quarta-feira, junho 08, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


2005/2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
2005 - Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)

.

.

Faz hoje 342 anos (1663), era uma SX: travou-se a batalha do Canal ou do Ameixial. Reinava D. Afonso VI (22º). Pontificava Alexandre VII (237º).

Batalha travada no contexto da Guerra da Restauração, entre portugueses comandados por D. Sancho Manuel (conde de Vila Flor) e pelo conde de Schomberg, e espanhóis sob o comando de D. João de Áustria, filho ilegítimo de Filipe IV.

Os portugueses derrubaram as forças espanholas nos campos de Ameixial, a 5 km de Estremoz, razão pela qual os espanhóis chamam a este confronto batalha de Estremoz.

.

.

Competam-se hoje 195 anos (1810), era uma SX: nasceu o compositor alemão Robert Schumann. Decorria a regência de D. João (VI). O pontífice reinante era o papa Pio VII (251º).

Robert Alexander Schumann, além de compositor era crítico e pianista. Em 1821 foi para Leipzig estudar direito, mas preferiu entregar-se aos prazeres da vida e ao estudo da música e da literatura. Uma máquina que inventou para alongar os dedos provocou-lhe uma deficiência na mão que o impediu de seguir uma promissora carreira de pianista, virando-se então para a crítica musical e para a composição.

Em 1840 casou com Clara Wieck, também pianista e compositora, filha de um antigo professor. Foi ela o seu amparo numa vida em que nos último anos Schumann cedeu à depressão, acabando por ser internado num hospício em 1854.

“As suas canções e pequenas peças para piano, das melhores alguma vez escritas, retratam estados de emoção com grande sentimento”. Entre as suas composições incluem-se quatro sinfonias, uma ópera, um concerto para violino, um concerto para piano, sonatas e ciclos de canções, como Dichterliebe (1840).

Foi amigo de Mendelssohn que dirigiu a estreia da sua sinfonia nº2, e protector de Brahms, que o acompanhou até à morte, em 1856, contava ele cerca de 46 anos.

.

.

Completam-se hoje 136 anos (1869), era uma TR: nasceu, em Richland Center, no Wisconsin, o arquitecto norte-americano Frank Lloyd Wright. Em Portugal reinava D. Luís (32º). Pontificava Pio IX (255º).

Tinha apenas uma formação escolar básica, quando começou a trabalhar com Louis Sullivan a partir de 1888. Sullivan foi um dos principais arquitectos da escola de Chicago e um dos primeiros a elaborar projectos de arranha-céus, além de ter sido um precursor do modernismo.

Frank Lloyd Wright em 1893, começou a trabalhar como arquitecto independente.

“Arquitecto de extraordinária importância no contexto do racionalismo e da arquitectura do século XX, Wright é certamente um dos autores mais importantes do modernismo e um dos protagonistas da arquitectura da corrente anglo-americana. Entre os conceitos fundamentais que regraram a sua arquitectura encontra-se a mesma verdade dos materiais do trabalho de Sullivan. Contudo, Wright, não só utiliza os materiais no sentido racionalista de Sullivan, mas com o objectivo de gerar conforto, mediante o contraste entre a rudeza de texturas como a da pedra e a ligeireza das estruturas e revestimentos de madeira ou tecido.

A arquitectura de Wright define-se pela importância dada à casa como abrigo. Profundamente influenciado pela tradição das casas japonesas, Wright não projectava com base num volume único repartido, mas a partir de múltiplos volumes que organizam um percurso, dando um novo sentido ao conceito de planta livre. Para Wright, a planta livre não consistia num princípio em si, mas no resultado de um processo de representação. A escala do objecto, também ela, está intrinsecamente ligada a este processo. Não é errado afirmar que a arquitectura de Wright é feita à medida do homem, mas, mais importante que a escala humana, é o mundo espiritual que determina as relações entre o homem e o objecto. A dimensão só tem sentido quando relacionada com o homem. Era o próprio Wright quem se interrogava como seria a sua arquitectura caso ele próprio fosse alguns centímetros mais alto”. “Genericamente a sua obra pode ser dividida em três grandes fases: o período das Prairie Houses (casas da pradaria), de 1887 a 1910; o período de 1914 a 1934, caracterizado pelo gosto ecléctico e pela influência da arquitectura japonesa; e o período das Usonian Houses, que inicia uma nova abordagem à arquitectura de habitação”.

