quarta-feira, julho 13, 2005

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

2005/2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
2005 - Ano Internacional do Microcrédito. Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)
Dia Mundial do Canhoto.

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Foi há anos 514 anos (1491), era QA: morreu o príncipe D. Afonso, filho de D. João II, num desastre de cavalo, em Santarém. Reinava seu pai, D. João II (13º). Pontificava Inocêncio VIII (213º).

D. Afonso, único filho de D. João II, o “Príncipe Perfeito”, e de D. Leonor (tinha ela 17 anos), morreria muito novo, com 16 anos, na sequência de um desastre (queda de um cavalo) na Ribeira de Santarém, ao correr com D. João de Meneses, comendador de Aljezur, o páreo, ao longo da margem do rio Tejo.

O infante casara no ano anterior, aos 03NOV1490, com a princesa D. Isabel, filha dos reis católicos de Espanha (Castela), Fernando e Isabel. Princesa D. Isabel, esta, viúva de D. Afonso, com quem, 5 anos depois, viria a casar D. Manuel I, tio materno do falecido príncipe.

D. Afonso jaz no mosteiro da Batalha, sepultado ao lado do seu avô D. Afonso V.

Nos Ditos portugueses... Autor desconhecido; anotado e comentado por José Hermano Saraiva, alude-se o acontecimento desta forma, a propósito de ditos de "de D. João de Meneses, a quem chamaram o Picasino": Sendo este fidalgo guarda-mor do príncipe D. Afonso, correndo com ele em Santarém ao longo do Tejo, caiu o cavalo com o príncipe, do qual desastre morreu (...). E o comentário de José H Saraiva: "os dois cavaleiros corriam o páreo, isto é, galopavam de mãos dadas. Era um exercício perigoso e, por ter consentido nele, D. João de Meneses sentiu-se responsável pelo desastre que vitimou o herdeiro do trono e esteve algum tempo afastado da corte" - pág 80.

Recordo que D. Leonor, mãe do defunto príncipe, D. Afonso, era filha do duque de Viseu, D. Fernando, irmão de D. Afonso V, logo irmã de D. Manuel e prima co-irmã de seu marido D. João II. (Dizem-se, ainda hoje, primos co-irmãos os filhos de irmãos, entre si).

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Aconteceu há 293 anos (1712), foi numa QA: morreu Richard Cromwell, Lorde Protector da Inglaterra. Em Portugal reinava D. João V (24º). A suprema direcção da Igreja era assumida por Clemente XI (243º).

Quando Richard Cromwell entra em cena, terminara há pouco a guerra civil em Inglaterra, que opôs o rei Carlos I, apoiado pelos realistas, aos parlamentaristas, também conhecidos como cabeças redondas, sob o comando de se pai, Oliver Cromwell, o general e político, líder puritano da facção parlamentar da desse conflito, que se iniciou em 1642. Estavam em disputa poderes relativos da coroa e do parlamento.

Os realistas foram sendo sucessivamente derrotados, até à captura (1647) e à execução de Carlos I (1649). Mas a guerra prosseguiu até à derrota total das forças realistas, em Worcester (1651).

A partir dessa data, Cromwell passou a chefiar o governo inglês sob o título de «Lord Protector» até à altura da sua morte em 1658.

Sucedeu-lhe seu filho Richard Cromwell, igualmente Lorde Protector de Inglaterra.

Entre a data da morte de seu pai, Oliver Cromwell, em 03.09 1658 e 25.05.1659, já com Richard Cromwell no seu papel de novo Lorde Protector, reúne-se um novo parlamento que entra em conflito com o exército, sendo aquele dissolvido, pelo que Richard Cromwell renuncia ao seu cargo.

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Completam-se hoje (1793), era um SB: morreu, assassinado, em Paris, Jean-Paul Marat, líder revolucionário francês. Em Portugal, face à permanente incapacidade de D. Maria I, seu filho, D. João, futuro D. João VI (27º), tinha a seu cargo os negócios do Estado. Viria, mesmo, pouco depois (1796) a assumir a regência do reino. No Vaticano prosseguia o pontificado de Pio VI (250º).

