessoas inocentes. Chamou-se-lhe guerra total: os confrontos militares não se confinam mais, nem exclusivamente, à frente de batalha, mas envolvem populações e alvos civis (por vezes até hospitais e escolas – por ou sem engano). Daí, os aviões alemães chegarem a bombardear Paris e Londres, por exemplo, como no caso hoje recordado.

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Foi há 78 anos (1928), numa TR: no seguimento das lutas pela sucessão de Lenine, Leon Trotsky é expulso da Rússia. O PCUS era liderado por José Estaline e o governo era chefiado por Aleksei Rykov. Em Portugal já estava implantada a ditadura, com Carmona cumulando a chefia do Estado e do governo (Salazar já era ministro e “senhor respeitado”). Pontificava Pio XI (259º).

De seu verdadeiro nome Lev Davidovich Bronstein, Trotsky, de 1918 a 1921, exerce o cargo de Comissário do Povo para a Guerra. Em 1923 aprofunda-se a cisão entre Estaline e Trotsky, provocada pela crescente burocratização de Estaline e por sérias divergências políticas. Lenine morre em 21 de Janeiro de 1924 e no mesmo ano começa no Comité Central do Partido Bolchevique o processo de calúnia e difamação de Trotsky promovido por Estaline e seus 2 principais aliados Kamenev e Zinoviev.
”A maioria dos livros didácticos passa a ideia de que a disputa entre Trotsky e Estaline ocorre como uma briga pessoal pelo poder, sobre o partido e sobre o Estado. Os fundamentos políticos da disputa são simplificados, envolvendo o ideal de "Revolução Permanente" de Trotsky, e a defesa da política do "socialismo em um só país" de Estaline que normalmente não são explicados ou discutidos”.
Em 1925 Trotsky é proibido de falar em público, em 1929 é banido da União Soviética, por ordem de Estaline.

Trotsky é expulso do partido a 12 de Novembro de 1927, e na TR 10.01.1928, ele e mais 30 membros da oposição esquerdista são mandados para o exílio. Trotsky, primeiro exila-se em Alma Ata (hoje Almaty), na então República Socialista Soviética do Cazaquistão, a 31 de Janeiro de 1928, e finalmente acontece a sua expulsão da União Soviética em 1929.

Após a deportação, Trotsky passou pela Turquia, França (Julho de 1933 a Junho de 1935) e Noruega (Junho de 1935 a Setembro de 1936), fixando-se finalmente no México, a convite do pintor Diego Rivera, vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora Frida Khalo. A partir desta altura aumenta consideravelmente a sua produção escrita, escrevendo importantes obras como a História da Revolução Russa (1930), A Revolução Permanente (1930) e A Revolução Traída (1936), uma crítica violenta ao Estalinismo.

Escreve, também, um dos seus mais importantes livros, "Programa de Transição", que é o programa de fundação da IV Internacional em 1938.

Foi morbidamente assassinado, por instigação de Estaline, por Ramón Mercader em 1940, com um picador de gelo. O reconhecimento oficial soviético pela responsabilidade da sua morte, através dos serviços secretos, surgiu apenas em 1989.

Trotsky marcou decisivamente o pensamento marxista através da teoria da revolução mundial e em especial da revolução permanente.

As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao Trotskismo, corrente importante no marxismo

o conceito central do Trotskysmo é o da revolução permanente.

Assim, a revolução do proletariado

que conduziria à sociedade socialista

não poderia ser alcançada isoladamente,

pelo que seria necessário provocar revoluções em toda a Europa

e, finalmente, em todo o mundo.

Este princípio opunha-se directamente à teoria estalinista

de que o socialismo podia ser construído

e consolidado individualmente em cada país.

Trotsky nunca foi formalmente reabilitado pelo governo soviético, seja durante a "desestalinização" de Khrushchev, seja durante a "Glasnost" de Gorbachev, apesar da reabilitação, durante estes dois episódios, da maioria da velha guarda bolchevique morta durante as grandes purgas de Estaline.

Seguido e exaltado, por uns, renegado, por outros, marginalizado e combatido, por tantos, Trotsky deixou, porém, na história, a imagem de um incansável batalhador pela revolução.

