quarta-feira, outubro 29, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA – 27




Notícias. Fresquíssimas, acabadas de chegar.

O tema da crónica de hoje, do nosso atento “enviado especial”, tem a ver com a correlação de forças nos States. Actualmente e num previsível futuro.
É um muito oportuno esclarecimento. Que, naturalmente, agradecemos ao nosso caro Fernando.
Bem haja, amigo!

Tal como o Fernando, também nós aguardamos "o dia 5 de Novembro para abrir a janela, olhar para o mundo que se imagina para lá do horizonte e sorrir".
Certo que eu, como tantos, com um sorriso um pouco ansioso, convenhamos!




espero bem que falte muito menos do que o senador sugere, gestualmente.

Obama News
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- 20081028 -
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Falta uma semana

Caros amigos,
A uma semana do fecho das urnas, aqui vão algumas observações.
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1. SUPREMO TRIBUNAL
Os membros do Supremo Tribunal são vitalícios. Como são nomeados pelo Presidente e se prevê que, nos próximos 2 anos, pelo menos dois deles possam ser substituídos, o próximo residente da Casa Branca poderá ter uma influência decisiva na alteração da correlação de forças actuais.
Um dos principais problemas (que os sectores mais conservadores gostam de transformar em "papão") é o do aborto. O actual Tribunal tem uma maioria escassa (5 contra 4) que não penaliza o aborto e dá liberdade a cada Estado para legislar nesta matéria. Os que se intitulam de "pro-life" (contra os que se intitulam de "pro-choice") desejam uma
vitória de McCain.
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2. PRESIDENTE
As sondagens apontam para uma vitória de Obama que poderá ser,
inclusivamente, bastante ampla. Mas, sondagens são sondagens e os
resultados finais só serão sabidos depois do dia 4 próximo. Se McCain
perder a Pennsylvania (onde tem 10 pontos percentuais a menos que
Obama nas sondagens dos últimos dias) perderá certamente as eleições.
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3. CONGRESSO - SENADO
Neste momento, dos 100 Senadores, 49 são Democratas, 49 são
Republicanos e 2 são Independentes. Em caso de empate, o Presidente do Senado (que é por direito próprio o Vice-Presidente dos EUA),
intervém. As previsões apontam para um resultado esmagador para os
Republicanos: perderão oito lugares. Isto aponta para uma relação no
Senado, depois destas eleições, de 59 para o Partido Democrático,
contra 41 para o Republicano.
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4. CONGRESSO - HOUSE OF REPRESENTATIVES
Também aqui se prevê uma vitória do Partido Democrático, aumentando a vantagem que já hoje têm.
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5. DISTRIBUIÇÃO DE PODERES
Face a este cenário, depois do dia 4 de Novembro, não é apenas
possível e provável haver um Presidente chamado Barack Obama. Também é possível e provável ter uma maioria democrática no Senado e outra na câmara baixa (House of Representatives). Como é possível e provável que o Supremo Tribunal se mantenha favorável a todos aqueles que são contra a penalização do aborto. Aqui está uma consequência de 8 anos de desvario republicano e de um presidente impreparado.
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6. ABSTENÇÃO
Por um lado, é previsível que a abstenção venha a ser a menor de
sempre, desde que há eleições nos EUA (habitualmente, nas
presidenciais, é de cerca de 50%). Por outro lado nunca houve um tão
grande número de cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais. Fácil é
prever que, nunca como agora, haverá tantos eleitores, tantos votos
para contar. Se, numa situação destas, houver uma vitória, em todas as
frentes, do Partido Democrático é previsível que o Partido Republicano
passe por um período conturbado da sua vida (que já está a viver,
embora tente ser disfarçado por McCain e Palin). Também é previsível
que se confirmem as fragilidades do sistema eleitoral americano que
não está habituado, nem preparado, para uma tão grande participação
eleitoral. A ver vamos o que se irá passar.
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HOJE É FÁCIL RECONHECER QUE 80% DOS AMERICANOS PERCEBEM ISTO. MAS HÁ UNS ANOS ATRÁS, NÃO SÓ POR AQUI, MAS TAMBÉM UM POUCO POR TODO O MUNDO, QUEM SE OPUSESSE ÀS POLÍTICAS ULTRA-LIBERAIS, MILITARISTAS E IMPERIAIS DA CLIQUE QUE DOMINOU ESTE PAÍS, ERA POR VEZES MALTRATADO E
RIDICULARIZADO.
Como senti isso na própria pele, não admira que aguarde o dia 5 de
Novembro para abrir a janela, olhar para o mundo que se imagina para
lá do horizonte e sorrir.
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Boa noite e boa sorte,
fernando
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quinta-feira, outubro 23, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 26





Ora hoje – quase a chegar à meta – temos sondagens...

Miragens?