Sabe-se que Marat nasceu em Boudry, Neuchâtel, no ano de 1743, mas sem que se conheça a data, ao certo.

Jovem, ainda, partiu para a Inglaterra, onde tirou o curso de Medicina, na Universidade de St. Andrews, de Edimburgo (1775). Regressado a França, começou a redigir memórias, de medíocre valor, sobre assuntos médicos e científicos, e fundou o jornal L'Ami du Peuple (1789), cujas violências o levaram à prisão. Depois de nova estada na Inglaterra, voltou a Paris, continuando os seus ataques contra a monarquia, incitando a todas as arruaças e crimes. Deputado por Paris à Convenção, atacou furiosamente os girondinos, que conseguiu levar à guilhotina. Vítima dos ódios que provocara, foi apunhalado, na banheira, pela jovem Charlotte Corday, na data que hoje se comemora.

Girondino: designação atribuída a um membro do
partido republicano de direita da Revolução Francesa.
A origem do nome surge do facto de muitos dos seus líderes
provirem da região francesa da Gironda.
Em 1793 os girondinos foram afastados do poder pelos jacobinos (1793).

Jacobino: membro de uma associação republicana extremista
fundada em Versalhes em 1789, durante a Revolução Francesa.
Com sede no antigo mosteiro dos dominicanos jacobinos em Paris,
acabaram por adoptar essa designação.
Adoptando os estatutos da maçonaria, os jacobinos,
através do Comité de Segurança Pública,
deram início ao Reino do Terror, encabeçado por Robespierre.
Depois da execução deste em 1794,
a associação perdeu a sua influência
e a designação «jacobino» passou a ser utilizada na linguagem corrente
como extremista de esquerda. (BU)

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Foi há 127 anos (1878), era um SB: assinatura do Tratado de Berlim, garantindo a administração da Bósnia-Herzgovina para a Áustria-Hungria e a independência da Roménia, Sérvia e Montenegro relativamente à Turquia. Em Portugal reinava D. Luís (32º). Já pontifica, desde Fevereiro, Leão XIII (256º).

Bósnia-Herzgovina: o Império Austro-Húngaro tomou conta da sua administração em 1878, pelo citado tratado, anexando finalmente o território em 1908. Em 1918, foi incorporado na futura Jugoslávia e, em 1929, dividido entre quatro regiões jugoslavas.

A Bósnia-Herzegovina, mantida indivisa em virtude da sua composição étnico-religiosa de sérvios (cristãos ortodoxos), croatas (cristãos católicos) e eslavos de língua servo-croata (muçulmanos), tornou-se, em Novembro de 1945, uma das repúblicas integrantes da República Federal Socialista da Jugoslávia, após a expulsão das forças alemãs.

Roménia: durante a Guerra Russo-Turca de 1877-78, a Roménia tomou partido da Rússia. Em 1877, o Parlamento romeno proclamou a independência e a Roménia passou a ser reconhecida pelas grandes potências como sendo um Estado soberano. Em 1881, o príncipe Carlos tornou-se no rei Carol I.

Sérvia: após uma guerra com a Turquia entre 1876 e 1878, a Sérvia tornou-se num reino independente. Com o assassinato do último Obrenovich em 1903, a dinastia Karageorgevich subiu ao trono.

A Sérvia (servo-croata Srbija) é uma república constituinte da antiga República Federal da Jugoslávia (actual Sérvia e Montenegro), que inclui o Kosovo e a Voivodina.

O Montenegro (servo-croata Crna Gora) é uma República que também fez parte da antiga República Federal da Jugoslávia (actual Sérvia e Montenegro).

