Completaram-se anteontem 34 anos,
foi no DM 04.06.1978: morreu em Santa Bárbara, Califórnia, Jorge de Sena,
engenheiro civil, escritor, poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta,
crítico, tradutor e professor universitário português, a cinco meses de
completar os 59 anos.
Continuação…
|
Por fim uma alusão à correspondência
com Sophia de M. Breyner.
cópia de carta de Jorge de
Sena para
Sophia de Mello Breyner
Acerca de Sophia, Jorge de Sena
escreveu: "A poesia de Sofia de Melo Breyner Andresen é (…) uma das vozes mais
nobres da poesia portuguesa do nosso tempo. Entendamos, por sob a música dos
seus versos, um apelo generoso, uma comunhão humana, um calor de vida, uma
franqueza rude no amor, um clamor irredutível de liberdade – aos quais, como o
poeta ensina, devemos erguer-nos sem compromissos nem vacilações." (Jorge de Sena, "Alguns Poetas de 1938" in Colóquio Artes e Letras, nº 1, Janeiro
de 1959)
Existe uma obra intitulada "Sophia de Mello Breyner. Jorge de Sena - Correspondência
1959-1978", da Editora Guerra & Paz.
«Dois dos maiores poetas portugueses, Sophia de Mello Breyner e Jorge
de Sena, juntos numa obra rigorosamente inédita: “Sophia de Mello Breyner,
Jorge de Sena – Correspondência” junta as cartas que os dois escritores
trocaram de 1959, quando Sena partiu para o exílio, a 1978, data da morte do
escritor. Uma correspondência BRILHANTE: Porque é o testemunho da profunda
amizade entre duas famílias, (…); Porque é um libelo implacável contra a
mesquinhez de parte do mundo cultural português [ditadura salazarista]; Porque
é o retrato da luta política, ética e estética de dois criadores sublimes. Nas
cartas de Sophia, nas cartas de Sena, de Cunhal a Agustina Bessa-Luís, de
Urbano Tavares Rodrigues a Natália Correia, da corrida ao Nobel até aos
assaltos da PIDE, o leitor encontra as grandes figuras e os grandes momentos da
história de Portugal dos anos 60 e 70.» Da apresentação da obra, da Editora Guerra
& Paz, no site da FNAC.
Duma edição daquela obra, de 2010,
transcrevo a seguinte poesia, a nota que o precede e a citação da obra que o
integra:
De Jorge de Sena Para Sophia de
Mello Breyner
”A
Sophia de Mello Breyner Andresen Enviando-lhe Um Exemplar De “Pedra Filosofal”
Filhos e versos, como os dás ao mundo?
Como na praia te conversam sombras de corais?
Como de angústia anoitecer profundo?
Como quem se reparte?
Como quem pode matar-te?
Ou como quem a ti não volta mais?
1950
Jorge de Sena, Peregrinatio ad loca infecta, 1969
Como transcrevo esta carta de
Sophia para Jorge:
Carta a Jorge de Sena
I
Não é
navegador mas emigrante
Legítimo
português de novecentos
Levaste
contigo os teus e levaste
Sonhos
fúrias trabalhos e saudade;
Moraste
dia por dia a tua ausência
No mais
profundo fundo das profundas
Cavernas
altas onde o estar se esconde
II
E agora
chega a notícia que morreste
E algo se
desloca em nossa vida
(in Ilhas. Lisboa:
Caminho, 2004, p 41-42)
Da sinopse da 2ª edição da
"Correspondência", de 2006, da mesma Editora Guerra & Paz
transcrevo: "Esta 2ª edição contem 2 novas
cartas escritas por Sophia de Mello Breyner - que Jorge de Sena nunca chegou a
receber - e um cartão postal enviada por Jorge de Sena a Sophia, a 19/2/1969,
na viagem de regresso” aos EUA, após a primeira visita
que fez Portugal depois do seu exílio."
A “Correspondência” faz parte do
programa de Português do 10º ano de escolaridade. Da apresentação trago estas
passagens:
«O ENSINO É DAS FORMAS MAIS
COMPLETAS DE REALIZAÇÃO PESSOAL
NA OPINIÃO DE JORGE DE SENA QUE
ESTA TARDE CHEGA A LISBOA
ENTREVISTA
DE ABÍLIO DINIZ SILVA (Leitor de português na Sorbonne)
(Entrevista
de 22.12.1968, in Diário de Lisboa)
Esta entrevista não passou
despercebida à Policia Política do Governo Salazarista – PIDE.
