terça-feira, janeiro 30, 2007

AINDA A IVG


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Referi, há dias, uma boa desmontagem do NÃO. A de M. Vale Almeida.

Hoje trago um fragmento do lúcido, sério e sensato (a que já nos habituou) jovem historiador Rui Tavares. E com hironia qb.

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«Somos todos contra a prisão, desde que a prisão continue na lei. Somos todos pela despenalização, desde que a lei penalize. Somos todos compreensivos com as mulheres que abortam, desde que a lei as criminalize» - escrevia ele no Público de SB 27JAN07

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Nem mais...

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JUSTIÇA


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O nosso sistema de justiça é um sistema normativo, abstracto, formal, que, quando é confrontado com a vida, nem sempre responde adequadamente, diz Álvaro Laborinho Lúcio, ex-ministro da Justiça, numa entrevista em que se fala do caso Esmeralda e da justiça que não foi feita. Teresa de Sousa (PÚBLICO), Raquel Abecasis (RR) e Miguel Madeira (foto)

PÚBLICO | Segunda, 29 de Janeiro de 2007

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Há uma questão central que é a da incomunicabilidade no interior do próprio sistema e essa questão tem de ser rapidamente revista

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Temos uma tradição judiciária muito marcada por dois pilares fundamentais: o positivismo jurídico na interpretação da lei e do direito; e um certo corporativismo institucional (não no sentido pejorativo) que leva a que o sistema se feche sobre si próprio e procure um discurso de auto-legitimação. É um sistema normativo, abstracto, formal, que, quando é confrontado com a vida, nem sempre responde adequadamente.
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A independência dos tribunais, que é sagrada num Estado de Direito, é um direito dos cidadãos e um dever dos tribunais. Não é um direito dos tribunais, é um direito dos cidadãos

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Claro que a justiça sendo obra do homem, e por ele aplicada, não pode ser perfeita.

Mas, é evidente que não é disso que falamos. Falamos é das falhas no seu caminho com vista a uma cada vez maior aproximação da perfeição... É tentada essa rota?

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Todos vemos, alguns sentimos mesmo, que há ainda um largo espaço a percorrer até se atingir a desejável meta...

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Por parte de todos os seus agentes: do legislador ao aplicador.

Mas não cada um na sua “capela”, antes comunicando entre si – como sublinhou o entrevistado. Transformando o sistema de tão “normativo, abstracto e formal”, num mais claro, vivo e pragmático, que não fique perplexo perante o confronto com a vida, procurando, antes responder-lhe adequadamente, conforme o mesmo jurista.

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Como é sabido, falta muitas vezes uma lei adequada. E sem esse “ovo”, não há “homelete”.

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Os tribunais para julgarem bem, antes de mais têm de ter leis boas, equilibradas. Justas.

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Era isto que, em termos mais chãos, queria dizer o Conselheiro Laborinho Lúcio – jurista de grande apreço e técnico muito respeitado.

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OS MEANDROS DA LINGUÍSTICA E OS INTERSTÍ-CIOS DO NOSSO CONHECIMENTO - teste

Não é nada fácil falar e escrever português com absoluto rigor.

Todos nós temos o cuidado de comunicar em termos o mais próximos possível do rigor exigido pelas regras que regem nesta matéria. (Por exemplo, a frase que acabo de escrever deixa-me algumas dúvidas quanto à sua correcção!...).

Mas...

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Que acha desta frase, tão simples:

"O João, preocupado que ele voltasse a sair mais cedo, saiu"

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(Não se trata de nenhuma partida)

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Pondo de parte os especialistas, para o vulgo, mesmo num nível acima da média, parece tudo correcto...

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Não é?

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Pois é...

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Claro que já começa a pensar... Está errada...

Estará?

Mas porquê?

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Veja mais abaixo a resposta

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AS MARAVILHAS DA NATUREZA

Foi a grande novidade nestes últimos dias.



Aranha saltadora (Salticidae)


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As aranhas saltadoras (popularmente conhecidas por papa-moscas) usam luz ultravioleta para namorar
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Brilho exibido por partes do corpo de aranha saltadora atrai o interesse de animais do sexo oposto

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Machos e fêmeas da espécie Cosmophasis umbratica iniciam rituais de acasalamento quando vêem patas do outro a brilhar




O brilho de luz ultravioleta das aranhas-saltadoras
(Cosmophasis umbratica) macho é aquilo que as
torna atraentes para as fêmeas



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Em estudo na revista "Science", cientistas da Universidade Nacional de Singapura revelam que esse animal possui diversas marcas perto dos olhos e nas patas que brilham nesta faixa de cor, invisível aos olhos humanos.

