segunda-feira, dezembro 20, 2010

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

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Recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos,
revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Relembro datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.



ESTAMOS NO DIA 20 DE DEZEMBRO DE 2010 DO CALENDÁRIO GREGORIANO

SENDO QUE

2010: Ano Internacional da Biodiversidade
Ano Internacional da Juventude
Ano Internacional das Florestas

Mais,
DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:
de 2001 a 2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.
de 2001 a 2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.
de 2001 a 2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não-violência para com as Crianças do Mundo.
de 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".
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Dia Internacional da Solidariedade

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Neste dia 20 de Dezembro

- em 1699, há 311 anos, o Czar Pedro I mudou o dia de Ano Novo russo do dia 1 de Setembro para o dia 1 de Janeiro, na sua política de ocidentalização da Rússia. Isto quando em Portugal reinava D. Pedro II (23º da sucessão), na Grã-Bretanha governava Guilherme III (54º). No Vaticano pontificava Inocêncio XII (242º da sucessão, sendo o actual papa o 265º).
Ou seja: o Czar apenas ocidentalizou o calendário, mas de acordo com o que vigorava na generalidade dos países ocidentais que era o calendário juliano, que não contemplava as alterações do calendário gregoriano decretado em Fevereiro de 1582 por Gregório XIII.
Outra alteração é a provocada pelo calendário Gregoriano, o qual decorre da alteração determinada por Gregório XIII (1512-1586), para recuperar 10 dias que o calendário em 1582 já levava de atraso, e cuja consequência foi a de se seguir à quinta-feira dia 4 de Outubro desse ano a sexta-feira 15 do mesmo mês.
Esta alteração não ocorreu automaticamente em todo o mundo nesse ano de 1582. Tal alteração automática só se verificou nesse ano em Espanha e Portugal (que estavam sob a mesma coroa…). Nos mais países continuava em vigor o calendário Juliano, ocorrendo nos mais diversos anos depois esta alteração. Assim na Rússia foi só em 1923, já sob a União Soviética que ela se verificou.

- em 1741, há 269 anos, todos os índios do Brasil são declarados livres. Esta declaração coube, naturalmente, à potência colonizadora que era Portugal, onde então reinava D. João V (24º), pontificando em Roma Bento XIV (247º papa).

- em 1894, há 116 anos: fundação do Comité Olímpico Português (COP). Reinava D. Carlos (33º) e era presidente do Conselho de Ministros Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro, do partido Regenerador. No Vaticano pontificava Leão XIII (256º).
Nesse ano nasceram o guitarrista espanhol Andres Segóvia, o escritor britânico Aldous Leonard Huxley e a poetisa portuguesa Florbela Espanca. Ainda nesse ano é celebrado no Porto o V Centenário do Nascimento do Infante D. Henrique (que nasceu a 04.03.1394) e morre o historiador e sociólogo Joaquim P. de Oliveira Martins; é criado o Museu Etnológico Português (José Leite de Vasconcelos) e é inaugurada a primeira fábrica de cimento (Fábrica Tejo, em Alhandra).
Em matéria de letras e artes Eça publica na Gazeta de Notícias (Rio de Janeiro) "Frei Genebro", Alberto de Oliveira: Palavras Loucas (sobre o "neo-garretismo"), António Feijó: Ilhas dos Amores, Joaquim de Araújo: Flores da Noite, Eugénio de Castro: Interlúdio e Belkiss, D. João da Câmara: Pântano (teatro), Teixeira de Queirós: D. Agostinho, Conde de Sabugosa e conde Arnoso: De Braço Dado, Henrique Lopes de Mendonça: Carácter e Influência da Obra do Infante, Rodin: Os Burgueses de Calais.
Mais, nesse ano morrem Vitor Bastos e Teófilo Ferreira; dá-se a guerra sino-japonesa, é criado o soro e dá-se o escândalo do caso Dreyfus: capitão injustamente condenado por traição.

- em 1922, há 88 anos, 14 repúblicas da Rússia constituem a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Ou simplesmente União Soviética. Nos EUA governava Warren G. Harding, do partido Republicano; cinge a coroa britânica Jorge V, que nesse ano vê a Irlanda tornar-se independente, embora ainda governada por ele; em Portugal é PR António José de Almeida (6º) e dirige o Governo António Maria da Silva do partido Democrático. Pontifica, em Roma, Pio XI (259º).

