segunda-feira, maio 23, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005/2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

2005 - Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)

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Completam-se hoje 826 anos (1179), foi numa QA: pela bula Manifestis Probatum, desta data, Alexandre III, "tratando D. Afonso Henriques pelo título de rei, confirmou-lhe e aos seus sucessores a protecção da Santa Sé para defesa da integridade do reino e de todos os territórios que conquistasse aos muçulmanos" (Pe Miguel de Oliveira, História Eclesiástica de Portugal, 116)

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Foi há 469 anos (1536), era uma TR: Paulo III (220º), graças à decisiva intervenção de Carlos V, estabeleceu a Inquisição no nosso país através da bula Cum ad Nihil Magis, desta data, ainda que com algumas restrições. Mas os abusos que, desde o início, a Inquisição portuguesa praticou, levou-o a suspender as execuções do nosso Santo Ofício. Ao que D. João III (15º) respondeu com a expulsão do núncio. Foi Inácio de Loiola que interveio como mediador, para o regresso do núncio. Com quem o nosso monarca nunca se entendeu.

Foi em 1547 que a Inquisição foi definitivamente instituída em Portugal. Reinava o mesmo rei; pontificava o mesmo papa.

Não sei se trata de lapso, ou se será mesmo assim: segundo o Pe Miguel de Oliveira (op. cit, 189) esta bula, de 23.05.1536, através da qual Paulo III concedeu, enfim, a Inquisição no nosso país, tinha o mesmo nome (ou seja, começaria pelas mesmas palavras) que a de Clemente VII (219º), de 17.12.1531, com o mesmo objectivo, mas pouco depois (em Outubro do ano seguinte) suspensa. Segundo o autor que aqui se segue nesta matéria, nessas duas datas (17.12.1531, e 23.05.1536) a concessão foi feita através de rescrito que em ambos os casos se designava por bula Cum ad nihil magis).

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Foi há 387 anos (1618), era uma QA: defenestração de Praga. Em Portugal reinava Filipe II (19º). Pontificava Paulo V (233º).

Os rebeldes da Boémia, liderados pelo conde de Thuan, atiraram pelas janelas da municipalidade os governadores imperiais Martiniwitz e Slawata, facto que motivou a Guerra dos Trinta Anos. Guerra esta que, iniciada nesse ano de 1618, começou por ser uma guerra religiosa entre protestantes e a contra-reforma católica (de que um dos episódios foi aquela defenestração), mas acabou por reavivar as velhas rivalidades entre a França e a Casa de Áustria e que se prolongou até ao Tratado de Vestefália em 1648, que lhe pôs termo.

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Foi há 156 anos (1849), era uma QA: colonos portugueses partem do Recife para Angola onde posteriormente virão a fundar a cidade de Moçâmedes. Isto quando reinava D. Maria II (30º), e quando a Igreja era dirigida por Pio IX (255º).

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Faz hoje 100 anos (1905), foi numa TR: a rainha D. Amélia inaugura o Museu dos Coches. Reinava seu marido, D. Carlos (33º). Pontificava Pio X (257º).

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Faz hoje 84 anos (1921), era uma SG: toma posse o governo de Tomé de Barros Queirós. Decorria o mandato presidencial de António José de Almeida. Pontificava Bento XV (258º).

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Foi há 82 anos (1923), era uma QA: nasceu, no concelho de Almeida, o ensaísta Eduardo Lourenço. Era PR Manuel Teixeira Gomes. Pontificava Pio XI (259º).

“Perscrutador do destino português (O Labirinto da Saudade. Psicanálise Mítica do Destino Português, 1978; Portugal como Destino, seguido da Mitologia da Saudade, 1999; A Nau de Ícaro, seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia, 1999), Eduardo Lourenço iniciou a sua obra ensaística sob o signo da Heterodoxia (1949-1967), o que lhe valeu a suspeição das ortodoxias instaladas, na «situação» e na «oposição». Encontrou no exterior um lugar privilegiado de observação, simultaneamente próximo e distanciado, simultaneamente português e europeu (Nós e a Europa ou as Duas Razões, 1988; A Europa Desencantada, 1994). O seu ensaísmo abrange uma componente política e outra cultural e literária, na qual emerge distintamente como crítico subtil e agudíssimo observador. Renovador dos estudos pessoanos (Pessoa Revisitado, 1973; Fernando, Rei da Nossa Baviera, 1986), a sua capacidade crítica e preparação teórica permitem-lhe uma constante intervenção cultural e uma dimensão especulativa rara entre nós, também porque releva de um pensamento próprio que sabe fixar na escrita com elegância. Outras obras: Tempo e Poesia (1974), Os Militares e o Poder (1975), O Fascismo nunca Existiu (1976), O Complexo de Marx (1979), Poesia e Metafísica (1983) – A Enciclopédia, Público, vol 12, pg 5251.