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«Qual é o segredo dos machos das aranhas-saltadoras da espécie Cosmophasis umbratica para atrair parceiras? Não é com chocolates nem flores que chegam ao coração de uma moça, mas sim com o brilho ultravioleta das patas e da cabeça. As fêmeas também têm este aspecto vagamente extraterrestre - que nós, humanos, não conseguimos ver, porque os nossos olhos não são sensíveis à parte ultravioleta do espectro electromagnético.
O que a equipa de Daiqin Li, da Universidade Nacional de Singapura, descobriu é que tanto machos como fêmeas iniciam rituais de acasalamento, quando as condições de luzes lhes permitem visualizar o brilho ultravioleta das patas. Se não vissem os potenciais parceiros a brilhar, nem machos nem fêmeas se interessavam»
- conta-nos CLARA BARATA, no Público de SB 27JAN2007.
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OS MEANDROS DA LINGUÍSTICA E OS INTERSTÍCIOS DO NOSSO CONHECIMENTO - resposta


De facto não é nada fácil falar e escrever português com absoluto rigor.

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Eis a colocação do problema e a resposta.

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«Sou estudante universitário e é-me bastante importante saber o motivo pelo qual a expressão "O João, preocupado que ele voltasse a sair mais cedo, saiu" está errada, e quais os fenómenos linguísticos implicados.
David Guerreiro (Portugal)
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O adjectivo preocupado selecciona habitualmente um grupo nominal preposicionado (ex. está preocupado com a doença da mãe) e não uma frase finita (ex. *está preocupado que a mãe esteja doente; o asterisco indica agramaticalidade). Num dicionário de regências como o Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, de Francisco FERNANDES (25.ª ed., São Paulo: Globo, 2000), por exemplo, poderá encontrar as estruturas abonadas e consideradas correctas para este adjectivo: preocupado com + grupo nominal (ex. preocupado com as dívidas), preocupado em + frase infinitiva (ex. preocupado em pagar as dívidas), preocupado de + grupo nominal (ex. preocupado das dívidas), preocupado por + grupo nominal (ex. preocupado pelas dívidas), sendo as duas últimas estruturas algo raras.
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Por este motivo, na frase em questão, não é aconselhável o uso do adjectivo preocupado seguido de uma frase finita (que ele voltasse a sair mais cedo). Como alternativa, poderia utilizar uma construção como preocupado com a possibilidade de ele voltar a sair mais cedo (a frase infinitiva está contida no grupo nominal cujo núcleo é possibilidade).
Bibliografia: João Andrade PERES e Telmo MÓIA, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa: Caminho, 1995, p. 80

Resposta: Helena Figueira, 19-Jan-2007

(Fonte: Texto Editores, Dicionário Priberam ol, Dúvidas linguísticas, Estruturas argumentais, Regência de “preocupado”)

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Quem foi que disse que o português é fácil?... Quem foi?

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(Nunca vamos saber tudo. É aprender até nos apagarmos...)

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MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Sumário: as antíteses

- iniciado o terror, com Hitler como ministro, é agora nomeado chanceler, para pouco depois passar a Reichführer

- No campo oposto: Mahatma Gandhi, o líder pacifista.

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Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

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AUSCHWITZ: memória que não se apaga
(a chegada, às “carradas”, nos “confortáveis” vagões de
mercadorias; “prémio” para todas as idades)




AUSCHWITZ: memória que não se apaga
(antes de mais: a “farda” e o cabelo rapado)






AUSCHWITZ: memória que não se apaga
(de novo “a preparação”: a “farda” e o cabelo rapado)

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Há 74 anos, na SG 30.01.1933, o presidente Paul von Hindenburg demite von Papen e convoca Hitler para constituir governo. Assim, Adolfo Hitler é nomeado Chanceler.

Em Portugal... Ora, em Portugal estávamos muito mais bem servidos: tínhamos à frente dos destinos da Nação, o catolicíssimo e humaníssimo Oliveira Salazar. Para estrangeiro impressionar, o supremo magistrado da Nação era o general Carmona.

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Até então, Hitler era “apenas” um membro da chancelaria (ministro) da Alemanha, nomeado pelo presidente, marechal Hindenburg, por indicação do chanceler von Papen. Mas já o chefe incontestado de uma organização que crescia avassaladoramente.

E, com a morte de Paul von Hindenburg, em 02.08.1934, Hitler chega à presidência e torna-se no senhor absoluto da Alemanha (Reichführer), depois de ter consolidado o seu poder, eliminado adversários e colaboradores inconvenientes ou menos submissos.

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Mal assumiu o poder Hitler imediatamente instaurou a ditadura, mediante a repressão de todos os que escapassem à sua ideologia anti-semita e aos seus intuitos de expansionismo militar e territorial.