Nesse ano é fundada a Companhia Colonial de Navegação; é efectuada a primeira sessão do Tribunal Internacional da Haia; sai a revista Contemporânea, onde colaboraram Fernando Pessoa e Almada Negreiros; termina a primeira travessia aérea do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, com a chegada ao Rio de Janeiro; travessia durante a qual utilizaram pela primeira vez um sextante especial da autoria de Gago Coutinho; nascem o político angolano Agostinho Neto, a escritora Agustina Bessa-Luís, o escritor José Saramago e o professor universitário e ensaísta José Augusto França. Publicam-se as cartas de D. Estefânia que constituem não só um interessante documento sobre Portugal, a Corte e a personalidade de D. Pedro V, como ainda o claro testemunho das qualidades desta rainha, culta, inteligente e bondosa.

- em 1947, há 63 anos, nasceu Gigliola Cinquetti, em Verona, Itália. Em Portugal era PR o general Carmona e Salazar o chefe do Governo. Aos 17 anos, a adolescente cantora, tida como a "Shirley Temple italiana", projecta-se internacionalmente vencendo o Festival de San Remo com a canção que foi um sucesso "Non Ho L'Etá" (1964), de que vendeu 2.000.000 de cópias.
Dois anos depois, com outro sucesso, "Dio Come Ti Amo" (1966), vende milhares de discos em toda a Europa; por fim deixa a carreira artística ao casar-se, para retornar em 1981, como jornalista em jornais e TV.
- em 1968, há 42 anos, morreu John Ernst Steinbeck, Jr. Na década de 60 era um dos autores norte-americanos de leitura obrigatória para quem tinha exigências intelectuais, a par de Erskine Preston Caldwell (1903-1987), de que recordo os temas da sua obra que abordavam a pobreza, o racismo e os problemas sociais do seu natal Sul, e ainda William Somerset Maugham (1874-1965) cujas principais obras foram No Fio da Navalha e Servidão Humana, por fim William Cuthbert Faulkner (1897-1962), Nobel da literatura em 1949 e vencedor de dois prémios Pulitzer, o primeiro em 1955 e o segundo em 1962. Escreveu, entre outros, “O Som e a Fúria” e “Na Minha Morte”.
A obra mais emblemática do Nobel de 1962, Steinbeck, terá sido “As vinhas da Ira”. Mas também escreveu “Ratos e Homens” e “A Leste do Paraíso”
- em 1982 – morreu Artur Rubinstein, pianista norte-americano.
- em 1989 - O general Noriega, ditador do Panamá, é destituído pela intervenção militar dos Estados Unidos a pedido do novos governantes civis.
- em 1990 - O ministro dos negócios estrangeiros soviético Shevardnadze demite-se devido às críticas, efectuadas pela ala conservadora, às suas medidas políticas.
- em 1999, há 11 anos, deu-se a transferência da soberania de Macau para a República Popular da China, após 442 anos sob a administração portuguesa. Acordo este assinado entre a República Popular da China e Portugal, na SG 13.04.1987, tendo assinado por parte de Portugal o primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, quando era presidente Mário Soares. A partir de então, e relativamente à China, o território passou a constituir a RAEM (Região Administrativa Especial de Macau). Decorria o primeiro mandato do Presidente Jorge Sampaio (5º). João Paulo II (264º) cumpria o 21º ano do seu longo pontificado (26,5 anos).
