segunda-feira, junho 02, 2008

PRESIDENCIAIS DOS EUA - 1



Um amigo meu, Carlos P., tem um amigo que vive na Flórida, é apoiante confesso de Obama e resolveu acompanhar estas presidenciais dos States pari passu, enviando acerca da matéria news para os filhos e amigos mais próximos dele.
O Carlos, palpitando-lhe acertadamente (ou não me conhecesse bem desde os idos de 60 do século passado), tem-me mandado as reportagens do Fernando (que se é amigo dele – é por força meu amigo também).
Senti-me tentado, desde o primeiro bloco de notícias que recebi, a partilhá-la com outros amigos que têm a pachorra de me aturar (ler, que ainda é pior).
Mas senti em mim um certo engulho, achei que seria um certo atrevimento, sem cuidar de saber se o Carlos se não importava com a divulgação e, mais ainda, se o Fernando estaria com ela de acordo, sem me nomear “procurador” ou “porta-voz”...
Aquilo que, lateralmente, me poderia incomodar mais, resolvi não lhe dar importância: o acontecimento e a narração merecem muito maior divulgação do que aquela que os meus pobres blogues conseguem alcançar. Não é, por isso, a melhor montra para tão delicado e importante produto, a minha.
Mas ofereço o que tenho. E isso faz-me sentir bem comigo mesmo.
Acerca da (digamos) legitimidade ou, se se preferir, do melindre que atrás deixei entender, um dos mails do Fernando, de hoje (que sairá, aqui, amanhã), deixou a questão bem clara. E aí, atirei-me.

Para os interessados... Aí vai para o éter...

Três notas preliminares:
1. Mesmo os que acompanham, cá, esta matéria com algum interesse e atenção, ganham algo com esta informação, estou em crer.
2. O próprio Fernando reconhece que são um pouco longas as suas mensagens.
Mas só quem não mete as mãos em massa desta imagina ser possível ser mais breve e sintético.
3. Escolho o N&R para esta divulação por vários motivos: é o meu blogue mais visitado (e daí, talvez, o mais lido). Além de que se trata de um acontecimento importante, uma efeméride registável, num processo de grande importância para o mundo, uma nota e uma reflexão que me apraz registar com um especial relevo. Aquele que, em geral, caracteriza o N&R. Ou não será, mesmo, uma MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA?









Barack Obama



Obama News - 20080529 -

Faltam 5 dias para

acabarem as Primárias!?...



Caros amigos,
Faço questão de vos enviar esta mensagem (um pouco longa) de forma a que a possam receber na 6ª feira, dia 30 de Maio, um dia antes da reunião que decidirá o que fazer com os delegados de Michigan e da Florida, dois dias antes das eleições em Puerto Rico e quatro dias antes das últimas eleições das Primárias Democráticas 2008 (em Montana e South Dakota).Com base na informação que vos envio poderão ficar habilitados para melhor perceber as notícias que aí chegarão.
...


1. QUANTO TEMPO FALTA PARA SE DECIDIR QUEM É O NOMEADO?
5 dias!?...
! quer dizer "enfim podemos concentrar-nos nas eleições de 4 de Novembro!"...
? quer dizer "talvez não seja desta, ou não é verdade que os Clinton nunca desistem?"...
... quer dizer "a realidade, como vos disse na última mensagem enviada (partidos políticos nos EUA), ultrapassa sempre a imaginação"...





Há quem diga que tudo isto estará terminado até meados de Junho, depois de se saber a posição de todos os superdelegados (que, por sua vez, estão à espera que se realizem as 3 eleições em falta e se decida o processo relativo às delegações de Michigan e Florida).




Há quem pense (é o meu caso) que, muito provavelmente, este processo será levado até à Convenção porque os Clinton dirão que, até lá, "pode acontecer qualquer coisa". Esta "qualquer coisa" pode incluir o fim físico de Obama (tal como aconteceu a Robert Kennedy), ou a mudança de opinião dos superdelegados por alguma razão (sondagens entretanto publicadas que suportem a tese da maior elegibilidade da Clinton, por exemplo). Poderei estar enganado. Só o futuro se encarregará de esclarecer quem tem razão.
...

