quarta-feira, maio 18, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
Ano Internacional do Microcrédito.
Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)

Dia Internacional dos Museus.

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Foi há 530 anos (1475), era uma QI: nasceu D. Afonso, o único filho de D. João II (13º), o “Príncipe Perfeito”, e de D. Leonor (tinha ela 17 anos). Reinava seu avô, D. Afonso V (12º). Pontificava Sisto IV (212º).

O príncipe D. Afonso, porém, morreria muito novo, aos 13JUL1491, com 16 anos, na sequência de um desastre (queda de um cavalo) na Ribeira de Santarém, ao correr com D. João de Meneses, comendador de Aljezur, o páreo, ao longo da margem do rio Tejo.

O infante casara no ano anterior, aos 03NOV1490, com a princesa D. Isabel, filha dos reis católicos de Espanha (Castela), Fernando e Isabel.

Jaz no mosteiro da Batalha, sepultado ao lado do seu avô D. Afonso V.

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Faz hoje 206 anos (1799), era um SB: morreu, em Paris, com cerca de 67 anos, Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, comediógrafo e dramaturgo francês. Em Portugal decorria a regência de D. João (VI). No Vaticano estava Pio VI (250º) na cadeira de Pedro.

Beaumarchais nascera em Paris em 1732. “Foi agente secreto e traficante de armas, envolvido em especulações e processos famosos. Num pleito defende-se redigindo quatro Mémoires, muito espirituosas que o tornaram célebre”. Inicia-se como dramaturgo com dois melodramas exemplares: Eugénie e Les Deux Amis. Em 1775 alcança um enorme sucesso com Le Barbier de Séville ou La Précaution inutile. A 27 de Abril de 1784 consegue que seja representada a sua peça Le Mariage de Fígaro ou La Folle journée, que, tendo estado proibida por muitos tempo, alcança, então, um grande êxito.

Beaumarchais “criou a tradição de um teatro construído sobre o mecanismo da intriga e o trocadilho de palavras espirituosas e cuja trama é constituída pela sátira política e social. A verdadeira originalidade de Beaumarchais reside sobretudo no seu sentido agudo do cómico, no entusiasmo dos diálogos e no engenhoso da intriga, assim como no ritmo contínuo das peripécias.

O seu Barbeiro de Sevilha inspirou Rossini e com As Bodas de Fígaro inspirou Mozart.

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Faz hoje 177 anos (1828), foi num DM: D. Miguel é aclamado nos Açores. Pontifica Leão XII (252º).

Caía o último reduto que se mantinha fiel aos liberais, logo à princesa D. Maria da Glória.

Mas, como surgiu D. Miguel como rei de Portugal? É uma oportunidade para abordar a questão. Mas, para isso é preciso recuar um pouco no tempo. Não muito.

«Metternich [o ministro dos negócios estrangeiros da Áustria – e recorde-se que o imperador da Áustria era avô de D. Maria] detestava a Carta, mas queria que D. Maria da Glória, neta do seu imperador, fosse rainha, e que casasse com D. Miguel, que seria príncipe consorte. Pensava o chanceler austríaco que com essa «fusão de direitos», como ele dizia, se contentariam as pretensões dos dois ramos da Casa de Bragança — como se somente de tal fusão se tratasse aí, e não de uma transacção entre duas ideias políticas. A 04.10.1826 jurou o infante a Carta Constitucional em presença de Metternich e dos ministros plenipotenciários de Portugal e do Brasil, e mandou em seguida ao papa o pedido de dispensa para o casamento com a sobrinha. Em Portugal, entretanto, ocorriam vários pronunciamentos absolutistas, e, pouco depois, a invasão do País pêlos anti-constitucionais refugiados em Espanha, seguindo-se uma guerra civil que só veio a terminar pela derrota destes, e seu internamento no reino vizinho, em Março do ano seguinte. Os esponsais de D. Miguel com D. Maria celebraram-se em Viena a 29.11.1826.

A 03.07.1827. D. Pedro, no Rio, nomeou D. Miguel seu lugar-tenente em Portugal. Ao receber tal notícia, o infante escreveu ao irmão uma carta em francês, em que dizia: «Sire. j'ai reçu le decret que Votre Majesté Impériale et Royale Très-Fidèle a daigné m'adresser en date du 3 juillet, par lequel Votre Majesté a bien voulu me nommer son Lieutenant et Régent des Royaumes de Portugal, des Algarves et de leurs dépendances,

et, en me conformant aux déterminations souveraines de Votre Magesté, je m'occupai aussitôt de prendre lês dispositions nécessaires pour me rendre à Lisbonne, afin de remplir les vues sages et paternelles de Votre Magesté, en gouvernant et régissant les dits royaumes conformément à Ia Charte Constitutionelle que Votre Magesté a octroyée à Ia Nation Portugaise. Tous mes efforts tendront à maintenir les institutions qui régissent le Portugal et à contribuer, autant qu'il será en mon pouvoir, à Ia conservation de Ia tranquilité publique dans ce pays, en m'opposant à ce qu'elle soit troublée par des factions, qui n'auront jamais mon appui, quelle que soit leur origine».