Contam-se entre os seus trabalhos: Frank Lloyd Wright House and Studio (Oak Park, Illinois, 1889-1911); Winslow House (River Forest, Illinois, 1893); Roloson Row Houses (Chicago, 1894); Francisco Terrace apartments (Chicago, 1895); Hillside Home School buildings (perto de Spring Green, Wisconsin, 1902); Smith Bank (Dwight, Illinois, 1905); Unity Temple (Oak Park, Illinois, 1906); Browne's Bookstore (Chicago, 1908); Robie House (Chicago, 1908); Thurber Art Gallery (Chicago, 1909); Taliesin (obras de renovação, perto de Spring Green, Wisconsin, 1914, 1925); Imperial Hotel (Tóquio, 1915-1922); Escola Jivu Gakuen (Tóquio, 1921); Millard House (Pasadena, Califórnia, 1923); Freeman House (Los Angeles, Califórnia, 1924); Ocatillo Desert Camp (perto de Chandler, Arizona, 1928); Kaufmann House (Fallingwater ou Casa da Cascata, perto de Mill Run, Pittsburg, Pennsylvania, 1936-1939); S. C Johnson and Son Administration building (edifício e anexos, Racine, Wisconsin, 1936-1946); Hanna House (Standford, Califórnia, 1937); Kaufmann Office, Victoria and Albert Museum (Londres, 1937); Taliesin West (perto de Scottsdale, Arizona, 1938); Florida Southern College buildings (Lakeland, 1938-1954); Rosenbaum House (Florence, Alabama, 1939); Suntop Homes (Ardmore, Pennsylvania, 1939); Unitarian church (Shorewood Hills, Wisconsin, 1947); Price Tower (Bartlesville, Oklahoma, 1952); Beth Sholom Synagogue (Elkins Park, Pennsylvania, 1954); Price House (Paradise Valley, Arizona, 1954); Dallas Theatre Centre (Texas, 1955); Hoffman House (Rye, Nova York, 1955); Annunciation Greek Catholic Church (Milwaukee, Wisconsin, 1956); Solomon R. Guggenheim Museum (New York, 1956); Marin County Civic Center (San Raphael, Califórnia, 1957-1966).

Faleceu a 09ABR1959.

.

.

Completam-se hoje 129 anos (1876), era uma QI: morreu George Sand, escritora francesa. Em Portugal reinava D. Luís (32º). Pontificava, em Roma, o papa Pio IX (255º).
George Sand era o
pseudónimo de Amandine Aurore Lucie Dupin.

A autora nasceu em 1804.

“A sua prolífica produção literária era muitas vezes autobiográfica. Em 1831, a autora deixou o marido após nove anos de casamento e, enquanto vivia em Paris como escritora, teve relações amorosas com Alfred de Musset, Chopin, e outros. O seu primeiro romance, Indiana (1832), é um apelo pelo direito das mulheres à independência. A autora gostava de provocar escândalo pela sua forma de vestir tipicamente masculina”.

Entre os outros romances da autora incluem-se La Mare au Diable (1846) e La Petite Fadette (1848). Em 1848 retirou-se para o castelo de Nohant, em França.

.

.

Faz hoje 102 anos (1903), era uma SG: nasceu Marguerite Yourcenar, escritora norte-americana. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). Pontificava Leão XIII (256º), que morreria no mês seguinte.
Marguerite Yourcenar era o
pseudónimo de Marguerite de Crayencour.

“Escritora francesa, nascida em Bruxelas, de mãe belga e pai francês. Nunca frequentou qualquer escola, tendo a sua educação sido confiada a professoras que iam a casa. Dedica-se desde muito nova à leitura, e o pai leva-a, com frequência, a museus e ao teatro. Passa os primeiros tempos de vida em constante viagem com o pai, a mãe morreu duas semanas depois do seu nascimento. Vive em França, Inglaterra e Suíça onde o pai morre em 1929.

