terça-feira, maio 17, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)
Dia Mundial das Telecomunicações
Dia Nacional da Noruega.

.

.

Foi há 495 anos (1510), era uma SX: morreu Sandro Botticelli, pintor italiano. Em Portugal reinava D. Manuel I (14º). Sumo Pontífice era Júlio II (216º).

O seu verdadeiro nome era Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi. De Alessandro passar a Sandro, compreende-se. Já quanto ao Botticelli, era o nome que davam a seu irmão Giovanni, que, por ser gorducho chamavam “barrilzinho” (botticelli). E este sobrenome agradou de tal forma a toda a família que todos adoptaram Botticelli.

Sabe-se que Sandro nasceu em Florença, mas não se sabe ao certo se em 1444 ou em 1445.

Muito perto de Botticelli morava a família Vespucci da qual, um seu descendente, Américo Vespucci (1454-1512), negociante e explorador, viria a dar o nome à América. Ora estes Vespucci eram fiéis amigos dos Médicis, senhores de Florença, que sempre protegeram Botticelli. Não só lhe fizeram encomendas até à sua morte como o recomendavam a clientes de nomeada, começando logo pelos membros poderosos da família.

Botticelli chegou à pintura por via indirecta: foi ourives, profissão muito seguida nessa época e pela qual começaram a sua formação muitos artistas do Renascimento. Foi a conselho do seu segundo irmão mais velho, António, que era ourives, que Sandro enveredou pela actividade, onde já então se distinguia “por um sentido particular das formas decorativas, um traço que se pode notar em todas as suas pinturas”. Terminada essa aprendizagem, muda de planos. É por isso tardiamente (em termos do que era comum nessa actividade) que Sandro Botticelli inicia a sua formação de pintor, com Fra Filippo Lippi. Tinha cerca de dezoito anos de idade.

“Na sua obra, Botticelli mostra-se receptivo tanto às aquisições do Renascimento introduzidas por Masaccio, como às tendências do gótico tardio”. Daí o estudo das esculturas da antiguidade, “cujos ideais se encontram nos seus nus. Pela sua graciosidade e subtileza, as personagens femininas revelam as afinidades de Botticelli com as tendências do gótico tardio. Mas bastante longe de se contentar em reproduzir o encanto e a beleza das personagens no contexto cénico das alegrias da mitologia ou da religião, as suas telas contêm um teor filosófico, político e religioso que transforma as imagens em chaves que ajudam à compreensão da cultura e da política florentinas na segunda metade do século XV. Botticelli possuía o talento excepcional de transpor as concepções dos seus clientes para uma linguagem formal compatível com o fundo pictórico, o que fez dele um dos pintores mais disputados do seu tempo” (Botticelli, Barbara Deimling, Taschen).

Ao mesmo tempo que estudou com Lippi, em Prato, a composição, a mistura e a preparação das cores, na pintura, dedicou-se também à aprendizagem das técnicas dos frescos e da pintura dos quadros.

A Adoração dos Magos é uma das sua primeira obras originais, realizada por volta de 1465-1467, três a cinco anos depois de se ter iniciado com Lippi. “Em particular no arranjo das numerosas personagens, revela falhas ao nível da composição”. “Este quadro introduz a longa tradição das ‘Adorações’ de Botticelli, de entre as quais cinco ficaram para a posteridade”. A frequência deste tema não é apenas uma característica de Botticelli, mas da Florença de então, onde existia a “Compagnia dei Magi”, uma das mais importantes confrarias de Florença.

Além de A Adoração dos Magos, existem desta fase de Botticelli alguns quadros de Virgens: por exemplo, A Virgem e o Menino com um Anjo, A Virgem e o Menino com Dois Anjos e o Pequeno São João Baptista, A Virgem e o Menino com Dois Anjos. Costuma comparar-se a tela de uma das virtudes, Temperantia (cerca de 1469-70), de Pollaiuolo com a Fortitudo (1470) de Botticelli: “as duas pinturas faziam parte de um ciclo que decorava inicialmente uma sala de tribunal de Florença onde se julgavam litígios entre mercadores. O ciclo mostra sete virtudes, que deviam servir de aviso e de incitamento tanto para juízes como para os acusados. Para a sua Temperantia (Temperança), Pollaiuolo representa uma mulher que mistura vinho com água, enquanto Botticelli, para Fortitudo (Força), escolheu como atributo um bastão de marechal” (id).