Mas recuemos um pouco:

O movimento nazi não surgiu por um mero acaso. Resultou, nomeadamente, e viu aumentar a sua importância, a partir de 1930, com o crescente descontentamento popular face às crises económica e política.

Com slogans e repetidas intervenções pseudo-revolucionárias e demagogas, o Partido Nacional-Socialista (NSDAP), que era antidemocrático, anti-semita e de um nacionalismo exacerbado, facilmente se alcandorou à maior força política em 1932. Até que chegou a hora do derradeiro passo para o abismo: demitido Franz von Papen, o último chanceler da República de Weimar, o presidente Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.

Como faria qualquer tiranete aspirante a ditador, (aliás, e ainda em estágio, já com uma excelente folha de serviços, aos seu país e ao mundo) Adolfo Hitler desenvencilhou-se muito rapidamente dos que permitiram ou ajudaram à sua ascensão e atribuiu-se plenos poderes.

Apoiado pela burguesia melhor instalada, onde não faltariam xenófobos e racistas, fez aprovar uma lei que proibia todos os agrupamentos, associações, movimentos e partidos políticos à excepção do seu Partido Nacional-Socialista. O Partido Social Democrata e o Partido Comunista, em concreto, foram expressamente dissolvidos e os demais, forçados à auto dissolução.

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Fala-se no parentesco próximo dos regimes nazi e salazarista. E na verdade é oportuno recordar que esse mesmo ano de 1933 foi o ano em que, em Portugal:

- a Empresa Nacional de Publicidade lança uma edição de 125 mil exemplares do livro Salazar, o Homem e a Obra (e a procissão ainda nem do adro passara!);

- é plebiscitada, promulgada e entra em vigor a nova Constituição, cujo artº 8º (onde se tacteavam, a contragosto, e se garantiam apenas teoricamente – para estrangeiro impressionar - o exercício dos direitos cívicos) foi constantemente considerado letra morta e preceito inútil e inaplicável. Com o novo texto constitucional se consagra oficialmente o Estado Novo, que vigoraria até 25 de Abril de 1974;

- na mesma data em que entra em vigor a Constituição de 33, e por mor das dúvidas, é legalizada a censura;

- o governo (de Salazar) extingue a Polícia Internacional Portuguesa e a Polícia de Defesa Política e Social e cria a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado/PVDE, igualmente para que não restassem quaisquer dúvidas (polícia política e instrumento de repressão do Estado Novo, antepassada da PIDE-DGS);

- o governo decide suspender o jornal Revolução, órgão do Movimento Nacional-Sindicalista;

- é promulgado o Estatuto do Trabalho Nacional (“Liberdade sindical e direitos laborais e sociais efectivos era coisa inexistente, graças ao "Estatuto do Trabalho Nacional" que protegia os trabalhadores e o país dos usos e costumes mais perversos que as democracias tinham adoptado”).

- é criado, por iniciativa e sob a directa supervisão de Salazar, o Secretariado da Propaganda Nacional, cuja direcção foi entregue a António Ferro (um dos bonzos do salazarismo que mais contribuiu para a divulgação da imagem e da obra do idolatrado líder do regime);

- o governo (de novo, por via das dúvidas) cria o Tribunal Militar Especial para o julgamento dos “crimes contra a segurança do Estado” (recorde-se que crime contra a segurança do Estado era, por exemplo, e pelo menos, alguém manifestar-se contra o regime!...)

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Não violência

é a lei da nossa espécie,

assim como a violência é a lei do bruto.

O espírito, dormente no bruto, não conhece outra lei que a do poder físico.

A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta

- a força do espírito ".

(Mahatma Gandhi)

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Nessa SX 30.01.1948 - completam-se hoje 59 anos - Mahatma Ghandi, político, pacifista e líder da luta pela independência da Índia é assassinado, aos 78 anos, em Nova Deli, por um hindu.

Reinava, no RU, Jorge VI, pai da actual soberana, irmão do seu antecessor, Eduardo VII; ambos filhos de Jorge VI. O governo era liderado pelo Trabalhista Clement Attlee.

Em Portugal, a Ditadura “estava para lavar e durar”... De vento em popa. Com Salazar como “benfeitor” e “salvador da Pátria”... Aparentemente no topo da hierarquia – só na aparência – estava, vitaliciamente, o general Óscar Carmona.

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O mundo impressionou-se com a trágica e violenta morte de um pacifista. E na Índia, um milhão de indianos, acompanhados pelo último Vice-Rei e pela sua mulher, acompanharam o funeral.

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Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido popular e honorificamente por Mahatma Gandhi (Mahatma, do sânscrito "grande alma"), nasceu a 02OUT1869, na Índia.

