José Manuel Fernandes (Público, 20 FEV 05)
«É um costume estranho: num dos dias "mais políticos" da nossa existência, o dia de eleições, toda a gente, cidadãos, jornais, rádios e televisões, se modera e contém. Até às 20 horas, mais ou menos, todos fazem um esforço para mostrar distância e civilidade.»
«Vivemos numa sociedade do espectáculo. Fátima nunca se deu mal com ela. As aparições aconteceram a céu aberto. Na última, a 13 de Outubro de 1917 - como ficou registado por Avelino de Almeida, enviado especial do extinto jornal "O Século" -, até o sol dançou.
(…) Se, como disse D. Manuel Gonçalves Cerejeira, "não foi a Igreja que impôs Fátima, mas Fátima que se impôs à Igreja", também agora não foi a Igreja que impôs o funeral da irmã Lúcia às televisões. Foram estas, o Governo e os partidos da direita que o impuseram ao país de forma saturante.
(…) D. Manuel Martins e D. Januário Torgal denunciaram as tácticas de aproveitamento governamental e partidário. Paulo Portas infiltrou-se no Carmelo, às escondidas, para que falassem da sua habilidade o dia inteiro.»
Frei Bento Domingues, O.P. (id, id)
(…) Dir-se-á, então, que os portugueses têm poucos motivos para irem hoje votar.
É verdade. Com um senão que faz toda a diferença - em democracia, a abstenção, ou mesmo o voto em branco, não conferem qualquer acréscimo de autoridade moral para criticar os políticos. A escolha talvez não seja fácil, mas os eleitores não devem ter receio de mostrar aos políticos que assumem o risco de fazer opções.»
João Morgado Fernandes (Diário de Notícias, 20 FEV 05
[O dia das eleições:] «nada daquelas excitações de há anos, quando nos preparávamos para aguentar a noite fazendo provisões de bebida e comida, e convidando os amigos para o serão. Nessa altura é que era a sério. Como no Festival da Canção. Tudo muito arrastado, a conta-gotas, as horas a passarem e resultado nenhum à vista, e os pobres dos jornalistas a suarem as estopinhas para preencherem aquelas horas todas.»
Alice Vieira (Jornal de Notícias, 20 FEV 05)
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