- em 2001, há 9 anos, morreu Leopold Sédar Senghor, político e escritor senegalês. Léopold Sédar Senghor, africano, filho de pai e mãe africanos, muito jovem, leccionou francês, na França, aos franceses. Era membro da Academia Francesa de Letras, levando a palma aos escritores franceses que competiram com ele. Foi traduzido para o alemão, o japonês, o inglês e até para o português. Era Doutor em Honoris Causa em mais de 20 Universidades de todo o mundo e ganhou mais de 15 prémios internacionais de poesia... E, mais ainda, era um grande estadista, respeitado no mundo inteiro. Léopold Sédar Senghor nascido a 9 de Outubro de 1906, governou o Senegal como presidente de 1960 a 1980. Foi, entre as duas Guerras Mundiais, juntamente ao poeta antilhano Aimé Césaire, ideólogo do conceito de negritude. Aliás, passou a vida a negar, e não apenas aos brancos, mas aos próprios negros, principalmente os da diáspora, quanta falácia foi escrita e "cientificamente comprovada" “sobre nossa inferioridade intelectual, sobre não termos História, Civilização ou Cultura”. Senghor era de família aristocrática. Seu pai, Basile Diogoye Senghor, era um comerciante da etnia serer, minoritária no Senegal. Sua mãe, Gnilane Ndiémé Bakhou, era muçulmana de etnia peul. O sobrenome de seu pai, Senghor deriva da palavra portuguesa "senhor".
Léopold estudou na missão católica de Ngazobil e completou seus estudos secundários no Lycée Van Vollenhoven.Ganhou uma bolsa de estudos, e em 1928 foi estudar em Paris, onde entrou para a Sorbonne, lá permanecendo entre 1935 e 1939, tornando-se o primeiro africano a completar uma licenciatura nesta universidade parisiense, e a obter o título de "agregé" numa universidade francesa.Os anos de estudo em Paris são fundamentais para o surgimento do movimento da Negritude (movimento literário que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto negativo que a cultura europeia teve junto das tradições africanas), de que foram co-fundadores, além dos citados senegalês Léopold Sédar Senghor e o martinicano Aimé Césaire (1913-2008), ainda Léon Gontran Damas (1912-1978), da Guiana Francesa.
Nas suas obras, as mais enaltecidas são Chants d'ombre(1945), Hosties noires (1948), Ethiopiques (1956), Nocturnes (1961) e Elegies majeures (1979). Durante a Segunda Guerra Mundial esteve preso por dois anos num campo de concentração nazi e só depois é que os seus ensaios e poemas seriam publicados. Entre 1948 e 1958 foi deputado senegalês na Assembleia Nacional Francesa. Quando o Senegal foi proclamado independente, em 1960, Senghor foi eleito por uma unanimidade presidente da nova República, vindo a desempenhar o cargo ate final de 1980, graças a reeleições sucessivas. Defensor do socialismo aplicado à realidade africana, tentou desenvolver a agricultura, combater a corrupção e manter uma política de cooperação com a França.Em 1980, quando se retirou da vida política activa, por sua livre e espontânea vontade, foi viver na Normandia, terra de sua esposa. Em 1983 foi eleito para a Academia Francesa de Letras e passou os últimos anos de sua vida entre a Normandia, Paris e Dakar.
Sua obra foi traduzida, repito, para uma infinidade de idiomas: japonês, alemão, sueco, russo, italiano, português...
Seus prémios literários se somam aos que ganhou como político e estadista.
Organizando reuniões, exposições, assembleias, publicando artigos e poemas em outras revistas, conseguiu fazer o mundo enxergar que existia, sim, uma cultura, uma civilização africana.”O impacto foi tão forte que Aimé Césaire — o primeiro a usar a palavra negritude em um poema — destruiu tudo o que tinha escrito até então. Para ele e para Léon Damas, foi uma surpresa maravilhosa ouvir Senghor falar de uma África jamais sonhada pelos negros da diáspora, África dos doutores de Tumbuctu, do império Ashanti, das amazonas do Daomé. África cuja música não era feita somente de tambores, mas de sofisticados instrumentos como o khalam e o korá.”
”Resultante do Movimento foi a publicação da Anthologie de la nouvelle poésie africaine et malgache, com prefácio de Jean Paul Sartre, em que o famoso escritor e filósofo francês escreveu: "Que esperáveis, pois, quando retirásseis a mordaça que tapava estas bocas negras? Que elas vos entoassem louvores?"