Esperemos que não. (As mais vantajosas a BO)




Obama News
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- 20081023 -
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Faltam 12 dias...
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Caros amigos,
Acabo de recolher os dados das últimas sondagens e de os comparar com as duas eleições ganhas por Clinton (1992 e 1996) e as duas ganhas por Bush (2000 e 2004).
Neste momento poderá dizer-se o seguinte.
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1
Obama tem praticamente garantidos 260 dos 270 Votos Eleitorais de que necessita para ter maioria no Colégio Eleitoral.
Estes 260 votos são oriundos de 21 Estados: California (55), Connecticut (7), D.C. (3), Delaware (3), Hawaii (4), Illinois (21), Iowa (7), Maine (4), Maryland (10), Massachusetts (12), Michigan (17), Minnesota (10), New Jersey (15), New Mexico (5), New York (31), Oregon (7), Pennsylvania (21), Rhode Island (4), Vermont (3), Washington (11) e Wisconsin (10).
Considerei os Estados em que, neste momento, a média das sondagens é favorável a Obama em mais de 10 pontos percentuais.
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2
McCain terá praticamente garantidos 137 Votos Eleitorais em 17 Estados: Alabama (9), Alaska (3), Arizona (10), Arkansas (6), Idaho (4), Kansas (6), Kentucky (8), Louisiana (9), Mississipi (6), Nebraska (5), Oklahoma (7), South Carolina (8), South Dakota (3), Tennessee (11), Texas (34), Utah (5) e Wyoming (3).
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3
Há 13 Estados onde é possível uma vitória de um ou de outro. Somam 141 votos eleitorais.
Isto significa que, neste momento, nenhum deles tem a vitória garantida.
Convem uma análise mais demorada nestes Estados: Colorado (9), Florida (27), Georgia (15), Indiana (11), Missouri (11), Montana (3), Nevada (5), New Hampshire (4), North Carolina (15), North Dakota (3), Ohio (20), Virginia (13) e West Virginia (5).
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4
Destes 13 Estados há 2 (New Hampshire e Virginia) em que Obama tem quase 10 pontos percentuais de vantagem. Se os vencer somará um total de 274 Votos Eleitorais, o que lhe garantirá a eleição.
McCain está quase na mesma situação noutros 4 Estados: Georgia, Indiana, Montana e West Virginia. Se vencer estes 4 Estados somará 171 Votos Eleitorais.
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5
Restam 7 Estados em que tudo pode acontecer: Colorado (9), Florida (27), Missouri (11), Nevada (5), North Carolina (15), North Dakota (3) e Ohio (20).
Se Obama os ganhasse todos teria uma vantagem esmagadora no Colégio Eleitoral: 371 Votos Eleitorais (contra 171 de McCain).
Se McCain os ganhar todos, a vantagem de Obama no Colégio Eleitoral seria diminuta: 274 (contra 264 de McCain).
É previsível, no entanto, que não aconteça qualquer dessas duas hipóteses. As últimas sondagens dão uma quase confortável vantagem a Obama num dos Estados (Colorado), uma ligeira vantagem (empate técnico) a Obama em 4 destes 7 Estados (Missouri, Nevada, North
Carolina e Ohio) e um empate absoluto em 2 (Florida e North Dakota).

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6
Nalguns dos 13 Estados referidos nos dois pontos anteriores é muito provável que a dúvida se mantenha pela noite eleitoral dentro...
Recordo que nas 4 eleições anteriores houve vários Estados em que as diferenças foram mínimas. Por exemplo: Colorado, Florida, Nevada, New Hampshire e Ohio.
No Colorado, Clinton ganhou por 4, perdeu por dois, Gore perdeu por 9 e Kerry perdeu por 5. Estou a falar de pontos percentuais.
Na Florida, Clinton perdeu por 2, ganhou por 6, Gore perdeu (!!??) por um e Kerry perdeu por 5.
Em Nevada, Clinton ganhou por 2, ganhou por 1, Gore perdeu por 4 e Kerry perdeu por 3.
Em New Hampshire, Clinton ganhou por 1, ganhou por 10, Gore perdeu por 1 e Kerry ganhou por 1.
Em Ohio, Clinton ganhou por 2, ganhou por 6, Gore perdeu por 4 e Kerry perdeu por 2.
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Boa noite e boa sorte,
fernando
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segunda-feira, outubro 20, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 25


os tradicionais símbolos dos democratas (burro) e dos republicanos (elefante)
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«É extraordinariamente empolgante e reconfortante o sistema eleitoral dos States.
Modelar.
E se não é particularmente garante de equidade é seguramente propiciador de "conveniente" estabilidade.

O traço e a cor que o nosso Fernando empresta ao quadro que nos deixa, não é de forma nenhuma carregado e negro. É, sim, realista.
E impressionante.

Mas, vamos ao assunto. Leiam»

Isto dizia eu no post anterior (abaixo).
Parecia premonitório esse meu comentário que aqui reproduzo por razões de economia de esforço para os leitores.
E mais não digo nem acrescento – nem letra nem vírgula – a essa introdução, onde já está tudo o que se poderia dizer acerca da crónica de ontem, ora postada, do nosso Fernando, já na reportagem anterior (24) foi dito.