Em carta à infanta D. Isabel Maria participava-lhe que aceitava os títulos de lugar-tenente e de regente, prometia manter ilesas as instituições outorgadas por D. Pedro e declarava estar na intenção de reprimir as facções que, debaixo de qualquer pretexto, tentassem perturbar a ordem, fazendo com que erros e culpas passadas fossem entregues a um total esquecimento.

Foi a 22.02.1828 que desembarcou em Lisboa.»

E o texto prossegue com o desassombrado historiador e aprimorado prosador Oliveira Martins: «”Esperava-se que o infante desembarcasse no Terreiro do Paço, e o Senado da Câmara tinha preparado grinaldas e bandeiras; mas o povo todo já corria a Belém, porque se soubera que D. Miguel desembarcaria aí, subindo pela calçada direito ao paço, a Ajuda... O desembarque, o trajecto até ao paço, foi um triunfo: um trovão de «vivas», um desespero de gritos, um dilúvio de flores, bandeiras, colchas, foguetes e girândolas Gritavam as bocas abertas entre as faces arroxeadas pelo calor, pela fadiga, e as mulas do coche real trotavam nédias subindo a calçada, entre as alas dos archeiros vestidos de vermelho, com alabardas. Não era um entusiasmo cândido, abraços ingénuos, sorrisos e faces satisfeitas, como quando a burguesia aclamara a Constituição, dois anos antes, em Lisboa e no Porto: era um entusiasmo ardente, insultante, ameaçador. Não havia pombas brancas e laços azuis: havia a cor vermelha da força e do sangue, havia a plebe rugindo uma vitória, o princípio de uma desforra. Era o clamor de uma guerra, não a falaz embriaguez de uma ilusão”.

O seu partido arrastava o infante, obrigava-o a esquecer as promessas, as generosas intenções de concórdia. Diz o mesmo historiador: “D. Miguel, envolvido na nuvem inebriante do Triunfo, restaurado à sua terra, às suas antigas afeições, violento e simples, servo ingénuo das impressões, incapaz de as dirigir por um raciocínio frio; ele, o infante, aclamado e ungido por um clamor de vozes, alucinado, como a fera cega pela capa vermelha do toureiro, estacou, tremeu, e converteu-se — decidido a investir com fúria, baixando a cabeça, cerrando os olhos, rugindo uma ameaça longa”. Segundo Lorde Carnavon, “foi D. Carlota Joaquina quem, tomando o leme das mãos débeis do filho, com pulso colérico mas não hesitante navegou para o porto em mira, repelindo a rota mais segura por ser mais demorada, impávida perante a borrasca desencadeada em volta dela”. Referindo-se a um período um pouco posterior, escreveu o historiador brasileiro Oliveira Lima: “a Rainha e o filho andavam meio arredados; entre eles sobreviera certa frieza, a substituir o antigo afecto, porque ambos queriam, se não governar exclusivamente, pelo menos prevalecer no governo. D. Miguel era ciumento da sua autoridade e não a entendia repartida: D. Carlota Joaquina tinha um fogoso carácter político e era impetuosa no dominar”. O certo é que se iniciou imediatamente o movimento de regresso ao absolutismo e uma violentíssima perseguição aos liberais, a que Oliveira Lima chamou “os desvarios do regime absolutista”. Representou D. Miguel a cerimónia do juramento da Carta; uns disseram, porém, que não pronunciara de facto o juramento, encobrindo-o o duque de Cadaval enquanto jurava, ao passo que outros afirmaram que pusera a mão enluvada, não sobre os Evangelhos, mas sobre um exemplar do desbragado poema Os Burros, de José Agostinho de Macedo, luxuosamente encadernado para o efeito. De posse da governação, demitiu o ministério e nomeou outro, composto por absolutistas. Presidia-o o duque de Cadaval, sendo ministro do reino e da marinha Oliveira Leite, depois conde de Basto, homem odiento e crudelíssimo. Nomearam-se novos generais das províncias e novos comandantes dos corpos do exército, transferiram-se oficiais, demitiram-se magistrados. Substituíu-se o intendente geral da polícia por outro mais de feição e mais violento, aumentaram-se os efectivos da policia de Lisboa e do Porto, e dissolveram-se mais tarde os corpos em que se não confiava inteiramente. Enviaram-se da capital emissários a fim de estimularem pelo País as aclamações a D. Miguel como rei absoluto, e as câmaras municipais receberam dos generais das províncias circulares em que se lhes recomendava que representassem a D. Miguel a conveniência de tomar a coroa com absoluta soberania, estando o Desembargo do Paço autorizado a demitir os desembargadores que se não conformassem. A Imprensa, dirigida pela Censura, caluniava e insultava os liberais, e dos púlpitos soltavam-se sobre as multidões de fiéis as maldições contra os ‘pedreiros-livres’ e as apoteoses de D. Miguel. A 13.03.1828 promulgou-se o decreto que dissolvia a Câmara dos Deputados; a 02.04 era D Miguel aclamado pelo senados da capital, de Coimbra e de Aveiro; a 05.05 representou a nobreza, reunida pelo duque de Lafões no seu palácio, e saiu o decreto convocatório dos Três Estados, sendo que nas cartas de convocação do dia seguinte se recomendava às câmaras municipais que só escolhessem para procuradores do povo as pessoas não suspeitas de opiniões liberais, ao passo que a circular do intendente geral da policia, de Ï7 classificava de ‘subornados’ os votos dos afectos a D. Pedro e à Carta. “Pela cidade havia medo dos caceteiros furibundos, a quem o João Paulo Cordeiro, contratador do tabaco, distribuía cobres, fadigoso, incansável, dizendo a todos: deixai desabafar o povo! As lojas fechavam, os timoratos recolhiam-se; e o tropel, de cacete em punho com as folhas em branco, em busca de assinaturas para o auto lavrado pelo senado, seguia aproveitando tudo... Tudo assinava, tudo assinou. O entusiasmo e o medo, a estupidez e a inocência, a venalidade e o ódio, aclamavam D. Miguel”. (Oliveira Martins).

