«O problema não é apenas dos têxteis. A China está a transformar-se rapidamente na "fábrica do mundo" e as suas exportações, sobretudo para a Europa e EUA, não param de crescer a um ritmo que tem sido muito superior ao das importações. (…) O que há de novo é que agora a Europa tem pela frente um colosso económico cujos mercados ambiciona acima de tudo e que tem as suas próprias armas para jogar no jogo da economia mundial.
A China é rapidamente arvorada em "parceiro estratégico" quando se quer vender Airbus e comboios de alta velocidade ou mesmo armamento sofisticado. Passa a ser um reles violador dos direitos sociais, uma ameaça ao "justo" comércio internacional, quando se trata dos têxteis.
Se fizer as reformas necessárias, a Europa acabará por encontrar o justo equilíbrio que lhe permitirá enfrentar o desafio. Portugal já é outra história. Temo que iremos pagar muito caro o facto de termos andado nos últimos anos cantando e rindo à procura do dinheiro fácil.»
«Há crónicas de todos os géneros e feitios. Umas são comentários políticos. Outras têm uma dimensão panfletária. Algumas evocam aspectos da vida pessoal. Outras especializam-se, como Vasco Pulido Valente, em dizer mal de tudo e espalhar um ácido corrosivo sobre toda a realidade. (…)Mas há sobretudo as que gostam de pensar: pensar a política, pensar a vida cultural, multiplicar o espaço das ideias, a sua razão de ser. Exemplos notáveis: Pacheco Pereira, Vital Moreira. E, mais recentemente, Miguel Veiga. (…)As crónicas de Miguel Veiga são certamente difíceis e inesperadas. (…)Veja-se a recente e magnífica crónica sobre os intelectuais. Sem polemismos inúteis, evitando o confronto estéril entre Sartre e Aron, Veiga vai buscar a um e a outro o que contribui para desenhar a figura do intelectual nos nossos dias. Um intelectual que cada vez mais é outra coisa. Isto faz parte do que poderemos chamar "a utopia mínima contemporânea".»
Eduardo Prado Coelho (id, id)
«Claro que a minha resposta, sem ambiguidades, é sim à Constituição Europeia, ou melhor dito: ao Tratado europeu que aprovou o projecto de Constituição para uma Europa a 25. (…)Não é perfeita, mas representa o compromisso possível e, a meu ver, bastante amplo e aceitável, entre as diversas forças político-ideológicas que querem fazer avançar a construção europeia, como julgo ser imprescindível para um melhor futuro dos europeus e para um maior equilíbrio no Mundo.»
Mário Soares (
«Marques Mendes é, como se esperava, o novo presidente do PSD. O ministro de Cavaco e Durão Barroso, e líder parlamentar de Marcelo Rebelo de Sousa, deu o seu grito de Ipiranga e tem agora, tarefa difícil, de provar a si próprio, e depois ao país, que é capaz de despir a pele de número dois e vestir a de líder. De todas as tarefas, é uma das mais difíceis. Depois de anos a cumprir o que os chefes lhe pediam, e todos lhe gabaram a fidelidade, tem agora de convencer que não é apenas um mensageiro mas a própria mensagem.»
Luís Osório (id, id)
«Apesar da sua imagem de modernidade, [João Paulo II] foi um dos Papas mais conservadores de que há memória. Nomeadamente, na temática da contracepção, onde foi um entrave à qualidade de vida de milhões de seres humanos. Como homem de poder que era, a sua personalidade era ambígua. Estava particularmente interessado no combate à pobreza em África e, apesar de milhões de habitantes desse continente estarem infectados pelo VIH, continuou a condenar o uso do preservativo.»
Tiago Rodrigues (id, id)
«Luís Filipe Menezes é um flibusteiro. Vejo-o no sec. XVII, qual pirata do mar das Antilhas, a saquear quem ousasse aproximar-se. Louvo-lhe a coragem, uma virtude rara em muitos políticos. Inquieta-me o seu olhar, quase sempre de través, num topa-tudo ameaçador. Interrogo-me por que razão, há muitos anos, abandonou a Medicina, para aumentar o número de dependentes da política. (…) Menezes sabe que Mendes nunca levará o partido a grandes vitórias e está na sua natureza, como flibusteiro, não ficar parado a assistir. Com o excelente resultado que obteve no congresso, tudo fica em aberto: a candidatura ao Porto, a continuidade em Gaia, um qualquer lugar apetecível. E sempre pode invocar que nunca desertou, mesmo quando tudo corria mal.»
Daniel Sampaio (id, id)
«É verdade que o PSD está assombrado por fantasmas que andam por aí, uns há mais tempo que outros. Marcelo sabe do que fala há anos que se diverte a assombrar os líderes que lhe sucederam no partido. E aqueles que o precederam.
Mas não é só no PSD que isso acontece. Portugal é uma terra de fantasmas desde que a mediocridade nacional resolveu instituir, e ensinar aos mais novos, a fábula de um Rei que se perdeu na sua ambição sem deixar rasto.
Desde então, a história perdura nas brumas da insignificância de um dia de nevoeiro que, naturalmente, jamais resolverá os verdadeiros problemas.»
Raul Vaz (DN, TR 12 ABR 05)
«A leitura do estatuto editorial da Atlântico aponta um caminho difícil e controverso, começando pelo próprio grafismo, em que se encontram leitura e autores de qualidade, insatisfeitos de seguidismo partidário ou qualquer outro.
É um sinal forte que vai ser posto no mercado das ideias e do risco empresarial. Tem, de facto, uma identidade forte e polémica. Única. Ainda bem.
A direita que nele se revê é aquela que contem os germens com que se pode assegurar a liberdade política e económica.
É a direita do forte combate ideológico.
É a direita que confronta o pensamento dominante.
É a direita liberal que reuniu faz 20 anos em Ofir, com Francisco Lucas Pires.
É a direita que aceita as regras da democracia, mas combate, ideologicamente, a Constituição da República.»
É a direita que um país moderno tem que ter, se quiser ser reconhecido como tal.
J M M Cabral (id, id)
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