”Nem só de elogios viveu o Movimento da Negritude, e muito menos o seu fundador. Dentre as primeiras reacções está a célebre frase de Wole Soyinka, nigeriano, primeiro negro a receber o Prémio Nobel de Literatura (1986): "O tigre, não precisa proclamar a sua tigritude. Ele salta sobre a presa e a mata".
”Intelectuais negros mais radicais criticam o amor de Senghor pela França. Femi Ojo-Ade o chama de híbrido.
Mas é bom lembrar que ele soube bater, quando necessário. Em "Hóstias Negras" ele diz palavras muito duras sobre a Europa e sobre a França:"Senhor Deus, perdoa a Europa branca
A verdade, Senhor, é que durante quatro séculos de luzes ela lançou às minhas terras a baba e o ladrar dos seus molossos.
E a França:
Que também ela trouxe a morte e o canhão às minhas aldeias azuis, que pôs os meus uns contra os outros como cães à disputa de um osso.
"Aliás, atente-se que o movimento precede em quase trinta anos a independência dos países africanos.
”Sua influência é inegável na literatura que veio a seguir e mesmo no pensar de gerações de africanos.” Mas além do Movimento da Negritude, Senghor é considerado fundador do Socialismo Africano e da Civilização do Universal.
Relação das principais publicações (cosoante constam da Wikipédia)
1944 — Les classes nominales em wolof et substantifs à initiales nasales
1945 — L'article conjonctif em wolof
— Chants d'ombre (Cantos da Sombra)
1948 — Hosties Noires (Hóstias negras)
— Anthologie de la nouvelle poésie africaine et malgache
1949 — Chants pour Naëtt
1953 — La apport de la poésie nègreLa belle histoire de Leuk le lièvre (com Abdoulaye Sadji)1954 — Langage et poèsie negro africaine
— Esthéthique négro
—africaine
1956 — Éthiopiques (poesia)
1959 — African Socialism
1961 — Nocturnes (poesia)
— La dialectique du nom
— verbe em wolof
1964 — Liberté I: Négritude et humanisme
— Poèmes
1971 — Liberté II : Nation et voie africaine du socialisme
1973 — Lettres d'hivernage
1977 — Liberté III : Negritude et civilisation de l' universal
1979 — Ëlégies majeurs (poesia)
1980 — La poésie de l'action1983
— Discurso de recepção na Academia Francesa
1984 — Poèmes
1988 — Ce que je crois ( no que eu creio)
1990 — Ouvre poètique (obra poética)
1991 — Collected poetry (trad. de Melvin Dixon)
1993 — Liberté V: Les dialogue des cultures
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DOIS POEMAS DE SENGHOR
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Tradução do brasileiro Guilherme de Souza Castro
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MULHER NEGRA
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Mulher nua, mulher negra
Vestida de tua cor que é vida, de tua forma que é beleza!
Cresci à tua sombra; a doçura de tuas mãos acariciou os meus olhos.
E eis que, no auge do verão, em pleno Sul, eu te descubro,
Terra prometida, do cimo de alto desfiladeiro calcinado,
E tua beleza me atinge em pleno coração, como o golpe certeirode uma águia.
Fêmea nua, fêmea escura.
Fruto sazonado de carne vigorosa, êxtase escuro de vinho negro,
boca que faz lírica a minha boca
savana de horizontes puros, savana que freme com as carícias ardentes do vento Leste.
Tam-tam escultural, tenso tambor que murmura sob os dedosdo vencedor
Tua voz grave de contralto é o canto espiritual da Amada.
Fêmea nua, fêmea negra,
Lençol de óleo que nenhum sopro enruga, óleo calmo nos flancos do atleta,
nos flancos dos príncipes do Mali.
Gazela de adornos celestes, as pérolas são estrelas sobre a noite da tua pele.
Delícia do espírito, as cintilações de ouro sobre tua pele que ondula
à sombra de tua cabeleira.
Dissipa-se minha angústia, ante o sol dos teus olhos.
Mulher nua, fêmea negra,
Eu te canto a beleza passageira para fixá-la eternamente,
antes que o zelo do destino te reduza a cinzas paraalimentar as raízes da vida.