“Não me arrependo de ter tido
essas palavras
Tive-as, não as tenho mais, elas
me têm a mim.”
Jorge de
Sena, Pedra Filosofal»
(conteúdo
de uma das 11 fichas sobre a matéria) [Poetas
do séc.XX]
Uma outra ficha refere a
colaboração Zeca Afonso/Jorge de Sena, com letra deste para uma canção com
música do saudoso cantor que a interpreta e que integra o seu álbum VENHAM MAIS
CINCO:
Roubam-me
Deus
Outros o
Diabo
Quem
cantarei
Roubam-me
a pátria
E a
humanidade
Outros ma
roubam
Quem
cantarei
Sempre há
quem roube
Quem eu
deseje
E de mim
mesmo
Todos me
roubam
Quem
cantarei
Quem
cantarei
Roubam-me
Deus
Outros o
Diabo
Quem
cantarei
Roubam-me
a pátria
E a
humanidade
Outros ma
roubam
Quem
cantarei
Roubam-me
a voz
Quando me
calo
Ou o
silêncio
Mesmo se
falo
Aqui d’el
rei
Aqui d’el
rei
(Jorge de Sena/José
Afonso)
A respectiva “cantiga” pode
ouvi-la AQUI
Concluindo, o longo, vigoroso e
corrosivo poema seniano dito com a força, a fremência que só um Mário Viegas
(ou um Ary) sabiam pôr nos versos que diziam. Deixo poema e CLIP SONORO.
Não, não, não subscrevo, não assino
que a pouco e pouco tudo volte ao de antes,
como se golpes, contra-golpes, intentonas
(ou inventonas - armadilhas postas
da esquerda prá direita ou desta para aquela)
não fossem mais que preparar caminho
a parlamentos e governos que
irão secretamente pôr ramos de cravos
e não de rosas fatimosas mas de cravos
na tumba do profeta em Santa Comba,
enquanto pra salvar-se a inconomia
os empresários (ai que lindo termo,
com tudo o que de teatro nele soa)
irão voltar testas de ferro do
capitalismo que se usou de Portugal
para mão-de-obra barata dentro ou fora.
Tiveram todos culpa no chegar-se a isto:
infantilmente doentes de esquerdismo
e como sempre lendo nas cartilhas
que escritas fedem doutras realidades,
incompetentes competiram em
forçar revoluções, tomar poderes e tudo
numa ânsia de cadeiras, microfones,
a terra do vizinho, a casa dos ausentes,
e em moer do povo a paciência e os olhos
num exibir-se de redondas mesas
em televisas barbas de falácia imensa.
E todos eram povo e em nome del' falavam,
ou escreviam intragáveis prosas
em que o calão barato e as ideias caras
se misturavam sem clareza alguma
(no fim das contas estilo Estado Novo
apenas traduzido num calão de insulto
ao gosto e à inteligência dos ouvintes-povo).
Prendeu-se gente a todos os pretextos,
conforme o vento, a raiva ou a denúncia,
ou simplesmente (ó manes de outro tempo)
o abocanhar patriótico dos tachos.
Paralisou-se a vida do país no engano
de que os trabalhadores não devem trabalhar
senão em agitar-se em demandar salários
a que tinham direito mas sem que
houvesse produção com que pagá-los.
Até que um dia, à beira de uma guerra
civil (palavra cómica pois que
do lume os militares seriam quem tirava
para os civis a castanhinha assada),
tudo sumiu num aborto caricato
em que quase sem sangue ou risco de infecção
parteiras clandestinas apararam
no balde da cozinha um feto inexistente:
traindo-se uns aos outros ninguém tinha
(ó machos da porrada e do cacete)
realmente posto o membro na barriga
da pátria em perna aberta e lá deixado
semente que pegasse (o tempo todo
haviam-se exibido eufóricos de nus,
às Áfricas e às Europas de Oeste e Leste).
A isto se chegou. Foi criminoso?
