sexta-feira, julho 22, 2005

AS ORDENS


No princípio era o verbo. Mas era também a Ordem dos Engenheiros, dos Médicos e dos Advogados.

Depois veio o dilúvio, e Noé compartimentou, na arca, a Ordem dos Arquitectos e dos Economistas.

O nível das águas serenou e logo se lançaram na sua Ordem os Enfermeiros. E aí, tão “in” que era estar “na ordem”, logo professores e jornalistas se questionaram: porque não as nossas Ordens?

Não interessava, mais, a defesa dos interesses das classes trabalhadoras… Isso era obsoleto. Isso não trazia estatuto!

Classes trabalhadoras?

Mas Médicos, Engenheiros ou Advogados alguma vez se imiscuíram nessa plebe?

Cultivadores de uma conveniente distância e do salamaleque reverencial, sempre se imaginaram noutra esfera!

Hoje, é essa mesma instituição corporativa, porém, a preferida para arregimentar os diversos profissionais das diferentes áreas.

Assim, e de imediato, logo os Calceteiros, os Carpinteiros, os Trolhas, os Pedreiros e os Arrumadores de carros começaram a analisar a hipótese de desempenharem, também eles, as funções de regulação do acesso e do exercício da profissão… E porque não, instituírem-se na sua própria Ordem?

Ninguém se fica por menos, porque ninguém é menos do que ninguém (é esse o raciocínio, que ninguém consegue fazer-lhes ver que errado).

Estou a imaginar as vestes talares, de circunstância, pomposas, dos elementos da Ordem dos Arrumadores dos carros, com os seus colares e medalhas, solenemente pendentes do pescoço, nos encontros de cúpula com os seus pares!...

E assim vai este país: vivendo das aparências!

O que interessa é o faz de conta!

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