A actriz espanhola Penélope Cruz, a nova diva dos cinéfilos, referiu, em recente entrevista, “a dificuldade que as actrizes têm em encontrar papéis que combinem a beleza com a inteligência”.
Esta clivagem entre a beleza e a inteligência já vem de muito longe.
Na actualidade, basta recordar as inúmeras anedotas que correm sobre as louras – supostamente modelos de idolatrada beleza (salvo seja relativamente a tantas e tantas…).
Mas isto faz-me lembrar um dito, também já muito antigo, que corria nos meus tempos de jovem. É que as miúdas giras geralmente eram destinadas à aprendizagem do ofício de estremosas esposas, boas mães, exemplares donas de casa. Era um destino quase inelutável: tão assediadas que eram, e idolatradas, e mimoseadas com piropos e galanteios, que não curavam de mais que da imagem. Em termos de aprendizagem escolar, quedavam-se, regra geral, pelo quinto ano, no máximo. E só com uma das secções. E, e !!!…
Assim, viam-se poucas “brasas” nas faculdades. Em Letras e em Direito sempre havia uma ou outra. Mas na Faculdade de Ciências, mais raras eram ainda. No Técnico, então, em centenas de jovens viam-se, dois ou três, vá lá, meia dúzia de palminhos de cara que valessem a pena.
Tal era a raridade que se contava que Nosso Senhor, quando nascia uma rapariga, perguntava-lhe: ouve lá, minha filha: quando fores grande queres ser gira ou ir para o Técnico?
Claro que era maldade. Que as havia – raras, era um facto.
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