Desde, pelo menos, Outubro passado, quando a Paris-Match colocou o Cardeal Patriarca de Lisboa entre os “papabili”, que essa hipótese de D. José da Cruz Policarpo suceder a João Paulo II tem sido ventilada pela nossa comunicação social.
Não fora tal eventualidade ser alimentada por alguns media conceituados e diria que estávamos, uma vez mais, a incorrer nas nossas habituais demonstrações de provincianismo.
Os nossos media têm insistido junto do Cardeal Patriarca de Lisboa tentando saber da sua disponibilidade para aceitar tal cargo. E claro que ele, embora avance tratar-se de muito remota e pouco provável hipótese, não declina, de todo, a aceitação do cargo se tal se viesse a concretizar.
E, mais curioso, é avançar mesmo, instado pelo Correio da Manhã, nesse sentido, qual o nome que escolheria se tal eventualidade se concretizasse: Clemente, disse, seria o nome que adoptaria.
Ficamos pois, a saber, que uma das hipóteses que se põem é a de o sucessor de João Paulo II ser Clemente XV.
Probabilidade remota e bem pouco provável, também eu creio – atendendo ao carisma e à mediática projecção de muitos dos seus pares.
D. José Policarpo não revelou o porquê desta sua escolha. Penso que não estará arredada a possibilidade de a escolha ter a ver com a palavra clemência.
E isto, não obstante o nome dos últimos papas Clemente terem o seu nome muito ligado a Portugal e sobretudo a Lisboa e à sua Sé.
Clemente XI (243º), cujo pontificado decorreu durante os reinados de D. Pedro II e de D. João V, concedeu à catedral de Lisboa extraordinárias mercês e dignidades, para satisfazer a D. João V. Atribuiu o título de patriarca ao precedência sobre todos os outros arcebispos e bispos, incluindo o primaz (bula de 03.01.1718); tinha a faculdade de sagrar os reis de Portugal (bula de 20.09.1720). E foi ainda este papa que concedeu o título de arcebispo ao vigário geral do patriarcado de Lisboa (bula de 3.10.1718). Clemente XII (246º) Pela bula “Inter praecipuas apostolici ministerii” (17.12.1737) concedeu perpetuamente que a pessoa nomeada patriarca de Lisboa fosse elevada à dignidade cardinalícia no consistório imediatamente seguinte à sua eleição. "O patriarcado de Lisboa ficou assim transformado em miniatura da corte pontifícia. Já em 1722 o papa Inocêncio XIII, aludindo ao esplendor e privilégios da igreja patriarcal, dizia ser esta a mais célebre de todo o mundo..." - Vide “História Eclesiástica de Portugal”, Pe Miguel de Oliveira, União Gráfica, 1948, p 308. Ainda Clemente Xiii (248º) não tinha subido ao trono pontifício e já se desenrolava a luta entre o conde de Oeiras (depois marquês de Pombal) e os jesuítas. E o clima chegou ao corte de relações diplomáticas entre o Governo de Portugal e a Santa Sé, desde 1760 (pontificado de Clemente XIII – reinado de D. José). A Clemente XIII sucedeu Clemente XIV (249º) quando em Portugal ainda decorria o reinado de D. José. Foi no pontificado de Clemente XIV que se restabeleceram as relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé. Na verdade, em 21.07.1773 [uma QA], após 4 anos de luta, o papa publicou o breve “Dominus ac Redemptor”, pelo qual dissolve a Companhia de Jesus. Sem, contudo, a condenar. Foi ainda Clemente XIV que erigiu as dioceses de Beja, Castelo Branco, Penafiel, Pinhel e Aveiro; e dividiu a diocese de Miranda (Bragança e Miranda). |
Mas não creio que sua Eminência esteja a ser movido por tal manifestação nacionalista para a escolha do nome.
Aguardemos mais umas semanas e saberemos, por certo ainda este Mês, quem é o sucessor de João Paulo II, qual o nome do 265º papa.
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