terça-feira, maio 10, 2005

D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES


Iniciam-se hoje, no Porto, as comemorações do centenário do nascimento do seu antigo bispo, D. António Ferreira Gomes, que se prolongarão por um ano, até 10MAI2006, que é quando se completa o centenário.

E começam com a transferência da estátua do prelado para um local mais adequado.

As comemorações são organizadas pela diocese e pela Fundação Spes, a que se associam a Fundação Engenheiro António de Almeida e o Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes.

Informou ainda a Lusa que as comemorações integram tão diversas iniciativas como concertos, uma fotobiografia e um congresso sobre a vida e a obra de D. António.

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O bispo D. António Ferreira Gomes teve a ousadia de enfrentar a ditadura salazarista.

Não que D. António fosse considerado uma personalidade muito progressista (no sentido que geralmente se atribui ao vocábulo). Seria, antes, e talvez naturalmente, uma personalidade conservadora. Porém com algumas exigências no campo social, que via serem completamente postergadas pelo regime do Estado Novo e a sua ditadura.
E foi esse o aspecto focado na carta que dirigiu a Salazar nesse dia 13AGO1958 – pouco depois do escândalo que foram as eleições presidenciais de 08JUN desse ano.

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Claro que Salazar e a sua polícia política não brindaram o bispo com o “campo da morte” do Tarrafal, com o forte de Peniche ou com as masmorras do Aljube. Isso seria para “outros” atrevidos “comunistas”.
Sua Excelência Reverendíssima apenas seria condenado ao exílio. Em Roma. Que durou 10 anos. Não porque esse fosse o limite da pena (que deveria ser perpétua) mas o limite ocasional, resultante da morte do juiz condenador e de nova avaliação do problema por parte do seu sucessor.

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De notar que nesses idos (ditadura), eram muitos os pides que eram fervorosos praticantes da religião tradicional. Mas muitos deles, no seu excesso de espiritualidade (e de zelo?) não perdiam, por nada, era as homilias de um Monsenhor Adriano Botelho, na igreja de Alcântara (nos anos 40 de 1900) – por acaso (só por acaso) deportado para a Patagónia pelo mesmo inexcedível juiz – e de um Padre Mário de Oliveira, na freguesia da Lixa, ali para Felgueiras, já nos anos 70 da mesma centúria – e a quem terá salvo, de idêntico rigor, entretanto, a revolução dos cravos.

É apenas uma memória.

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