quinta-feira, junho 12, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 7

outra peça do museu das comunicações: telex


Trocava impressões com o meu amigo CP que recebe directamente as crónicas (Obama News) da campanha em curso nos States para as presidenciais de Novembro próximo, e mostrava-lhe algum desapontamento acerca de certas declarações do candidato democrata.
O meu amigo, convida-me, então, a “descer mais à terra”... A admitir (talvez por outras palavras - melhores, certamente) que a política consiste numa permanente tentativa de conciliação de interesses, divergentes ou mesmo opostos, de negociações, de recuos, de avanços, de maleabilidades e concessões, de inflexibilidades e conflitos... Que se os políticos influenciam a sociedade, são, igualmente por ela influenciados. E por aí fora.

«Sim, sim – respondi. E continuei: a realidade é a realidade. Ignorar a evidência é o tal tapar o Sol com a raquete de ténis.
Da tal realidade e da tal evidência são um exemplo a súmula da opinião expressa pelo Fernando: «Obama não é um social democrata "de esquerda", nem um comunista do velho ou novo tipo, nem um europeu. É um americano que traz no sangue experiências cruzadas de vários continentes e que estudou nalgumas das melhores escolas e universidades americanas, por entre elites sociais e bem pensantes.»
Pois!
Além do tal discurso da vitória há aquela declaração acerca de Jerusalém... Etc..
Mas (deixa-me sonhar!) insisto: penso que algo está a acontecer ou em vias de acontecer.
Sei lá: dentro de alguns lustros. Talvez algumas (poucas) décadas...
É uma coisa que eu sinto... Qualquer coisa que paira por aí... Que terá de acontecer...
(Embora eu saiba que não vai sobrar para mim, para eu também saborear. Mas os meus filhos e os meus netos merecem melhor que isto que temos...)
Ou não é verdade que "O SONHO COMANDA A VIDA"?...»



Nota: nos EUA o termo caucus ganhou uma específica conotação, pelo que no glossário político daquele país excede o significado comum que tem nos dicionários de inglês.
Para as pessoas que não estejam tão familiarizadas com a diferença, deixo um link para a Wikipédia, acerca do especial significado da expressão nos States: http://pt.wikipedia.org/wiki/Caucus








Obama News - 20080609 -
1. Os nomes e os atrasos de Hillary Clinton;
2. Um artigo sobre Israel.


Caros amigos,
Passa das quatro horas da manhã.
Como não consegui trabalhar durante o dia, sentei-me ao computador depois do jantar e só vou parar agora.
Envio dois textos em anexo.
Peço-vos para os lerem apenas se se sentirem com vontade para o fazer.

1
Um é uma pequena listagem de frases que intitulei "Os nomes e os atrasos de Hillary Clinton". Trata-se de seriar algumas notas que permitam alguma reflexão em torno da personalidade em questão. Já um destes dias invoquei Maquiavel. O poder é um imenso território onde quotidianamente se praticam os mais diversos maquiavelismos. O passado aí está à disposição de quem o quiser estudar. O presente é, por vezes, confuso e enevoado. O futuro é, como sempre inevitável e esclarecedor.
2
Outro é a minha tradução de um texto publicado por um comentador de que gosto muito e que dá pelo nome de Thomas L. Friedman. O título é esclarecedor: Tempo para um Pragmatismo Radical. Trata-se de um desafio à futura administração dos EUA. Num assunto que é de extrema gravidade e delicadeza: a situação no Médio Oriente e a existência dos Estados independentes de Israel e Palestina. É um texto, também, que ajuda a reflectir. A fugir dos noticiários das televisões (incompetentes ou mentirosos) e dos paradigmas que todos nós vamos construindo e não nos deixam ver mais longe.
Para quem quizer ler a versão original envio o link respectivo:

http://www.nytimes.com/2008/06/04/opinion/04friedman.html?ex=1213416000&en=17c40cf27f4348ba&ei=5070&emc=eta1

Um grande abraço para todos.
Boa noite (bom dia para vós) e boa sorte.
fernando


os 2 anexos
- OS NOMES E OS ATRASOS DE HILLARY


Fernando
9 de Junho de 2008



1
No dia 26 de Outubro de 1947, nasceu Hillary Diane Rodham Clinton, filha de Hugh Ellsworth Rodham e Dorothy Emma Howell Rodham.