Em 1938, conhece, em Paris, Grace Frick que irá acompanhá-la até morrer, em 1979. Parte para Nova Iorque, em 1939, dedicando-se ao ensino da Literatura Francesa até 1949, requerendo entretanto a nacionalidade americana que lhe é concedida em 1947. Viverá a partir de então na Petite Plaisance, em Mount-Desert Island, Maine.

Em 1972, recebe a Legião de Honra, em Paris. Em 1980, é a primeira mulher a ser eleita para a Academia Francesa, no ano após lhe ter sido concedida a dupla nacionalidade americana e francesa, e faz uma viagem à volta do mundo com Jerry Wilson, que irá acompanhá-la até 1986. À sua morte sucederá a de Yourcenar, pouco tempo depois, em 17 de Dezembro de 1987.

Com um estilo clássico, uma notável erudição e uma linguagem subtil, de uma clareza invulgar, faz reviver personagens e épocas históricas nos seus romances e contos, em que reflecte sobre o poder e o destino do homem. Memórias de Adriano, as memórias ficcionadas do imperador romano, é o seu romance mais notável que a tornará mundialmente famosa.

Nos três volumes de O Labirinto do Mundo escreve as suas memórias de família. A obra de Yourcenar abrange igualmente o ensaio, a poesia, o teatro e o conto, dedicando-se ainda a escritora à tradução de escritores como Virginia Woolf, Henry James, Yukio Mishima ou Constantin Cavafy”.

Iniciou-se na escrita, na adolescência, com duas obras nunca reeditadas: Le Jardin des Chimères, 1921 e Les Dieux ne sont pas Morts, 1922. Seguem-se, entre muitas das suas obras : Alexis ou le Traité du Vain Combat (romance, 1929), La Nouvelle Eurydice (ensaio, 1931), Pindare (ensaio,1932), Le coup de grâce/O Golpe de Misericórdia (romance, 1939), Mémoires d'Hadrien/Memórias de Adriano (romance, 1951), Les Charités d'Alcippe (poesia, 1956), Présentation Critique de Constantin Cavafy (ensaio e tradução de poemas, 1958), Discours de Réception à l'Académie Royale Belge de Langue et de Littérature Françaises (ensaio, 1971), Théâtre I: Rendre à César - La Petite Sirène - Le Dialogue dans le Marécage (teatro, 1971), Théâtre II: Électre ou la Chute des Masques - Le Mystère d'Alceste - Qui n'a pas son Minotaure? (teatro, 1971), Le labyrinthe du monde/Labirinto do Mundo I - Memórias (memórias, 1974), O Labirinto do Mundo II - Arquivos do Norte (memórias, 1977), La Couronne et la Lyre (ensaio e tradução de poemas gregos, 1979), Notre-Dame-des-Hirondelles (infantil, 1982), Le temps, ce grand sculteur/O Tempo, Esse Grande Escultor (ensaio, 1983), Blues et Gospels (ensaio e tradução de poemas,1984), Le Cheval Noir à Tête Blanche (tradução de contos infantis indianos, 1985), O Labirinto do Mundo III - O Quê? A Eternidade (memórias, 1988), Peregrino e Estrangeiro (ensaio, 1989), Le Tour de la prison/Uma Volta Pela Prisão (ensaio, 1991), Lettres à ses Amis et Quelques Autres, (correspondência, 1995) e Sources II (ensaio, 1999).

.

.

Foi há 86 anos (1919), era um DM: a Nicarágua pede protecção aos EUA contra a Costa Rica. Em Portugal era PR Canto e Castro. Pontificava Bento XV (258º).

.

.

Foi há 66 anos (1939), era uma QI: Jorge VI visita os EUA, ao terminar a sua viagem ao Canadá, sendo o primeiro rei britânico a fazê-lo. Em Portugal decorria o 2º mandato, de 4 sucessivos (o último incompleto porque morreu em 1951), do general Carmona. Pontificava o papa Pio XII (260º).

Jorge VI (1895-1952) foi rei da Grã-Bretanha a partir de 1936, após a abdicação do irmão, Eduardo VIII, que havia sucedido ao pai Jorge V. Casou em 1923 com Lady Elisabete Bowes-Lyon, mais tarde conhecida por Isabel, a rainha mãe (1900).

Em 1952, sucedeu-lhe sua filha, Isabel II, a actual soberana dos britânicos.