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NOTA: recordo, apenas, que o distrito (county) de Pinnelas, no estado da Flórida, é aquele onde vive (e onde votaria, se a votar aí tivesse direito) o nosso amigo e “especial enviado” Fernando M.
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Obama News
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- 20081019 –
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Boletim de voto na Florida
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Caros amigos,
Para os que nunca viram um boletim de voto americano, envio as 4 páginas do voto na Florida!
4 páginas??????????? perguntarão...
Para quem não acredita aqui vai...
É só abrirem os ficheiros anexos [aliás, esclareço, é só ver as imagens abaixo, clicando em cima delas para melhor as visualizar]...
...
Algumas notas.
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1
Há 13 candidatos a Presidente. Conseguem dizer 3 nomes?
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2
Há a hipótese de qualquer pessoa votar numa que não é candidata. É só preencherem a negro a elipse respectiva e escreverem um nome. Poderá ser Super Man!
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3
Vão ser eleitos 8 membros para a House of Representatives e um Senador. Estas duas câmaras constituem o Congresso. Os Senadores são eleitos por 6 anos. Os membros da House (câmara baixa) são eleitos por dois.
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4
Vão ser eleitos ainda: Sheriff, Property Appraiser, Supervisor of Elections, County Commissioners (3).
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5
Vários juízes irão ser confirmados ou não.
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6
Serão eleitos vários School Board Members.
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7
Serão eleitos vários Bombeiros.
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8
Eleição para City Commission.
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9
Votadas 3 propostas de alterações à Constituição.
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10
Várias propostas sobre legislação local.
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11
Vários referendos.
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a)
Acham isto confuso?
Muita gente acha... Enquanto, nas eleições presidenciais, a taxa de abstenção é de 50% (dos inscritos nos cadernos eleitorais, naturalmente), nas restantes eleições as taxas de abstenção são da ordem dos 80% e 90%...
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b)
Durante este período só se falou de dois candidatos...
Só dois candidatos é que falaram...
Que é feito dos outros?
Acham bem?
Muita gente acha... Dizem-me que o resto não interessa...
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c)
Durante muito tempo tudo isto só podia ser usado para um escasso número de pessoas, que eram as que tinham capacidade de votar...
Durante dezenas de anos tem havido cidadãos e movimentos de cidadãos para alargar o número dos que se inscrevem e dos que votam...
Mesmo assim ainda haverá dezenas de milhões de americanos que não votarão...
Mas haverá milhões (de todas as idades, cores de pele, religiões) que o irão fazer pela primeira vez!
...
A água continua a correr por baixo das pontes...
...
Um abraço,
fernando
PS: Para quem quer acompanhar sondagens e previsões, sugiro que gravem, nos Favoritos, os seguintes sites:
Mas não se esqueçam que os resultados só se saberão depois do dia 4 de Novembro...
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quinta-feira, outubro 16, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 24

os candidatos apresentados
segundo um critério etário decrescente


É extraordinariamente empolgante e reconfortante o sistema eleitoral dos States.
Modelar.
E se não é particularmente garante de equidade é seguramente propiciador de "conveniente" estabilidade.
O traço e a cor que o nosso Fernando empresta ao quadro que nos deixa, não é de forma nenhuma carregado e negro. É, sim, realista.
E impressionante.
Mas, vamos ao assunto. Leiam

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Obama News
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- 20081016 -
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Sondagens e previsões...
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Caros amigos,
Concluído o último debate presidencial entre Obama e McCain, o resultado passou para 4-0 a favor de Obama/Biden.
Não vos dou novidade alguma porque alguns de vós viram a CNN em directo e outros já leram e ouviram as notícias do dia.
...

1
Uma coisa que toda essa informação não diz é que a democracia americana não dá voz aos outros candidatos. Bem pode a Constituição ser das mais progressistas e abertas! Bem podem os direitos existirem!
Quando não se exercem, é como se não existissem...
Os dois maiores partidos abafam o debate político, monopolizam os poderes, comprazem-se numa eterna alternância! Perante a indiferença de quem vota e quem não vota (que, aqui, é em grande número).

2
Outra coisa que não se fala, a não ser em meios universitários e de estudiosos, é do sistema eleitoral americano e das suas fragilidades.
O sistema não está feito para resultados semelhantes ou empates técnicos. Pura e simplesmente, porque a margem de erro é superior às eventuais pequenas diferenças de voto. O sistema foi feito para homens brancos e poderosos. Ficaram de fora, desde início, os pobres, os pretos e as mulheres. Foram precisas muitas lutas e a participação de muitas consciências para dar, primeiro, o voto aos pobres, depois aos pretos, por fim (faz agora 90 anos) às mulheres!

3
Outra coisa de que não se fala é na possibilidade de fraudes e chapeladas. Os americanos já estão a votar. Por correspondência ou deslocando-se aos círculos eleitorais. Isto é, há americanos que já
estão a votar por eles e por outros. Não vou revelar nomes, mas um ilustre cidadão americano residente na Florida pretendeu enviar o voto da filha, no McCain claro, por correio... e só não o conseguiu porque a filha está inscrita noutro Estado, onde agora vive... Para estes senhores a ideia é simples: impedir o mais possível a participação eleitoral dos mais desfavorecidos, dos emigrantes, dos pretos, das mulheres, enquanto, na sua própria casa, votam por eles, pelas
mulheres e amantes, pelos filhos, pelo cão e pelo gato!...
Desculpem-me o exagero...

