«É bom que surjam novas revistas - independentemente da orientação que tenham. Porque o mercado parece afunilar-se e tudo depender das mesmas instâncias. (…)
Como encarte do PÚBLICO tivemos a oferta de uma publicação que em princípio deverá tornar-se autónoma: chama-se Atlântico. Segundo Helena Matos, responsável pela direcção, "apostamos clara e conscientemente num projecto inconfundível. Dos tipos de letra usados à opção pela ilustração, a Atlântico é uma revista que tem uma identidade. Forte e polémica. Única. Os textos que publicamos reflectem não apenas a nossa opinião e informação dos seus autores, mas também a nossa determinação em fazer uma revista que rompa com o unanimismo reinante". (…)
Esta marca inicial determina um tom: com algumas excepções que ocorrem como compensações mais ou menos neutras, a maior parte dos colaboradores situa-se na área da direita e na perspectiva politicamente conservadora (embora eu saiba que a excelente jornalista e historiadora que é Helena Matos tem noutras áreas posições avançadas). (…)
Ao mesmo tempo, desta vez no espaço acolhedor do Expresso, temos o Correio Internacional. (…)
A versão portuguesa tem alguns textos de elevada qualidade (incluindo uma crónica de José Gil) e segue um pouco a estratégia do Monde Diplomatique. (…)
Sublinhe-se que estamos perante algo particularmente útil no espaço português. Em primeiro lugar, porque a política internacional não faz parte das preocupações dos portugueses. (…)
Em segundo lugar, porque a multiplicidade internacional de pontos de vista e a atenção a conflitos locais também não está nos nossos hábitos. O Correio Internacional veio preencher uma falta - e desta vez a fórmula não é um mero nariz de cera. A imprensa mundializa-se e esperemos que cada um de nós esteja à altura do desafio.»
Eduardo Prado Coelho (Público, QI 07 ABR 05)
«Nobel da Literatura em 1976, [Saul Bellow] escreveu romances inesquecíveis que marcaram a literatura da América dos anos 50 e 60 do século passado. (…)
"Saul Bellow, com William Faulkner, definiu o caminho da literatura americana no século passado.” - comentou ontem o escritor Philip Roth. (…)
Além de um autor prolífero (mais de uma dezena de romances, novelas, contos, peças de teatro, críticas literárias e ensaios) e de um ávido leitor, Saul Bellow foi, até ao fim da vida, um professor - passou pelas conceituadas universidades de Princeton, Nova Iorque, Minnesota, Boston e durante mais de trinta anos na de Chicago. (…)
"Os professores universitários têm uma maneira muito própria de transformar o texto numa coisa esotérica, impossível de entender sem a ajuda profissional de um académico", censurava Saul Bellow.»
Rita Siza
«O mais autobiográfico e o mais inventivo dos escritores norte-americanos teve duas vidas longas: uma, mais comezinha, que se estendeu ao longo de uns gloriosos noventa anos; outra, a literária, que também não fica muito atrás daquela, nem em glória nem em longevidade. (…)
Tinha tudo o que um escritor pode ter: voz individual, capacidade de criar personagens distintas, curiosidade pelo humano, humor, uma inclinação para cruzar o episódio anedótico com as chamadas grandes questões, percepção aguda da passagem do tempo e das contingências da existência e, não menos importante, uma mangueira de comunicação, continuamente aberta, entre a sua vivência pessoal (maila sua capacidade de reflexão) e as histórias que contava. Nada mau, se virmos bem.»
Rui Zink (id, id)
"Tudo o que um escritor tem de fazer para conquistar uma mulher é dizer que é escritor. É um afrodisíaco."
Frases de Saul Bellow (id, id)
"Nunca temos que alterar nada que nos fez levantar a meio da noite para escrever."
Id (id, id)
"Pegue nos nossos políticos: são um monte de yo-yos. A presidência é hoje o cruzamento entre um concurso de popularidade e um debate de liceu, com uma enciclopédia de clichés como primeiro prémio."
Id (id, id)
"Acho que Nova Iorque não é o centro cultural da América, mas o centro administrativo e de negócios da cultura americana."
Id (id, id)
"A discussão aberta de muitas das grandes questões públicas é tabu há já algum tempo. Não podemos abrir a boca sem sermos denunciados como racistas, misóginos, hegemónicos, imperialistas ou fascistas. Quanto aos meios de comunicação, estão preparados para arrasar qualquer pessoa que receba uma destas designações."
Id (id,id)
"A manifestar amor pertencemos aos países subdesenvolvidos."
Id (id, id)
"Quando pedimos um conselho estamos habitualmente à procura de um cúmplice."
Id (id, id)
«O príncipe Rainier morreu ontem. Apesar de tudo, era um homem simpático que representou bem o papel de monarca de todas as ilusões. Talvez com isso se tenha esquecido de viver.»
Luís Osório (
«Pensa-se muitas vezes que a "morte de Deus" foi para Nietzsche uma constatação libertadora. Muito pelo contrário, tratou-se de uma descoberta desesperante. A sua filosofia pouco mais é do que a tentativa de encontrar um substituto para "Deus".»
Luciano Amaral (DN, QI 07 ABR 05)
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