quinta-feira, maio 26, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005/2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
2005 - Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)

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Faz hoje 484 anos (1521), era um DM: o Édito de Worms (Vórmia, em português) impõe a expulsão do império de Martinho Lutero (1483-1546). Em Portugal reinava D. Manuel (14º). Em Roma pontificava Leão X (217º).

Em 1505 Martinho Lutero torna-se frade dos Agostinhos, e dois anos depois é ordenado padre. Doutorou-se em 1512. Pouco depois “descobre” o alcance de uma passagem de uma Epístola de S. Paulo aos Romanos, como sendo “o reconhecimento da justiça de Deus como uma justiça que acolhe gratuitamente o pecador”. Entendimento que era contrariado pela pregação que então se fazia das indulgências, sobretudo por J. Tetzel. Assim, em 31OUT1517, publicou as suas 95 teses, que foram logo condenadas pela Cúria Romana.

Um debate tem lugar em Leipzig, em 1519, onde Lutero contesta algumas das bases do catolicismo, entre elas o primado do papa. Em 1520, a bula Exsurge Domine, de Leão X, condena as suas teses. Lutero queima a bula e é excomungado, em 1521.

O recém-eleito imperador Carlos V, em 6 de Março de 1521, citava Lutero para comparecer na Dieta [antiga assembleia deliberativa em vários países] de Wormes. Aí Lutero torna a defender a sua posição e o Imperador, em 26 de Maio do mesmo ano de 1521, juntou a sua condenação à do Papa, e determina o desterro de Lutero.

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Foi há 200 anos (1805), era um DM: Napoleão é coroado rei de Itália na catedral de Milão. Em Portugal decorria a regência de D. João (VI). Pontificava Pio VII (251º).

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Completam-se hoje 183 anos (1822), era um DM: nasceu, em Nancy, Edmond Goncourt, escritor francês. Em Portugal reinava D. João VI (27º). Pontificava Pio VII (251º).

Edmond Goncourt (1822-1896) tem um lugar de primeiro plano nas Letras, graças ao Prémio por si instituído e que é em França o mais prestigioso galardão literário, concedido anualmente desde 1902 (salvo em 1914 e em 1940), mediante a apreciação por um júri de dez membros.

Irmão, mais novo, de Edmond Goncourt, foi Jules Goncourt (Paris, 1830 - ihíd., 1870). E como escreveram a sua obra em colaboração, é difícil saber qual a parte que pertence a cada um deles. “Os seus gostos, as suas curiosidades, as suas concepções literárias, são as mesmas. Adeptos da écriture artiste, escrevendo num estilo brilhante, precioso e requintado, a sua linguagem está cheia de termos estranhos, de construções complicadas. Deve-se-lhes o terem dado a conhecer em França a arte do Japão, que inspirou os impressionistas, e o terem redescoberto o século XVIII francês. A sua carreira começou com obras históricas. Minuciosamente documentados, fazem reviver o século XVIII, com paixão e realismo, descrevendo nos seus romances diferentes meios sociais. As obras mais conhecidas são Germinie Lacerteux e Madame Gervaisaís. Deixaram um diário (Journal), que não foi publicado integralmente senão em 1956, e que é extraordinário documento sobre a vida do seu tempo. Edmond, após a morte do irmão, publicou os romances: La Filie Elisa, Lês Frères Zemganno, Chérie; ensaios: Actrices du XVIIIeme Siècle, e obras sobre a arte japonesa: Outamaro e Hokonsai.”

Edmond Goncourt morreu em Champrosay em 1896.

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Faz hoje 171 anos (1834), era uma SG: assinatura da Convenção de Évora-Monte, pondo fim à guerra civil (nos termos da convenção D. Miguel tem de exilar-se definitivamente). Pontificava Gregório XVI (254º).