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Faz hoje 71 anos (1935), foi numa QI: nasceu Kenzaburo Oe, escritor japonês e Prémio Nobel de Literatura em 1994. Em Portugal prosseguia o mandato presidencial “vitalício” de Carmona e começara há pouco o duradouro e “vitalício”, também, consulado de Salazar (estávamos, já, na monarquia electiva e ilegítima que se seguiu à I República e antecedeu a II República, a actual).

“Algumas vezes,

devo admitir,

me assusto diante da possibilidade de que exista um Deus

O romancista japonês, publicou os seus primeiros romances quando ainda era estudante universitário, em Tóquio: O Orgulho dos Mortos (1957) e A Presa (1958), obra na qual o autor reflectiu a perda dos sinais de identidade do seu país, e com a qual se converteu numa das promessas da literatura japonesa.

Na sequência do nascimento do seu filho, Hikari Oe, em 13.06.1963, com uma grave lesão cerebral, escreveu Kojinteki-na taiken/Um Assunto Pessoal (1964), que descreve, a partir de experiência directa, o desenvolvimento de um bebé disforme, encarado por alguns como uma metáfora da situação japonesa contemporânea.

É então que profere aquela frase acima destacada, mas agora aqui contextualizada: “algumas vezes, devo admitir, me assusto diante da possibilidade de que exista um Deus que me deu este filho...".

O nascimento do seu filho marcou profundamente toda a sua obra, sobretudo A Personal Matter, na versão inglesa, Um Assunto Pessoal ou Uma Questão Pessoal, na tradução portuguesa.

“Envolvido na política de esquerda no Japão, o autor explorou a situação da juventude culturalmente deserdada do pós-guerra. As suas obras estão marcadas por um sentimento trágico. O trauma da bomba de Hiroshima e, no limite, a aceitação da trágica natureza humana, são os temas fundamentais das obras de Kenzaburo Oe.
Outro assunto recorrente na sua obra é o compromisso com os problemas sócio-políticos do seu país e do seu tempo, que tratou em Notas Sobre Hiroshima (1965), Acorda, Homem Novo (1983) ou Cartas aos Anos da Nostalgia (1987). Também cultivou o ensaio, como em A Nossa Geração (1959) ou O Homem Após a Bomba Atómica (1971).”

Além de lhe ter sido atribuído o aludido Prémio Nobel da Literatura, em 1994, Kenzaburo Oe foi também galardoado com o prémio Akutagawa, atribuído ao seu romance mais antigo, Shiiku. (Fonte: as enciclopédias, com destaque para a BU, com a devida vénia).

Independentemente do objectivo do site – a matéria nele tratada é muito difícil e muito complicada, e absolutamente nada linear, ao contrário do que o agressivo e desajustado intróito do reverendo Luís Carlos Lodi da Cruz faz supor (desajustado relativamente ao que a grande maioria dos que defendem a despenalização do aborto pensam e pretendem) - Kenzaburo Oe expõe o drama que foi o nascimento do seu filho, profundamente deficiente, Hikari Oe.

Veja, pois esse relato do próprio Kenzaburo Oe.

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Foi há 68 anos (1938), numa SG: constitui-se oficialmente em Burgos o primeiro governo espanhol presidido pelo general Franco, que substitui a Junta Técnica do Estado. Em Portugal… Tudo como dantes: continuavam no poder os seus amigos e correligionários Carmona e Salazar. No Vaticano pontificava Pio XI (259º).
Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde Salgado Pardo de Andrade, (Ferrol, 1892 - Madrid, 1975) foi um militar de carreira e um ditador de “craveira”. Com 34 anos é general!

Em 1923, apadrinhado por Afonso XIII, casa-se.

(O avô de Juan Carlos tinha um simpático grupo de amigos e afilhados (e compadres, por certo), como Primo de Rivera e Francisco Franco…)

Quando foi implantada a República (1931) Franco foi afastado, evidentemente, de cargos de responsabilidade que ocupava. Mas com o triunfo das forças de direita, em 1933, regressa, também evidentemente, às altas funções que o notabilizaram. É ele, por exemplo, que planifica a cruel repressão da Revolução das Astúrias, em 1934, com tropas da Legião. E quando Gil Robles (que foi chefe da Acção Popular, o partido de extrema direita e da hierarquia da Igreja)

ocupa o Ministério da Guerra, o Caudilho é nomeado chefe do Estado-Maior Central (1935). Em 1936, o governo da Frente Popular nomeia-o comandante militar das Canárias e daí mantém contacto com José Sanjurjo, Emilio Mola, (dois generais, dos magníficos, que preparam o levantamento militar).