Nem sequer isso, ou mais do que isso um guião
do filme que as direitas desejavam,
em que como num jogo de xadrez a esquerda
iria dando passo a passo as peças todas.
É tarde e não adianta que se diga ainda
(como antes já se disse) que o povo resistiu
a ser iluminado, esclarecido, e feito
a enfiar contente a roupa já talhada.
Se muita gente reagiu violenta
(com as direitas assoprando as brasas)
é porque as lutas intestinas (termo
extremamente adequado ao caso)
dos esquerdismos competindo o permitiram.
Também não vale a pena que se lave
a roupa suja em público: já houve
suficiente lavar que todavia
(curioso ponto) nunca mostrou inteira
quanta camisa à Salazar ou cueca de Caetano
usada foi por tanto entusiasta,
devotamente adepto de continuar ao sol
(há conversões honestas, sim, ai quantos santos
não foram antes grandes pecadores).
E que fazer agora? Choro e lágrimas?
Meter avestruzmente a cabeça na areia?
Pactuar na supremíssima conversa
de conciliar a casa lusitana,
com todos aos beijinhos e aos abraços?
Ir ao jantar de gala em que o Caetano,
o Spínola, o Vasco, o Otelo e os outros,
hão-de tocar seus copos de champanhe?
Ir já fazendo a mala para exílios?
Ou preparar uma bagagem mínima
para voltar a ser-se clandestino usando
a técnica do mártir (tão trágica porque
permite a demissão de agir-se à luz do mundo,
e de intervir directamente em tudo)?
Mas como é clandestina tanta gente
que toda a gente sabe quem já seja?
Só há uma saída: a confissão
(honesta ou calculada) de que erraram todos,
e o esforço de mostrar ao povo (que
mais assustaram que educaram sempre)
quão tudo perde se vos perde a vós.
Revolução havia que fazer.
Conquistas há que não pode deixar-se
que se dissolvam no ar tecnocrata
do oportunismo à espreita de eleições.
Pode bem ser que a esquerda ainda as ganhe,
ou pode ser que as perca. Em qualquer caso,
que ao povo seja dito de uma vez
como nas suas mãos o seu destino está
e não no das sereias bem cantantes
(desde a mais alta antiguidade é conhecido
que essas senhoras são reaccionárias,
com profissão de atrair ao naufrágio
o navegante intrépido). Que a esquerda
nem grite, que está rouca, nem invente
as serenatas para que não tem jeito.
Mas firme avance, e reate os laços rotos
entre ela mesma e o povo (que não é
aqueles milhares de fiéis que se transportam
de camioneta de um lugar pró outro).
Democracia é isso: uma arte do diálogo
mesmo entre surdos. Socialismo à força
em que a democracia se realiza.
Há muito socialismo: a gente sabe,
e quem mais goste de uns que dos outros.
É tarde já para tratar do caso: agora
importa uma só coisa - defender
uma revolução que ainda não houve,
como as conquistas que chegou a haver
(mas ajustando-as francamente à lei
de uma equidade justa, rechaçando
o quanto de loucuras se incitaram
em nome de um poder que ninguém tinha).
E vamos ao que importa: refazer
um Portugal possível em que o povo
realmente mande sem que o só manejem,
e sem que a escravidão volte à socapa
entre a delícia de pagar uma hipoteca
da casa nunca nossa e o prazer
de ter um frigorifico e automóveis dois.
Ah, povo, povo, quanto te enganaram
sonhando os sonhos que desaprenderas!
E quanto te assustaram uns e outros,
com esses sonhos e com o medo deles!
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,
guardai no bolso imagens de outras Franças,
ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,
ou de Estados Unidos que não crêem
que latinada hispânica mereça
mais que caudilhos com contas na Suíça.
Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes
tão dividido entre si mesmo. Adiante.
Com tacto e com fineza. E com esperança.
E com um perdão que há que pedir ao povo.
E vós, ó militares, para o quartel
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar
ao ponto de não serdes o que deveis ser:
garantes de uma ordem democrática
em que a direita não consiga nunca
ditar uma ordem sem democracia).
E tu, canção-mensagem, vai e diz
o que disseste a quem quiser ouvir-te.