.

.

Completam-se hoje 58 anos (1947), : nasceu, nos Açores (S. Miguel), Jaime Gama, político. Era PR o, desde há pouco, marechal Carmona, que ia no seu terceiro de quatro mandatos sucessivos. Pontificava Pio XII (260º).

Jaime José Matos da Gama, de seu nome completo, é presidente da Assembleia da República desde Março de 2005. Frequentou o curso liceal em Ponta Delgada onde se iniciou nas actividades da oposição ao antigo regime. Foi preso pela PIDE em 1965 e 1970.

Em Lisboa, formou-se em Filosofia e Ciências Pedagógias, prosseguiu actividades na oposição, não apenas no movimento Associativo (foi dirigente da Pró-associação de Letras e da RIA, tendo tido um papel relevante na crise de 1969), mas também na Cooperativa de Estudos e Documentação (CED) e na revista O Tempo e o Modo.

Professor no colégio da família Soares e jornalista no jornal República, Jaime Gama aderiu à Associação Socialista Portuguesa (ASP) em 1968 e, um ano depois, foi candidato pela CEUD de Lisboa. Iniciou-se na política, em 1975, como deputado por Lisboa. Foi fundador dos Jovens Socialistas e, no 25 de Abril de 1974, era oficial miliciano, na Figueira da Foz. O político que, aos 31 anos, já era ministro da Administração Interna, no Bloco Central, é conhecido como «o peixe das águas profundas».

Foi um dos fundadores do Partido Socialista português (1973) e é membro da sua Comissão Política.

Entre 1976 e 1978, presidiu à Comissão de Negócios Estrangeiros, em 1978 foi ministro da Administração Interna e, entre 1983 e 1985, ministro dos Negócios Estrangeiros. Entre 1986 e 1991, presidiu à Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República e, de 1991 a 1995, foi membro da Comissão Parlamentar da Defesa e integrou as delegações parlamentares portuguesas à Assembleia do Atlântico Norte e à Assembleia Parlamentar da OSCE.

Respeitado pelo discurso ponderado, mas capaz de decisões polémicas, Jaime Gama foi ministro dos Negócios Estrangeiros desde o início do governo de António Guterres. Depois, reuniu as pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, sendo, então, considerado tal como o seu colega João Cravinho, um «super ministro».

Em Dezembro de 2001, Jaime Gama candidatou-se à liderança do Partido Socialista. Contudo, poucos dias depois, retirou a sua candidatura, alegando razões familiares. Mais uma vez não lhe foi possível concretizar esta aspiração, já em 1986 e 1988 havia perdido a liderança do PS para Vítor Constâncio e Jorge Sampaio.

Jaime Gama tem sido alvo de simpatia por parte dos portugueses devido à sua conduta, principalmente, no dossier de Timor e a presidência portuguesa da União Europeia. Afastado das querelas partidárias, Gama surge nas sondagens como o ministro mais popular do governo de António Guterres.

Figura incontornável do PS, é também indissociável do guterrismo, não obstante as relações entre os dois políticos terem conhecido dias mais conturbados, que levaram mesmo à sua demissão de líder parlamentar do PS, em 1992, quando pôs em causa a aprovação do Tratado de Maastricht. Regressou dois anos depois, outra vez pela mão de Guterres.

Em Março de 2005, depois da vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas de Fevereiro, foi eleito para a presidência da Assembleia da República, sucedendo assim a Mota Amaral, que desempenhara o cargo durante os mandatos do XV e XVI Governos Constitucionais.

.

.

Completam-se hoje 54 anos (1951), era uma SX: nasceu, em Cascais, José Jorge Letria, escritor e jornalista português. Em Portugal estávamos num interregno, Carmona morrera em ABR e o mandato presidencial de Craveiro Lopes só começaria em AGO. Pontificava Pio XII.

Além de escritor e jornalista foi cantor-autor. Frequentou os cursos de História e de Direito, em Lisboa. Iniciou-se no jornalismo no Diário de Lisboa, colaborando no suplemento A Mosca e trabalhando depois em diversos outros jornais. Como cantor, gravou o seu primeiro disco em 1968, História de José Sem Esperança. Colaborou posteriormente, entre outros, com José Mário Branco, Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, nomeadamente em espectáculos em Portugal e no estrangeiro.