4
A última nota que deixo tem a ver com o eleitoralismo e a possibilidade de, nos escassos dias que faltam para o dia 4 de Novembro, tentarem alterar o rumo dos acontecimentos. Acabo de receber
um email de um reformado americano a informar que os reformados vão ter um aumento na reforma pública de 5,8%! O maior aumento verificado nos últimos 24 anos!
É fartar vilanagem! Votem em mim e serão eternamente felizes! Amen!
...
A propósito do assunto deste email (sondagens e previsões), limito-me a enviar novamente, o link para o site que mais utilizo para me informar sobre este tema.

http://www.realclearpolitics.com/epolls/maps/obama_vs_mccain/

Podem ver os resultados das anteriores eleições presidenciais (só não vêem as abstenções porque é assunto de que se não fala... quem não vota é porque está satisfeito!...). Podem verificar o andamento das sondagens Estado a Estado. Podem manipular o mapa eleitoral... Podem
navegar à vontade...
Só têm de saber que o próximo Presidente dos EUA precisa de ter 270 (ou mais) votos no Colégio Eleitoral. Que (em cada Estado) se vencerem por um voto, ou por mil, ou por um milhão, o resultado é o mesmo: quem tiver, pelo menos, mais um voto que o seu adversário, elegerá todos os seus apoiantes membros do Colégio Eleitoral nesse Estado.
No mapa eleitoral, em cada Estado, está o número de pessoas eleitas para o Colégio Eleitoral.
O azul escuro é utilizado nos Estados em que Obama tem uma maioria considerada consolidada. O azul claro é para aqueles em que Obama tem uma maioria mas não muito sólida (neste momento são 4: Colorado, New México, Minnesota e Virgínia). O cinzento é para os empates técnicos (neste momento, 7: Nevada, Missouri, Indiana, Ohio, West Virgínia, North Carolina e Florida).
Quanto a McCain, temos o vermelho para os sólidos e cor-de-rosa para os "leaning" (pequena margem de diferença), que são 2: North Dakota e Georgia.
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Um abraço para todos,
fernando

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terça-feira, outubro 14, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 23

os candidatos no primeiro frente a frente
então resumido pelo Washington Post como
o debate do amável (Obama) contra o mau (McCain)







Hoje, em lugar das minhas palavras introdutórias deixo uma nota e correspondente vídeo que trago do Público.pt.

Apenas um pequeno apontamento: como todos nos lembramos, não é nova esta forma de denúncia e de apresentação do problema da falta de autenticidade nas eleições americanas, e dos escolhos que as dificultam, feita pelos democratas...

Este clip é semelhante a (pelo menos um) anteriores.




«Mundo: Homer Simpson impedido de votar em Barack Obama
14.10.2008
Fonte: Público
O episódio em causa só vai ser transmitido nos Estados Unidos no dia 2 de Novembro, dois dias antes das eleições presidenciais, mas uma das cenas já circula na Internet há algum tempo. Chegado à secção de voto, Homer Simpson tenta votar em Barack Obama, mas a máquina insiste em contar os votos para o candidato John McCain. (Vídeo retirado do YouTube)»



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Obama News
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- 20081011 -
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Mapa Eleitoral e reviravoltas...
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Caros amigos,


1
Para quem não conhece, envio um mapa eleitoral que é actualizado diariamente e que é credível.
Poderão verificar como evoluem as sondagens.
http://www.realclearpolitics.com/epolls/maps/obama_vs_mccain/

2
Reviravolta...
Depois de terem atiçado os apoiantes, a dupla McCain/Palin, viu-se forçada a mudar de rumo.
Primeiro apareceu a Palin a insinuar as ligações terroristas de Obama.
Depois foi o McCain a dar voz aos presentes nos comícios e a fazer perguntas do estilo "Quem é o verdadeiro Obama?"... ao que alguém respondia "Terrorista!"...
A coisa foi em crescendo.
Falavam do Obama e alguém gritava "Kill him!"...
Nos percursos para os comícios os jornalistas perguntavam às pessoas o que pensavam de Obama e a esmagadora maioria dizia "He's a terrorist!"...
Ontem chegaram a gritar "Bomb Obama!", o que não é novidade nenhuma.
Trata-se de um processo utilizado várias vezes para aniquilar pretos e, também, judeus. Coisas da KKK (que continua activa) e de radicais racistas.
Perante tudo isto (e, certamente, não só: apoiantes de McCain a criticá-lo publicamente, estas e outras guerras a influenciarem negativamente o apoio eleitoral e as sondagens) McCain viu-se forçado a dizer que Obama não é árabe, que se trata de um cidadão americano, um bom pai de família, uma pessoa que ele respeita e admira, mas com quem tem profundas divergências.
É patético! A multidão a assobiar McCain! Os seus próprios apoiantes a transformarem-se em mais papistas do que o Papa!
Esta é parte da face suja e ignorante da América profunda... dos Estados do centro onde há gente que pensa com um ou dois séculos de atraso...