2
Enquanto estudante era conhecida por Hillary Rodham, nome que manteve, mesmo depois de viver e se casar com Bill Clinton, em 1975, pelo facto de não ter adoptado o nome de família do marido (contra a vontade de ambas as respectivas mães).

3
No início dos anos 80, quando o marido tentava, pela segunda vez, conquistar o lugar de Governador de Arkansas (o que veio a conseguir) ela, para “acalmar” os eleitores desse Estado, passou a intitular-se Hillary Clinton ou Mrs. Bill Clinton.

4
Manteve esses nomes até ao fim do segundo mandato do marido (2000).

5
Mas, quando se candidatou a Senadora por New York (nesse mesmo ano), voltou a mudar de nome. Desta vez passaria a chamar-se Hillary Rodham Clinton. Com esse nome ganhou em 2000 e em 2006, sendo conhecida, a partir de então como a Senadora Hillary Rodham Clinton.

6
É com esse nome que se publica um livro, com a sua biografia e a sua fotografia na capa, que se transforma num best-seller.

7
Em 2007, quando começa a preparar a campanha eleitoral para as Primárias do Partido Democrático, decide mudar de nome e passar a chamar-se “oficialmente” Hillary Clinton (Hillary para os amigos).

8
A sua palavra de ordem para esta campanha é Hillary Clinton (com letras bem grandes) for President (em letras pequenas) que acolhe o nick name de Hillary (com letras grandes) for President (com letras pequenas) no respectico site (
www.hillaryclinton.com).

9
Esta dança de nomes não é fruto do acaso ou de humores variáveis. É, pelo contrário, a permanente utilização de todos os meios possíveis que permitam atingir determinados fins em vista.

10
Por hoje não escrevo mais sobre este assunto. Se alguém me ler, ficará com matéria para reflectir. O que é sempre um exercício aconselhável e muito saudável.

11
Para acrescentar a isto, durante a última semana, há pormenores que, ligados, são também muito indicados para exercitar o pensamento.

12
Na terça-feira, 3 de Junho, último dia das Primárias, antes do Senador Barack Obama pronunciar o discurso de vitória (por ter conseguido o número de delegados à Convenção que lhe dava uma maioria absoluta), a Senadora Hillary Clinton foi apresentada pelo seu director de campanha como a “futura Presidente dos EUA”.

13
Ela tomou a palavra e não desmentiu. Também não confirmou, é certo. Até elogiou Barack Obama e a sua campanha. Mas sublinhou que nunca tinha havido um candidato em Primárias do Partido Democrático que tivesse alguma vez tido tantos votos como ela (afirmação só possível se, como afirmava a sua candidatura, não se contassem 13 Estados em que tinha havido caucuses e se contassem os votos de 2 em que não tinha havido campanha eleitoral, sendo que, num deles, nem o nome de Obama existia nos boletins de voto).

14
Aos gritos de alguns apoiantes que pediam que ela levasse o combate até à Convenção (“Denver! Denver! Denver!), não o negou, nem o confirmou. Deixou que os ecos continuassem a soar.

15
Quando um dos seus fervorosos apoiantes anunciou publicamente, nessa mesma noite, o lançamento de um abaixo-assinado para pressionar Obama a escolhê-la para Vice-Presidente, a sua resposta foi o silêncio, apenas interrompido, uns dias mais tarde, por um dos membros da sua campanha a desencorajar tal iniciativa, porque “era a Senadora que ditava os seus interesses e preferências e não qualquer dos seus apoiantes”.

16
Depois de uma conversa à porta fechada entre Hillary e Barack, na casa da primeira, nada se soube a não ser que ela faria uma comunicação na 6ª feira, dia 6 de Junho.

17
Mais tarde esta data foi mudada para a manhã do dia seguinte.

18
Mais tarde foi anunciado que o seu discurso seria feito no sábado às 12 horas.

19
A essa hora ainda ela estava em casa. E estaria. Chegou ao National Building Museum de Washington DC quase uma hora mais tarde. Onde começou, finalmente, o tão anunciado discurso.