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A sua actividade política assentava em dois valores essenciais: verdade (satya) e não-violência (ahimsa). Criou, pois, o princípio de satyagraha ou de resistência pacífica: política de não violência.

De facto, quem aconselha "faz da tua vida um reflexo da sociedade que desejas", ou quem alerta que "o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente” e ao mesmo tempo previne que "de olho por olho o mundo acabará cego", que dúvidas pode deixar acerca dos meios que defende para prosseguir o seu objectivo?

Como pode ser perseguido, preso, ameaçado e assassinado?

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Não era um desordeiro ou terrorista que praticava e desencadeava actos de desobediência civil, embora o ideário de anarquismo cristão de Leon Tolstoi tivesse tido uma grande influência em Mahatma Gandhi, que trocou cartas com ele até sua morte, em 1910. Era o nacionalista lúcido e o político e humanista esclarecido que lutava com denodo e persistência contra o jugo colonial sobre a sua terra e os seus conterrâneos e pela sua autonomia e independência. Era o condutor de um povo sedento de liberdade e dignidade humana.

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“A força de um destemor inflexível” é que torna possível “a verdadeira não-violência”, como defendia Mahatma Gandhi, esse agitador de consciências - adormecidas, umas, outras empedernidas - em prol dos oprimidos.

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Em 18.03.1922 Mahatma Gandhi é preso durante seis anos por sedição (alteração da ordem pública, insurreição).

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Em 08.03.1930 dá-se o início de uma campanha de desobediência civil liderada por Mahatma Gandhi.

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Em 12.03.1930 inicia a sua marcha conhecida por Marcha pelo Sal, como protesto contra os impostos do governo britânico sobre o sal e contra o monopólio de comércio deste produto na Índia.

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Em 1914, na África do Sul, onde exercia advocacia, liderava a comunidade indiana contra a discriminação racial. Pouco depois, e ainda durante a I Guerra Mundial, já assumia, na sua terra, a liderança do congresso nacional indiano, promovendo campanhas a favor de reformas sociais, da tolerância religiosa e do fim da discriminação das castas.

Gandhi nunca recebeu o prémio Nobel da Paz, apesar de para ele ter sido indicado cinco vezes entre 1937 e 1948.

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Já decorria uma época

em que a atribuição dos Nobel,

sobretudo o da Paz e o da Literatura,

estava fortemente politizada.

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Décadas depois, no entanto, o erro foi explicitamente reconhecido pelo comité organizador do Nobel: quando o Dalai Lama Tenzin Gyatso recebeu o Nobel da Paz em 1989, o presidente do comité disse que o prémio era "em parte um tributo à memória de Mahatma Gandhi".

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Na Índia - em Nova Deli, e não só - sente-se (testemunhei-o em ABR de 2001) um profundo respeito por esta ímpar figura da história mundial e pela sua corajosa atitude.

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Claro que para o Estado Novo, qualquer líder de um movimento nacionalista de libertação não passava de um terrorista. Daí que Salazar não encarasse com bons olhos que o papa Paulo VI tivesse recebido em audiência, em 01.07.1970, Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos – os líderes dos movimentos nacionalistas de libertação da Guiné e Cabo Verde, de Angola e de Moçambique.

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De igual modo a Ditadura também considerava Gandhi um “perigoso comunista”, um terrorista. Tal como rotulava de energúmenos bandoleiros os famosos "Satiagrais" (satyagrahis), os seus seguidores (de Gandhi) dentro do espírito de satyagraha ou de resistência pacífica (política de não violência) acima referido.

Pelas razões que abaixo se descortinam.

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«A imensa União Indiana é um vulcão de fervor nacionalista. Independente da Inglaterra desde 1947, antes ainda da libertação já os seus principais dirigentes haviam reclamado a integração dos territórios do Estado Português da Índia: Goa, Damão e Diu. Mahatma Gandhi, o pai da grande nação indiana, fora significativamente o primeiro a declarar que Goa não poderia ficar separada. Esta será uma constante da política do primeiro-ministro Pandit Jawaharlal Nehru, que, em 1950, reivindica formalmente os territórios administrados por Portugal, a quem propõe a abertura de negociações. O governo presidido por Oliveira Salazar recusa, com o argumento de que Goa e os demais territórios fazem parte do todo nacional. Em Goa, Damão e Diu, as manifestações de desobediência civil ou a favor do direito à autonomia ou hindus, são compelidos ao exílio. têm como resposta a prisão, a deportação e a censura.»