A Virgem e o Menino com Seis Santos (cerca de 1470): “o primeiro retábulo de Botticelli mostra em primeiro plano, ajoelhados, os santos dedicados à medicina, Damião e Cosme. À direita da Virgem, colocou São João Baptista, santo padroeiro de Florença, e Maria Madalena. À sua esquerda, São Francisco de Assis e Santa Catarina de Alexandria” (id).

Uma das suas Adorações é A Adoração dos Magos (Adoração Del Lama), de cerca de 1475. “Este quadro é um trabalho encomendado pelo novo-rico Guasparre del Lama. Na sua representação dos Reis Magos e do seu séquito, Del Lama tinha encomendado os retratos de membros da família dos Médicis para exprimir a sua ligação a esta poderosa família. Na multidão de adoradores, reconhecemos à direita Botticelli, que olha para o observador, como era então corrente fazer-se quando se tratava de um retrato de artista” (id).

A Virgem e o Menino com Cinco Anjos (A Virgem do Magnificat), 1480-81: “No século XV os tondi estavam muito divulgados e serviam para decorar palácios privados ou as casas das associações. Este tondo [redondo?] é o mais precioso dos que Botticelli realizou. Não utilizou tanto ouro em mais nenhum outro. O ouro era naquela época a cor mais cara e a quantidade de metal utilizado dependia do consentimento daquele que fazia a encomenda” (id).

Revolta contra a Lei de Moisés (Conturbatio), cerca de 1481-82: “o fresco contém o aviso do papa Sisto IV [212º da sucessão], dirigido a todos os que tentassem opor-se à sua autoridade papal: como acontecia antigamente com os mentores da revolta contra Moisés, eles são ameaçados com sanções divinas” (id).

A Primavera, cerca de 1482: “Botticelli retomou aqui um conto mitológico de Ovídeo, poeta da Antiguidade: o deus do vento Zéfiro perseguiu a ninfa Clóris e transformou-a em Flora, deusa das flores da Primavera. A composição representa o império de Vénus (no centro da imagem), no qual penetram o Amor e a Primavera com a sua abundância de flores. O quadro foi certamente executado para Lorenzo di Pierfrancesco de Médicis, por ocasião do seu casamento, em 1482” (id).

“A evolução estilística de Botticelli revela-se completamente se compararmos a sua Judite com a Cabeça de Holofernes do fim dos anos 90, com a que ele pintara cerca de trinta anos mais cedo. Enquanto a imagem era então dominada pelo movimento e graciosidade viva, aqui impõe-se a simplicidade e a concentração” (id).

Em 1500 Botticelli pinta O Nascimento Místico, a única obra do artista datada e assinada.

Em 1504, Botticelli é membro da comissão que deverá debater o local mais conveniente para a estátua de David, de Miguel Ângelo, com quem contactara em 1496.

Sandro Botticelli morre aos 65-66 anos e é enterrado no cemitério de Ognissanti, hoje sob inúmeros edifícios.

.

.

Foi há 478 nos (1527), era uma SX: em Greenwich, o arcebispo Warham inicia um inquérito secreto sobre o casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão, sendo este o primeiro passo para o divórcio. Reinava, em Portugal, D. João III (15º). Pontificava, em Roma, Clemente VII (219º).

.

.

Foi há 469 anos (1536), era uma QA: o arcebispo Cranmer declara o casamento de Henrique VIII e Ana Bolena inválido; Ana Bolena é executada no dia 19. Em Portugal ainda reinava D. João III. Mas agora o Soberano Pontífice era Paulo III (220º).

.

.

