sexta-feira, maio 20, 2005

AINDA O TRATADO DA CONSTITUIÇÃO EUROPEIA


Quando esta manhã postei a minha reflexão “Sim?... Não?...”, antes de ter dado uma olhadela aos media, não se tratou de nenhuma premonição. Foi uma pura coincidência: o Público trazia um trabalho de Fernanda Ribeiro e Patricia Vieira Ferreira intitulado, imagine-se, “Vozes pelo "não" à Constituição europeia organizam-se em Portugal”.

O que acontece é que o problema se agudiza com a proximidade da respectiva votação e com a organizada e persistente campanha do não. E mais ainda, quando se sabe que os ventos que sopram da Europa vêm com uma carga muito negativa.

E por cá, como vão as coisas?

Do PC e do BE já conhecemos o sentido do voto. Claramente definidos, em termos partidários, são os que sem quaisquer tibiezas se pronunciaram com antecipação.

E em termos individuais?

Alguns, ainda que conotados com certas posições que apontam para o sim… Vêm dizer não.

«António Barreto, se há um ano tinha dúvidas, é agora um esclarecido adepto do "não"» - refere aquele trabalho.

E depois de ter concordado com movimentos como o de Pacheco Pereira (referência ao “Sítio do Não”), diz que não tenciona participar em tais campanhas. Embora admita dar o seu contributo pessoal sobre o assunto.

«Um dos principais argumentos que levam António Barreto a encarar apenas uma intervenção pessoal reside no facto de no "não" caber um caldeirão de pessoas com ideias muito diferentes. " Pelo "não" hão-de aparecer eurocépticos, antieuropeus, antifederalistas, gente da extrema-esquerda a dizer não à UE, outros porque não querem a Turquia na UE e vai aparecer gente da extrema-direita e os integralistas, enfim, vai haver um enorme ruído. Eu que sou antifederalista, mas não antieuropeu, gosto de saber com quem estou, não quero ter surpresas"» - adianta-se, ainda, no mesmo artigo.

Mas as surpresas (?) não ficam por aqui:


«O constitucionalista Jorge Miranda, também apoiante da posição de Pacheco Pereira, subscreveu o apelo pelo "não" à Constituição europeia e, em declarações ao PÚBLICO, afirma-se disponível para participar num movimento pelo "não": "É provável, embora seja necessário ver em que moldes."
Para o constitucionalista, importante é um debate esclarecedor sobre o Tratado, declarando que a simultaneidade do referendo com as eleições autárquicas pode levar a uma "maior participação", mas a um "menor conhecimento"»
- lê-se também ali.

«No Abrupto, Pacheco lançou o desafio: "Está na altura de criar um movimento, um fórum de debate público, um ajuntamento, seja lá o que for, para explicar por que razão se deve pensar duas vezes antes de assinar de cruz um tratado cujas implicações podem ser trágicas para quem deseja uma Europa unida, mas uma Europa de nações e não uma híbrida construção transnacional, pouco democrática"» – explica-se Pacheco Pereira, segundo as mesmas jornalistas.

Na verdade, o que se pretende é que cada um de nós que, sobre o assunto, vai ser chamado a pronunciar-se, o faça esclarecido sobre a motivação que o conduz a tomar posição.

O mencionado artigo de hoje mais não faz que transmitir a “ânsia” que muitos sentem sobre o silêncio que, de um dos lados, se mantém. Afinal aquilo que, de manhã, eu transmitia no meu post.

Debate, precisa-se. Para tomarmos a nossa posição e não a de outros.

Debate precisa-se e com urgência. E com elevação.



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