VISITA

Na escassa penumbra da tarde,
sonho.
Vêm me visitar as fadigas do dia,
os defuntos do ano, as lembranças da década,
como uma procissão dos mortos daquela aldeia
perdida lá no horizonte.
Este é o mesmo sol, impregnado de miragens
o mesmo céu que presenças ocultas dissimulam
o mesmo céu temido daqueles que tratam com os que se foram
Eis que a mim vêm os meus mortos.

(fontes: Internet e Wikipédia)

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quinta-feira, dezembro 09, 2010

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I. UM REGRESSO ESPERADO

Mais de dois anos após a última, regresso ao formato inicial das postagens deste blogue, do n&r. Durante estes dois anos não o abandonei; fiz, antes, algumas (poucas) incursões neste sítio, embora não respeitando o molde inicial – repito.
E voltei para o retomar com alguma assiduidade. E essa assiduidade terá a ver com várias questões, entre elas a importância que dou a certos eventos e o tempo necessário para, sobre eles, fazer uma pesquisa mais ou menos aturada, e para lhe dar forma. Tal assiduidade não deve ser entendida como qualquer periodicidade fixa. Porque não é essa a minha intenção. É uma participação ao sabor dos temas e do tempo de os poder tratar. Assim, tanto posso postar, aqui, uns tantos dias seguidos como com alguns (espero que não muito longos) espaços.
Espero conseguir fazer reviver este projecto que, curiosamente, teve algum êxito. Como espero que ele continue a ter a relativa procura que nunca deixou de ter, e a agradar como suponho que agrada a alguns visitantes assíduos.
Até sempre.


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II. MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos,
revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Relembro datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.


Estamos na QI 09DEZ10 do calendário gregoriano

QUE, DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU SE SITUA NA:
- Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África (ano 2001 a 2010).
- Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo (ano de 2001 a 2010).
- Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo (ano de 2001 a 2010).
- Década da Alfabetização: Educação para Todos (ano de 2003 a 2012).
- Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável (ano de 2005 a 2014).
- Década Internacional "Água para a Vida" (ano de 2005 a 2015).

Além de que hoje se comemora o
. Dia Internacional Contra a Corrupção
E o
. Dia Nacional da Tanzânia.
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Nesta dia,
há 445 anos, em 1565 : morreu o papa Pio IV (224º). Em Portugal decorria a regência do Cardeal D. Henrique (até que o seu sobrinho neto, “o reizito” (António Sérgio) D. Sebastião, neto de seu irmão, D. João III, atingisse a maioridade – que era, neste caso, aos 14 anos, o que viria a acontecer daí a 2 anos)

há 402 anos, em1608 nasceu John Milton, poeta inglês. Reinava em Portugal Filipe II (19º) e pontificava Paulo V (233º)

há 369 anos, em1641 morreu Anthony Van Dyck, pintor flamengo. Reinava em Portugal D. João IV (21º) e na Igreja de Roma pontificava Urbano VIII (235º)

há 304 anos, em 1706 morreu D. Pedro II (23º) que reinou de 1683 a 1706 e a quem sucede o filho D. João V. Pontificava Clemente XI (243º)

há 156 anos, em 1854 : morreu o escritor Almeida Garrett. Regência de D. Fernando II, até que seu filho D. Pedro V (31º) atinja a maioridade. Pontificava Pio IX (255º).

há 109 anos, em 1901 : nasceu o escritor José Rodrigues Miguéis. Reinava D. Carlos (33º). No Vaticano pontificava Leão XIII (256º).

há 101 anos, em 1909 nasceu António Pedro, escritor e artista plástico português. Decorria o curto reinado de D. Manuel II (34º) e a Igreja de Roma era dirigida por Pio X (257º) – ver desenvolvimento, mais adiante.

há 93 anos, em 1917, as forças britânicas tomaram Jerusalém aos turcos, durante a I Guerra Mundial. Presidente da República portuguesa era Bernardino Machado (3º) e Presidente do Ministério era (pela 2ª vez) Afonso Costa, agora pela União Sagrada. Aos destinos da Igreja romana presidia Bento XV (258º). Presidente dos EUA era Woodrow Wilson (28), do Partido Democrata. Reinava o 63º rei do Reino Unido, Jorge V, avô de Isabel II e o governo britânico era chefiado por David Lloyd George, do P Liberal.

há 23 anos, em 1987, os primeiros mártires da Intifada surgem quando, na Faixa de Gaza, as patrulhas israelitas atacam os campos de refugiados em Jabaliya. Os EUA tinham na Presidência Ronald Reagan (40º) do P Republicano. No Reino Unido reinava Isabel II (66º) e o governo de S. Majestade era dirigido pela Dama de Ferro, Margaret Thatcher do P Conservador. Portugal tinha na Presidência da República Mário Soares (4º), do PS, e na chefia do Governo Aníbal Cavaco Silva, do Partido Social-Democrata. Pontificava João Paulo II (264º).