3
Reviravolta II
Sarah Palin apareceu como uma eficiente Governadora do Alaska e uma electrizante acompanhante de McCain.
Ontem foi tornado público um relatório de mais de uma centena de páginas, assinado por 10 Republicanos e 4 Democratas, denunciando abusos de poder, enquanto governante. Em último caso poderá vir a ser destituída. Tudo porque, por razões familiares e pessoais, pretendeu obrigar ao despedimento de um ex-cunhado que entrou em ruptura com a sua irmã!
Para além disso são conhecidas as ligações do seu marido ao Partido pela Independência do Alaska, bem como o seu apoio explícito a este Partido...
Até parece que estamos a falar da Madeira!
Cá, como aí, há sempre perdões para esta escumalha...
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Um abraço para todos,
fernando

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segunda-feira, outubro 13, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 22

McCain: Ai qu'o tempo 'tá-m'a fugir...


Um hiato de um dia ou dois entre a data das crónicas do nosso Fernando e a da minha publicação das mesmas, será aceitável, dado que eu não as recebo directamente, mas via um amigo comum.
Mais que isso é que já pode ser culpa minha ou do CP, por razões outras que não a mera incúria. Do que pedimos desculpa aos que sigam este observatório.

Passemos à primeira de duas crónicas que estão em atraso.



Obama News
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- 20081010 -
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Registo de novos eleitores
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Caros amigos,

1
Por entre o lixo imenso que é o combate político por estes lados, uma das últimas notícias do lado dos republicanos é a de haver fraude na inscrição de novos eleitores, desta fraude ser devida a uma organização sem fins lucrativos chamada ACORN e de haver uma ligação entre a ACORN e a candidatura Obama.
Esta é uma das inúmeras mentiras que têm vindo a ser utilizadas ultimamente. Outras estão ligadas a assuntos "velhos" como o do caso do reverendo Wright (muito utilizado pela campanha Clinton) ou o do "domestic terrorist" que nos anos 60 fez explodir umas bombas em vários locais.
Tudo isto tem a ver com a tentativa, que pode resultar ou não, de influenciar o voto dos indecisos e dos chamados "independentes". A técnica é conhecida e, por vezes, resulta: sublinhar o medo e apagar a esperança; usar todos os meios para atingir os fins.
Como não vos quero incomodar com longos emails, envio um link, para os interessados, que tem a ver com o caso ACORN.
http://fightthesmears.com/articles/20/acornrumor

2
Por outro lado, como alguns de vós disseram que viam vários canais americanos em directo, gostaria que me confirmassem se, para além da CNN (Internacional, que é a que recebem, que é diferente da CNN de cá) e da Fox News (idem), se podem ver a MSNBC e, particularmente, os programas Countdown (de Keith Olbermann) e The Rachel Maddow Show.
Trata-se de dois programas de grande nível, virados para abordagem dos temas políticos do dia.
Uma observação. Quando se vê a CNN em Portugal (suponho que se passará o mesmo com a Fox) não se está a assistir, com excepção de alguns poucos programas, à mesma CNN daqui. Aí até se dão ao luxo de fazer algumas críticas ao stablishement. Por aqui, na maior parte das vezes acontece com estes canais o que é reconhecido pelos próprios jornalistas: é tão usual defender o poder em nome do patriotismo (aqui significando o mais radical e ignorante provincianismo e chauvinismo) que os próprios jornalistas se "auto-criticam", se "auto limitam", se "condicionam" para não serem considerados anti-patriotas.
Nós conhecemos estes "tiques" durante meio século em Portugal. Ainda hoje há quem confunda uma crítica ao governo (qualquer que ele seja) com uma manifestação anti-patriótica e anti-nacional.
Por aqui já ouvi jornalistas, os mais importantes, explicarem que, por exemplo, depois do 11 de Setembro, era praticamente impossível manifestarem qualquer crítica ou levantarem qualquer dúvida ou suspeita às posições defendidas por Bush & Cia. O acompanhamento que foi feito aos preparativos e aos acontecimentos relacionados com a invasão do Iraque foi o exemplo mais chocante desta apatia intelectual, desta informação acrítica e deste subordinação ao medo e à impotência.
Houve jornalistas (portugueses) que me disseram que foram enganados. É o que acontece quando se está habituado a aceitar as verdades vindas de um só lado... e isto tem a ver com todos nós...
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Boa noite e boa sorte,
fernando

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domingo, outubro 12, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 21




Soma e segue... Mas atenção: guardar os foguetes. (Foguetes festivos, claro!)
Alô! Fernando em linha. (Com certo atraso da minha responsabilidade. As minhas desculpas)