20
Perante as habituais interrogações e especulações jornalísticas dos motivos de tal atraso, que chegou a ser intitulado por um jornalista da CNN de “a dramatic delay”, houve um comentador (da MSNBC) que, por fim, esclareceu: “No problem! She always run late!...”

21
Nós sabemos. As pessoas importantes e que têm muito que fazer chegam sempre tarde. Os que são pontuais, ou não são importantes, ou têm pouco que fazer, ou ambas as coisas.

22
O drama e a manipulação da emoção não são fruto do acaso ou de humores variáveis. São, pelo contrário, a permanente utilização de todos os meios possíveis que permitam atingir determinados fins em vista.

23
Por hoje não escrevo mais sobre este assunto. Se alguém me ler, ficará com matéria para reflectir. O que é sempre um exercício aconselhável e muito saudável.

24
Quando se vota para um Presidente dos EUA ou doutro qualquer país, há muitos factores que pesam. Um deles, sem dúvida, principalmente para as pessoas que pensam e se preocupam, tem a ver com o carácter de cada candidato.

25
Durante esta campanha, dramaticamente, mais de metade dos eleitores, incluindo os que votaram na Senadora, afirmaram que não a consideravam honesta. Até me arrepiei quando soube que esta questão tinha sido colocada numa das sondagens “à boca das urnas”. Sondagens são sondagens. Nunca lhes atribuí virtudes que outros, desmesuradamente, sublinham. Mas, terrivelmente, há muitos eleitores por esse mundo fora que preferem votar em quem não é sério, com o argumento que a “política” é um assunto “sujo” e que os “políticos” são todos iguais.

26
Felizmente não são!


*

- Crónica publicada em The New York Times, no dia 4 de Junho de 2008
Tradução da minha responsabilidade
Fernando