O Montenegro foi governado por príncipes-bispos até 1851, quando uma monarquia foi fundada, e tornou-se num principado soberano ao abrigo do tratado de Berlim em 1878. (Fonte: BU)

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Foi há anos 92 anos (1913), era um DM: é instituído o Ministério da Instrução Pública. Cumpre o seu mandato o 1º PR, Dr Manuel de Arriaga. Soberano pontífice era o papa Pio X (257º).

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Completam-se hoje 78 anos (1927), que foi numa QA: nasceu Simone Veil, ex-presidente do Parlamento Europeu. Em Portugal já era PR "vitalício", mas ainda não eleito, antes indigitado pelo directório do golpe do ano anterior, que instalara o Estado Novo e a ditadura, o general Carmona. Na cadeira de Pedro estava Pio XI (259º).

Política francesa, Simone Veil foi Presidente do Parlamento Europeu (1979-1981) e dirigente do Comité de Assuntos Legais (1982-1984). Em Portugal

Vítima dos campos de concentração nazis, Veil esteve encarcerada em Aushwitz (1944-45).

Foi distinguida com o Prémio Príncipe das Astúrias da Cooperação Internacional

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Completam-se hoje 71 anos (1934), o que aconteceu numa SX: nasce o escritor nigeriano Wole Soyinca. Em Portugal, prosseguia a sua vitalícia suprema magistratura o general Carmona. No Vaticano pontificava Pio XI (259º).

Primeiro africano a ganhar um Prémio Nobel da Literatura, em 1986.

Wole Soyinca foi-se tronando uma das forças literárias mais actuante no continente africano.

Para o Nobel nigeriano, Wole Soyinca: "a cultura é a principal fonte do conhecimento, da ciência… A compreensão da natureza começa na cultura mais local”

Nascido em Abeokuta, Nigéria, Wole Soyinca foi poeta, dramaturgo, novelista, crítico, conferencista, catedrático, actor, tradutor, político e editor.

Mistura o africano com as tradições culturais europeias, a seriedade da literatura moderna das elites e a actualidade do teatro popular africano.

Está comprometido activamente com a justiça social, fogoso orador e figura pública tornada símbolo dos valores humanos no continente.

Alguns dos seus poemas revelam uma relação muito próxima com o seu teatro, como: Idanre e Outros Poemas (1967), Poemas da Prisão (1969), A Shuttle in the Crypt (1972), The Long Põem, Ogun Abibiman (1976).

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Faz hoje 54 anos (1951), que foi numa SX: morreu Arnold Schoenberg, compositor austríaco. Em Portugal, falecido que era o general Carmona (em ABR), estava-se numa fase de vagatura do cargo, pois o general Craveiro Lopes (episódica escolha de Salazar para a função, de que se viria a arrepender, por isso eleito só por um mandato) só seria eleito em AGO seguinte.

O compositor austro-húngaro, Arnold Franz Walter Schoenberg nasceu em 1874. Afastado da Alemanha pelos nazis, por ser judeu, Schoenberg estabeleceu-se nos EUA, em 1933 e naturalizou-se americano em 1941. Após alguns trabalhos iniciais românticos, como Verklärte Nacht/Noite Transfigurada (1899) e Gurrelieder (1900-11), com uma nítida influência de Wagner e Brahms, experimentou a atonalidade (ausência de tom), produzindo trabalhos como Pierrot Lunaire (1912), para conjunto de câmara e voz, após o que desenvolveu o sistema dodecafónico, por volta de 1921, para composição musical – método de composição, este, em que todas as 12 notas da escala cromática (escala intervalada de meios tons) são arranjadas numa ordem determinada pelo compositor, sem repetição de notas. O sistema dodecafónico foi, mais tarde, desenvolvido pelos seus pupilos.

Nos EUA influenciou a sonorização de filmes. Os seus últimos trabalhos incluem a ópera Moses und Aron (1932-51). (BU)

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Foi há 22 anos (1983), era uma QI: a UNESCO declara Angra do Heroísmo património mundial. Decorria o 2º mandato presidencial do general Ramalho Eanes. Pontificava João Paulo II (264º).

