segunda-feira, junho 02, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 2




Dizia eu, esta madrugada, que amanhã seguiria novo bloco noticioso. Mas segue hoje mesmo e é datado pelo nosso “repórter” especial do dia de ontem.
E porque hoje veio novo newsmail, vou deixá-lo já a seguir para ficarmos com a matéria em dia.
Receio que a alguns não interesse muito a matéria. Mas se assim for, o remédio também é fácil de encontrar.
Aos outros, nem preciso de recomendar que não é para ler já, já... É para ir lendo, consoante a disponibilidade e a disposição, claro.
E não me vou alongar mais, para o lençol não ficar demasiado comprido.





Obama News - 20080601 -
1. REGRAS; 2. IGREJA...


Caros amigos,
Comecei por enviar estas News aos meus filhos e a amigos muito chegados.
A pouco e pouco este universo foi crescendo. Havia outros amigos que também as queriam receber.
Houve alguns que passaram a enviar para outros e outros que as começaram a publicar, algumas delas, em blogs (que eu saiba, são quatro).
No primeiro mês passei de meia dúzia para seis dezenas. E, agora, porque recebi endereços de antigos colegas, principalmente do IST, estou a enviá-las para perto de 80 pessoas. Continuo a insistir que me digam se não estão interessados em recebê-las (houve 2 amigos que o fizeram) porque a última coisa que pretendo é estar a "impôr" as minhas News!
Agradeço à web a oportunidade que me deu para reencontrar amigos e me voltar a aproximar deles!
...
1. REGRAS
1.a) Realizou-se ontem uma reunião do Comité responsável pelo controlo das regras dentro do Partido Democrático (The DNC - Democratic National Committee - Rules and Bylaws Committe).
1.b) Tratava-se de rever a decisão tomada em 2007 que penalizava dois Estados (Florida e Michigan) por não cumprirem o calendário eleitoral. Segundo essa deliberação, esses Estados não elegeriam delegados para a Convenção.
1.c) Convem explicar isto para que percebamos o que se passou.
1.d) Por tradição, antes da chamada super tuesday (dia em que se realizam cerca de metade dos actos eleitorais das Primárias do Partido Democrático e do Partido Republicano e, que, este ano, foi no dia 6 de Fevereiro) realizam-se alguns actos eleitorais (primaries e caucuses) nalguns Estados de reduzida dimensão mas que são considerados exemplares. Começaram por ser Iwoa (caucus), no centro dos EUA, e New Hampshire (primary), na costa leste, ao norte de New York, por se considerar que os seus resultados correspondiam aproximadamente aos resultados da totalidade das Primárias. No ano passado foram acrescentados 2 Estados, para respeitar diversidades geográficas e rácicas: Nevada, junto à costa leste e à California, tendo em conta a população chamada "hispânica"; e South Carolina, na costa leste e a norte da Florida e Georgia, com uma grande população "afro-americana". Outros Estados pretendiam ser considerados (Michigan, Florida e outros) mas, o DNC decidiu que a excepção só seria aplicada a 4 Estados: Iwoa (3 de Janeiro, caucus), New Hampshire (8 de Janeiro, primary), Nevada (19 de Janeiro, caucus) e South Carolina (26 de Janeiro, primary).
1.e) A ideia é de, numa altura em que há vários candidatos (no Partido Democrático, 8, e no Partido Republicano, 7), e em que há uns muito conhecidos e outros não, permitir que, durante o mês de Janeiro, os eleitores os conheçam melhor e avaliem as suas possibilidades eleitorais.
1.f) Michigan e Florida insistiram em realizar os seus actos eleitorais antes da super tuesday, 6 de Fevereiro. O Estado de Michignan marcou primárias para o dia 15 de Janeiro. O Estado da Florida marcou-as para o dia 29 de Janeiro.
1.g) Em Michigan, o governador é do Partido Democrático e, apesar de saberem que seriam penalizados, insistiram em marcá-las para esse dia, por considerarem que Michigan deveria ter sido considerado pelo DNC como um dos Estados com primárias antes da super tuesday. É um problema interno do Partido Democrático. E, neste caso, um desrespeito por deliberações anteriormente tomadas. Por isso é que Michigan teve um tratamento diferente do da Florida na última reunião do DNC Rules and Bylaws Committee.
1.h) Na Florida o governador é do Partido Republicano. É da sua responsabilidade a marcação das primárias para o dia 29 de Janeiro (para ambos os Partidos). No entanto, o Partido Democrático da Florida poderia (e deveria) ter marcado outra data, ou para a realização de um caucus ou para a realização das primárias democráticas. Não o fez.