Obama News
- 20081008 -
McCain Palin 0 - Obama Biden 3


Caros amigos,
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1
Concluídos que estão 3 dos quatro debates entre os principais candidatos a Presidente dos EUA, pode dizer-se que o resultado, neste momento, é de 3-0. Dois debates ganhos por Obama; Um ganho por Biden.
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2
Quanto ao debate de ontem, vale a pena referir algumas sondagens.
a) Fox News. Vista pelo eleitoral mais conservador e radical do Partido Repubicano. McCain 82%; Obama 14%. Esta sondagem não tem qualquer crédito. No entanto, é interessante notar que Obama conseguiu um resultado extraordinariamente alto (14%), tendo em conta o universo
dos eleitores.
b) MSNBC. McCain 13,2%; Obama 83,3%; Empate 1,7%; Indecisos 1,8%. As pessoas que vêem a MSNBC são, na sua maioria, mais democratas e menos republicanos, sendo certo que os radicais e conservadores de direita não assistem às emissões da MSNBC. Os dados a salientar são o número
reduzido de "empates" e de "indecisos" e a óbvia tendência dos chamados independentes" (swing voters) em optarem por Obama.
c) CNN. Das 3 estações será a que abrange um leque mais alargado de espectadores. Poderá dizer-se que cerca de 30% dos espectadores serão votantes habituais dos 2 principais partidos e os restantes 40% estarão no "grande centro" (independentes, swing voters) ou nos
extremos (em pequeníssima proporção). A sondagem tem uma margem de erro de mais ou menos 4%. O resultado geral dá uma vitória a Obama de 51% contra 38%. O aspecto mais interessante é o da votação dos independentes: 54% favoráveis a Obama, contra 28% favoráveis a McCain.
Também é interessante referir que, entre os democratas, os valores são de 85%, contra 5% (o que deita por terra o estafado argumento que as eleitoras de Clinton votariam McCain) enquanto, entre os republicanos, 64% preferiram McCain, contra 16% que preferiram Obama.
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3
Ainda a sondagem da CNN.
É interessante analisar mais de perto a sondagem da CNN.
Melhor performance no debate (McCain 30% - Obama 54%); Líder mais forte (M 34% - O 54%); Mais simpático (M 28% - O 65%); Mais inteligente (M 25% - O 57%); Opiniões mais claramente expressas (M 30% - O 60%); Respostas mais directas (M 37% - O 50%); Mais atenção às
questões colocadas (M 36% - O 50%).
E, finalmente, o que McCain não gostaria que acontecesse. Qual o mais parecido com um político tradicional (pela carga negativa que a questão tem, particularmente, neste momento): McCain 50% - Obama 34%.
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4
Quando as Primárias começaram os assuntos mais importantes eram o Iraque e a política de saúde. A economia aparecia depois.
Isto explica porque foi McCain o escolhido pelos republicanos - tão obcecados estavam com as questões de segurança que preferiram escolher um militar que gosta de encontrar soluções militares para as questões políticas. Arrumaram rapidamente com Romney, pensando, eventualmente, que ele poderia ser escolhido por McCain para Vice-Presidente.
Engaram-se duas vezes. McCain, como qualquer "militar americano que se preze" não ía escolher para Vice-Presidente alguém que lhe fizesse sombra.
Do lado democrático, as coisas começaram a pender para Obama por várias razões (melhor organização e planeamento do que a da equipa Clinton, mais modéstia e trabalho de campo, mais visão nas palavras de ordem e nos objectivos, mais carisma do candidato, etc) mas, sobretudo
por duas: 1) Porque os Clinton foram para as Primárias convencidos que se trataria de uma coroação inevitável; 2) Porque a posição de Obama ácerca da guerra no Iraque era clara, mesmo antes da invasão começar, e Clinton ter permitido com o seu voto que a invasão ocorresse.
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5
Com a hecatombe dos mercados financeiros, a derrocada do ultraliberalismo económico, a identificação da crise sistémica global, as coisas mudaram radicalmente. Hoje, de longe, o principal assunto que preocupa os americanos é a economia e tudo o que com ela está relacionado: habitação, saúde, desemprego, inflacção, insegurança.
Agora, mais do que nunca, é fácil para Obama defender o seu programa e as suas propostas e, obviamente, é mais difícil do que nunca para McCain ver-se livre dos seus fantasmas: Bush a seu lado, ignorância reconhecida na área económica, falta de capacidade de comunicação, imagem de Palin (a quem já se chama - não pretendo atingir as mulheres louras, tanto mais que as que conheço são tão ou mais inteligentes do que as restantes - a morena mais loura dos Estados Unidos da América).
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6
Parece assim traçado o futuro próximo, se alguma coisa de muito grave ou estranho (não quero referir o quê) não vier a acontecer.
Os republicanos votarão McCain na sua esmagadora maioria; Os democratas votarão Obama na sua esmagadora maioria; Os independentes votarão Obama na sua larga maioria.
Se isto acontecer, como é previsível agora que aconteça, no dia 4 de Novembro iremos ver os Estados tradicionalmente democráticos a votarem maioritariamente em Obama, alguns dos Estados tradicionalmente republicanos a poderem mudar de cor e a maior parte dos chamados
"swing States" a darem a vitória a Obama.
Se tal acontecer Obama vai ter uma vantagem confortável no Colégio Eleitoral e, no dia 20 de Janeiro do próximo ano, tomará posse o primeiro Presidente dos EUA de origem afro-americana! Michelle será a primeira dama!
E a História vai deixar de ser o que sempre foi.
Não se espere uma revolução. Mas uma mudança será inevitável. O que se passar nos meses e anos próximos nos dirá se passará a haver mais justiça no mundo, mais participação cívica, mais educação, mais alegria.
...
Como aqui é dia mas aí já noite é,
Boa noite e boa sorte,
Um abraço para todos,
fernando
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quarta-feira, outubro 08, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 20




Onde se fala de esperança, mas não se omite a eventualidade da tragédia. Que não se deseja, mas se teme.