«Ao diálogo de surdos, segue-se uma nova táctica: a da pressão, através do bloqueio económico e do recurso aos famosos "satyagrahis", que invadem pacificamente os territórios portugueses. Significando literalmente "força da verdade", os "satyagrahis" haviam sido criados por Gandhi e revelaram-se um elemento decisivo na sua estratégia de resistência não-violenta. Vagas sucessivas destes "satyagrahis", enquadrados por militares, invadem, em 1954, os enclaves portugueses de Dadrá e Nagar-Aveli, perto de Damão. O primeiro cai em 22 de Julho, o segundo onze dias depois. Nos confrontos em Dadrá, são mortos dois polícias portugueses. "Mortos pela Pátria", como assinala uma lápide, que ainda se mantém num jardim de uma das fortalezas de Damão. A anexação destes enclaves é o prenúncio de que, a seguir, será a vez de Goa, Damão e Diu» - cfr “PASSAGEM PARA A ÍNDIA”, adaptação dum texto de O EXPRESSO, de 12 de Dezembro de 2001, apud Sites Teia Portuguesa e Lusógrafo.

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Veja mais informação acerca do grande timoneiro e fundador do estado indiano.

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segunda-feira, janeiro 22, 2007

AINDA A QUESTÃO DA IVG


I. Falava eu, há dias, de terrorismo psicológico como critério e arma de certos católicos radicais.

Não sem razão, confirma-se a cada passo. Os exemplos multiplicam-se.

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Rui Tavares dá-nos conta, na sua crónica de SB passado, 20 de Janeiro, de novo caso, desta vez protagonizado por um elemento da hierarquia da Igreja (o que ela tem procurado evitar, simulando isenção política, deixando essa tarefa a certos acólitos, sejam eles pintos ou outros césares):

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«Numa paróquia da encantadora cidade alto-alentejana de Castelo de Vide exerce um cónego que decidiu esta semana ameaçar com a "excomunhão automática" a todos os cristãos que votarem "sim" no referendo de dia 11 de Fevereiro. O nome do cónego é Tarcísio Fernandes Alves, (...) doutorado em Direito Canónico por Salamanca».

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O tanto saber e o desespero toldam a inteligência de Sua Excelência Reverendíssima.

Da humana, tolerante e calorosa mensagem de Cristo, não sobrou uma migalha para o Sr Cónego Tarcísio.

É o retrato – desajustado, naturalmente – do cruzadismo bárbaro (e então, e por muitos anos, assassino), dos sécs. XI e XII, transportado para o séc. XXI.

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II. A DESPROPÓSITO, CERTAMENTE

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Certo que para referir o tremendo flop que foi, para o episcopado polaco e para o Vaticano – pessoalmente, mesmo, para Bento XVI – a nomeação do bispo Stanislaw Wielgus para arcebispo de Varsóvia, a coluna de Frei Bento Domingues, deste último Domingo no Público, intitulava-se, curiosamente, “CATÓLICOS SEM ARROGÂNCIA”...

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No momento que vivemos, curiosamente ou tempestivamente?

Não sei nem quero atribuir intenções ao bom frade... Mas que ele é “ousado”, todos sabemos que sim...

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ANOTADO PARA REFLECTIR


«O grau zero da coisa
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As pessoas do Não têm os seus valores e têm a liberdade para viverem de acordo com eles. Se a lei mudar continuarão a poder fazê-lo. Mas uma percentagem muitíssimo alta de portugueses e portuguesas não tem, neste momento, a mesma liberdade. Na situação actual, o estado português protege os valores específicos dos defensores do Não e não garante a liberdade de escolha aos e às restantes portugueses e portuguesas. O Sim é um voto pela liberdade de escolha de
toda a gente - incluindo os defensores do Não. O voto no Não é, pelo contrário, um voto que pretende tomar decisões pelas outras pessoas, impondo uma visão específica (e não apenas defendendo a sua, já que essa continuará salvaguardada). O Sim acrescenta. O Não continua a subtrair».

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Quer imagem, quer texto, retirei-os do blog de Miguel Vale de Almeida. Ele que me desculpe (inclusive por ter fechado um parêntesis que ele se esqueceu de fechar).

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Gostava de o ter sido eu a escrever este texto. Como não fui, subscrevo.

É uma muito bem conseguida desmontagem do NÃO.

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A FOTOGRAFIA

17-01-2007 - 16:24 (Público)
«Rice espantada
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, mostra uma cara de espanto à chegada ao aeroporto de Tegel, em Berlim. Rice desembarcou hoje na Alemanha para uma visita oficial de dois dias. Foto: Markus Schreiber/AP»

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Que terá ouvido a Sra Arroz Condureza?

Pela direcção do olhar, que lhe terá mostrado o xerif dos States e do orbe terráqueo?

A caneta? Um apontamento íntimo? O plano de outra invasão e de outra “democratização”?

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Mas foi um valente susto... Algo de muito inesperado...

