«Falluja é (era?) uma cidade do centro do Iraque situada no "triângulo sunita", considerada um dos principais bastiões da insurreição armada contra a ocupação americana do país. Por essa razão foi alvo de duas ofensivas militares das tropas dos EUA com a colaboração de forças do exército iraquiano ao serviço dos ocupantes. (…)
O drama de Falluja torna presente a injustiça, a barbárie, mas também o tremendo fiasco da invasão e ocupação do Iraque pelos EUA. O Iraque "libertado" por Bush é um cemitério de dezenas de Fallujas, é uma manta de retalhos ingovernável, é uma guerra de guerrilhas e de atentados desgastando interminavelmente os ocupantes, é a inequívoca oposição à ocupação da grande maioria da sociedade iraquiana na sua diversidade étnica, política e religiosa - mesmo de alguns sectores próximos dos EUA ou com eles colaborantes -, como o evidenciaram as recentes e maciças manifestações exigindo a retirada dos exércitos da coligação. E é também a fome, a destruição, a doença, a regressão civilizacional; são milhares de presos políticos sujeitos às torturas, execuções sumárias e humilhações que comprovadamente lhes foram e são infligidas pelas forças de ocupação e os seus cipaios locais. E, apesar disso e, por sobre tudo isso, é a expressão da incapacidade do império em alterar a correlação de forças na região. A não ser, claro está, pelo recurso a nova guerra de agressão, sempre na forja. O império é a guerra e depende dela para fazer das suas fraquezas estruturais a sua força.»
Fernando Rosas (Público, QA 13 ABR 05)
«Quando o presidente citou o cantor e poeta anarquista que melhor do que ninguém soube dizer o espírito inconformista e de revolta deste povo – “com Brassens visitámos o mercado de Brive
Ana Navarro Pedro, referindo-se a uma passagem do discurso, de ontem, de Jorge Sampaio na Assembleia Nacional Francesa, (id, id)
«Embalados pela crise no Iraque e emparedados entre interesses, os governantes portugueses optaram por estar ao lado de Bush e Blair. Grande parte da Europa, sobretudo dos países que mais zelaram pela grande utopia da construção europeia, estava do outro lado da barricada, mas a opção atlantista de Aznar, doentiamente subordinada aos Estados Unidos, foi a justificação perfeita para a decisão do governo português.»
Luís Osório (
«O primeiro-ministro, com a sorte de ter como aliado um novo presidente em Espanha, como ele europeísta e contrário à posição americana no Iraque, fez então questão de afirmar que o futuro de Portugal está na Europa e que aí, num mercado alargado e com cada vez mais obstáculos no caminho, o apoio e a aliança com os espanhóis são nucleares para a nossa sobrevivência e soberania.»
Id (id, id)
«A política faz-se de compromissos e de respeito pelos aliados, e deveremos zelar para que os Estados Unidos o continuem a ser. Mas os compromissos e a amizade, com todo o pragmatismo que a diplomacia exige, não pode estar à frente dos princípios e da identidade que escolhemos para o nosso futuro.
Deveremos ser autónomos na escolha dos princípios da nossa política externa, até pela nossa ligação a África e ao Atlântico, mas a construção europeia deveria ser um desígnio nacional. E uma boa e salutar relação com Espanha também.»
Id (id, id)
«Numa entrevista a um jornal espanhol e no quadro de uma visita oficial a Espanha - a primeira do seu mandato -, José Sócrates elegeu três prioridades para a política externa portuguesa Espanha, Espanha e Espanha.
Uma vez Espanha seria uma manifestação de bom senso; duas vezes poderia ser lido como uma cortesia; três vezes é, convenhamos, um manifesto exagero. (…)
As diferenças de escala e de poder económico entre os dois países aconselham prudência na aproximação entre duas realidades que têm pontos de partida diferentes. Não se trata, sublinhe-se, de acolher aqui uma lógica proteccionista - ridícula e indefensável - mas, tão-só, de compreender o risco que comporta o entendimento de Espanha como escala obrigatória para internacionalizar a nossa economia e as nossas empresas. Dizer que além da Espanha existem outros mercados naturais - da Inglaterra à França, dos Estados Unidos ao Brasil e aos PALOP - poderá parecer um lugar-comum, mas é também de senso comum.»
Miguel Coutinho (DN, QA 13 ABR 05)
«A perda de popularidade da UE não se limita a França. Há mil motivos, muito deles puras ficções e alguns contraditórios entre si, para as pessoas se desinteressarem da construção europeia, à esquerda e à direita e consoante os países. Ora este alheamento não se combate com campanhas de marketing, de que Bruxelas e as empresas do sector tanto gostam. Combate-se com política.
Os actuais políticos europeus, tirando talvez Blair (agora enfraquecido), não mostram vontade nem capacidade para mobilizarem os cidadãos em torno das vantagens da integração.»
Francisco Sarsfield Cabral (id, id)
«Mas que marca deixa João Paulo II do seu pontificado? Papa de paradoxos, deixa uma marca conservadora no plano teológico e moral e uma marca inovadora no plano político e social. Ambas, com reflexo evidente na sua presença internacional.»
Nuno Severiano Teixeira (id, id)
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