quinta-feira, março 03, 2005

CARDEAL-PATRIARCA DE LISBOA VERBERA PROCEDIMENTO DO PADRE NUNO SERRAS PEREIRA


Também a mim me revolveu as entranhas, o destemperado e radical anúncio do, já tristemente célebre (num minuto se chega a estes cumes), padre Nuno Serras Pereira.

Como outros, pensei que, para a sua tão evangélica atitude, o reverendo sacerdote teria de contar com a espontânea retratação das suas tresmalhadas ovelhas; teria de reintroduzir os (seus) saudosos autos de fé; ou então, usaria o seu conhecimento obtido através da confissão dos mesmos prevaricadores. Ou seja: já que a primeira atitude é uma bem remota hipótese, restaria a referida reimplantação da sua tão desejada Santa Inquisição, ou a quebra do sigilo do santo sacramento da confissão.

Espantoso! Inacreditável! Mas um facto.

A reacção não se fez esperar. Nomeadamente da parte do jornal Público de hoje, num editorial, pela pena de um dos seus directores adjuntos, Nuno Pacheco.

Dois leitores do mesmo periódico mostraram, também, e de forma veemente, a sua indignação.

E estas serão, apenas, algumas das muitas manifestações a tal respeito.

Faltava saber se a hierarquia se ficaria pelo “tranquilo” e “cauteloso” silêncio ou se viria verberar tão descabido, radical e nada evangélico procedimento.

Não se fez esperar tanto quanto isso a reacção oficial: em declarações transcritas esta tarde pelo Público Online, o Cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, critica e condena o procedimento do padre Serras Pereira.

D. José Policarpo referiu que “uma coisa é a condenação moral de certos comportamentos graves, outra coisa é o tratamento pastoral dessas pessoas". Afirmando também que “não é essa a posição oficial, nem a atitude pastoral da Igreja”.

Creio que o Padre Serras Pereira e o padre Lereno, de Alvalade, e outros Lerenos e Pereiras do estilo, deveriam ingressar, como monges, numa qualquer abadia, para se quedarem de afirmações tão contrárias ao espírito evangélico, e apenas se dedicarem à meditação e à oração pela “conversão dos pecadores”.


Leia-se, pois, a notícia do Público.


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