Os amigos?
Bom, primeiro começámos por nos encontrarmos na escola. Depois no liceu. E nas pracetas (ou ruas mais desertas) do bairro, a dar uns toques na bola, a discutir as últimas do professor de Física ou de Matemática, os méritos do professor de Educação Física…
No fim da adolescência, já mais crescidotes, nas tertúlias dos cafés, no cinema, nos concertos. Noutras aventuras…
Depois, na Cantina Universitária, nos colóquios, ainda no cinema (no cineclube, à Praça do Chile; no Estúdio do Império), de novo nos concertos (também da Juventude Musical, no Tivoli). E no Teatro.
Depois passámos a ver-nos nos casamentos (nos dos outros e no nosso).
Depois nas maternidades a ver nascer os filhos. Nas conservatórias a registá-los.
Mais tarde víamo-nos nas reuniões de pais, na escola, depois no ciclo, mais tarde no secundário, a acompanhar a evolução dos miúdos.
Depois revíamo-nos, ou tínhamos notícias, nos encontros e nos namoricos deles.
Depois nos casamentos deles, nos baptizados dos netos (que me continuam a ser negados – mas que também gostava – e ainda não perdi a esperança - de ter).
Depois, na barra dos tribunais, uns; outros encontravam-se nos serviços das urgências, outros, ainda, nos conselhos directivos ou nas salas de professores das escolas.
E sempre, todos, nos concertos, nas conferências, no cinema, no teatro.
Agora?
Ora, agora.
Nas salas de espera dos consultórios dos médicos. Nas visitas, nos hospitais. Nos velórios. Nos cemitérios (por enquanto acompanhando os outros – do mal o menos, diria o outro).
É a vida.
Ou, como diria o Sr Felisberto, são os alcatruzes da vida -
connosco ou semnosco (passe o neologismo)!
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