Debruçado sobre o papel. Olhar frio, por cima dos óculos. Voz de cana rachada:
“Portugueses (voz sibilante; de beirão)! Para Angola. Já e em força.”
Política desastrada e atrasada de décadas. Interesses outros – não do País. Guerra inconsequente e injusta. E que arrastaria para a guerra fratricida.
Minúsculo e retrógrado ditador com pretensões a imperador!
(Teria mesmo essa pretensão? Talvez não. Seria só (?!) um político desajustado do seu tempo e do futuro que se adivinhava como certo. Mas político perverso!)
Depois… Depois sangue. Depois Morte (mortes inocentes). Sacrifícios exigidos, mas não partilhados.
Causas estranhas e não abraçadas, de um lado. Causas justas e legítimas, do outro.
Depois ruína!
E…
“Um feliz Natal para a minha família e os meus amigos, lá no café da Rosalina, em Roçadas/Poiares. E um aperto de mão para a minha namorada, Rita.
Nós por cá todos bem, e adeus até ao meu regresso.”
Ou
“Um Natal feliz e um ano novo cheio de “propriedades” para toda a minha família e para a minha mulher, Ana, e para a minha filha, Carla Sofia. Saudades para todos.
Nós por cá todos bem. Adeus, até ao meu regresso.”
Era importante incutir nos rapazes que o “Chefe” estava certo. Que o País estava com ele. Que a guerra era legítima. Justa. Que tudo corria sobre esferas – a vitória era certa.
(A acção psicológica)
Daí o estribilho, por todos repetido: Nós, por cá, todos bem.
A confiança cega. A forçada entrega “pela Pátria”.
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