quarta-feira, março 16, 2005

OS MEUS DESTAQUES

«Parece que a primeira medida política verdadeiramente significativa do novo Governo do eng. Sócrates foi fazer coincidir - através de prévia revisão constitucional - o referendo sobre a chamada "Constituição europeia" com as eleições autárquicas, provavelmente no início de Outubro deste ano. Em minha opinião, é um mau começo. (…)
Em primeiro lugar, porque a coincidência entre os dois actos eleitorais esvazia e mistifica totalmente qualquer tentativa de debate sério sobre a questão europeia e as várias posições que acerca dela se confrontam. (…)
Fugir aos referendos em matéria europeia é uma das [estratégias] mais solidamente subsistentes do bloco central no nosso sistema político. (…)
Será politicamente aceitável que se reveja a Constituição (que proíbe a coincidência dos referendos com os actos eleitorais) para permitir esta manipulação grosseira da vontade dos eleitores? Ou seja, para realizar precisamente o que ela visa impedir?
Em segundo lugar, a verificar-se esta coincidência de votação, ela abre um precedente de consequências imprevisíveis: daqui para o futuro tenderá a não haver referendos sem ser pendurados em actos eleitorais e, se os houver, arriscam-se a ter resultados totalmente esvaziados de participação e significado. Pior do que isso só o infindável horizonte de possibilidades manipulatórias que se oferece aos governos em geral, habilitados constitucionalmente a colar os referendos que tiverem por convenientes a uma consulta eleitoral. (…)
o Governo do eng. Sócrates vai usar a maioria absoluta no parlamento a favor da maioria social pela mudança e pela revogação das políticas da direita, ou contra ela?»

Fernando Rosas (Público, 16 MAR 05)

«"Para a Câmara do Porto, basta um contabilista. E para isso já lá temos um."»
Eduardo Prado Coelho, citando José Lello (id, id)

«Cabo Verde pode e deve integrar a União Europeia. Adriano Moreira teve a ideia, Mário Soares há muito defende a ligação de Cabo Verde aos arquipélagos do Atlântico, como os Açores, a Madeira ou as Canárias numa recuperação do mito da Macaronésia.»
Maria Jorge Costa (A Capital, 16 MAR 05)

«É urgente que o choque cultural de que falava Teresa de Sousa no Público [ontem, 15/03], centrando-se no que este significaria em termos da relação cidadãos-Estado, chegue também aos partidos e permita a alteração [das] lógicas mesquinhas, de umbigos e vistas curtas. Que os partidos possam deixar de ser plataformas de caça ao poder, todos divididinhos em quintais e respectivas comadres, para se tornarem lugares ao mesmo tempo mais afirmativos e mais transparentes onde a linguagem das ideias e dos ideais se sobreponha à mera contabilidade dos tachos.»
Jacinto Lucas Pires (id, id)

«Não há político com tanta sorte e tanto azar e não há português mais teimoso. Por este andar, vamos discutir o futuro de Santana Lopes mesmo quando ele não tiver futuro. (…)
No futuro de Santana, que os jornalistas e comentadores estão obrigados a ler nas estrelas, está ainda uma passagem por Paris e outra por Belém (palácio). Como o próprio diz, sobre o futuro dele, cada um pode dizer o que quiser.»

Paulo Baldaia (DN, 16 MAR 05)

«A violação de direitos fundamentais manifesta-se na prisão por tempo indefinido e sem culpa formada de suspeitos de terrorismo, a quem é negado advogado. Qualquer um pode ser considerado suspeito, sem hipótese de se defender. É o reino da arbitrariedade, aceite por supostos adeptos do Estado limitado. Há também o recurso à tortura. Rumsfeld aprovou métodos de interrogatório contrários à Convenção de Genebra, tratado que Washington não aplica aos suspeitos de terrorismo, apesar de se dizer em guerra contra os terroristas. E os EUA não só mantêm prisioneiros clandestinos, fora de qualquer controlo judicial, como enviam presos para países onde a tortura é corrente. Disse o general americano responsável pela prisão de Abu Grahib (onde até havia crianças) "Não me importo se estamos a prender 15 mil civis inocentes. Estamos a ganhar a guerra."»
Francisco Sarsfield Cabral (id, id)

«Santana Lopes guia-se pela luz dos holofotes e pelas câmaras dos telejornais das oito. Isto leva a que, enquanto faz os seus números de sapateado, pise minas, esfrangalhe aliados e dinamite o crédito político que lhe resta.Atrás de si só já tem as “santanetes” e alguém que tornou a paciência num culto: Carmona Rodrigues. O regresso de Santana à Câmara mostra como ele já não vê, não ouve e demora demasiado tempo a falar.O problema dos políticos é quando só já jogam à cabra-cega com os «yesmen». Legalmente pode voltar a ocupar o lugar. Como atitude política será um desastre.»

Fernando Sobral (Jornal de Negócios online, 16 MAR 05)

«Santana Lopes entrou ontem na CML, pelas 11 da manhã.
Na véspera tinha reocupado a chamada residência oficial do presidente da Câmara, em Monsanto, com um almoço de trabalho que se prolongou até meio da tarde, durante o qual terá explicado ao presidente em exercício que queria de volta a cadeira do poder. Muito provavelmente vai agora requisitar de novo seguranças e batedores. E é assim: Santana Lopes habituou-se a um estilo de vida, rodeado de mordomias e honrarias, para o qual demonstrou que tem tanta apetência como incompetência. E o Estado parece ter assumido que tem o dever de sustentar o estilo de Santana Lopes.»

João Paulo Guerra (Diário Económico, 16 MAR 05)

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