Do habitual espaço de análise do jornalista João Cândido da Silva, no PÚBLICO desta data, transcrevo, em síntese:
“José Sócrates
A mensagem dos eleitores, ao darem a primeira maioria absoluta ao PS, parece ter sido clara. Exige-se renovação nas políticas, mas também nos protagonistas. O escasso entusiasmo que se verificou nos festejos da vitória socialista é uma manifestação inequívoca de que há muito para fazer e quase nada para celebrar.”
“PSD
O ainda primeiro-ministro não só acabou por ser o protagonista de uma derrota histórica nas eleições de 20 de Fevereiro, como não soube estar à altura da situação, recusando-se a assumir as suas responsabilidades, até às últimas consequências, na própria noite em que se confirmou o descalabro.
(…)
Mas a ascensão de Santana às chefias do Governo e do PSD foi feita sem oposição nem resistência por parte dos seus críticos. Apostaram na estratégia de "quanto pior melhor" e conseguiram os seus intentos.”
“Paulo Portas
O líder do PP apostou no distanciamento em relação aos aspectos mais negativos da governação de Santana Lopes, mas não conseguiu escapar à sua quota-parte da penalização imposta pelos eleitores. A pose de Estado e a imagem de serena responsabilidade pareceram demasiado estudadas e construídas, deixando justificadas dúvidas sobre qual é o verdadeiro Paulo Portas: se o que percorria as feiras do país assegurando a sobrevivência e o crescimento do PP, ou se a do ministro da Defesa, consciente de que a pasta que ocupou durante três anos no Governo exigia um semblante grave e uma pose circunspecta.”
“A CDU e o Bloco
Jerónimo de Sousa levou até junto dos seus eleitores tradicionais uma imagem de maior frescura e confiança. As ideias são as mesmas, mas o actual líder comunista colheu os benefícios de ter evitado a repetição daquilo que são os lugares-comuns na retórica do PCP. Nos tempos que correm, a simpatia genuína é mais valiosa, em campanha eleitoral, do que meia dúzia de chavões que prometam a ilusão dos amanhãs que nunca cantaram.
(…)
No Bloco de Esquerda, festejou-se a vitória. A forte subida do partido que sabe manusear meia dúzia de bandeiras politicamente correctas, mas de que se desconhece qualquer concepção global para a sociedade, fica a dever-se à atracção exercida pelo seu radicalismo.”
“Abstenção
“A redução da abstenção foi unanimemente louvada como um sinal do interesse dos cidadãos pelo seu destino. Mas a prudência aconselha a que se façam outras leituras.
(…)
Só um autismo descarado permitirá que se tirem conclusões apressadas, porque os resultados oficiais apurados mostram claramente que a legião de descrentes no sistema se mantém a níveis alarmantes.”
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