E se os puristas da poesia te acusarem
de seres discursiva e não galante
em graças de invenção e de linguagem,
manda-os àquela parte. Não é tempo
para tratar de poéticas agora.
Santa Bárbara, Fevereiro 1976 (aniversário de uma tentativa heróica de conter uma noite que duraria décadas), publicado in Quarenta Anos de Servidão (1979) - Jorge de Sena
que a pouco e pouco tudo volte ao de antes,
como se golpes, contra-golpes, intentonas
(ou inventonas - armadilhas postas
da esquerda prá direita ou desta para aquela)
não fossem mais que preparar caminho
a parlamentos e governos que
irão secretamente pôr ramos de cravos
e não de rosas fatimosas mas de cravos
na tumba do profeta em Santa Comba,
enquanto pra salvar-se a inconomia
os empresários (ai que lindo termo,
com tudo o que de teatro nele soa)
irão voltar testas de ferro do
capitalismo que se usou de Portugal
para mão-de-obra barata dentro ou fora.
Tiveram todos culpa no chegar-se a isto:
infantilmente doentes de esquerdismo
e como sempre lendo nas cartilhas
que escritas fedem doutras realidades,
incompetentes competiram em
forçar revoluções, tomar poderes e tudo
numa ânsia de cadeiras, microfones,
a terra do vizinho, a casa dos ausentes,
e em moer do povo a paciência e os olhos
num exibir-se de redondas mesas
em televisas barbas de falácia imensa.
E todos eram povo e em nome del' falavam,
ou escreviam intragáveis prosas
em que o calão barato e as ideias caras
se misturavam sem clareza alguma
(no fim das contas estilo Estado Novo
apenas traduzido num calão de insulto
ao gosto e à inteligência dos ouvintes-povo).
Prendeu-se gente a todos os pretextos,
conforme o vento, a raiva ou a denúncia,
ou simplesmente (ó manes de outro tempo)
o abocanhar patriótico dos tachos.
Paralisou-se a vida do país no engano
de que os trabalhadores não devem trabalhar
senão em agitar-se em demandar salários
a que tinham direito mas sem que
houvesse produção com que pagá-los.
Até que um dia, à beira de uma guerra
civil (palavra cómica pois que
do lume os militares seriam quem tirava
para os civis a castanhinha assada),
tudo sumiu num aborto caricato
em que quase sem sangue ou risco de infecção
parteiras clandestinas apararam
no balde da cozinha um feto inexistente:
traindo-se uns aos outros ninguém tinha
(ó machos da porrada e do cacete)
realmente posto o membro na barriga
da pátria em perna aberta e lá deixado
semente que pegasse (o tempo todo
haviam-se exibido eufóricos de nus,
às Áfricas e às Europas de Oeste e Leste).
A isto se chegou. Foi criminoso?
Nem sequer isso, ou mais do que isso um guião
do filme que as direitas desejavam,
em que como num jogo de xadrez a esquerda
iria dando passo a passo as peças todas.
É tarde e não adianta que se diga ainda
(como antes já se disse) que o povo resistiu
a ser iluminado, esclarecido, e feito
a enfiar contente a roupa já talhada.
Se muita gente reagiu violenta
(com as direitas assoprando as brasas)
é porque as lutas intestinas (termo
extremamente adequado ao caso)
dos esquerdismos competindo o permitiram.
Também não vale a pena que se lave
a roupa suja em público: já houve
suficiente lavar que todavia
(curioso ponto) nunca mostrou inteira
quanta camisa à Salazar ou cueca de Caetano
usada foi por tanto entusiasta,
devotamente adepto de continuar ao sol
(há conversões honestas, sim, ai quantos santos
não foram antes grandes pecadores).
E que fazer agora? Choro e lágrimas?
Meter avestruzmente a cabeça na areia?
Pactuar na supremíssima conversa
de conciliar a casa lusitana,
com todos aos beijinhos e aos abraços?
Ir ao jantar de gala em que o Caetano,
o Spínola, o Vasco, o Otelo e os outros,
hão-de tocar seus copos de champanhe?
Ir já fazendo a mala para exílios?
Ou preparar uma bagagem mínima
para voltar a ser-se clandestino usando
a técnica do mártir (tão trágica porque
permite a demissão de agir-se à luz do mundo,
e de intervir directamente em tudo)?
