“O partido Social Democrata não é bem uma laranja: é a junção de duas metades de laranjas diferentes.
Na primeira incluem-se pessoas que têm sentido da responsabilidade, prezam a credibilidade, respeitam padrões éticos e encaram de forma séria o exercício de funções públicas.
Cavaco Silva, Balsemão, Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, Leonor Beleza,
Na segunda metade da laranja estão pessoas videirinhas, ávidas, ávidas de se servir do Estado, que necessitam do poder e se alimentam do que podem conseguir através dele.
Neste grupo integram-se muitos autarcas, assessores de gabinetes de ministros ou de vereadores municipais, jovens oriundos da juventude partidária que não aprenderam a fazer outra coisa senão política.
Ora a metade da laranja que Santana Lopes liderou nas eleições de domingo foi a segunda. A primeira recusou-se a participar nesta campanha – ou participou nela de forma envergonhada, comprometida, para não poder ser acusada de deserção mas não conseguindo esconder o incómodo.
Balsemão, Marques Mendes mesmo Marcelo, apareceram mas evitaram mostrar-se, participaram em acontecimentos menores, não estiveram nos principais comícios.
Chegou a ser dolorosa a solidão do líder.
A derrota de domingo foi o corolário dessa campanha e constitui a prova clara, insofismável, definitiva, de que as duas metades da laranja não podem viver uma sem a outra: os notáveis não podem viver sem que os que se movem por interesses, como estes não podem aspirar a governar o país sem as figuras credíveis que dão ao exercício do poder uma dimensão séria e respeitável.”
Assim desferia, serena mas impiedosamente, o seu dardo venenoso, o director do Expresso, na sua coluna de hoje, acertando em cheio na “mouche”.
É, por certo, um dos mais contundentes e duros artigos que li contra esta azeda laranja. Escrito com um impávido sangue-frio.
E a propósito, questiono-me: tirando o megafone de Santana e o mais empedernido e radical defensor do PSD, quem mais terá defendido ou pactuado com semelhantes criaturas?
Sim, salvo Luís Delgado e Vasco Graça Moura, e talvez mais dois ou três dos seu incorrigíveis seguidores, quem mais terá condescendido com tão deplorável forma de fazer política?
O coro foi uníssono na condenação de tão baixa e reles governação.
A menos que a generalidade (quase totalidade) dos media tenha virado perigosamente comunista!...
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