TEMPO PARA UM PRAGMATISMO RADICAL

Thomas L. Friedman
Ramallah, West Bank


Quando enviava reportagens de Israel nos meados dos anos 80, o principal debate que aqui se travava era se o programa israelita de construção em West Bank já tinha ultrapassado um ponto de não retorno – um ponto em que uma séria retirada se tornasse impossível de imaginar. A pergunta muitas vezes repetida era: “Faltam 5 minutos para a meia-noite, ou passaram já 5 minutos da meia-noite?” Ora bem, fazendo uma pequena viagem por West Bank, como sempre faço quando aqui venho, o que mais me preocupa é que não passam apenas cinco minutos da meia-noite, mas que para lá desses minutos há que somar uma semana mais.
O West Bank de hoje é uma manta feia de altas paredes, de pontos de controlo Israelitas, colónias judias “legais” e “ilegais”, aldeias árabes, estradas judias que só os habitantes de Israel podem usar, estradas árabes e estradas bloqueadas. Esta realidade dura e pesada que se constata no terreno não vai ser alterada por qualquer processo de paz convencional. “A solução dos dois Estados está a desaparecer”, disse Mansour Tahboub, editor sénior no jornal de West Bank chamado Al-Ayyam.
De facto, chegámos a um ponto em que a única coisa que poderá dar resultados é aquilo a que chamo “pragmatismo radical” – um pragmatismo que terá de ser tão radical e energético como os extremismos que pretende abolir. Sem isso, temo, Israel permanecerá permanentemente prenhe, com um eterno Estado Palestiniano por nascer dentro de si.
A razão pela qual precisamos de uma iniciativa radical é óbvia: as “negociações” “habituais” que Israelitas e Palestinianos estão a travar não têm, nem energia, nem autoridade suficientes para chegar a uma solução. Com o encorajamento da administração Bush, Israel e a Autoridade Palestiniana em West Bank estão a negociar um projecto de tratado de paz que, supostamente, será colocado numa prateleira, enquanto os Palestinianos não tiverem capacidade suficiente para o implementar. Eu, seriamente, duvido que as partes cheguem a concluir esse projecto, e que, por força de razão, tenham capacidade para o implementar.
A falta de energia Israelo-Palestiniana de hoje tem três diferentes níveis. O primeiro é o nível de esperança e confiança. Desde que falhou o acordo de Oslo (para quem não sabe: realizou-se em 1993 e nele, pela primeira vez foi reconhecida, mutuamente, a possibilidade de existirem dois Estados independentes na região – Israel e Palestina) o romance extravasou o processo de paz. Israelitas e Palestinianos fazem-me lembrar o casal que, depois de um atribulado namoro, casam finalmente mas que, um ano depois, continuam a utilizar as mesmas mentiras: os Israelitas continuam a instalar colónias nos territórios ocupados e os Palestinianos continuam a acumular ódios. Quando se mente e se faz a guerra depois da paz, a confiança desvanece-se por muito tempo.
O défice de confiança é exacerbado pelo facto dos Palestinianos, depois de Israel ter abandonado a faixa de Gaza em 2005, em vez de construírem uma Singapura nesse espaço, terem construído uma Somália e, em vez de se terem concentrado na produção de micro-chips, se terem preocupado em fazer rockets para atingir Israel.
A segunda razão para a falta de energia vem do facto de Israel, com o muro que construiu em redor de West Bank, ter conseguido anular de tal forma os bombistas suicidas que o público de Israel não sente qualquer sentido de urgência para a resolução do conflito, tanto mais quando a economia de Israel está florescente. Por detrás do muro, o West Bank poderá permanecer um Afeganistão.
“Hoje, você não constata, nem o romantismo do processo de paz anterior a Oslo, nem um previsível desastre que possa afectar as consciências de Israel”, fez notar o colunista Ari Shavit do jornal Haaretz (nota do tradutor: é um jornal diário israelita, fundado em 1919, publicado em hebreu, com uma versão condensada em inglês anexa à edição do International Herald Tribune distribuída em Israel e que tem, também, uma página na Internet, em hebreu e em inglês).
O terceiro nível tem a ver com o facto de ambos os sistemas políticos (em Israel e na Palestina) terem tantas divisões internas que nenhum deles está capaz de gerar a autoridade necessária para tomar grandes decisões.
Apenas os EUA poderão ultrapassar o cinzentismo desta diplomacia, oferecendo um pragmatismo radical em que a lógica seja a seguinte: Se o Presidente Mahmoud Abbas não conseguir controlar rapidamente pelo menos parte de West Bank, não terá autoridade para assinar qualquer projecto de paz com Israel. Ficará completamente desacreditado.
Mas, Israel não pode ceder o controlo de qualquer parte de West Bank sem que lhes seja assegurado algo de concreto em troca. Rockets dos territórios de Gaza na remota cidade Israelita de Sderot. Rockets do West Bank que poderão atingir e fazer encerrar o aeroporto internacional de Israel. Isso é um risco intolerável. Israel terá de ceder o controlo de parte do território de West Bank desde que essa decisão não os exponha a ter de fechar o seu aeroporto.
O pragmatismo radical dirá que a única maneira para conseguir um acordo equilibrado entre as necessidades actuais de soberania dos Palestinianos e a retirada, agora, de Israel, sem criar um vazio de segurança, é introduzir uma terceira parte em que haja confiança – a Jordânia – para ajudar os Palestinianos a controlar a parte de West Bank que lhes for confiada. A Jordânia não está interessada em controlar os Palestinianos, mas, por outro lado, tem um interesse vital em que o West Bank não caia nas mãos do Hamas.
Sem uma nova proposta radicalmente pragmática – uma que faça com que Israel saia de West Bank, dê aos Palestinianos controlo real e soberania, mas que, simultaneamente, faça com que, confiadamente, a Jordânia seja um parceiro da Palestina – qualquer projecto de acordo será morto à nascença.

*


Obama News - 20080610 -
Alguns dos vossos comentários e uma resposta...