Completam-se hoje 288 anos (1717), era uma SG: nasceu, em Viena, Maria Teresa, arquiduquesa da Áustria. Em Portugal reinava D. João V (24º). Pontificava Clemente XI (243º).

Foi também imperatriz da Alemanha e rainha da Hungria e da Boémia.

Era filha do imperador Carlos VI.

A jovem rainha viu-se no maior risco de desmembramento dos seus domínios, mas salvaram-na a “cavalheiresca fidelidade dos húngaros”, o apoio da Inglaterra e, sobretudo, o seu resoluto espírito.

Sucedeu-lhe seu filho José (I).

.

.

Faz hoje 105 anos (1900), era uma QI: nasceu Ayatollah Khomeini, líder da revolução iraniana. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). Leão XIII (256º) era o papa pontificante.

.

.

Completam-se hoje 90 anos (1915), foi numa SG: toma posse o governo de José Ribeiro de Castro. Estávamos na Presidência de Manuel de Arriaga. Bento XV (258º) era o papa de então.

Assunto abordado na “memória” de ontem (v/ respectivo ponto 11)

.

.

Faz hoje 65 anos (1940), era uma SX: o governo português e a Santa Sé assinam, no Vaticano, a Concordata e o Acordo Missionário. Carmona era o PR. Pontificava Pio XII (260º).

.

.

Faz hoje 64 anos (1941), era um SB: morre, em Lisboa, com cerca de 83 anos, o filólogo e etnólogo José Leite de Vasconcelos. O PR era o general Carmona. Decorria o pontificado de Pio XII (260º).

Leite de Vasconcelos nasceu em Tarouca em 1858. Formado em Medicina em 1886, veio a ser professor de filologia na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi ainda o fundador do Museu Etnológico de Belém, que dirigiu até 1929.

Intelectual multifacetado, “a sua obra conta-se por centenas de publicações, mantendo-se ainda inéditos alguns dos seus trabalhos”. Da sua vastíssima produção refiro apenas, a título de exemplo, Religiões da Lusitânia (3 volumes: 1897, 1905 e 1913); Antroponímia Portuguesa (1928), Etnografia Portuguesa (3 vols: 1933, 1936 e 1942, este já publicado postumamente). Fundou, ainda, e dirigiu, várias publicações periódicas de interesse cultural elevado como, vg, o Arqueólogo Português, órgão do Museu Etnológico que hoje tem o seu nome.

.

.

Faz hoje 58 anos (1947), era um SB: é inaugurado, em Lisboa, o Pavilhão dos Desportos, com a jornada de abertura do III Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins, que Portugal vence pela primeira vez. Carmona era o PR. Pio XII era ainda o papa.

.

.

Faz hoje 46 anos (1959), foi num DM: é inaugurado, em Almada, o monumento a Cristo-Rei. Era Américo Tomás o PR. Pontificava João XXIII (261º).

.

.

Foi há 31 anos (1974), era uma SX: no teatro São Luís, primeira actuação do cantor português Sérgio Godinho em palcos portugueses. PR era o general Spínola. Pontificava Paulo VI (262º).

.

.

Faz hoje 28 anos (1977), era uma TR: é inaugurada, na Gulbenkian, a exposição de pintura da portuguesa, residente em França e naturalizada francesa, Vieira da Silva que compreende 85 obras a têmpera, relativas ao período de 1929 a 1975. Era PR o general Ramalho Eanes. Prosseguia o pontificado de Paulo VI.

.

.

Foi há 27 anos (1978), era uma QA: feita a tradução de Os Bichos, de Miguel Torga, para francês, a obra é premiada em França. PR continuava a ser o general Ramalho Eanes. Continuava, também, o pontificado de Paulo VI.

.

.

Faz hoje 23 anos (1982), era uma SG: é concluído o restauro do palácio de Palmela, que fora destruído por um forte incêndio. Era ainda o general Ramalho Eanes o PR. Pontificava João Paulo II (264º).

Sem comentários:

free web counters
New Jersey Dialup