Nesta data, após prolongada luta entre os dois irmãos, filhos do defunto rei D. João VI, o já auto-proclamado imperador do Brasil, D. Pedro, e D. Miguel, o irrequieto, o definitiva e profundamente absolutista e visceralmente anti-liberal príncipe - então "rei" -, dá-se a vitória decisiva do herdeiro normal do trono, o mais velho, D. Pedro: em Évora-Monte - mas depois de deixar pelo caminho muito sangue e morte, no cerco do Porto e nas batalhas da Asseiceira e Almoster.

Regressa-se, pois, ao regime da carta constitucional.

À curta regência de D. Pedro segue-se o reinado de D. Maria II.

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Completam-se hoje 131 anos (1874), era uma TR: morreu Joaquim António de Aguiar, político português. Reinava D. Luís (32º). Pontificava Pio IX (255º).

Doutorado em Leis em 1815, é chamado (1816) à cátedra. Chegou a ser conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Liberal convicto e activo, exila-se depois do fracasso da Belfastada (1828), regressando com a expedição de D. Pedro (1832). Inicia então a carreira de estadista: ministro do Reino (1833) e da Justiça (1834) ficou conhecido por o «Mata-Frades», por ser o autor da lei da extinção das ordens religiosas. Voltará por diversas vezes a ocupar cargos ministeriais (1841, 1860, 1866). Embora anti-setembrista, jura a Constituição de 1838. (Entrada elaborada com base nas enciclopédias).

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Completam-se hoje 85 anos (1920), era uma QA: nasceu, em Lisboa, Rúben A., escritor e investigador. Era PR António José de Almeida . O sumo pontífice era Bento XV (258º).

Ruben A. – como sempre assinou – era o pseudónimo de Rúben Andresen Leitão (1920-1975). Licenciado (1946) em Histórico-Filosóficas, fez depois uma pós-graduação o Kmg's College, em Londres, onde foi também leitor de português entre 1947 e 1952. “Arbitrariamente afastado foi, entre 1954 e 1972, funcionário na Embaixada do Brasil em Lisboa. Exerceu notável acção cultural no âmbito das relações entre os dois países, sendo distinguido pelo governo brasileiro. Em 1975 foi convidado a leccionar, como professor convidado, no Saint Anthonys College Universidade de Oxford. Do seu trabalho de investigação histórica cedo se salientaram os estudos sobre D Pedro V, rei cuja inteligência e visão admirava. Em 1949, publicou o primeiro volume de Páginas (II, 1951; III, 1956; IV, 1960; V, 1967; VI, 1970), testemunho do seu «inconformismo civilizado e limpo» (Luís Forjaz Trigueiros), prolongadas depois na Autobiografia (O Mundo à Minha Procura I, 1964; II, 1966; III, 1968). O novelista e romancista tem um primeiro assomo com Caranguejo, a que se seguiriam O Outro Que Era Eu (1966), Silêncio para 4 (1973). A Torre da Barbela (1964,

Prémio Ricardo Malheiros) é um romance singularíssimo, alegoria surreal da História da nação portuguesa. Postumamente foi publicado um romance inacabado (Kaos, 1981)”.

“ (...) Caranguejo não foi nada senão bicho insólito, entrando às arrecuas e aos pinos na policiada praia lusitana que o enviou de novo para o mar resplandecente de onde tivera a insolência de querer sair para contemplar o sol e as estrelas.” - Eduardo Lourenço, “Celebração de Ruben A.”, in In Memoriam I, Lisboa, INCM, 1981, p.202.

Caranguejo foi, de facto, uma surpresa e constitui uma revolução na forma do seu manuseamento. Daí as imensas dificuldades de recepção por parte do público, como o próprio autor confessou. “Na verdade, este livro é construído, de facto, de forma insólita, mesmo no que diz respeito à sua organização e apresentação. Trata-se de uma obra que começa no capítulo X e termina no capítulo I, que se organiza cronologicamente ao contrário do correr do tempo vivencial, nascendo as personagens no último capítulo, por sinal o primeiro na numeração em caracteres romanos com que todos são identificados. Não possui páginas numeradas [Adoptou-se neste trabalho uma numeração convencional identificada com a norma da edição no ocidente para facilitar o reconhecimento das páginas citadas.] e a sua ordem de leitura não é definida por esse processo. Terá surgido, efectivamente, como um romance estranho em relação até aos hábitos de leitura e à própria tradição literária, o que, entre outros aspectos, terá contribuído para o seu quase total desconhecimento. [Esta situação não se terá alterado muito pois ainda hoje, mesmo com a sua segunda edição, Caranguejo não ocupa o lugar que merece entre o romance português do século XX.]