há 18 anos, em 1992 O quadro de Goya, A Tourada, foi comprado por 12,2 milhões de marcos pelo Getty Museum da Califórnia. Portugal tinha na Presidência da República Mário Soares (4º), do PS, e na chefia do Governo Aníbal Cavaco Silva, do Partido Social-Democrata. Pontificava João Paulo II (264º). Nos EUA era Presidente (41º) George H. W. Bush, do P Republicano.

há 16 anos, em 1994 Em Maputo, Mário Soares, na qualidade de Presidente da República, assistiu à tomada de posse de Joaquim Chissano como presidente de Moçambique. Na chefia do Governo estava Aníbal Cavaco Silva, do Partido Social-Democrata. Pontificava João Paulo II (264º)

há 8 anos, em 2002 Jimmy Carter recebe o Prémio Nobel da Paz. Presidia à República portuguesa Jorge Sampaio (5º), à igreja de Roma, João Paulo II (264º), e era Presidente dos EUA (43º) George W. Bush pelo P Republicano


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ANTÓNIO PEDRO

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NOTA BIOBIBLIOGRÁFICA

O meio familiar, que foi seu berço, viu-o nascer na Cidade da Praia, há 101 anos, em 09.12.1909, e viu-o crescer em Caminha, frequentando, então, um colégio jesuíta na Galiza. Seguiu-se o liceu em Coimbra e, de novo, em Cabo Verde, para depois experimentar as faculdades de Letras e de Direito, em Lisboa. Mas, insatisfeito, o seu espírito subversivo fê-lo rumar a Paris aos 25 anos (1934), onde chegou a estudar no Instituto de Arte e Arqueologia da Universidade de Sorbonne.
Com forte ligação ao teatro, foi director do Teatro Apolo (Lisboa) em 1949 e director, figurinista e encenador do Teatro Experimental do Porto entre 1953 e 1961.

Envolvido com surrealistas, assinou com Kandinsky, Picabia e Duchamp o Manifesto Dimensionista e uma década depois expunha com Max Ernst, Miró e Picasso na Surrealist Diversity, em Londres. Foi o seu pendor surrealista que o trouxe de Inglaterra, onde fora, ao lado de Fernando Pessa, uma voz portuguesa na BBC, na II Grande Guerra, entre 1944 e 1945, onde foi crítico de arte e cronista, e de regresso a Lisboa, participa na 1.ª Exposição Surrealista da capital, com Mário Cesariny e outros.
Incansável e irrequieto espírito, António Pedro só viria a parar por curto espaço de 8 anos (1953-1961) no Porto, onde dirigiu o Teatro Experimental (TEP), desenvolvendo uma nova experiência de teatro no nosso País.
Nos anos 60 regressou definitivamente à sua casa de família e à sua oficina de cerâmica de Moledo, onde morreria a 17.08.1966.
Grande parte da sua obra como pintor perdeu-se aquando dum incêndio no seu atelier.

Artista plástico, ceramista, escritor, dramaturgo, encenador, crítico, cronista, “surrealista e tudo”, poeta e teatrólogo, ficcionista, ensaísta, novelista, romancista, escultor, fundador da primeira galeria de arte moderna em Portugal, director de uma revista de vanguarda: Variante; cenógrafo, figurinista, teorizador, pedagogo, tradutor, director artístico, desenhista, caricaturista, jornalista (imprensa, rádio e televisão), António Pedro foi ainda editor e organizador de cortejos históricos.

“Espírito multifacetado e aberto a quase todas as experiências da criação artística, distinguiu-se sobretudo nos campos da pintura e do teatro (como dramaturgo e como encenador, nomeadamente no Teatro Experimental do Porto, cuja sala tem hoje o seu nome). A sua actividade literária alargou-se ao comentário radiofónico, que praticou na B.B.C. durante a 2ª Guerra Mundial. “Fortemente marcado por uma adesão extremamente inteligente ao Surrealismo, de que foi um dos introdutores em Portugal e um dos principais expoentes, António Pedro fez parte do Grupo Surrealista de Lisboa (1947). Foi director da revista "Variante", colaborador de inúmeras revistas e jornais, organizou o 1º salão de Independentes de Lisboa (em colaboração com Diogo de Macedo) em 1930, e participou em variadas exposições em Lisboa, Paris, Londres, e no Brasil. Como ceramista, desenvolveu apreciável actividade em Moledo e Viana do Castelo.” (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, 20 vols., secretariado por MAGALHÃES, António Pereira Dias; OLIVEIRA, Manuel Alves, 1ª ed., Lisboa, editorial Verbo, vol.14, 1973, pp.1588-1589)

