quarta-feira, abril 13, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Foi há 486 anos (1519), também, como hoje, uma QA: nasceu, em Florença/Itália, Catarina de Médicis, que viria a ser rainha de França, mulher de Henrique II. Reinava, a esse tempo, em Portugal, D. Manuel I (14º). Chefiava a Igreja Leão X (217º), precisamente um Médicis, filho de Lourenço, o Magnífico.
Catarina era filha de Lourenço de Médicis (não o Magnífico, mas um seu neto), duque de Urbino, e de Madalena de La Tour de Auvergne, condessa de Bolonha.
Catarina era, pois, neta de Pedro de Médicis (1471-1503) que por sua vez era filho de Lourenço, o Magnífico, a quem sucedeu. (Lourenço, o Magnífico, recordo, era neto de Cósimo de Médici – Cosme de Médicis – um dos dois filhos do iniciador da dinastia: João de Médicis).
O consulado de Pedro (1492-1503) foi de má memória. Pedro “não revelou capacidade nem prudência”, sucedendo-se os desastres e os insucessos da sua governação.
Catarina – repito – era neta de Pedro, e a seu pedido foi mandada para um convento, para aí ser educada. Casou, com apenas 14 anos (1533), em Marselha, com o rei de França, Henrique II, filho de Francisco I, a quem sucedeu em 1547. Foi mãe de Francisco II, de Carlos IX (em cuja menoridade foi regente do reino) e de Henrique III.
Mas dos Médicis, nomeadamente de Catarina, já se falou nesta coluna, no dia 9 de Abril; por isso, e a tão curta distância, não me vou repetir.

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Foi há 407 anos (1598), uma SG: Henrique IV, de França, emite o Édito de Nantes, dando liberdade religiosa aos huguenotes (como se sabe, expressão – pejorativa, mas comum – com que os católicos franceses antigamente se referiam aos calvinistas). Reinava em Portugal Filipe I (18º). A Igreja era dirigida pelo papa Clemente VIII (231º).

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Foi há 310 anos (1695), igualmente, como hoje, uma QA: morreu Jean de La Fontaine, escritor francês, celebrizado pelas suas fábulas “escritas num estilo simultaneamente simples e subtil, constituindo um conjunto harmonioso e sensível, cujo brilho se mantém intacto até hoje. Reinava, em Portugal – aquando do nascimento de La Fontaine - D. Pedro II (23º). Pontificava Inocêncio XII (242º).
“Publica sucessivas recolhas de Contos e, em 1668, aparecem os seis primeiros volumes de
Fables Choisies Mise en Vers que atingirão em 1694 o décimo segundo volume”.

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Foi há 262 anos (1743), um SB: nasceu Thomas Jefferson, 3.o presidente dos EUA. Em Portugal reinava D. João V (24º). Em Roma pontificava Bento XIV (247º).
O primeiro acontecimento que o tornaria célebre, foi a Declaração de Independência (1776), da sua autoria. Foi governador do estado da Virgínia (donde era natural e onde morreu em 1826) – cuja Universidade fundou. Fundou, também, o Partido Federalista, que está na génese do actual Partido Republicano.
Antes de se tornar no terceiro presidente dos EUA, foi embaixador do seu país em França e foi o primeiro secretário de Estado dum governo americano.
Foi presidente de 1801 a 1809. “Reclamou o direito de voto para todos os cidadãos americanos, criando assim a «tradição jeffersoniana», orgulho da democracia americana.”
Facto hoje surpreendente, mas, na altura nada estranho: comprou a Louisiana à França.
A este propósito, recordo que anos mais tarde, em 1867, os EUA também compraram, agora à Rússia, o Alasca (separado desta uns 80 Km – pelo estreito de Bering), pelo preço de 7 200 000 dólares.

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Foi há 159 anos (1846), uma SG: em Lisboa é inaugurado o Teatro Nacional D. Maria II. Reinava, precisamente, D. Maria II (30º). Soberano Pontífice era Gregório XVI (254º).

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Foi há 99 anos (1906), uma SX: nasce Samuel Beckett, escritor e dramaturgo irlandês. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). No Vaticano pontificava o papa Pio X (257º).
Nasceu em Dublin e morreu em Paris, em 1989. Fixou-se em Paris em 1938, e a partir de 1947 escreve quase só em francês. Na sua obra, mormente na dramática, em que sobretudo se distinguiu, “espelha-se o absurdo de uma condição humana sem valores e sem Deus, abandonada a si própria à espera de algo que não virá nunca (En Attendant Godot, 1953).
Foi Prémio Nobel da Literatura em 1969.