1.i) O DNC decidiu aplicar, em 2007, a pena máxima (não contariam as eleições e não haveria delegados dos 2 Estados na Convenção de Agosto). Fê-lo para mostrar aos 50 Estados que não poderia haver excepções e que as regras, quando aprovadas, deveriam aplicar-se a todos.
1.j) Estas eram as regras definidas antes das Primárias e aceites por todos os candidatos do Partido Democrático. A Clinton, numa intervenção que fez durante a campanha eleitoral em New Hampshire reconheceu que as "eleições em Michigan não vão contar".
1.k) Em Michigan, vários candidatos do Partido Democrático (5) respeitaram a decisão do DNC e, como o governador de Michigan é democrata, decidiram retirar os seus nomes dos boletins de voto. Pensaram que, futuramente, haveria condições para realizar um caucus ou umas primárias. Obama e Edwards aconselharam as pessoas que queriam votar nelas a votar na opção Uncommitted. 40% votaram uncommited e 5% anularam os votos ao escreverem o nome Obama nos boletins (não perceberam que ao escreverem nos boletins de votos os tornavam nulos). A Clinton não retirou o seu nome. Teve 328.151 votos (55%). Os Uncommitted tiveram 237.762 votos (40%), enquanto Kucinich teve 21.708 (4%) e Gravel teve 2.363 (0%). Aqui não se contam abstenções, brancos ou nulos! Só contam os votos expressos nos candidatos ou na opção Uncommitted!
1.l) Os americanos mais conscientes têm vergonha dos altos níveis de abstenção que, habitualmente, ultrapassam, por vezes, em muito, os 50%. Talvez por isso não se encontrem estatísticas, nem nos sites oficiais.
1.m) Na Florida não houve campanha, mas nenhum dos candidatos retirou o seu nome dos boletins. A responsabilidade pela marcação da data é do governador do Partido Republicano. Sabia-se (os mais informados) que as eleições do Partido Democrático não serviriam para eleger delegados. Mas, mesmo assim, muitas pessoas votaram. Clinton teve 857.208 votos. Obama teve 569.041 votos. Edwards teve 248.604 votos.
1.n) Ontem na reunião do DNC Rules and Bylaws Committee foram aprovadas duas moções.
1.o) Relativamente à Florida houve uma deliberação unânime, depois do Partido Democrático da Florida ter apresentado uma proposta que ambas as candidaturas apoiaram, mesmo que não concordassem inteiramente com elas. Essa deliberação deu a Clinton 105 delegados eleitos, a Obama 67 e a Edwards 13. Os 185 delegados eleitos e os 26 superdelegados estarão na Convenção mas com uma penalização de 50%: cada um deles terá direito a meio voto.
1.p) Em Michigan a situação foi mais complicada. As candidaturas não chegaram a qualquer consenso. Enquanto a candidatura Clinton pretendia ver os seus delegados eleitos proporcionalmente ao número de votos na "eleição" (!!!) e Obama com zero (porque não estava nos boletins de voto), elegendo uncommitted delegates proporcionalmente ao número de Uncommitted votes, a candidatura de Obama pretendia que o total de delegados eleitos fosse repartido igualmente por ambas as candidaturas. O Partido Democrático de Michigan apresentou uma proposta conciliatória: 69 delegados para Clinton e 59 para Obama que se juntarão, na Convenção, a 29 superdelegados, todos com direito a meio voto (penalização igual à da Florida).
1.q) Esta proposta serviu de base à moção que foi aprovada com 18 votos a favor e 9 contra. De salientar que, dos 30 membros do Comité, 3 não votaram: dois por estarem na Presidência e outro por ser parte interessada, na medida em que representava Michigan e não podia votar nesta matéria. Foi ele que apresentou a proposta que serviu de base à moção aprovada, portanto também estaria de acordo. Depreende-se que o Presidente e a Vice-Presidente do Comité também apoiavam a moção.
1.q) Houve tumulto na sala. Os apoiantes de Clinton não gostaram e manifestaram-se ruidosa e repetidamente. Um dos membros do Comité, apoiante ferrenho de Clinton, usou termos insultuosos e provocadores e acicatou ainda mais os ânimos. Por último informou, à laia de declaração de voto, que, por instruções recebidas directamente da Senadora Clinton, reservavam o direito de levar este assunto até à Convenção, podendo apresentá-lo no Credentials Committee que, habitualmente, reúne imediatamente antes do início da Convenção para reconhecer a legitimidade de todos os delegados.
1.r) O que se irá passar ainda é uma incógnita. No último email eu defendia a ideia que os Clinton levariam esta "guerra" até à Convenção. Neste momento não estou tão certo disso. Uma das razões tem a ver com o facto de haver seus apoiantes que no Comité votaram favoravelmente a moção sobre Michigan e, expressamente, explicaram que o faziam em nome da unidade do Partido e da necessidade de estarem unidos para vencer as eleições de Novembro.