A expressão, toda ela - boca, olhos, cabelo – não enganam...

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Vá lá saber-se o que se passa nestes bastidores...

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MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

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DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

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D. Manuel I

Há 507 anos, naquela distante QA 22.01.1500, D. Manuel determina que “não se pague moradia aos moços fidalgos” sem terem dado provas do domínio da língua, com certidão do mestre de Gramática.

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Em Inglaterra reinava Henrique VII, da Casa de Lancaster, já que derrotou, na Guerra das Rosas, Ricardo III, da anterior dinastia de York, a que pertencia a sobrinha deste, Isabel, filha de Eduardo IV, que casou com Henrique VII, fundador da dinastia de Tudor.

Em França, no trono estava Luís XII, o único rei da Dinastia de Valois-Orléans.

Em Espanha (mais exactamente em Castela) ocupavam o trono os reis Católicos, Isabel e Fernando.

No Vaticano pontificava Alexandre VI (214º), o célebre valenciano Rodrigo Bórgia, pai, de entre outros, os perversos César e Lucrécia Bórgia.

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Moço fidalgo, era, então, a mais baixa condição (graduação) dos fidalgos assentados nos livros do rei.

O moço fidalgo ascendia, primeiro, a fidalgo escudeiro e depois a fidalgo cavaleiro.

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“A sociedade portuguesa do princípio do século XV caracteriza-se, sobretudo, por uma forte estratificação social. A divisão da sociedade em ordens, cujo topo era ocupado pela nobreza, gerava uma acentuada desigualdade social pela diferenciação entre estes (os grandes, os fidalgos e os cavaleiros) e os que não possuíam cavalo e meios de combate na guerra, ou que exerciam uma profissão mecânica (escudeiros que surgem no limiar do grupo da aristocracia sendo condição mais baixa que a de cidadão, oficiais mecânicos, lavradores e gente baixa, ou seja, os peões)” – [INFOPÉDIA, Porto Editora].

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“Durante o governo de D. Manuel, o filhamento da Casa Real estava já perfeitamente estabelecido com o acrescento de mais duas ordens de nobreza relativamente ao reinado de D. Afonso V: moço fidalgo, com possibilidades de ascender a fidalgo cavaleiro; moço de câmara, que poderia ascender a cavaleiro fidalgo; e, por último, moço de estribeira, que se poderia tornar cavaleiro raso ou escudeiro.” – [id]. Ou seja, no reinado do Venturoso, “os fidalgos jovens eram moços de câmara, pajens ou donzéis e, mais tarde, escudeiros-fidalgos” – [BU/Biblioteca Universal, Texto Editores].

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Filhamento: acto pelo qual se concedia a distinção do título de fidalgo a filho de fidalgo. Segundo o regimento de 3-VI-1572 [de D. Sebastião] e o alvará de 15-XII-1589 [sob Filipe I], os filhamentos concedidos pelo soberano expediam-se todos por consulta verbal do mordomo-mor”.

“Livro de filhamentos: aquele em que se lançam os nomes dos que têm foros [privilégios, regalias] de fidalgos...”

[GEPB, entrada “filhamento”]

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Os tempos eram de prosperidade e o governo de D. Manuel podia permitir-se pagar moradia à fidalguia (protecção de elites, como logo se vê), mesmo ao primeiro e mais baixo nível dessa “ordem” (o que acentua o carácter eventualmente injusto desta mordomia em relação à grande maioria dos cidadãos, seus súbditos...)

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Moradia: pensão equivalente ao subsídio de renda

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Porém, mesmo em era de “vacas gordas”, tal subsídio não era atribuído, neste caso, atendendo apenas à qualidade do beneficiário, ao contrário do que hoje, em tempo de vacas escanzeladas, acontece. Não. D. Manuel exigia que os moços fidalgos dominassem a língua pátria, o que tinha de ser atestado pela autoridade competente: o professor de Gramática, o equivalente, hoje, ao professor de Português.

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Foi há 102 anos, a 22.01.1905: Domingo sangrento em São Petersburgo: dois mil operários são massacrados pela Guarda do czar. O acontecimento marca o princípio da Revolução.

Na Rússia imperava o czar Nicolau II.

No Reino Unido reinava Eduardo VII, filho da rainha Vitória.

Em França vigorava a Terceira República e na presidência, perto do termo do mandato, Émile Loubet.

Na Alemanha reinava o imperador Guilherme II e era chanceler o Príncipe Bernhard von Bülow.

Em Portugal, agonizava a monarquia, com D. Carlos (33º e penúltimo).

No Vaticano pontificava Pio X (257º).

