segunda-feira, junho 11, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA - I



Como sempre, recordo:

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades e lembro datas.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.

DECORRE O 12º ANO DO 3º MILÉNIO
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 11 DE JUNHO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do calendário chinês
Ano 5772-5773 do calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira (calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário arménio
Ano 1390-1391 do calendário Persa
e relativamente aos calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do calendário Kali Yuga

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado, 2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS
(…)
Foi Rei? - Fez tudo quanto a Rei se deve;
pôs na guerra e na paz devido estudo;
mas quão pesado foi ao Mouro rudo
tanto lhe seja agora a terra leve.
(…)

Parte de um soneto de Camões sobre D. João III

retrato de D. João III, de c. 1545,
óleo de Cristóvão Lopes

Faz hoje 455 anos que morreu D. João III, "numa Sexta-feira, 11 de Junho" de 1557, 3 anos depois de ter morrido o seu último filho sobrevivente - dos 10 que teve -, o infante D. João Manuel [1554] que foi o pai de D. Sebastião - que nem chegou a conhecer. A D. João III sucedeu, pois, o neto, D. Sebastião, nessa altura com cerca de três anos de idade (nasceu a 20.01 daquele ano de 1554). Assim, o reinado do novel rei começou com a regência da rainha viúva D. Catarina, sua avó.

Nessa data reinava em Espanha Joana I, a Louca, terceira filha dos Reis Católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela; foi rainha de Castela (1504-1555) e Aragão (1516-1555) e mãe do imperador Carlos V, da Casa dos Habsburgo, do Sacro Império Romano-Germânico; Joana foi a primeira monarca da Espanha unificada e era da Casa de Trastâmara; devido a sua instabilidade mental, reinou junto com seu filho, Carlos I, até sua morte em 1555. Carlos I de Espanha ou Carlos de Habsburgo (1500-1558) era, portanto, então Rei de Espanha (como Carlos I) e Imperador do Sacro Império Romano (como Carlos V); mas era também Arquiduque de Áustria, Duque de Milão, conde de Flandres, Rei de Nápoles e Sicília como Carlos IV de 1516 a 1555, Príncipe dos Países Baixos de 1516 até abdicar destes tronos em Outubro de 1555. Abdicou em 1556 e passou o governo a seu filho, Filipe II (Filipe I de Portugal), excepto o Sacro Império e suas terras austríacas, que entregou ao irmão Fernando; os pais de Carlos V eram Filipe, “O Belo” ou Filipe I de Castela e a já mencionada Joana I de Castela; Carlos casou com sua prima, Isabel de Portugal, filha de D. Manuel, que era seu tio por afinidade, pois que D. Manuel casou com duas irmãs de sua mãe; e Carlos era ainda neto de Maximiliano I da Germânia ou de Habsburgo. Carlos V dividiu seu Império: deu para seu filho Filipe II (nosso Filipe I, neto de D. Manuel) os Países Baixos, as Coroas de Castela, Aragão, e Sicília e a Borgonha; o Sacro Império foi dado para Fernando I seu irmão mais novo. Reinou na Espanha sozinho depois da morte de sua mãe, Joana I, em 1555.
Rainha de Inglaterra e da Irlanda era Maria I (47), cognominada Bloody Mary (ou a Sanguinária): foi a quinta criança nascida do primeiro casamento de Henrique VIII (44) de Inglaterra com Catarina de Aragão e a única a atingir a idade adulta. Maria não foi a imediata sucessora de seu pai, já que foi seu meio-irmão (irmão consanguíneo), Eduardo VI (45), filho do 3º casamento de seu pai, por ser o único filho varão que ele teve. Por morte deste, que morreu sem herdeiros, e por sua vontade, sucedeu-lhe uma sobrinha-neta de Henrique VIII, Joana I (46) (Joana Grey) cujo reinado, de jure, só durou 9 dias, pois nem foi coroada, sendo destronada, por vontade popular, por Maria I; acabou por ser condenada e executada por traição. Todos eles da Casa dos Tudor.
Henrique II (40) era na altura o rei de França, da Dinastia de Valois-Angoulême. Casou com Catarina de Médicis, sobrinha do Papa Clemente VII (219).
Rei da Itália (22) era Carlos V, o mesmo Carlos de Habsburgo (1500-1558) acima referido.
Sacro-imperador Romano Germânico (31) era ainda o mesmo Carlos V que casou – recordo – com D. Isabel de Portugal, sua prima e filha de D. Manuel.
Ivan IV (ou João IV), o Terrível, foi o 11º monarca russo, mas a 18.03.1547 autoproclama-se 1º Czar (César) da Rússia, devido a extensão que os domínios russos alcançaram.
Pontificava Paulo IV (223º)

D. João III foi o 15º rei de Portugal, nasceu na SG 06.06.1502, foi baptizado pelo arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa, irmão do cardeal de Alpedrinha (D. Jorge da Costa), que foi o 9º cardeal português e reinou durante 36 anos (de 1521 a 1557).