A isto responderam por fim os liberais com uma série de levantamentos pelo País» - GEPB, vol 17, pgs 202 e sgs.

Era a guerra civil. A luta fratricida e ideológica.

Assim «A 07.04.1831 D. Pedro abdicou a sua coroa de imperador do Brasil e partiu para a Europa, decidido a pôr-se à frente dos liberais. A situação em Portugal era tensa, porque se chegara ao auge da perseguição» (id).

Seguiu-se o desembarque no Mindelo. Depois vieram as derrotas dos absolutistas em Almoster e na Asseiceira e por fim a Convenção de Évora-Monte de 26MAI1834: a rendição absoluta e definitiva de D. Miguel e dos absolutistas.

À curta regência de D. Pedro segue-se o reinado de D. Maria II.

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Completam-se hoje 147 anos (1858), que foi numa TR: D. Pedro V (com 21 anos) casa com a princesa D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen; mas, pouco depois (17JUL1859), a Rainha morre vítima de difteria. E virgem, confirmam alguns historiadores. Era o Sumo Pontífice, então, Pio IX (255º).

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Faz hoje 137 anos (1868), era um DM: nasceu Nicolau II, o último czar da Rússia. Em Portugal reinava D. Luís (32º). Pontificava Pio IX (255º).

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Faz hoje 133 anos (1872), era um SB: nasceu Bertrand Russell, filósofo inglês. Reinava em Portugal D. Luís (32º). Pontificava Pio IX (255º).

«Filósofo e matemático inglês (1872-1970). As ideias morais, pedagógicas e políticas deste aristocrata inglês, que expôs com vigor e ironia e aplicou com surpreendente obstinação, fazem esquecer o essencial da sua obra, ou seja, a construção rigorosa de uma lógica matemática e, fundamentada nela, de uma filosofia analítica.

(…) Em relação com o problema dos “universais”, sobre o qual se debruçou várias vezes, pensava que o realismo do senso comum se aproxima mais da verdade que o idealismo.

Embora a sua obra mais conhecida seja a que escreveu entre 1910 e 1913 em colaboração com Alfred North Whitehead, Principia Mathematica, não se podem esquecer os seus brilhantes e concisos ensaios, nomeadamente O Conhecimento Humano, seu Fim e seus Limites (1948), A Aventura do Pensamento Ocidental, a História da Filosofia Ocidental, (…) e O Método Científico em Filosofia.

Bertrand Russell recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1950 pelo conjunto da sua obra.

Espírito livre, pronunciava-se sobre todos os problemas da actualidade.

Em Misticismo e Lógica (1918) e em O Casamento e a Moral (1929) não hesitou em atacar as opiniões mais correntes, as quais julgava falsas. (…) As suas obras mais acessíveis são A Conquista da Felicidade (1930), Filosofia para Um Profano e Terá o Homem Um Futuro?

