segunda-feira, maio 23, 2005

SOLTAS


«Só queria que vissem as excursões de todo o país para ver Tony Carreira. Mulheres e mais mulheres, de braços abertos, em delírio. Nem tenho palavras para explicar, sei lá, qualquer coisa entre a Cidade das Mulheres de Fellini e uma missa da IURD.

Quem são estas mulheres? As mesmas que lêem a Maria e a foto-telenovelas. Ou que, nas feiras, compram as cassetes de Marco Paulo, da Ágata e do padre Borga. Trabalham no sector secundário ou, sazonalmente, na agricultura, ou são domésticas que, de manhã, fazem zapping entre o Jorge Gabriel, a Fátima Lopes e o Goucha, e à noite torcem por alguém na Quinta das Celebridades, quem sabe, se na véspera de irem a pé a Fátima.»
José Ricardo Costa (Jornal Torrejano On Line, QI 19 MAI 05)

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«O argumento [do anterior governo] de que a manutenção do actual quadro legal [quanto à despenalização da prática do aborto] era uma premissa da coligação com o PP deitou por terra qualquer solução. Pelo contrário, as corvetas de Paulo Portas acabaram por ditar a lei e fazer a sua vontade: a Marinha como estandarte ideológico da coligação.»
Amílcar Correia (Público, SG 23 MAI 05)

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«À custa de tanto se falar em referendos, corremos o risco de discutir mais sobre o calendário referendário do que propriamente sobre a substância dos problemas.»
Id (id, id)

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«E os problemas não se adiam. Resolvem-se. O problema da política portuguesa é sempre e apenas um problema de calendário.»
Id (id, id)

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«com um Estado social-democrático providencialista e burocrático, e uma sociedade civil estato-dependente, estamos à beira de reconhecer o impasse de uma ingovernabilidade. Sim, é caso preocupante. Governantes e governados, teremos nós a clara percepção do nosso problema, e do modo de o resolver a termo?»
Mário Pinto (id, id)

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«Aquelas declarações [de Isaltino sobre Marques Mendes] inquietam. Primeiro, mostram que alguns políticos estão dispostos a seguir o caminho de acusações falsas mesmo que suicidas.
Depois, revelam que a política serve para ajustes de contas - pois do contexto decorre que o ex-autarca de Oeiras quis sujar Mendes por este, aliás com elegância, ter vetado a sua recandidatura àquela câmara.»

Luís Salgado de Matos (id, id)

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«O estardalhaço procurava o contágio com o escândalo da semana: os políticos vendem despachos. Segundo uma sondagem do Correio da Manhã, só um sexto dos portugueses não acredita nessa venda. Aquele contágio era o subtexto da acusação. Ora vender despachos é crime, sugerir nomes para cargos é desejável. A manobra de Isaltino era tosca.»
Id (id, id)

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«Por um momento, jornalistas e portugueses acreditaram num crime impossível. Esta incapacidade de distinguir entre corrupção e política mostra a fragilidade dos nossos sentimentos democráticos. Uma perturbadora fragilidade.»
Id (id, id)

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«Existem mais de nove milhões de blogs na web e nascem outros 40 mil todos os dias. (…) Qualquer pessoa, com um computador e uma ligação à Internet, pode fazer-se ouvir perante enormes audiências.»
Dulce Furtado / Suplemento Economia (id, id)

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«Se cada português é um treinador de futebol, pode dizer-se que cada francês é, por esta altura, um constitucionalista.»
Paulo Narigão Reis (A Capital, id)

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«E em Portugal, como vai ser? O costume, é claro. A comunicação social vai, como lhe compete, tentar esclarecer os seus leitores, mas dificilmente captará o seu interesse. Os portugueses são treinadores de futebol, não constitucionalistas.»
Id (id, id)

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«Portugal não quer saber de si, quanto mais da Europa.»
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«“Acreditará, pois, e ainda, que “se não fosse o travão que as eleições de Fevereiro puseram, para já, a esta deriva demencial, acordaríamos um dia com o mundo às avessas: uma ditadura de crianças numa democracia de humilhados e ofendidos?”»
António Mega Ferreira (id, id)

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«E travão a quê? À “deriva demencial” que eu descrevia nos parágrafos anteriores e que, genericamente, reconduzira à figura da “empresarialização da política”, querendo com isso, aliás, significar mais a infantilização do político e o deslumbramento novo-riquista pelo lucro empresarial do que a promiscuidade entre interesses económicos e políticos a que assistimos com particular intensidade nos últimos anos.»
Id (id, id)

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«Eu não acho que as eleições de Fevereiro tenham resolvido, em definitivo, esse problema [afastamento da “boçalidade” empresarialista]; mas acredito que foram uma operação-stop, que pode ser correctamente aproveitada para devolver, por separação, às águas em que nos banhamos, a limpidez necessária. A ver vamos.»
Id (id, id)

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«Tudo isto, aliás, sendo importante, não disfarça a questão que mais nos atormenta nestes dias: o défice galopante que, a nada ser feito, atingirá em 2005 os 7% do PIB. É uma questão fechada ou uma questão aberta?»
Id (id, id)

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«Eu gostaria de ver economistas que, sem a suficiência que a pretensa objectividade dos números lhes dá, me dissessem que vias alternativas (mais do que uma, portanto) se põem ao país, fora do estafado refrão do Estado tentacular e da Administração Pública despesista. Ou melhor: incluindo um e outra numa proposta de solução e não vendo-os como um problema que é preciso cortar pela raiz – o que é manifestamente impossível.»
Id (id, id)

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«Isaltino (…), um candidato sob suspeita e que se auto-promove a lançar ódios sobre quem teve a coragem de lhe tentar barrar o caminho.
Esperemos que o avanço da campanha demonstre como o bom carácter é a condição mais importante para um político. Aqueles para quem só os «resultados» contam, sem se preocuparem com os métodos, contribuem para agravar a síndrome e transformá-lo na doença adulta da nossa democracia.»

Daniel Sampaio (id, id)

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«Era bom para o regime se os cidadãos livres de Oeiras entenderem que a «obra feita» só deve ser valorizada, quando a ética foi o principal desígnio que a norteou.»
Id (id, id)

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