UNESCO: acrónimo de
United Nations Educational, Scientific, and Cultural Organization
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Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
Agência da ONU, fundada em 1946, com sede em Paris.

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Foi há 47 anos (1958), era um DM: o Bispo do Porto escreve uma carta a Salazar criticando alguns aspectos do regime, o que lhe valeu o desterro donde só regressaria depois da morte do ditador. Ainda era PR o general Craveiro Lopes, pois o Almirante Américo Tomás, eleito em 08.06, só tomaria posse em 09AGO seguinte. Pontificava Pio XII (260º).

O bispo D. António Ferreira Gomes era um cidadão conservador, naturalmente. Mas que constatava que o regime instituído pelo católico Oliveira Salazar, ainda muito menos (muito menos? Nada) progressista que ele, se afastava, em larga medida, da doutrina social da Igreja.

Como bispo – também condutor de homens - escreve uma carta a Salazar criticando alguns aspectos do regime, no que ele ofendia, gravemente, as sãs consciências cujo único crime era o de não apoiarem a ditadura.

Isto, na sequência das tão célebres como escandalosas eleições presidenciais, de semanas antes (08JUN), em que o ousado, mas também nada progressista, Humberto Delgado – “o general sem medo” – perdeu as eleições só porque “a situação” controlava em absoluto, e em seu exclusivo interesse, os actos eleitorais, utilizando, sempre, ínvios e antidemocráticos processos («as “costumadas” manobras de bastidores, no manuseamento dos cadernos eleitorais e das urnas…»).

Claro que o bispo do Porto não se imiscuiu nos negócios de Estado… Mas em questões do foro da cidadania activa.

Pagou caro o seu “atrevimento”. Em 28.04.1959 é condenado ao exílio.

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Foi há 6 anos (1999), era uma TR: encerramento da 35ª Cimeira da Organização da Unidade Africana em Argel onde se focaram os conflitos do continente e o levantamento de um sistema de segurança colectiva.

Vamos aos primórdios da OUA.

União Africana - organização com sede em Adis Abeba, na Etiópia, fundada em 25 de Maio de 1963 por representantes de trinta e dois governos africanos, com o objectivo de erradicar o colonialismo e melhorar a cooperação económica, cultural e política em África. Até 2002, denominava-se Organização da Unidade Africana (OUA), organização que o presidente do Uganda, Yoweri Museveni, uma vez classificou como «um sindicato de criminosos». As primeiras resoluções diziam respeito às lutas contra o apartheid e dos movimentos de libertação nas colónias portuguesas.

Quando África emergiu do colonialismo, na década de 1960, alguns líderes entendiam que o continente só sobreviveria se os países conseguissem falar a uma só voz. Era a posição de Kwame Nkrumah, o pai da independência do Gana (primeiro país a libertar-se do colonialismo, em 1957). Outros países partilhavam a tese de Félix Houphouet-Boigny, da Costa do Marfim, para quem os novos países independentes deviam primeiro construir nações fortes. Um compromisso entre estas duas visões deu origem à OUA.

Durante a Guerra Fria, os países africanos detinham um importante papel internacional, cada qual estabelecendo individualmente a sua política de alianças com o Ocidente ou com o Leste, interessados em ampliar as suas esferas de influência. Com o fim da URSS, a influência internacional dos Estados africanos reduziu-se substancialmente, começando a impor-se a necessidade de uma actuação integrada para recolocar África no mapa das relações internacionais.

Khadaffi lançou a primeira pedra ao propor a criação de uma federação de Estados africanos com um parlamento, um banco e um tribunal de justiça comuns, durante a cimeira da OUA realizada em Tripoli em 1999. khadaffi já tinha iniciado uma política de abertura, abandonando o discurso radical contra o Ocidente e as teses panarabistas de Nasser, para recuperar, entre outras coisas, o pensamento federador de Kwame Nkrumah, o pai do panafricanismo. (BU)

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