Em 17 de Julho, Franco voa das Canárias até Marrocos, revolta a guarnição e torna-se comandante das tropas. Cruza o Estreito de Gibraltar com meios precários (aviões cedidos pelos confrades e amigos Mussoline e Hitler e navios de pequena tonelagem) e avança até Madrid, passando por Mérida, Badajoz e Talavera de la Reina. Apodera-se rapidamente da direcção militar e política da guerra (Setembro de 1936). Em Abril de 1937 une os partidos de direita e coloca-se à frente da nova organização como «caudillo». Em Janeiro de 1938 converte-se em chefe de Estado e do governo. Anos mais tarde diz que apenas presta contas da sua actividade «perante Deus e perante a história», ao que parece, convencido de ser o escolhido pela divina providência para reger os destinos de Espanha.

Terminada a guerra civil.

«É curioso,

sem querer sobrevalorizar mitos ou estereótipos de qualquer natureza,

constatar que a Guerra Civil Espanhola durou três anos,

longos anos onde "metade da Espanha morreu"»,

escreveu alguém.

A repressão e os fuzilamentos prolongam-se durante, pelo menos, um lustro. Franco cria um estado católico, autoritário e corporativo que recebe o nome de franquismo.

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Aconteceu há 63 anos (1943), num DM: II Guerra Mundial: termina a batalha de Estalinegrado, com a capitulação das forças alemãs ao exército soviético.

Na URSS Estaline cumula a chefia do partido e do governo. Em Portugal prossegue o “reinado” Carmona-Salazar, com o poder concentrado no Presidente do Conselho. Pontificava Pio XII (260º).

A rendição das forças militares alemãs deu-se, depois de seis meses de combates, quando estavam cercadas em Estalinegrado.

Durante a Batalha de Estalinegrado, dos 300 mil combatentes de Hitler, 160.000 morreram (90 mil de frio e de fome), e 90.000 foram feitos prisioneiros, incluindo o marechal de campo von Paulus, o primeiro marechal alemão a render-se.

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Decorreram 56 anos (1950), foi numa TR: o presidente dos EUA, Harry S. Truman, ordena a produção, no país, da bomba de hidrogénio. Em Portugal continuava o duo Carmona-Salazar. Pio XII prosseguia o seu pontificado.

Com realizações destas, como a que hoje se comemora, depressa acaba a fome no mundo.

E é caminho garantido para a paz e a felicidade no nosso planeta.

É uma das felizes datas que a humanidade tem para comemorar!...

O que o mundo não deve a líderes como este!...

Antecedeu-o Roosevelt, de quem Truman foi vice-presidente.

Sucedeu-lhe Eisenhower.

Foi presidente dos EU de 1945 a 1952. E este, por acaso, era democrata.

Destaco duas frases que lhe são atribuídas:

"A liderança é a capacidade de conseguir que as pessoas façam o que não querem fazer e gostem de o fazer"

"Um Governo eficiente vira rapidamente um Governo ditatorial".

Veja, na Wikipédia, um apontamento curricular e biográfico de Harry Truman

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Foi há 51 anos (1955), numa SG: inicia-se uma das frequentes “caça às bruxas” desencadeadas pelos diligentes serviços da Ditadura. Carmona já não era o PR. Só porque tinha morrido em Abril de 51. Mas as rédeas do poder continuavam nas mãos do “grande timoneiro”. Para a PR escolhera ele, agora, o general Craveiro Lopes. (Mas o Chefe chegou depressa à conclusão que dera um tiro no pé: o novo presidente não se revelava tão submisso como isso. Deixava-o acabar o mandato. Mas depois despedia-o). Continuava o pontificado de Pio XII.

Vaga de prisões levadas a cabo pela PIDE, que iria prolongar-se pelo mês seguinte. Foi feita, então, cerca de uma centena de detenções entre estudantes, especialmente no Porto e no Norte do país. Entre os detidos, contavam-se nomes como Agostinho Neto, Ângelo Veloso, A. Borges Coelho e Pedro Ramos de Almeida.

