segunda-feira, maio 23, 2005

SOLTAS DE DOMINGO, 22 MAIO


«Maio de 1968 pôs em causa tudo. Foi uma época cheia de exageros mas não se pode acusá-la de falta de jeito para slogans. Dizia-se, então: “O que queremos: tudo!”. Raramente um programa político foi tão claro.»
Ferreira Fernandes (Correio da Manhã, DM 22 MAI 05)

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«Acontece, porém, que os anos, quando não matam, dão patine: a Eurovisão faz 50 anos, o que num programa equivale aos mil de uma catedral.»
Id (id, id)

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«Se o leitor reparar, com Eurovisão e Constituição Europeia há um fio comum, Europa. O ‘Liberátion’ reparou e por isso saltou sobre o assunto.»
Id (id, id)

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«Em 1974, a Itália referendava o divórcio pela mesma altura que se realizava o festival. Azar para a cantora italiana que não viu a sua canção transmitida para o seu país porque o título da canção ‘Sí’, parecia um apelo a um sentido de voto.»
Id (id, id)

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«Um candidato não têm de cantar na língua do país que representa: como, agora, aconteceu com os nossos 2B, que não é “dois bê”, mas “tú bi”, como se sabe, tanto em Mangualde como em Oslo. A vontade integradora é, aliás, a principal vantagem do festival. E antiga: em 1957, a canção belga era ‘Tralala’; em 1962, a finlandesa, ‘Tipii-ti’, em 1968, a espanhola Massiel cantou ‘La, la, la’... E assim por diante: ‘Boum-Bang a Bang’ (1969), ‘Ding, Dinge Dongen’ (1975), ‘A-ba-ni-bi’ (1978)... Não se veja nisto facilitismo, mas vontade de nos percebermos uns aos outros. Mesmo quando não há nada para dizer. Afinal, Bruxelas, pode dizer-se, é uma filhota da Eurovisão.»
Id (id, id)

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«Como platónico agustiniano, só ele tem acesso à verdade. Só ele pode saber onde está o bem e o mal. Nem o próprio Karl Rahner - o maior teólogo alemão da segunda metade do século XX - foi recebido no mundo de Ratzinger: "Ao trabalhar com ele [durante o Vaticano II], apercebi-me de que, ainda que tivéssemos muitos pontos e aspirações em comum, do ponto de vista teológico vivíamos em dois planetas distintos."»
Frei Bento Domingues citando Andrea Tornielli (Público, DM 22 MAI 05)

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«Perguntar-se-á: na Igreja, una e plural, ícone da Trindade, há lugar para os habitantes do planeta teológico e espiritual de Karl Rahner? Bento XVI está obrigado a dizer que sim. A Igreja é de Deus e, por isso, a nossa casa de família.»
Frei Bento Domingues (id, id)

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«Em Fevereiro, a opinião de corredor e de almocinho dava a Sócrates dois mandatos. No princípio deste mês, passou a dar um. Daqui a um ano, desconfio que nem isso dá. Não por causa da oposição. A oposição é o défice e, tanto quanto se pode ver, no futuro previsível o défice arrasará qualquer governo. E, de governo em governo, arrasará o regime.»
Vasco Pulido Valente (id, id)

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«Se não estás comigo, és meu inimigo. É mais ou menos isto que George W. Bush diz desde o 11 de Setembro. Quem não está com os Estados Unidos na guerra contra o terrorismo, conflito abrangente que, na doutrina do presidente americano, inclui a invasão/ocupação do Iraque, está contra ele.»
Paulo Narigão Reis (A Capital, id)

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«Na semana passada, o absolutismo de Bush teve um adversário à altura. George Galloway, deputado britânico, foi ao Senado americano defender-se das acusações de estar envolvido no escândalo do Petróleo por Alimentos (programa cujo nome por si só chega para perceber como o mundo é, de facto, um lugar muito feio...).»
Id (id, id)

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«Perante a habitualmente pachorrenta e politicamente correcta assembleia dos senadores, Galloway deu um exemplo corajoso de eloquência que, para o imaginário americano, deve ser preciso recuar até James Stewart e a Mr. Smith Goes to Washington. E os senadores ouviram, de cabeça baixa e calados, Galloway pôr em causa a sua guerra contra o terrorismo»
Id (id, id)

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«Os jornais são uma alegria diária, mas lá que deprimem, deprimem. As grandes notícias até fazem rir, mas as pequenas podem ser mortíferas.»
Miguel Esteves Cardoso (Diário de Notícias, id)

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«É óbvio que os políticos perdem credibilidade quando dizem uma coisa e fazem outra. Mas José Sócrates está convocado a ser comparado aos seus antecessores, podendo ser diferente.
E a diferença reside num simples pormenor a escolha entre o país e o partido. Ou seja: Sócrates tem uma oportunidade, primeira e única, de privilegiar o colectivo penalizando o interesse partidário.»

Raul Vaz (id, id)

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«José Sócrates não deve adiar mais a sua decisão. Não deve nem pode, se for capaz de interpretar a responsabilidade que os eleitores lhe conferiram.
O PS governa em maioria absoluta, tem toda a liberdade para impor as soluções que a situação económica do país exige. Assumindo, com coragem, o risco de ser penalizado em futuras eleições.»

Id (id, id)

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«O país precisa do realismo de Luís Campos e Cunha e dispensa, neste tempo de dificuldades, o facilitismo de Jorge Coelho. José Sócrates está obrigado a escolher.»
Id (id, id)

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«Os governos [de países do hemisfério sul] preparam-se para colocar riqueza nacional ao serviço de um projecto de pura propaganda ideológica»
Diogo Pires Aurélio (id, id)

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«O Governo Sócrates vai ter de combinar várias receitas e inovar. Sob pena de ficar condenado ao discurso do fio dental.»
Armando Rafael (id, id)

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Eles andam aí, de facto. E ainda sobram os que se entregam aos evangelizadores supermercados da fé, do género pague um lugar no céu, receba dois e um talão desconto contra maus-olhados.

É uma seita. Comem carne que não é carne, queijo que não é queijo, chocolate que não é doce, rissol e croquete de soja. Quando bebem, normalmente é porque sim ou para esquecer. Apaixonam-se como quem vai aos saldos, amam em dias e a horas certos e buscam o orgasmo como Indiana Jones procurava, de chicote, a arca perdida.

O tempo é de alerta. Estamos cercados. Cercados.

Um dia destes, damos com o Primeiro-Ministro a empurrar nuvens imaginárias e então, sim, será tarde.
Miguel Carvalho (Visão, QI 12 MAI 05)

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