Ruben A. Morreu em Londres em Setembro de 1975, com 55 anos.

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Faz hoje 71 anos (1934), era um SB: realiza-se, em Lisboa, na Sociedade de Geografia, o I Congresso da União Nacional (o partido único português). Era PR o general Carmona. Pontificava Pio XI (259º).

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Completam-se hoje 29 anos (1976), era uma QA: morreu, em Messkirch, Baden, Martin Heidegger, filósofo alemão. Em Portugal estava a atingir o seu termo o mandato presidencial do general Costa Gomes. Paulo VI (262º).

Martin Heidegger (1889-1976) foi discípulo e assistente de Husserl.

“O essencial do seu pensamento está contido em Sein und Zeit (O Ser e o Tempo). Os seres, ou entes (seres em devir), exprimem cada um, na sua individualidade própria, uma realidade universal: o Ser em geral. O Ser seria apenas um conceito abstracto se os seres humanos não o actualizassem pela vida que os caracteriza e, acima de tudo, pelo tempo. O eterno e absoluto é condição de vida, e reciprocamente toda a vida manifesta o ser que em si mesmo é incognoscível. O Ser é o princípio necessário para que o mundo seja, mas é pêlos seres particulares que ele se manifesta no mundo. Contudo, não é o homem que

é objecto de conhecimento, pois o homem apenas revela, de modo tangível, o Ser verdadeiro e último, fim da investigação filosófica. Segundo Heidegger, o que constitui propriamente o homem é o fazer «devir» o Ser num tempo que não é o dos físicos, mas o da consciência. Pode-se, pois, concluir que o ser dá ao homem a sua essência universal e que, em troca, o homem confere ao ser a existência viva” – respectiva entrada n’A Enciclopédia, Público, vol 10, pag 4341.

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Foi há 17 anos (1988), era uma QI: Vergílio Ferreira ganha o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores. Mário Soares era o PR. Romano pontífice era, agora, João Paulo II (264º).

Vergílio Ferreira nasceu em Melo, em 1916. Morreu em Lisboa em 1996, com cerca de 80 anos.

“Escritor de fortíssima personalidade, revela em toda a sua obra uma dúvida permanente perante a existência, tendo encontrado o seu próprio caminho face ao neo-realismo e ao existencialismo sartriano ou camusiano, correntes que o influenciaram em momentos diferentes da seu percurso intelectual.” “A veia especulativa que a sua ficção aflora, tem plena expressão no ensaísmo, onde mostra erudição e particular senso crítico — vejam-se os vários volumes de Espaço do Invisível e o volume Pensar. No diário em vários volumes, sob o título de Conta-Corrente, atinge grandes momentos de reflexão, de mistura com uma prosa em tom menor sobre assuntos comezinhos. É um dos grandes escritores portugueses do século xx” Algumas obras: O Caminho Fica Longe (1943), Manhã Submersa (1954), Carta ao Futuro (1958), Aparição (1959), Cântico Final (1960), Estrela Polar (1962), Alegria Breve (1965), Para Sempre (1983) - vencedor do Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores de 1988, a que respeita esta entrada -, Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990), Na Tua Face (1993), Cartas a Sandra (1996). Além do acima referido prémio, cuja entrega hoje se comemora, recebeu ainda o Prémio Fémina (1990), e o Prémio Camões (1992).

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Faz hoje 16 anos (1989), foi numa SX: admissão da primeira mulher nos quadros de oficiais do exército português. PR era o Dr Mário Soares. Pontificava João Paulo II.

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