sexta-feira, junho 06, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA – 5

internet: visualização gráfica de várias rotas

Há dias, ao divulgar entre alguns amigos estes posts, referia-lhes a tragédia que repetidamente se vem anunciando como possível. A velha história dos fins e dos meios, afinal.
E acrescentava: Não estou precipitada e antecipadamente a ungir o candidato!... Mas há algo de diferente que está a acontecer. Ou prestes a acontecer.
Pode não ser ainda desta. Ou a ser, pode não corresponder, inteiramente, às expectativas...
Mas se não for desta... Algum dia terá de ser. É impossível que assim não seja.

Pois bem, as crónicas do nosso amigo e especial correspondente, Fernando – a de hoje, particularmente – são entusiastas, apaixonadas, de um optimismo contagiante, de uma felicidade de que não é possível duvidar.

Tudo muito mais susceptível de impressionar os generosos e enormes corações mais jovens.
Os mais velhos estamos mais reticentes, mais (ansiosamente) expectantes. Já somamos maior número de esperanças convertidas em desilusões. Achamos tudo demasiado bom para podermos acreditar. Mas queremos acreditar. Sabemos (esperamos, militantemente e com grande certeza de concretização) que um dia acontecerá.
Não tenho procuração dos mais idosos. Falo por mim, imaginando que o mesmo se passa com alguns outros rapazes e moças da minha idade.



Bom, mas importantes, mesmo, não são as minhas considerações. São as palavras do Fernando.
Essas, sim, merecem ser saboreadas, analisadas, pesadas.
Aí ficam:




Obama News - 20080606 -
No aniversário do assassinato de
Robert Kennedy



CHANGE
WE CAN BELIEVE IN
Caros amigos,
Recebi hoje um email de uma de vós.
...
VIVA O OBAMA!
Só hoje arranjei um bocadinho para ir ao correio electrónico. Estou tão feliz que nem caibo em mim. Imagino como tu estarás.
Ele escreve sempre e-mails para os seus apoiantes ?
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Respondi assim.
...
Não te passa pela cabeça o que tem sido esta experiência.
Muitas pessoas não se aperceberam, nem se apercebem, da profundidade do movimento que a candidatura Obama criou e desenvolve.
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A utilização da internet fez, desde o primeiro momento, parte desta revolução. O próprio Obama já confessou que os resultados excederam as expectativas. O site da candidatura é exemplar, um case-study que já está a ser estudado nas melhores universidades americanas. Toda a candidatura, desde que foi preparada e lançada, tem sido analisada e acompanhada por especialistas de gestão e motivação, sociólogos, professores universitários. Foram dos primeiros a aperceber-se que alguma coisa de novo estava a acontecer na vida política americana que se irá repercutir a nível mundial. Não mais haverá o mesmo tipo de campanhas, em Portugal, como no Japão, na África do Sul, como na Austrália, no Brasil, como no Canadá. Agora começa-se a falar disso nos media. As pessoas mais atentas ficam ainda mais atentas.
...
Para além disso, ele tem uma personalidade especial. É um tipo de líder diferente de outros, porventura, por ser o produto de uma mistura de raças e passados, por ter crescido de baixo para cima (à conta do seu próprio esforço e do apoio da mãe e dos avós maternos), por ter recebido lições de honestidade, amor e esperança da sua família, por ter sentido as dificuldades das classes médias-baixa da sociedade americana, por ter frequentado as melhores universidades com empréstimos do Estado e ter começado a sua carreira a pagar esses empréstimos, por ter conseguido alguma liberdade financeira apenas quando publicou os dois livros de sucesso sobre a sua experiência, por ter encontrado a fé (já adulto) quando trabalhava junto dos mais desfavorecidos numa Chicago de fome, desemprego, violência e drogas,...
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Obama fala para as pessoas e por dentro das pessoas. Fala ao mesmo tempo de dentro de cada pessoa. Ele quer trabalhar para ajudar a realizar os sonhos de cada pessoa, não os seus próprios sonhos. Ele quer ser Presidente para ajudar a resolver os problemas das pessoas, não os seus próprios problemas. E a mensagem funciona porque as pessoas acreditam na sinceridade e honestidade do seu autor. Há uma partilha de responsabilidades, de poder, de decisão, de vontade, de conquista. Ele não ataca os seus adversários políticos pelo que são ou deixam de ser, mas pelas propostas que apresentam e pelas ideias que divulgam e, simultaneamente, é capaz de os elogiar como pessoas, como permanentemente faz com McCain e com Clinton.
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A mensagem da candidatura de Hillary Clinton era HILLARY CLINTON (em letras muito grandes) for President (em letras muito pequenas). A mensagem de McCain era JOHN McCAIN (em letras grandes) for President. A mensagem de Obama era e é CHANGE - BELIEVE IN. Daí nasceu a canção que é um hino: YES, WE CAN!Agora, todos tentam copiá-lo... A Clinton tentou, Yes, We Will! (mas soava a falsete)... A última mensagem de McCain é A Leader We Can Believe In (foi lançada na noite de 3 de Junho numa sala em que, dos presentes, ele era um dos mais jovens)... Ao atravessar na diagonal a muito complexa sociedade americana, a candidatura de Obama atinge todos com a marca da qualidade, da inovação, da esperança. Os jovens percebem. Os mais cultos percebem. Os outros vão, crescentemente, percebendo.
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Um dos aspectos que poderá contribuir para mudar o mapa eleitoral americano é o da participação nestas eleições de milhões de pessoas que nunca votaram. Aqui a inscrição nos cadernos eleitorais não é obrigatória. Tenho andado a tentar recolher dados. Não estou certo ainda. Mas talvez haja 50 milhões de pessoas (mais ou menos 10% ou 20%) que têm capacidade para votar e não estão inscritos nos cadernos eleitorais! Desde que as Primárias começaram as candidaturas da Clinton e do Obama conseguiram mais de 3 milhões e meio de novos eleitores com acções como as que descrevi e em que participei (e vou continuar a participar). Vamos para a rua em grupos de 3 ou 4 e falamos com as pessoas. Perguntamos se estão inscritos, se querem votar pela primeira vez, ajudamo-las a preencher a papelada, oferemos um pin ou um auto-colante, um sorriso. Recebemos negas e fugas, críticas e desesperanças, mas também apoio e sorrisos, largos sorrisos de pessoas que já estão connosco e de outras que prometem passar a estar. Há muita gente, mesmo aqui, que ainda não percebeu o que se está a passar. Em anteriores eleições, houve Estados em que a diferença de votos entre Republicanos e Democratas foi de 2 ou 3 pontos percentuais. Al Gore teve mais 500 mil votos que Bush e não ganhou. Mas nós vamos colocar no processo milhões de novos eleitores, enquanto falamos para dentro de cada um dos eleitores tradicionais. Água mole...
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Tanta coisa há ainda por dizer... Este próximo sábado e o outro e o outro e outros lá andarei pelas esquinas destas cidades e campos a espalhar a mensagem de que falava Daniel Filipe!... Podem colar cartazes a dizer "Procura-se... Vivo ou morto..." Desta vez é o nosso tempo. It's our time!... como tem dito Obama, repetidamente, e como inicia o email que enviou para os seus apoiantes.
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Um abração,
fernando
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PS: Há uma permanente comunicação dentro da campanha. Os emails são dirigidos a cada pessoa com o seu nome e assinados pelo Obama, pela Michelle, ou por um dos seus colaboradores mais directos. Para além disso, dentro do site (www.barackobama.com) há um enorme conjunto de informação e portas abertas para a participação de quem quer que seja. Qualquer pessoa pode criar o seu próprio blog ou o seu próprio grupo. Cada pessoa (desde que devidamente inscrita) pode participar nos outros blogs, nos outros grupos. Telefonamos de Estado para Estado. Recebemos telefonemas. Pela primeira vez na vida política americana, uma candidatura publica a lista dos seus apoiantes e permite que interajam, que acrescentem valor ao valor que já existe!
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fernando


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