O crime de todos eles foi o de pertencerem ao MUD

O Movimento de Unidade Democrática (MUD)

foi uma organização política de oposição ao regime salazarista,

formada após o final da II Guerra Mundial,

em 8 de Outubro de 1945,

com a autorização do governo (?!);

era herdeiro do anterior MUNAF.

[Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF)

foi uma organização política de oposição ao regime salazarista, formada nos anos 40]

Como o MUD conseguisse,

em pouco tempo,

grande adesão popular e se tornasse uma ameaça para o regime,

Salazar ilegalizou-o em Janeiro de 1948,

sob o pretexto de que tinha fortes ligações ao PCP.

Apesar de tudo, o MUD viria ainda a apoiar

a candidatura presidencial do general Norton de Matos, em 1949.

De entre eles os perseguidos e agora presos, Agostinho Neto tornar-se-ia líder do MPLA e o primeiro Chefe de Estado Angolano. Ângelo Veloso, depois dirigente do PCP, viria a candidatar-se às presidenciais de 1986, mas acabando por desistir a favor de Salgado Zenha.

Para além desta centena, outros “delinquentes” (que ousavam contestar o regime) ou estavam já a ferros ou estavam prestes a ter esse destino…

Ah! Mas havia uma paz deliciosa… E Portugal não parava de desenvolver-se!

Anos de indescritível felicidade viviam-se então. O Chefe vivia rodeado de uns tantos submissos fiéis que lhe garantiam a indiscutível liderança…

“Orgulhosamente sós” – constatava e contra-argumentava o Chefe.

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Decorreram 48 anos (1958), foi numa SX: lançamento, do Cabo Canaveral, do primeiro satélite norte-americano, o Explorer I. Em Portugal estava quase a terminar o mandato de Craveiro Lopes. Mas Salazar continuava de pedra e cal. No Vaticano pontificava, mas já por poucos meses, o papa Pio XII.
Historicamente, a exploração espacial começou com o lançamento do satélite artificial Sputnik I pela URSS, a 4 de Outubro de 1957, no Cosmódromo de Baikonur, em Tyuratam, no Cazaquistão. Este acontecimento provocou uma corrida espacial pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA que culminou com a chegada do homem à Lua.

O primeiro ser vivo no espaço não foi um homem, mas a cadela russa Kudriavka, da raça laika, que subiu ao espaço em 1957 a bordo do Sputnik II, e morreu quatro dias depois, devido ao calor, ao reentrar na atmosfera

O major piloto aviador soviético Yuri Gagarin (1934-1968) foi o primeiro homem no espaço, em 12 de Abril de 1961, num voo orbital de 48 minutos, a bordo da Vostok I. Foi quando Gagarin pronunciou a famosa frase: "A Terra é azul".

“O lançamento da Sputnik e a colocação do primeiro homem no espaço devem-se, em grande parte, ao talento do engenheiro soviético Sergei Korolev, o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, que conseguiu convencer Nikita Khrushchev, na época o líder da URSS, a investir no programa espacial. Foi ele quem primeiro teve a ideia de levar (realmente) homens à Lua.”

Assim, quatro meses após o lançamento da Sputnik I, os EUA responderam com seu primeiro satélite, o Explorer I, em 31 de Janeiro de 1958.

E a corrida espacial não parou mais. O número de satélites artificiais terrestres e sondas espaciais lançados pelos EUA e pela URSS multiplicaram-se. Nomeadamente satélites de comunicação, meteorológicos e até em missões de espionagem…

Mas o grande impulso nesta área da exploração espacial viria com a declaração do presidente norte-americano, John Kennedy, em 1961, prometendo que um cidadão dos EUA pisaria solo lunar antes do fim da década.

Inicia-se, depois o projecto Apollo. Seguem-se as suas missões.

No entanto, o projecto Apollo começaria de forma trágica: aos 27 de Janeiro de 1967, quando três astronautas da Apollo 1 testavam os equipamentos do módulo de comando, uma faísca provocou um incêndio que se agravou, e se tornou fatal, devido ao oxigénio puro, altamente inflamável, que enchia o interior da cápsula: os astronautas não conseguiram escapar.