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Completam-se hoje 79 anos (1926), era um DM: a República do Líbano é proclamada pela França.

Em Portugal era PR Bernardino Machado. No Vaticano pontificava Pio XI (259º).

A completa independência do Líbano só se concretizaria, porém, em 1946, com a retirada das últimas tropas francesas.

Recorde-se que o actual Líbano é onde era a antiga Fenícia

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Faz hoje 70 anos (1935), era uma QI: é fundado o INE (Instituto Nacional de Estatística). Era PR o general Carmona. Pontificava. Pontificava Pio XI (259º).

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Faz hoje 24 anos (1981), era um SB: criação da secção portuguesa da Amnistia Internacional. Era PR, na altura, o general Ramalho Eanes. Pontificava João Paulo II (264º).

Amnistia Internacional, Organização não governamental internacional defensora dos Direitos Humanos destinada a ajudar as pessoas que foram privadas da liberdade devido apenas a ideias políticas, ou ao credo religioso ou à etnia a que pertencem, desde que não tenham recorrido à violência ou apelado para ela. Fundada em 1961, atendendo ao trabalho desenvolvido em prol dos presos políticos, recebeu o Prémio Nobel da Paz de 1977.

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Faz hoje 14 anos (1991), que foi numa QI: em Bruxelas, o escritor Vergílio Ferreira, com cerca de 75 anos, recebe o prémio Europália 91. Era presidente da República, em Portugal, o Dr Mário Soares. Pontificava João Paulo II.

Vergílio Ferreira nasceu em Melo, em 1916. Licenciado em Filologia Clássica, foi professor de liceu. Escritor de fortíssima personalidade, revela em toda a sua obra uma dúvida permanente perante a existência, tendo encontrado o seu próprio caminho face ao neo-realismo e ao existencialismo sartriano ou camusiano, correntes que o influenciaram em momentos diferentes do seu percurso intelectual. Fascinado pela solidão do homem e pela incapacidade de comunicação entre os indivíduos, a sua obra — num perpétuo movimento de aproximação e distanciamento de Deus, sem nunca perder porém o sentido do religioso e do sagrado — é o desdobrar da dúvida frente à existência terrena que desemboca no absurdo. A veia especulativa que a sua ficção aflora, tem plena expressão no ensaísmo, onde mostra erudição e particular senso crítico — vejam-se os vários volumes de Espaço do Invisível e o volume Pensar. No diário em vários volumes, sob o título de Conta-Corrente, atinge grandes momentos de reflexão, de mistura com uma prosa em tom menor sobre assuntos comezinhos. É um dos grandes escritores portugueses do século xx” – A Enciclopédia, Público, Vol 9, pg 3652. Algumas obras: O Caminho Fica Longe (1943), Manhã Submersa (1954), Carta ao Futuro (1958), Aparição (1959), Cântico Final (1960), Estrela Polar (1962), Alegria Breve (1965), Para Sempre (1983) - vencedor do Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores -, Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990), Na Tua Face (1993), Cartas a Sandra (1996). Além do acima referido prémio, cuja entrega hoje se comemora, recebeu ainda o Prémio Fémina (1990), e o Prémio Camões (1992).

Morreu em Lisboa em 1996, com cerca de 80 anos.

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Completam-se hoje 11 anos (1994), foi numa SG: Palma de Ouro em Cannes para o filme Pulp Fiction, do realizador Quentin Tarentino, que conta com a participação da actriz portuguesa Maria de Medeiros. Era PR em Portugal, o Dr Mário Soares, já no seu segundo mandato. Pontificava, ainda, João Paulo II.

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Na mesma data no teatro São Luís, estreia Europa Não! Portugal Nunca! do autor português Mário Viegas, em que este também intervém como actor.

Mário Viegas nasceu em Santarém, em 1948.

Co-fundador do Novo Grupo (1982) e da Companhia Teatral do Chiado (1988), passou pêlos Teatros Experimentais de Cascais (1969-1971) e do Porto (1985-1987), pelo Grupo Teatro Hoje

(1976-1977), pelo D. Maria II (1980) e por A Barraca (1977-1979), dando espectáculos também no estrangeiro.

Fixar-se-ia depois no Teatro-Estúdio lisboeta a que foi dado o seu nome, onde se tornou encenador. Popularizou-se na televisão através do programa Peço a Palavra e, sobretudo, das séries Palavras Vivas e Palavras Ditas. No cinema participou em filmes de José Fonseca e Costa Kílas, o Mau da Fita, 1980; Sem Sombra de Pecado, 1983; A Mulher do Próximo, 1988), Artur Semedo (O Rei das Berlengas, 1978), e Manoel de Oliveira (A Divina Comédia, 1991), Roberto Faenza (Afirma Pereira, 1995).

Morreu em Lisboa, em 1996, com cerca de 48 anos.

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