Mas como é clandestina tanta gente
que toda a gente sabe quem já seja?
Só há uma saída: a confissão
(honesta ou calculada) de que erraram todos,
e o esforço de mostrar ao povo (que
mais assustaram que educaram sempre)
quão tudo perde se vos perde a vós.
Revolução havia que fazer.
Conquistas há que não pode deixar-se
que se dissolvam no ar tecnocrata
do oportunismo à espreita de eleições.
Pode bem ser que a esquerda ainda as ganhe,
ou pode ser que as perca. Em qualquer caso,
que ao povo seja dito de uma vez
como nas suas mãos o seu destino está
e não no das sereias bem cantantes
(desde a mais alta antiguidade é conhecido
que essas senhoras são reaccionárias,
com profissão de atrair ao naufrágio
o navegante intrépido). Que a esquerda
nem grite, que está rouca, nem invente
as serenatas para que não tem jeito.
Mas firme avance, e reate os laços rotos
entre ela mesma e o povo (que não é
aqueles milhares de fiéis que se transportam
de camioneta de um lugar pró outro).
Democracia é isso: uma arte do diálogo
mesmo entre surdos. Socialismo à força
em que a democracia se realiza.
Há muito socialismo: a gente sabe,
e quem mais goste de uns que dos outros.
É tarde já para tratar do caso: agora
importa uma só coisa - defender
uma revolução que ainda não houve,
como as conquistas que chegou a haver
(mas ajustando-as francamente à lei
de uma equidade justa, rechaçando
o quanto de loucuras se incitaram
em nome de um poder que ninguém tinha).
E vamos ao que importa: refazer
um Portugal possível em que o povo
realmente mande sem que o só manejem,
e sem que a escravidão volte à socapa
entre a delícia de pagar uma hipoteca
da casa nunca nossa e o prazer
de ter um frigorifico e automóveis dois.
Ah, povo, povo, quanto te enganaram
sonhando os sonhos que desaprenderas!
E quanto te assustaram uns e outros,
com esses sonhos e com o medo deles!
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,
guardai no bolso imagens de outras Franças,
ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,
ou de Estados Unidos que não crêem
que latinada hispânica mereça
mais que caudilhos com contas na Suíça.
Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes
tão dividido entre si mesmo. Adiante.
Com tacto e com fineza. E com esperança.
E com um perdão que há que pedir ao povo.
E vós, ó militares, para o quartel
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar
ao ponto de não serdes o que deveis ser:
garantes de uma ordem democrática
em que a direita não consiga nunca
ditar uma ordem sem democracia).
E tu, canção-mensagem, vai e diz
o que disseste a quem quiser ouvir-te.
E se os puristas da poesia te acusarem
de seres discursiva e não galante
em graças de invenção e de linguagem,
manda-os àquela parte. Não é tempo
para tratar de poéticas agora.
Santa Bárbara, Fevereiro 1976 (aniversário de uma tentativa heróica de conter uma noite que duraria décadas), publicado in Quarenta Anos de Servidão (1979) - Jorge de Sena
Fontes
várias, entre elas:
-
[BU: Sena]: Biblioteca/Enciclopédia Universal da
Texto Editores. Entrada: Jorge de Sena
-
[Canaveira]: Manuel Filipe Canaveira, trabalho publicado num destacável d’ “O
Jornal”, de 10MAI1991
-
[Info: Sena]: Infopédia, a enciclopédia online da
Porto Editora. Entrada: Jorge de Sena
- [Info: Cadernos]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora:
entrada Cadernos de poesia
- [Ler
Sena]: Ler Jorge de Sena/Antologias/Universidade Federal do Rio de Janeiro
- [Poetas
do séc.XX]: Poetas do séc.XX - 2 -
Presentation Transcript
(nº
da ficha)| Português – 10º ano | Poetas do Séc. XX – Jorge de Sena e Sophia de
Mello Breyner Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra
2010 /2011
- [Wiki: Arquíloco]: Wikipédia, a enciclopédia livre. Entrada:
Arquíloco
-
[Wiki: Sena]: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Entrada: Jorge de Sena
Sem comentários:
Enviar um comentário