Na área musical, foi ainda autor de bandas sonoras para filmes e de temas para espectáculos teatrais, para além de director do Departamento de Música Ligeira da Emissora Nacional. Foi Presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores até 2003.

Como escritor, tem publicado obras de poesia, entre as quais Mágoas Territoriais (1973), Cantos de Revolução (1975), Coração em Armas (1977), Cesário: Instantes da Fala (1989), Percurso do Método (1990), Actas da Desordem do Dia (1993), O Fantasma da Obra (1993, recolha antológica com reflexos frequentes da experiência revolucionára de 1974), Portugal para os Pequeninos(2000); obras de literatura infantil: Histórias do Arco-Íris, (1981), Pelo Fio de um Sonho, Prémio Gulbenkian para o Melhor Texto de Literatura para Crianças, O 25 de Abril Contado às Crianças... e aos Outros (1999, com ilustrações de João Abel Manta), Capitães de Abril (1999), Um Amor Português (2000) o seu primeiro romance, inspirado nas cartas de dois amantes da corte de D. João V, Beatles Contados aos Jovens (2001) e Os Mares Interiores (2001).

Publicou também peças de teatro: Das Tripas Coração (1981), Papão e o Sonho (1985) Azul de Delft (1993) e A Noite de Anões (1999) e ensaios A Canção Política em Portugal (1978).

Tem recebido vários prémios, particularmente na área de poesia, tendo sido atribuído o Prix International des Arts et des Lettres à tradução francesa de A Tentação da Felicidade.

Actualmente é, ainda, vereador da Câmara de Cascais.

.

.

Completam-se hoje 47 anos (1958), que foi num DM: eleições presidenciais a que concorrem, pela UN, o almirante Américo Tomás, e pela oposição, o general Humberto Delgado, que contesta o resultado (fraudulento) do sufrágio, que deu a vitória a Américo Tomás. Era PR o general Craveiro Lopes. Aproximava-se do fim o pontificado de Pio XII (260º), que morreria em OUT seguinte, com 82 anos.

Estas eleições presidenciais mais não foram que uma sacudidela do regime. À UN foi imposto, por Salazar, o nome do seu ex-ministro da Marinha, o “sempre atento e obrigado” “a bem da Nação” (do regime, queria-se dizer, claro) Américo Tomás. Pela oposição tinha dado brado a candidatura do general Humberto Delgado que - não sendo de forma nenhuma um progressista, e muito menos um esquerdista, muito ao contrário – teve no entanto a ousadia de se opor a Salazar (acerca de quem – na hipótese de sair vencedor de tal eleição - disse a frase que ficou célebre: “obviamente, demito-o”).

Rezam as crónicas que Delgado só não ganhou as eleições devido às “costumadas” manobras de bastidores, no manuseamento dos cadernos eleitorais e das urnas…

Aliás, Delgado, em 25OUT1957, aceita candidatar-se, explicitamente, pela “oposição não comunista”. Mas não tinha sentido, para Salazar, tal expressão. Na verdade, para o regime, “quem não fosse por ele, era contra ele”. E estes eram todos – todos, mesmo Delgado – comunistas. Logo, o regime não podia aceitar a candidatura de um comunista, nem quem os representasse. Era dogma. Inquestionável. Estava dito. Acabou. Com fraude ou legalmente, Tomás tinha de ganhar. Ponto final.

O que efectivamente aconteceu, na reviravolta política de Delgado, foi que ele deixou de acreditar - logo de defender - a postura colonialista de Portugal (o que tornou explícito, mais tarde, em declarações proferidas no exílio, no Brasil, em 27FEV1961). Era uma evidência, irrecusável, para todos, menos para os salazaristas. Foi esse o seu crime de lesa-regime: sustentar a necessidade de Portugal abandonar essa postura – como o mundo reclamava e a oposição, em bloco (mesmo os moderados como Delgado) exigia.

O preço desse atrevimento do “general sem medo”, foi a sua perseguição e execução sumária, em Espanha, perto da fronteira portuguesa, por uma brigada da PIDE, chefiada por Rosa Casaco e com o tiro fatal de Casimiro Monteiro. Estávamos, então, em 13FEV1965.

