segunda-feira, maio 30, 2005

«ALBERTO JOÃO NO PAÍS DAS MARAVILHAS»



O “inefável” Alberto João Jardim é, de facto, o paradigma do populismo. É o mais acabado retrato do demagogo.

Os mimos com que geralmente todos os media o cobrem, quase diariamente, são para ele um motivo de gozação extrema!

Diverte-nos (?!) e diverte-se (sem ! nem ?).

Mas o assunto é sério. Vários o têm demonstrado (salvo os seus cronistas “oficiais” e os seus “gratos” apaniguados e dependentes).

Na passada Sexta-feira foi o director adjunto do PÚBLICO, Nuno Pacheco, no seu EDITORIAL.

Transcrevo-o, já que não está aberto e disponível on line.

E sublinho, a negrito, o que me parece essencial. Que é quase tudo.

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«Alberto João no país das maravilhas

Nuno Pacheco

O défice de Portugal cresce? Ninguém perdoa. E lá vêm, por atacado, medidas drásticas. A Madeira, porém, tem quem a salve de tais males

Quando algo no país não lhe agrada, Alberto João Jardim aponta as baterias "aos políticos de Lisboa." Deve ser uma estratégia psicológica, talvez militar, que lhe ficou dos tempos de exército. Agora que Sócrates explicou a sua versão de "cinto apertado" para o século XXI, comprimido por um défice assustador, Alberto João vem dizer que é "inadmissível que fizessem as regiões autónomas pagar aquilo que não é culpa dos respectivos governos, mas sim dos políticos, não de Portugal, mas de Lisboa". Não há novidade neste discurso, nem sequer na forma como persiste impune. Novidade são as medidas que, em simultâneo, o presidente do Governo Regional da Madeira decidiu decretar para a sua ilha, que é também nossa, e cuja reconhecida beleza lhe foi rendendo os epítetos de jardim, paraíso ou pérola do Atlântico. Pois bem: para mostrar que a crise é um problema dos outros, hoje [SX 27 MAI] há tolerância de ponto (doce e pública ponte atlântica) e este ano haverá mais 890 novos funcionários públicos, isto numa terra onde o sector da administração regional é já consideravelmente maioritário. Pode dizer-se: mas serão menos contratações do que em 2004. Não pode. Serão mais. Mais 11 por cento...
Jardim faz isto só para demonstrar que todos os que para lá dos mares o rodeiam são uns imbecis e uns incapazes. Diz ele, de novo: "Eu pegaria no modelo da Madeira, aplicaria a Portugal continental e depois quero que os "trutas" lá da economia venham dizer que está errado." O problema, para Alberto João, é que os "trutas" teriam dificuldade em aplicar a Portugal inteiro o regime da Madeira, porque, para isso, era preciso que tivéssemos um Portugal maior e mais adulto que concedesse ao seu filho gastador e estouvado uma cada vez maior mesada, sempre com aquele eterno perdão dos pais que permitem aos filhos tudo por amor e apego. A Madeira gasta? O continente paga. Paga e perdoa. Portugal inteiro (Madeira incluída) gasta? O défice cresce? A balança do import/export desequilibra-se? Não há pais que se condoam nem perdoem tais falhas. E lá vêm, por atacado, medidas drásticas. A pérola, essa, tem quem a salve de tais males.
Que Jardim governe a Madeira enquanto os madeirenses para tal maioritariamente o reelegerem é uma prerrogativa que lhe cabe. Que o faça em absoluto desrespeito pelas regras de um país ao qual, quer queira quer não, pertence é que é inadmissível. Como é inadmissível que a sua preocupação central, em relação ao défice, seja apenas esperar que este não tenha reflexos negativos nas transferências do Orçamento do Estado para a respectiva região autónoma. Ou seja: à Madeira não lhe basta ser um jardim, uma pérola ou um paraíso, convém-lhe também ser uma redoma blindada onde se perpetua a salvo de quaisquer crises, económicas ou outras, enquanto a generosidade nacional assim o permitir. Alberto João vive, feliz, no seu país de maravilhas. Mas pago por todos nós.»

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