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Foi há 68 anos (1937), uma TR: nasceu Carlos Avilez, encenador e actor português. Era Carmona ainda o PR. Pontificava Pio XI (259º).
Carlos Avilez começou no Teatro Universitário, passou pelo Teatro Experimental de Lisboa e pelo Teatro Nacional (onde se estreou como profissional em 1956). Foi co-fundador, em 1965, do Teatro Experimental de Cascais de que foi director e “onde apresentou muitas das suas encenações, sempre interpelantes e algumas vezes polémicas”. Foi director do Teatro Nacional de 1993 a 2000.

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Foi há 44 anos (1961), uma QI: desencadeia-se e é imediatamente sufocada uma tentativa de golpe militar que visava derrubar o governo de Salazar. Esta sublevação fez-se de conluio com elementos das forças armadas, entre os quais se encontrava o ministro da Defesa, general Júlio Botelho Moniz, que intentou, junto do Presidente da República, a demissão de Salazar. Américo Tomás era então o PR. Em Roma pontificava o “Bom Papa João”, João XXIII (261º).

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Foi há 42 anos (1963), um SB: nasceu Gary Kasparov, jogador de xadrez russo. Em Portugal continuava Américo Tomás a ser o PR. Em Roma, aproximava-se do fim o pontificado do “Bom Papa João”, João XXIII.

Foi há 30 anos (1975), um DM: começa a guerra civil libanesa que duraria 15 anos e causou mais de 150 mil mortos.
A efeméride é recordada hoje, no Público, por Alexandra Prado Coelho, num artigo intitulado: «Gloria Gaynor cantava I will survive no meio das bombas». Em jeito de introdução, escreve: «Checkpoints, carros armadilhados, raptos de ocidentais, assaltos a bancos e massacres, guerrilheiros palestinianos, milicianos cristãos e muçulmanos, ingerências da Síria e de Israel - o conflito libanês teve de tudo.»
Depois regista, designadamente: «A guerra civil libanesa durou 15 anos e causou mais de 150 mil mortos. Mas tem, como tudo, o seu momento fundador, o incidente que fez explodir as tensões há muito existentes entre os vários grupos étnicos, religiosos, clãs e famílias políticas: o assassínio de 27 palestinianos que viajavam num autocarro no dia 13 de Abril de 1975.
O autocarro atravessava o bairro de Ain al-Rumaneh, um subúrbio de Beirute, quando milicianos falangistas cristãos abriram fogo e mataram todos os ocupantes. Nos três dias seguintes, os confrontos entre cristãos maronitas, por um lado, e os palestinianos aliados a grupos muçulmanos e da esquerda libanesa (a coligação islamo-progressista), por outro, provocam 300 mortos.»

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Foi há 18 anos (1987), uma SG: Portugal e China assinam o acordo de transferência da administração de Macau, a realizar em 20.12.1999. O acordo, por parte de Portugal, foi assinado pelo primeiro-ministro de então, Aníbal Cavaco Silva. Era PR o Dr Mário Soares. Pontificava, ainda, João Paulo II (264º).

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Foi há 16 anos (1989), morreu D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto. Decorria o mandato presidencial do Dr Mário Soares. Pontificava João Paulo II.
Nasceu em 1906. Doutorou-se em Roma, na Universidade Gregoriana, em filosofia e em teologia, no ano de 1928. Designado bispo do Porto em 1952. Em 1954 promove, no Porto, uma marcha de silêncio contra a opressão da Igreja nos países de Leste.
“Em 1958 teve lugar um incidente relacionado com as eleições para a presidência da República, explorado tanto pela oposição como pelo regime salazarista e que teve como consequência confundir a sua acção pastoral com um facto muito mal esclarecido. D. António Ferreira Gomes foi aconselhado a sair do país.”
O que se acaba de relatar, talvez seja uma forma soft de dizer aquilo que então correu mundo: aproximavam-se as eleições em que a UN (Salazar, é evidente, toda a gente sabia) propunha a candidatura do “frouxo e inábil” almirante Américo Tomás (mas feroz defensor da situação, do seu tutor: Salazar). Pela oposição dava brado a candidatura do General Humberto Delgado que - não sendo de forma nenhuma um esquerdista, muito ao contrário – teve no entanto a ousadia de se opor a Salazar (acerca de quem disse a frase que ficou célebre: “obviamente, demito-o”). Rezam as crónicas que Delgado só não ganhou as eleições devido à “costumadas” manobras de bastidores, no manuseamento dos cadernos eleitorais e das urnas… Ora foi neste ambiente escaldante que o bispo do Porto terá escrito uma carta a Salazar, em termos muito contundentes, o que levou o ditador a desterrá-lo.
D. António participou no Concílio Vaticano II e voltou ao Porto em 1969, retomando as suas funções, a “convite”, disse-se, de Marcelo Caetano.
D. António Ferreira Gomes deixou instruções testamentárias para a criação de uma fundação – SPES – instituída com os seus bens e destinada a fins de beneficência, educação e cultura.

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