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A Rússia foi abalada, nesse ano de 1905, por dois acontecimentos que a marcaram profundamente: a derrota na guerra contra o Japão e um movimento popular contra o poder instalado que chegou a colocar o trono em perigo.

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Semanas antes, em 1 de Janeiro, dera-se a rendição russa em Porto Artur, pondo termo à Guerra Russo-Japonesa (pretensões da Rússia ao domínio da Manchúria), quando decorria o período (dinastia) Meiji, da História do Japão, e reinava o imperador Mutsuhito.

(E na mesma data, a linha transiberiana - a mais extensa do mundo - chegava ao fim dos seus 7500 quilómetros, em Vladivostok, e era inaugurada, após 12 anos de obras.

[INFOPÉDIA e Wikipédia]

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“A Revolução Russa de 1905 foi um espasmo nacional de violência contra o governo” – [Wikipédia].

Essa revolução não foi mais que um sinal e um sério aviso às mudanças sociais que fermentavam na Rússia dos czares e que culminaria na Revolução de 1917.

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Nesse Domingo 22 de Janeiro de 1905 (9 de Janeiro, segundo o calendário juliano – que antecedera o actual, gregoriano – então ainda seguido na Rússia) “foi organizada uma manifestação pacífica e em marcha lenta, liderada pelo padre ortodoxo Gregori Gapone, com destino ao Palácio de Inverno do czar Nicolau II, em São Petersburgo, com o objectivo de entregar uma petição, assinada por cerca de 135 mil trabalhadores, reivindicando direitos do povo, como reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura, e a presença de representantes do povo no governo” – [Wikipédia, a enciclopédia livre].


Imagem copiada da Wikipédia

Manifestantes marchando em direcção ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo


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O comandante da guarda imperial, o grão-duque Sergei Alexandrovitch, ordenou que a guarnição impedisse o povo, desarmado, de aproximar-se do palácio e que os soldados (cossacos) dispersassem a manifestação.

“O povo não se mexeu. Então, a guarda, ao ver que não seria obedecida, disparou contra a multidão. A manifestação rapidamente se dispersou deixando centenas de mortos” – [id].

Imagem copiada da Wikipédia

O massacre do Domingo Sangrento
em São Petersburgo


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Este evento de São Petersburgo (a partir de 1914, Petrogrado; Leninegrado, desde 1924, e, de novo São Petersburgo, por referendo de 1991) não foi mais que a gota de água que conduziria à Revolução Russa de 1917. Nessa manifestação, “os principais descontentes eram os camponeses (com a economia), os trabalhadores urbanos (economia e desigualdade), intelectuais e liberais (direitos civis), as forças armadas (economia), e nacionalidades minoritárias (liberdade cultural e política)” – [id].

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Meses depois, em Junho, é a tripulação do Couraçado Potemkin (da frota do Mar Negro) que se revolta, devido às más condições em que operavam.

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Acontecimento que o realizador Sergei Eisenstein perpetuou em filme de 1925, filme que teve o nome daquele vaso de guerra.

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Depois deste massacre, que a história regista como “Domingo Sangrento”, “a revolução ganhou força, culminando numa greve geral que paralisou todo o país em Outubro de 1905”[cit BU].

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“Apesar do ímpeto revolucionário de que se revestiu e da crescente impopularidade da família reinante e do sistema monárquico, a revolução não conseguiu triunfar”- [cit INFOPÉDIA].

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Henrique Galvão

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Há 46 anos, no DM 22.01.1961, iniciou-se a “Operação Dulcineia”: o capitão Henrique Galvão desvia o paquete Santa Maria para o Brasil, num apelo da atenção da opinião pública internacional para a ditadura em Portugal.

Em Portugal, nada de novo, desde há 35 anos atrás: mantém-se a ditadura do Estado Novo sob a liderança de Oliveira Salazar. Mas são mais visíveis os sinais de rompimento com o regime, que, desde então começaram a suceder-se e a avolumar-se. Na presidência da República (uma função efectivamente subalterna no regime salazarista), estava o indefectível e submisso admirador do ditador, Américo Tomás.