Onde não se esquece o desespero, a revolta, o sofrimento, a impotência de tantos para proveito e talvez (?!) infortúnio de poucos.
É verdade: talvez!!! (Há alguns que conseguirão sair por cima!)

Onde se lança um apelo da maior urgência.

O Fernando conta.



NOTA: crónica deixada na rede a cerca de uma hora do 2º debate entre os dois candidatos à presidência.

A ansiedade devora-nos a todos.








a chegada de Obama, há pouco, esta noite, ao Tennessee, para o segundo debate
Obama News
- 20081006 -
a crise continua...
Caros amigos,
As últimas sondagens apontam para uma provável e folgada vitória de Obama nas eleições de 4 de Novembro.
Nesse dia serão eleitos 538 representantes das diversas candidaturas que, posteriormente, se reunirão em colégio eleitoral para eleger ofuturo Presidente dos EUA. O futuro Presidente tomará posse no dia 20de Janeiro de 2009.
Se Obama conseguir eleger mais 100 representantes do que McCain isso significa que, no Colégio Eleitoral, haverá 319 votos para Obama e 219 para McCain. Este é, apenas, um dos cenários possíveis.
Na base de tudo isto estão as condições concretas em que estas eleições decorrem (descrédito do actual Presidente; cansaço da guerrano Iraque; a crise sistémica da badalada economia global e a derrocadadas políticas ultra liberais defendidas pelo Partido Republicano; o maior nível de desemprego, a maior taxa de inflação e o maior custo de combustíveis dos últimos 20 anos; as personalidades dos diferentes candidatos; a entrada para os cadernos eleitorais de uma nova geração que anseia por uma mudança na superstrutura da política americana) mas, também, o esforço de campanha que se traduziu na inscrição denovos eleitores nos cadernos eleitorais. Orgulho-me de ter participadoneste esforço. Andei por aí a procurar novos eleitores, eu, que nem sequer posso votar. Mas valeu a pena. O período de inscrição nos cadernos eleitorais na Florida foi encerrado hoje, dia 6 de Outubro e o Partido Democrático ultrapassou o Partido Republicano no número de eleitores inscritos. Conseguimos inscrever quase 200 mil novos eleitores.
O que se passou neste Estado aconteceu, igualmente, um pouco por toda a América. É um factor determinante para fazer pender a balança para olado do Partido Democrático.
Por outro lado, cada vez é maior o número de pessoas que, ao ver Obama rodeado pelos principais colaboradores de Clinton na área da economia, acreditam ser possível inverter a situação económica e voltar aos tempos de crescimento vividos antes da era Bush.
Face a esta situação parece que McCain esqueceu a promessa de não fazer uma campanha negativa. Hoje, num comício em New México, perguntava ele "Quem é de facto o Senador Obama?..." ao que um dos presentes gritou "Um terrorista!..."
Hoje, num comício na Florida (num resort para reformadosultraconservadores), Sarah Palin referia as ligações de Obama a umterrorista americano (!?!?), que se sabe ser uma completa mentira, e alguém da assistência gritou "Kill him!" (matem-no)...
Falta menos de um mês para o dia das eleições. Amanhã há o segundo debate entre os candidatos. Mas, pelos vistos, como disse antes, vaivaler tudo, até arrancar olhos. Esperemos que o desespero fique por aíe que nada de mais grave venha a acontecer. Penso que sei o que sabemque eu quero dizer. Boa noite e boa sorte.
fernando
PS: Hoje, um especialista em economia comentava que não será possívelesperar pelo dia 20 de Janeiro para ver o que fará o próximo Governo.
Dizia ele, dando como certa a vitória de Obama, que, no dia 5 deNovembro, Obama e a sua equipa económica deveriam começar a trabalhar com a equipa do actual governo para não se perder tempo. O mercadoestá parado. Os bancos não emprestam a bancos. Os bancos não dão crédito a clientes. As pessoas não compram. As empresas vão entrando em falência. O desemprego vai aumentando. A instabilidade social também. Como a ignorância é um dos panos de fundo de tudo isto, ninguém percebe o que está a acontecer. É imperiosa e urgente uma liderança, uma linha de rumo, uma mudança.
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sexta-feira, outubro 03, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 19

John McCain para Sarah Palin (na antevisão e no traço de Tom Toles)



Depois de ter estado uns meses em Portugal, eis que o nosso “enviado especial” regressou aos EU para, nomeadamente, acompanhar a ponta final das presidenciais naquele país.

E retoma as suas crónicas, curiosamente, pelo fim: pelo derradeiro espectáculo que foi o confronto dos vices dos candidatos democrata e republicano.

Por último, e a propósito da dramática e grave crise que se abateu sobre o mercado financeiro americano, que vai rompendo fronteiras, o nosso amigo deixa um texto, de cariz pedagógico, que circula na rede acerca dessa matéria.

