A Casa da Música (CdM) é hoje inaugurada, no Porto, com 6 anos de atraso, relativamente à data inicialmente prevista, e com um custo final que é o sêxtuplo do previsto no início da obra: 100 milhões de €uros.
Assim, a CdM é, nesta Quinta-feira, a grande notícia, aquela que põe todas as outras na penumbra.
A ela dedicam os media, hoje, toda a sua atenção.
O Público traz, mesmo, como encarte, uma revista bem volumosa, de 128 páginas, inteiramente dedicada à CdM: “A casa abre-se à música” – é o seu título.
Do Sumário da revista, respigo:
- As origens. No âmbito do Porto – Capital da Cultura
- Os protagonistas. Nove nomes para ideias arrojadas, empenhos inquestionáveis, escolhas decisivas e, para alguns polémicas (quase) intermináveis. Quem foi quem no caminho da CdM. [Pedro Burmester; Artur Santos Silva; Manuel Maria Carrilho;
- O concurso. Primeiro, os convites a grandes nomes da Arquitectura mundial [“os arquitectos portugueses puseram-se imediatamente de lado, tendo-se apresentado ao concurso apenas sete projectistas: o francês Dominique Perrault, o britânico Norman Foster, o suíço Peter Zumthor, o espanhol Rafael Moneo, o norte-americano Rafael Viñoly, o holandês Rem Koolhaas e o japonês Toyo Ito”]; depois, as três propostas que chegaram [Koolhaas, Viñoly e Perrault]. Caminho aberto para Rem Koolhaas.
- A escolha de Koolhaas.O que esteve na origem da escolha do júri? Obviamente, a ousadia do projecto e a sua capacidade de impressionar o Mundo.
- Perfil de Koolhaas. Nasceu na Holanda, estudou no Reino Unido, trabalha em todo o Mundo. Autor de obras emblemáticas da Arquitectura contemporânea e da célebre frase fuck the context.
- Da habitação à CdM. Ou a arte de transformar uma habitação unifamiliar num equipamento cultural para mais de mil pessoas.
- A engenharia. Na obra, sempre se fala da Arquitectura, mas, para que a ideia se consolidasse em milhares de toneladas de betão branco, foi necessário o génio de uma equipa internacional de engenheiros.
- O decorrer da obra. As dificuldades nas fundações, os cálculos que jamais acabavam: em suma, as derrapagens inevitáveis, no tempo e nos custos.
- Opinião de Jorge Figueira. O crítico de Arquitectura avisa-nos que, na Rotunda da Boavista, Marte ataca, mas, no caso, os marcianos são boa gente.
- Arquitectos em discurso directo. Alguns manifestam ligeiras dúvidas, outros nem tanto. No final, porém, parece que a solução de Koolhaas satisfaz a exigência de alguns dos mais prestigiados pares nacionais.
- A requalificação. A envolvente, o metro e a assinatura de Siza Vieira e de Souto Moura.
- Opinião de Rui Vieira Nery. O musicólogo lembra-nos os desafios que a CdM enfrenta para cumprir o seu papel de serviço público.
- Entrevista com Artur Santos Silva. Rosto emblemático do mecenato nacional, o banqueiro que presidiu à 1ª administração da Porto 2001 revela as suas expectativas para o futuro.
- Opinião de Augusto M. Seabra. O crítico do PÚBLICO reconstitui a memória do processo CdM e aponta caminhos para que se cumpra o seu desígnio.
Estes, alguns dos pontos do extenso Sumário da revista.
E do respectivo editorial (do Director Adjunto do PÚBLICO, Manuel Carvalho) destaco:
«Obra acabada, chega a hora de olhar para o futuro. Perfilam-se dúvidas e, também, muitas certezas. A primeira é que o Porto, uma cidade particularmente afectada pelo desemprego e fragilizada pela sua crescente perda de poder político e económico, ganhou um novo ex-libris: a CdM nunca terá o capital simbólico dos Clérigos, mas, à semelhança de Serralves, aponta para um conceito de cosmopolitismo e de modernidade que sempre lhe esteve nos genes. A segunda é que, apesar das dúvidas sobre o financiamento, a CdM reúne condições para se tornar um lugar de excelência para a criação e a divulgação da cultura.»
Os meus votos dos maiores sucessos à Casa da Música e a todos os que nela trabalham.
1 comentário:
Aprendi muito
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