Caros amigos,
A coisa mais reconfortante é receber os vossos comentários, críticas, sugestões.
Aqui vão uns exemplos e a resposta que enviei a um deles.
...
A
Li os dois anexos. O último é de capital importância neste calvário que já leva 60 anos de vida ao ainda não nascido Estado Palestino.
Mas nele, no 1.º § que se inicia na 2.ª pág., onde escreveste «O défice de confiança é exacerbado pelo facto dos Palestinianos, depois de Israel... em vez de construírem uma Singapura... terem construído...» devia ser «O défice de confiança é exacerbado pelo facto de os Palestinianos, depois de Israel...». Isto digo eu, já que a contracção da preposição com o artigo nem sempre é válida, no meu entender. Exemplos.: Eu apoio a causa dos (de+os) Palestinos; Eu oponho-me à filosofia dos (de+os) Israelitas, que conduz ao extermínio dos Palestinos; Eu oponho-me à filosofia de os Israelitas exterminarem o povo Palestino.
A contracção significa, de certo modo, posse, pertença de alguma coisa, de alguém (dos / deles). A preposição e o artigo separados significa que se lhe segue a enunciação de uma acção (de os... exterminarem).
Também, segundo creio «Palestinianos» deriva do francês: palestinians; Julgo que, em português, se deve dizer «Palestinos», derivado directamente de Palestina.
São duas achegas com as quais concordarás, ou não.
B
Estive a ouvir as palavras de Obama sobre Israel e Jerusalém, a qual "will remain capital of Israel and must remain undivided!".

http://www.youtube.com/watch?v=PYcAmBXtmdA

Não vejo como podes conciliar isso com as opiniões expressas pelo sr. Friedman, as quais pareces partilhar. Por acaso tenho um amigo árabe, já reformado, que foi um funcionário superior das Nações Unidas e cuja família reside desde há séculos em Jerusalém e conheço, com algum detalhe, como é que Israel tem vindo a conseguir a sua "capital undivided". O sr. Obama decepcionou-me muito, o que não é grave porque a música dele não se destina aos meus ouvidos. Afinal ele é apenas mais um dos que não quer ver que nunca haverá solução no Médio Oriente enquanto Israel puder fazer tudo o que quer com a cobertura do Ocidente e se esmerar em humilhar e roubar a esperança aos palestinianos.
B.1
Aqui vai a minha resposta a esta última.
1
Não somos obrigados a concordar com tudo quando queremos chegar a um acordo.
Nem concordo com tudo o que o Obama diz ou faz, nem estou de acordo a 100% com os muitos documentos de Thomas Friedman que já li.
2
Obama é um membro (embora um pouco atípico) do Partido Democrático. Está limitado, por isso, na sua acção. As políticas (principalmente a externa) dos dois Partidos que dominam a vida americana não se distinguem muito, como todos sabemos. Em matéria de política externa estão demasiado condicionados por paradigmas que têm a ver com a sua própria independência e poder. Para além disso, o complexo de super-potência não os deixa ver, muitas vezes, para lá das suas próprias fronteiras e dos seus próprios interesses.
3
Mas há outras limitações, para lá das que o próprio Partido impõe. Obama não é um social democrata "de esquerda", nem um comunista do velho ou novo tipo, nem um europeu. É um americano que traz no sangue experiências cruzadas de vários continentes e que estudou nalgumas das melhores escolas e universidades americanas, por entre elites sociais e bem pensantes.
4
Há limitações, também, porque, para se ganharem eleições são precisos votos. Não apenas dos fiéis apoiantes.
Se quer ser Presidente terá de saber ceder, negociar, procurar o melhor tempo. No que diz respeito ao Médio Oriente, se quer ganhar a Presidência e fazer "o que for possível" terá de contar com o apoio da comunidade judia nos EUA e em Israel. E, simultaneamente, procurar muito estreitos caminhos que permitam considerar, não apenas os Palestinianos, mas todos os países da região (Irão, Síria, Jordânia, Líbano, Iraque, Turquia, Egipto). Queres tarefa mais difícil, principalmente depois do legado de Bush?
5
Obama nunca ganhará as eleições nos EUA se não tocar no eleitorado do centro político, social e geográfico. Será possível?
6
Aqui tens parte do puzzle em que me movimento. O meu passado e a minha experiência pessoal têm permitido, penso eu, que, por vezes, consiga ver um pouco mais além. Mas não espero paraísos. Qualquer que seja o resultado destas eleições presidenciais, a situação é difícil e muitos terão de pagar pela falta de visão e estratégia que tem havido nos EUA e no mundo. Os tempos serão difíceis. Mas se Obama ganhar, talvez haja uma "coligação" de poderes, de pessoas, de interesses, de projectos, de sonhos e esperanças que tornem o caminho um pouco menos difícil e um pouco mais possível.
...
Um abraço,
fernando


1 comentário:

aminhapele disse...

"Think tank"!

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