Mas que foi um razoável abanão… Foi. Tanto que, em 29AGO1959, são promulgadas alterações à Constituição de 1933. Como, entre outras: o presidente da República passa a ser eleito por um colégio eleitoral restrito, onde dominam, ainda de forma mais avassaladora, restritiva e decisiva, Salazar e a UN. Na base da mudança, o apoio popular a Humberto Delgado, nas presidenciais do ano anterior, em que apenas a fraude eleitoral garantiu a eleição de Américo Tomás.

Em suma: estas, de 1958, foram, por certo, as eleições presidenciais mais disputadas de todo o período da ditadura.

O resultado só não foi surpreendente porque as “regras do jogo” , de então, e o respectivo “árbitro”, não permitiam que o vencedor fosse outro senão o escolhido por Salazar.

O partido único do regime (UN) tinha de vencer tal disputa, fosse a que preço fosse, custasse o que custasse, ainda que utilizando processos menos democráticos (termo inexistente ou desconhecido para toda a classe política afecta ao regime; sinónimo de comunistas no vocabulário de uma certa facção “mais aguerrida” da mesma classe) e procedimentos mais inconfessáveis.

.

.

Foi há 45 anos (1960), era uma QA: Agostinho Neto, político e escritor angolano, é preso em Angola. Era PR o almirante Américo Tomás. Pontificava o "Bom Papa João", João XXIII (261º).

Agostinho Neto (1922-1979) após os estudos secundários, empregou-se nos serviços de saúde (1944-1947). Seguiu para Portugal em 1947, frequentando o curso de Medicina, inicialmente em Coimbra e, depois, em Lisboa.

Ligado à actividade política e cultural, foi co-fundador da revista Momento e um dos nomes do movimento dos Novos Intelectuais de Angola, cujo órgão, a revista Mensagem, surgiu em Luanda em 1950.

Militante do MUD-Juvenil, esteve preso por várias vezes ao longo dos anos 50, só conseguindo terminar a sua formação universitária em 1958. Foi médico em Angola, sendo em 1960 desterrado para São Tomé, e depois para Cabo Verde e Lisboa. Fugido, regressou a África e foi um dos fundadores do MPLA, de que se tornou presidente em 1962, assumindo nesse ano a chefia da luta anticolonialista. Após a independência e a imposição do MPLA como partido único, tornou-se o primeiro presidente de Angola. Recebeu o Prémio da Paz de Moscovo em 1977.

Agostinho Neto dedicou-se também à literatura. A par de colaboração dispersa por várias publicações, e que remonta já a 1947, foi autor dos poemas publicados sob os títulos Poemas (1961), Sagrada Esperança (1974) e Renúncia Impossível (1987).

.

.

Foi há 40 anos (1965), era uma TR: as tropas norte-americanas recebem permissão para iniciarem operações ofensivas no Vietname. Em Portugal era PR o almirante Américo Tomás. Pontificava Paulo VI (262º).

Guerra do Vietname (1954-75) guerra entre o Vietname do Norte, de regime comunista, e o Vietname do Sul, apoiado pelos EUA. Nesta guerra morreram 200 000 soldados do Vietname do Sul, 1 milhão de soldados do Vietname do Norte e 500 000 civis. Entre 1961 e 1975 morreram 56 555 soldados americanos. A guerra destruiu 50% da floresta do país e 20% das terras agrícolas. O Camboja, um país vizinho que tinha assumido uma posição neutral no conflito, foi bombardeado pelos americanos entre 1969 e 1975, tendo sofrido cerca de um milhão de mortos e feridos.

Os americanos gastaram 141 mil milhões de dólares em ajuda ao governo do Vietname do Sul, mas os 3250 milhões de dólares que, em 1973, o presidente americano Richard Nixon prometeu ao Governo vietnamita como reparação pelos estragos de guerra, nunca foram pagos. (Fonte: Enciclopédia Universal, Porto-Editora).

.

.

Faz hoje 17 anos (1988), era uma QA: na 3a sessão especial da ONU, o presidente da República, Mário Soares, discursa sobre o desarmamento. Pontificava João Paulo II (264º).

.

.

Sem comentários:

free web counters
New Jersey Dialup