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De facto, nesse ano de 1961, «o regime Salazarista começava a tremer. A oposição tornava-se mais audaz, a agitação instalava-se no seio das Forças Armadas, a guerrilha eclodia nas colónias africanas. O ano que começara com o massacre de plantadores de algodão, em greve na zona de Malange (Angola), viria a revelar-se como uma cadeia de acontecimentos nefastos para a tranquilidade da Ditadura, há 35 anos implantada em Portugal. Em Janeiro de 1961, o capitão Henrique Galvão, à frente de um grupo de exilados políticos, desviava o paquete "Santa Maria". Em Fevereiro, estalava a insurreição angolana. Em Abril, o general Botelho Moniz, ministro da Defesa Nacional, via gorar-se a sua tentativa de golpe de estado palaciano. Em Agosto, o PAIGC proclamava a passagem à insurreição, na Guiné. No fim do ano, a Índia tomava o chamado Estado da Índia portuguesa. A Oposição estava particularmente activa: um grupo afim do que desviara o "Santa Maria" desvia um avião da TAP. Dirigentes comunistas fogem da cadeia de Caxias, a Oposição Democrática desiste das "eleições" à boca das urnas. Em Dezembro, a PIDE assassina, numa rua de Lisboa, o pintor e escultor comunista José Dias Coelho. No mesmo mês, o general Humberto Delgado entra, clandestinamente, em Portugal; no dia seguinte, frustra-se o assalto ao quartel de Beja. O ano de 1961 foi, de tal modo fértil em acontecimentos, que bastaria debruçar-nos sobre um só deles para que ficasse elaborado um trabalho, pleno de interesse e significado» - [Site Arteflow].

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Dois dias antes da operação se iniciar, 20.01, John Kennedy toma posse como Presidente dos Estados Unidos.

Dias depois, a 31.01, é a tomada de posse de Jânio Quadros como Presidente do Brasil.

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«Henrique Galvão escolheu "Operação Dulcineia" para nome de código porque Cervantes é um autor de língua castelhana, e foi em terras de expressão espanhola que encontrou asilo político e apoios - Argentina e Venezuela. Boa parte dos homens que comandou eram espanhóis. Foi a partir da América de raiz espanhola que a operação se desencadeou. E foi Jânio Quadros quem o recebeu no Brasil finda a aventura.

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D. Quixote morreu pouco antes de ver a sua Dulcineia, sem saber que estava tão perto a Desejada - a liberdade para a qual contribuiu fortemente. O objectivo do assalto foi o de provocar aquilo que mais aterrava Salazar: que o mundo falasse de nós. Falou, a imprensa de todo o mundo voltou os olhos para Portugal, por isso a "Operação Dulcineia" alcançou o sucesso, e D. Quixote não arriscou a vida a combater contra moinhos de vento.» [Maria Estela Guedes, no site TriploV]

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Henrique Galvão (1895-1971) foi “militar, político e escritor, com obra apreciável sobretudo de temas africanos. Depois de ter sido adepto fervoroso da ditadura salazarista aderiu à oposição democrática e celebrizou-se pela "Operação Dulcineia" - assalto e ocupação do paquete Santa Maria (1961) - como forma de protesto contra a falta de liberdade cívica e política em Portugal. Morreu exilado no Brasil” -

[Centro de documentação 25 de Abril - Universidade de Coimbra]

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Perfil mais sintético, mas mais detalhado é o da Sociedade Portuguesa de Autores: «Galvão, homem de mil ofícios, inteligente, dinâmico, polémico, amado e detestado, servidor e logo depois pertinaz opositor do regime, afamado nos media pela "Operação Dulcineia"»

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Henrique Galvão foi administrador nas colónias e deputado à Assembleia Nacional durante o Estado Novo.

Além disso, foi um dos cadetes Aderiu ao golpe que, em 1917, conduziu Sidónio Pais (de quem era amigo pessoal) ao poder, e também se viria a envolver no golpe militar de 28 de Maio de 1926.

Por volta de 1950, porém, afastou-se do regime. Foi preso em 1952, acusado de acções conspirativas. Em 1958 foi condenado a 18 anos de prisão, mas evadiu-se, em 15.01.1959, do HSM, onde estava internado sob vigilância policial... Ousada fuga que deu brado.

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Ele e um grupo de militantes do DRIL (Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) - treze portugueses, onze espanhóis e dois venezuelanos - embarcaram em La Guaira, na Venezuela, no dia 21, no Santa Maria, que fazia um cruzeiro pelo Atlântico Sul e pelo mar das Antilhas, onde seguiam 607 turistas e 360 tripulantes, apoderando-se do paquete a 22, entre Curaçao e Miami.

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Seguem-se os “catorze dias que abalaram Salazar e surpreenderam o Mundo”, como escreveu um autor.

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«A 02.02, o navio entra no Porto do Recife. Humberto Delgado e Henrique Galvão conferenciam, a bordo.

No dia 4, o "Santa Maria" é entregue ao adido naval português. É imediatamente ocupado por elementos da Legião Portuguesa, de propósito deslocados para o Brasil.

O governo brasileiro concede asilo político aos participantes da operação» - [cit. site Arteflow].

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«O objectivo último, um levantamento contra as ditaduras ibéricas, fracassa, mas a “Operação Dulcineia” acabaria por ter grande projecção internacional desfavorável ao regime de Salazar» - [Site oficial do MNE].

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