1.s) Outra das razões é o argumento político que os Clinton vão utilizar intensamente, depois das eleições de Puerto Rico de que conseguiram mais votos populares. Segundo eles, não contam os 13 Estados em que houve caucuses e contam os votos de Michigan, sendo que Obama, porque não estava nos boletins de voto, terá zero! Aos Clinton não interessa o número de delegados. Há muito tempo que sabem que nunca poderiam eleger mais do que Obama. Só têm um argumento: mais votos populares, sendo que são eles que definem o que são votos populares e contam para isso com a ajuda sempre interessada de "jornalistas" diligentes que, como sabem o que tem "interesse jornalístico", estão sempre mais interessados em mostrar o sangue a correr na estrada do que em analisar a causa que o provocou...
1.t) A conclusão política foi tirada, ainda ontem, pelos mais conceituados comentadores: o desfecho da reunião do Comité foi mais uma vitória de Obama. Como um disse, ele já ganhou no exterior (mais delegados eleitos, mais superdelegados, mais Estados, mais vitórias eleitorais, mais dinheiro por ter construído uma rede de mais de um milhão e meio de dadores que se limitam a enviar para a sua candidatura 25 ou 50 dólares) e, agora, gaha no interior do Partido, terreno em que se pensava que os Clinton ainda tinham maioria. No início deste processo eram os Clinton que pareciam controlar o Partido (começaram com uma vantagem superior a 100 superdelegados, por exemplo). Agora, é claro que o Partido e as suas estruturas internas, o chamado "aparelho", estão mais interessados em apoiar outro tipo de liderança, estão conscientes que os Clinton representam o passado e Obama e os seus apoiantes representam o futuro, os jovens, as pessoas com mais estudos, homens e mulheres de todas as raças e religiões, uma nova coligação onde cabem independentes e republicanos.
...
2. TRINITY UNITY CHURCH OF CHRIST
2.a) Na sexta-feira passada Obama enviou uma carta à sua igreja a informar que ele e Michelle deixariam de ser seus membros. O assunto manteve-se reservado até um comentador da CNN ter acesso ao documento. Ontem, em South Dakota, Obama interrompeu a sua campanha eleitoral para realizar uma conferência de imprensa em que respondeu a toda as perguntas dos jornalistas.
2.b) A Trinity Unity Church of Christ é uma igreja que, para além de seguir a tradição das igrejas negras americanas (muita paixão, muita música e espectáculo, muita intervenção, muita solidariedade, etc) entronca com o movimento, bem mais vasto, da Teologia da Libertação. Isto explica muito da crítica que se ouve em locais como este. Explica a forma como essa mensagem é expressa.
2.c) Tudo o que se passava na igreja, particularmente certos excertos de sermões, mais agressivos, com maior carga política ou racial, era utilizado para comprometer Obama e a sua candidatura que pretende ser de unidade, independentemente de raças ou religiões, de sexo ou de idade, de estatuto social ou profissional. Obama acabou por tomar a decisão certa. Em nome do projecto que diz defender e que, segundo muitos, nos quais me incluo, de facto, defende.
2.d) Para conhecer o passado de Obama, perceber o presente e prever, mesmo que com dificuldade, o futuro, penso que é necessário estudar a história dos EUA, ler alguns documentos e livros básicos, nos quais incluo os dois livros que ele próprio escreveu: Dreams from my Father e The Audacitiy of Hope (já traduzido para português, A Audácia da Esperança).
...

É o segundo email que vos escrevo hoje.
O primeiro, muito mais completo e interessante, estava concluído quando o gmail "pifou" e eu perdi todo o trabalho.
Voltei a escrever o fundamental.
Mas já não consegui reproduzir algumas ideias e expressões que me agradavam particularmente.
Não faz mal.
Sei que sabem como o abraço que vos envio é saudoso e como é bom saber que me abrem a porta dos vossos corações quando um email chega à vossa inbox.
fernando
PS: Hoje houve eleições em Puerto Rico. A Clinton, como se previa, teve uma confortável vitória. Quando houver resultados finais enviarei novo email com um ponto de situação ácerca do número de delegados necessários para ganhar a nomeação. Obama está quase a atavessar a meta. Uma coisa que talvez não saibam é que, porque Puerto Rico não é um Estado dos EUA, não vota, nem nas Primárias Republicanas, nem nas eleições gerais de Novembro próximo para eleger o próximo Presidente dos EUA.

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