Já no fim da vida chegou mesmo a escrever um romance entre o fantástico e o policial, Satanás nos Subúrbios, que é uma defesa dos deserdados. As suas Memórias descrevem com humor uma vida dominada pela audácia e a independência de pensamento que o levaram a participar no tribunal internacional contra os crimes de guerra no Vietname.

Bertrand Russell não escapou, porém, a uma certa sistematização que lhe valeu muitas inimizades» - A Enciclopédia, vol 18, pg 7503 (a 1ª do volume).

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Faz hoje 96 anos (1909), era uma TR: morreu, em Surrey, com cerca de 81 anos, George Meredith, escritor inglês. Em Portugal reinava D. Manuel II (34º). Pontificava Pio X (257º).

Nascido em 1828, em Portsmouth, foi poeta, romancista e “jornalista político de tendências liberais e progressistas”. O seu primeiro sucesso literário foi The ordeal of Richard Feverel (1859).

The Egoist (1879) é considerado a sua obra-prima.

“Os seus romances, escritos por vezes num estilo elíptico, mas de uma psicologia subtil e de um humor impiedoso, influenciaram Marcel Proust e outros escritores”.

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Faz hoje 94 anos (1911), era uma QA: morreu, em Viena, com cerca de 51 anos, Gustav Mahler, compositor e chefe de orquestra austríaco. Em Portugal era PR Manuel de Arriaga. Em Roma pontificava Pio X (257º).

Nasceu em Kalisch, Boémia, em 1860.

Desde cedo se revelou dotado pianista e compositor.

“Tudo levava a crer que Mahler tinha renunciado à composição, pois dedicou-se exclusivamente à carreira de chefe de orquestra”. Apresentou-se em todas as grandes cidades europeias dirigindo óperas de Wagner, Verdi, Mozart, etc.

Mas não: compôs “nove sinfonias, poderosas e monumentais, de uma originalidade por vezes marcada pelo esoterismo, mas de espantosa técnica musical”.

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Faz hoje 70 anos (1935), era um SB: nasceu o maestro Manuel Ivo Cruz. Carmona era o PR. Romano pontífice era Pio (259º).

“Chefe de orquestra português formado no Conservatório Nacional e no Mozarteum de Viena. Tem dirigido orquestras em Portugal e no estrangeiro, suscitando aplauso e reconhecimento. Tem ministrado cursos de direcção de orquestra” – A Enciclopédia, vol 6, pg 2487.

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Foi há 69 anos (1936), era uma SG: uma revolta militar, liderada por Emílio Mola e Francisco Franco, dá início à guerra civil espanhola. Em Portugal governava Salazar e era PR o general Carmona. Pio XI era o soberano pontífice.

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Completam-se 31 anos (1974), era um SB: o governo português apela aos chefes guerrilheiros de Moçambique para que apresentem condições de paz, com o objectivo de pôr fim a 13 anos de guerra colonial naquele território. PR era então o general Spínola. Pontificava Paulo VI (262º).

O executivo que fez este apelo foi o I Governo Provisório, que dois dias antes, 16MAI, tomara posse, chefiado pelo Prof. Adelino da Palma Carlos, e que integrava elementos do PS, do PCP, do PPD, do MDP/CDE e independentes.

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Completam-se hoje 85 anos (1920), que foi numa TR: nasce o polaco Karol Josef Wojtyla, que viria a ser cardeal e que foi eleito papa, aos 58 anos, a 16.10.1978, tomando o nome de João Paulo II e que foi o 264º papa, a contar com Pedro. Em Portugal o PR era António José de Almeida. Pontificava o antecessor, no nome, do papa que lhe havia de suceder, Bento XV (258º).

João Paulo II sucedeu a João Paulo I (263º) cujo pontificado durou apenas 33 dias. O pontificado de João Paulo II duraria por mais de 25 anos (o segundo ou 3º pontificado mais longo da história da Igreja).

Morreu em 02ABR, às 21:37 locais (em Lisboa: 20:37).

Papa polémico, controverso, para alguns. Os media definiram-no, em geral, como politicamente avançado, mas moralmente conservador.

Das maiores polémicas do seu longo pontificado de quase 26 anos, foram as relacionadas com a matéria da contracepção, designadamente a sua firme e feroz oposição ao uso do preservativo, pesasse embora que milhares e milhares de pessoas morressem no mundo, sobretudo em África, vítimas da sida (HIV).

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Faz hoje 25 anos (1980), era um DM: nos EUA, o vulcão de Santa Helena entra em actividade pela primeira vez desde 1857, devastando uma área com cerca de 600 km. Em Portugal era PR Ramalho Eanes. O sumo pontífice era João Paulo II (264º).

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