Mas em 20 de Julho de 1969, todo o mundo presenciou uma das cenas mais emocionantes proporcionadas pela ciência em todos os tempos: cerca de mil milhões de pessoas assistiram, pela televisão, à alunagem do módulo lunar da Apollo 11. Duas horas depois, Neil Armstrong saiu da nave e entrou para a história como o primeiro homem a pisar a Lua, sendo logo seguido por seu companheiro Edwin Aldrin. Os dois passaram 22 horas na Lua, das quais, 2 horas e 40 minutos fora da nave. Foi então que Neil Armstrong comentou com a frase que ficaria para a história: “foi um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”.

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Foi há 38 anos (1968), era uma QA: independência de Nauru. Em Portugal era agora presidente da República o fiel e submisso almirante Américo Tomás. Salazar ainda se mantinha. Mas cairia, daí a meses, “da cadeira”… Do poder, só aparentemente iria cair. Paulo VI (262º) era agora o romano pontífice.

“Nauru é um dos mais pequenos países do mundo, resumindo-se a uma pequena ilha da Micronésia, relativamente isolada, anteriormente conhecida como Pleasant Island.”

Penso que, como eu, muita gente desconhecerá a existência deste país.

É, pois, mais por curiosidade que trago essa novidade (?).

Veja na wikipédia uma página sobre NAURU.

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Passaram-se 31 anos (1975), foi numa SX: tomada de posse do Governo de Transição, em Luanda. Já a democracia tinha sido restaurada. Ventos fortes de mudança sopravam neste país. Com algumas tempestades e contratempos. PR era, na altura, o general Costa Gomes e decorria o III Governo Provisório do general Vasco Gonçalves. Continuava o pontificado de Paulo VI.

Constituído por representantes de Portugal e dos 3 movimentos de “libertação” (de libertação, apenas um): MPLA, UNITA e FNLA.

Na data que hoje se comemora, “toma posse perante o Alto-comissário Gen. Silva Cardoso o Governo de Transição com pastas distribuídas pelos três movimentos e por Portugal, não fazendo Portugal parte do Colégio Presidencial (Lopo do Nascimento/Johny Eduardo Pinóqui/N’Dele). As reuniões do Governo de Transição tornam-se palco de permanentes agressões verbais, quando não de tentativas de agressão física”.

No site do Centro de Documentação | Universidade de Coimbra ver, um pouco abaixo de metade da página, esta matéria, no capítulo Após o Acordo do Alvor.

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Foi há 18 anos (1988), num DM: Freitas do Amaral regressa à liderança do CDS. Mário Soares era o PR, enquanto Cavaco Silva (PSD) liderava o XI Governo Constitucional. Pontificava João Paulo II (264º).

Foi no VIII Congresso desse partido, na Póvoa do Varzim (terra natal do líder).

O fundador do partido regressa à sua presidência.

Ainda não tinham surgido os iluminados e turbulentos jovens que transformariam o partido, radicalizando-o cada vez mais à direita. E ufanos e felizes!

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Comemoram-se hoje 17 anos (1989), era uma TR: morreu, aos 69 anos, Fernando Namora, médico, prosador e poeta. E pintor. Prosseguiam os mandatos de Mário Soares e de Cavaco Silva. Como prosseguia o pontificado de João Pulo II.

Fernando Namora tinha uma grande capacidade de análise psicológica, e uma profunda sensibilidade poética. Para além de obras de poesia e romances publicou ainda contos, memórias e impressões de viagem.

Namora foi distinguido com diverso prémios literários e tem a sua obra publicada em várias línguas.

No site “A Rota dos Escritores” pode ver uma nota acerca do percurso e da obra de Fernando Namora.

A Sociedade Estoril-Sol instituiu e patrocina um prémio literário com o seu nome, Prémio Literário Fernando Namora, que já vai a caminho da 10ª edição. O respectivo valor pecuniário, de momento, é de 15 mil euros.

Até hoje foram distinguidos com este prémio João Melo, Isabel Barreno, Urbano Tavares Rodrigues, Mário de Carvalho, Manuel Alegre, Teolinda Gersão, Armando Silva Carvalho, António Lobo Antunes e, em 2005, Nuno Júdice.

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