“Em Paris, entre 1934 e 1935, evoluiu, no domínio da poesia, de uma estética próxima do decadentismo, para uma expressão poética que recupera a vertente vanguardista do modernismo e que se aproxima do dimensionismo, (…) e redige a sua primeira peça teatral, Comédie en un Acte , texto de nítida influência pirandelliana. Ligando-se a meios artísticos e intelectuais de vanguarda, assinou, juntamente com artistas ligados aos movimentos surrealista e dada europeus, como M. Duchamp, Kadinsky, Delaunay, Picabia, Miró, entre outros, o Manifeste Dimensioniste. Apenas uma Narrativa, de 1942, é considerada uma das primeiras manifestações do surrealismo em Portugal.”
“Em Londres, entre 1944 e 1945, como correspondente português na BBC, participou nas actividades do grupo surrealista de Londres.”
De regresso a Portugal, integrou o Grupo Surrealista de Lisboa, publicando, no segundo número dos Cadernos Surrealistas , o Proto-Poema da Serra de Agra.”

A partir dos fins dos anos 40, dedicou-se quase exclusivamente à actividade teatral, desempenhando um papel fundamental na renovação do teatro português. Depois de uma experiência frustrada com o grupo Companheiros do Pátio das Comédias, fundou e dirigiu, entre 1953 e 1962, o Teatro Experimental do Porto, construindo espectáculos que contribuíram para a divulgação de grandes nomes da dramaturgia contemporânea, portugueses e estrangeiros, como Miller, Ionesco, Bernardo Santareno. Os textos dramáticos que escreveu, destinados às companhias que dirigiu, incluem a referida Comédia em um Acto , em duas versões, portuguesa e francesa; um exercício coral adaptado do romance tradicional português Reginaldo ; uma farsa para fantoches, O Lorpa ; e três grandes peças: Desimaginação, Antígona e Andam Ladrões Cá em Casa , a todas sendo comum "um agudo sentido da convenção teatral, deliberadamente assumida como tal e levada às últimas consequências, muito característico [...] do teatro pós-pirandelliano e da nossa dramaturgia experimental dos anos 40." (Luís Francisco Rebello, - pref. a Teatro Completo de António Pedro, Lisboa, 1981, p. 19).
“Deixou o seu nome ligado ao movimento surrealista português, assinando, logo em 1930, o Manifesto do I Salão dos Independentes. Fundou a 1ª galeria de arte moderna em Lisboa (Galeria UP, 1932), fez parte do Grupo Surrealista fundado em 1947 e colaborou na 1ª Exposição Surrealista em Lisboa (1949). Viveu em Paris, no Brasil e em Londres, fixando-se definitivamente em Moledo do Minho em 1951. Dirigiu o Teatro Experimental do Porto desde 1953 e realizou para a RTP, nos últimos anos de vida, vários programas.” (Nota bibliográfica da Biblioteca Nacional)

Juntamente com Almada Negreiros (1893-1970) foram os mais multifacetados criadores portugueses do século XX, embora a multidisciplinaridade de Almada fosse menos extensa, conquanto mais polémica, mais exuberante e, geralmente, mais aplaudida.
Autor de um “romance” (Apenas uma Narrativa), que provocou uma ruptura na literatura portuguesa, o único português a assinar o “Manifesto Dimensionista” (Paris, 1936) principal introdutor do surrealismo em Portugal, voz da liberdade para Portugal, através da BBC, na II Guerra Mundial, artista gráfico, polemista e cidadão, António Pedro foi sobretudo o homem do teatro, encontrando teatralidade em todas as outras vertentes em que interveio.


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Intervenção artística em Caminha

Criação de Painel de Azulejos, decoração da fachada e de interiores para o BAR DO JOÃO, uma intervenção artística de pendor cultural





Romance da Móia-Móia

Escrito para Cantiga de Cegos, em Setembro de 1951 Neste clip, também, – “Rapto na paisagem povoada” – 1946 – óleo sobre tela 121×122cm col.CAM – FCG, Lisboa e Banda sonora: Excertos de Sonata No. 14, “Moonlight”, Op. 27, No. 2 Beethoven
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