“Ouçamos”, então, o Fernando

Obama News
- 20081002 -
Espectáculo!
Caros amigos,
Depois de quase 3 meses em Portugal, acabo de regressar aos States e ao espectáculo que as eleições proporcionam.
Este é um dos traços culturais mais marcantes desta "sociedade de informação (!?)". Mais do que o conteúdo das coisas, contam os
aparentes resultados, a batalha das audiências, a exploração do
caricato, as sondagens sem qualidade, a opinião de meia dúzia, o
provincianismo de quem se julga no centro do universo.
Ontem foi o segundo debate deste ciclo. Desta vez entre os
vice-presidentes dos dois principais partidos. Comecemos por aqui.
Onde estão os outros candidatos a vice-presidentes? Que oportunidades (nesta que é a badalada "terra das oportunidades") são dadas aos que também estão nestas eleições, mas não pertencem a este imenso "bloco central" constituído pelos Partidos Democrático e Republicano?
No debate de ontem assistimos ao confronto entre quem, apesar de tudo, pretende modificar o status, e quem fala sem parar e sem responder às perguntas incómodas ou para as quais não sabe responder. Assistimos a um Joe Biden assertivo, acusador, sensível e inteligente e a uma máquina falante chamada Sarah Palin, bem preparada na arte de dizer o que convem e de se mostrar ao lado do bébé deficiente como se este
fosse um trunfo da campanha. Sobre isto ninguém falou. Os analistas, comentadores, jornalistas, preferiram, na maior parte dos casos falar da forma e dos tiques das personagens.
No final ficou a saber-se que a tendência de vitória de Obama / Biden continua a consolidar-se. Mas, atenção, o jogo não chegou ao fim e qualquer manobra suja é, não apenas possível, mas provável. Porque aqui vale tudo, até arrancar olhos!

Um abraço,
fernando

PS: Envio um texto que circula na web. Chegou-me por várias vias.
Talvez o conheçam. É um texto simples que mostra como o ultra
liberalismo funciona. Curiosamente, McCain, para ter hipóteses de
vencer estas eleições, deveria opor-se à socialização dos prejuízos
proposta por Bush. Mas seria um jogo demasiado perigoso,
principalmente para quem confessa nada saber de economia. Para quem gosta de propôr soluções militares para problemas políticos, sociais ou económicos, desta vez, não há guerra que o salve!...
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A CRISE DA ECONOMIA AMERICANA

Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000
dólares financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a
valer 1,1 milhão de dólares. Aí, um banco perguntou pro Paul se ele
não queria uma grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu
apartamento como garantia. Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova
hipoteca e pegou os 800.000 dólares.

Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de
valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como
400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do
banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) pra ele, deu um
carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou tv
de plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado,
tudo a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no
cartão de crédito.

Em Agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis
estavam caindo. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em
construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais
liquidez...

O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar
outras casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil. Só que todo
mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava
começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que
seu investimento em imóveis se transformara num desastre.

Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.

Paul foi aguentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as
das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para
revender, mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks,
da TV de plasma e do cartão de crédito.

Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele
tinha que pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava
que já teria revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os
que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul
se danou. Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa que ele
morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento. Os
bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.

Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os
bancos que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas
que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul
quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...

Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que
haviam feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam
transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos
negociáveis. Esses títulos passaram a ser negociados com valor de
face. Com a inadimplência dos Pauls esses títulos começaram a valer
pó.

Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos
estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos
americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.

Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos
foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que
despencou. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em
500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo
pelos 300.000 não havia compradores.

Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava,
como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos
milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam
centenas de bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba.
Acabou.

Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de
emprestar por medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque
não tinham crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia
crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro
emprestado.

O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é
sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.

O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as
taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também
começou a injectar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O
governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de
devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o
consumo porém essas acções levam meses para surtir efeitos práticos.
Essas acções foram correctas e, até agora não é possível afirmar que
os EUA estão tecnicamente em recessão.

O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas.
Até que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para
uma economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para
sacar suas economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da
América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado,
insolvente.

No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado
pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse. Depois disso o
Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano
elas valiam 160 dólares. Durante esta semana dezenas de boatos
voltaram a acontecer sobre quebra de bancos. A bola da vez seria o
Lehman Brothers, um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem saber o
que nos espera na próxima segunda-feira.

O que começou com o Paul hoje afecta o mundo inteiro. A coisa pode
estar apenas começando. Só o tempo dirá.

Dia 15 de Setembro/2008, o Lehman Brothers pediu falência,
desempregando mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de
500 (quinhentos ) pontos no Índice Dow Jones, que mede o valor
ponderado das acções das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de
Valores de New York - a maior queda em um único dia, desde a quebra de
1929 ...

O dia 15 de Setembro de 2008, certamente, será lembrado para sempre na
história do capitalismo.


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Pequenas adições ao texto original:

Hoje, dia 29 de Setembro de 2008, o indice DOW JONES caiu 778 pontos,
sua maior queda de toda a sua história, após a rejeição ao plano de
salvação proposto pelo Governo Bush. Notícia original da CNN:

-- Dow suffers biggest point drop in history, falling nearly 778
points in reaction to House vote rejecting economic rescue.

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