«O dia do seu nascimento foi assinalado por uma horrorosa tempestade, e o do baptismo por um incêndio que se declarou no paço, coincidências que muito impressionaram como de grande agoiro no futuro reinado. Infelizmente, os factos posteriores vieram confirmar estes lúgubres presságios.» [Dicionário]

D. João III era filho do (segundo) casamento de D. Manuel I com a cunhada Maria de Castela, irmã da sua primeira mulher, Isabel de Castela, que morreu de parto e que era viúva do infante D. Afonso, seu sobrinho porque filho de sua irmã, D. Leonor, com D. João II; Isabel e Maria que eram, ambas, filhas dos reis católicos e irmãs de Joana, a Louca, mãe do Sacro Imperador Carlos V, de quem eram tias, sendo que Carlos V casou com uma filha de D. Manuel, Isabel de Portugal, irmã de D. João III, de quem era cunhado.

D. João III casou no DM 05.02.1525, aos 23 anos incompletos, com D. Catarina, irmã de sua madrasta, D. Leonor, 3ª mulher de D. Manuel, que chegara a ser pensada para nora deste, porque se pretendia que casasse com seu filho João, futuro D. João III. Assim, D. Catarina era igualmente irmã de Carlos V, genro de D. Manuel e, como já dito, cunhado de D. João III.
Isabel, Maria e Joana de Castela (ou d’ Áustria) eram irmãs, filhas dos reis católicos; Carlos, Leonor e Catarina de Castela (todos irmãos, filhos de Filipe, o Belo” ou Flipe I e de Joana I, a Louca) eram também da Dinastia d’Áustria ou dos Habsburgo.

D. Manuel, do seu segundo casamento, com D. Maria de Castela (ou d’Áustria) teve 9 filhos. O primogénito e seu sucessor foi exactamente D. João III. Que foi irmão de um outro futuro rei de Portugal, de 1578 a 1580, o Cardeal D. Henrique (7º filho), que antes chegara a ser arcebispo de Braga, Évora e Lisboa. Mas entre os irmãos destes destaco, ainda, D. Luís (4º filho) e D. Duarte (9º), homens eruditos, cultores das ciências e das letras, o primeiro discípulo de Pedro Nunes (e pai natural de D. António, Prior do Crato), o segundo discípulo de André de Resende. Mas, e por mera curiosidade, é de referir ainda o infante D. Afonso (6º dos 9) que foi bispo de Évora, Guarda e Viseu, arcebispo de Lisboa e cardeal -dignidade esta conferida pelo papa Leão X (217º), em 1513, quando o infante tinha 4 anos (!), mas sob condição de não poder ser tratado como tal antes de chegar aos 14 anos. Mas recebeu o barrete cardinalício aos 9 anos (!) – [Ditos, pg 56]
Um outro facto vem a propósito recordar: o infante D. Luís (o 4º dos 9, mas o segundo filho varão d’O Venturoso) “teve excepcional prestígio, maior que qualquer dos seus irmãos, e D. João III (que só por ter nascido antes - 4 anos - que o irmão, foi rei) procurou sempre mantê-lo na sombra. Vários escritores, entre eles Gil Vicente, D. João de Castro e Pedro Nunes, lhe dedicaram obras" [Ditos, pg 54]

Se D. João III teve, como vimos, irmãos dotados de elevado grau de cultura (além dos já referidos D. Luís e D. Duarte, seus irmãos germanos - vulgo, inteiros -, também D. Maria, sua irmã consanguínea - vulgo meia-irmã, filha do mesmo pai mas de diferente mãe, de D. Leonor -, já ele (D. João III) «em criança deu mostras de medíocre inteligência, e além disso, não teve uma aplicação assídua e séria que os estudos demandam; (…)” e “os mestres, ou por demasiado respeito, ou por mera adulação, nunca pensaram em exercer para com o real discípulo a autoridade que por boa razão lhes cabia. Não chegou, portanto, a desenvolver as faculdades intelectuais, como seria fácil na presença dos grandes meios de instrução que lhe foram proporcionados.» [Dicionário]

Por outro lado, Frei Luís de Sousa, depois de mencionar os preceptores e mestres do rei, comenta: «Porém de todo este cuidado se lhe não pegou mais que huma boa inclinação pera as Letras e letrados, em tanto gráo, que achamos posto em memoria, que quando o nosso celebrado Cronista da Asia, João de Barros, compunha por passatempo a fabulla do seu Clarimundo, afim de polir o estilo, pera vir a escrever as verdades dos feitos portuguezes, guerras e costumes da Asia, com que despois espantou o mundo, tinha o Príncipe tanto gosto da lição della, que acontecia tomar-­lhe os cadernos e de sua mão illos emendando. Que não póde ser mais claro indicio de amor aos Livros: que todavia valeo muito a este Reyno. Porque vindo a reynar fez que florescessem nelle com grandes aventagens todas as boas letras.» [Anais]


… continua amanhã, TR 12.06.2012…





Sem comentários:

free web counters
New Jersey Dialup