2. PRÓXIMOS ACTOS ELEITORAIS
No domingo, dia 1 de Junho, e na terça-feira, dia 3, realizam-se os últimos actos eleitorais das Primárias Democráticas 2008.
No dia 1 vota-se em Puerto Rico para eleger 55 delegados. Prevê-se uma vitória da Hillary Clinton.
No dia 3 vota-se em South Dakota (15 delegados) e Montana (16 delegados). Prevêem-se duas vitórias de Obama.
No conjunto dos 3 actos eleitorais serão eleitos 86 delegados. Prevejo que a Clinton possa eleger 44 a 46 e o Obama 42 a 40.
...

3. OS CASOS DE MICHIGAN E DA FLORIDA
3.1.
No sábado, dia 31 de Maio, realiza-se uma reunião da Direcção do Partido Democrático (digo isto para facilitar porque, quem vai reunir, é o chamado The Rules and Bylaws Committee of the Democratic Party) para decidir (!?) como "sentar" as delegações da Florida e de Michigan na Convenção de Agosto. Como se sabe, por razões de calendário e de divergência com os governos de ambos os Estados (democrático em Michigan e republicano na Florida), não houve campanha eleitoral do Partido Democrático nestes 2 Estados e ficou decidido, como já aconteceu em Primárias anteriores, que estes Estados seriam penalizados: só contariam com metade dos delegados e estes seriam repartidos igualmente pelas candidaturas existentes à data da Convenção. Em Michigan (15 de Janeiro), os boletins de voto tinham a Clinton e não tinham qualquer dos outros candidatos do Partido Democrático. Na Florida (29 de Janeiro), os boletins de voto tinham a Clinton, o Obama e outros.

3.2.
As regras do Partido, aceites por todos os candidatos antes de se iniciarem as Primárias, foram as seguintes: cada delegação contaria com metade dos delegados inicialmente previstos, que seriam repartidos igualmente por ambas as candidaturas. Isto é, esta repartição de delegados não alteraria as maiorias de delegados eleitos e de superdelegados que Obama já tem e, portanto, ele poderia ser considerado, logo que terminassem as Primárias e logo que conseguisse uma maioria absoluta de delegados, o presumível nomeado pela Convenção.
3.3.
Esta solução não agrada aos Clinton (se ela tivesse maioria de delegados agradaria, claro!).
Eles propõem que:
a) as delegações dos 2 Estados contem com o número de delegados previsto: 185 da Florida e 128 de Michigan;
b) que a delegação da Florida seja repartida pelas 2 candidaturas de acordo com os votos que tiveram em 29 de Janeiro (cerca de 60% para a Clinton e 40% para o Obama);
c) que a delegação de Michigan só tenha delegados da Clinton, porque "não têm culpa que Obama tenha retirado o seu nome dos boletins de voto".
Se esta proposta fosse aprovada a Clinton teria os 128 delegados de Michigan e cerca de 111 da Florida (total: 239) e o Obama teria zero delegados de Michigan e cerca de 74 da Florida. Se isto acontecesse, a Clinton conseguiria uma vantagem de 165 delegados nestes 2 Estados. Esta proposta nunca poderá ser aceite na reunião de sábado, nem em qualquer outra reunião, por razões óbvias. Mas, mesmo que fosse, não daria à Clinton a maioria que tanto ambiciona. Pode perguntar-se, legitimamente, porquê tanta insistência, tanta teimosia em torno deste assunto. A verdadeira razão está no chamado Plano B da candidatura Clinton, de que falo mais abaixo.
3.4.

A candidatura de Obama tem reafirmado o seu respeito pelas regras previamente definidas. Estarão, no entanto, dispostos a aceitar que a Clinton possa ter mais delegados na Florida, enquanto os de Michigan serão repartidos por ambas as candidaturas.
3.5.
Ainda poderá dar-se o caso de haver uma nova votação nestes Estados ou, pelo menos, em Michigan. Parece que esta hipótese é pouco provável, pelo que significa de custo para ambas as candidaturas e para o Partido, porque só tem sido apoiada pela candidatura Clinton e porque, representando um desrespeito por regras anteriormente aceites, pode passar a ser um precedente que no futuro poderá vir a ser utilizado para descridibilizar completamente as Primárias do Partido Democrático.
3.6.
Face a tudo isto, prevejo que esta "guerra" entre as 2 candidaturas se mantenha até à Convenção. Para grande alívio e satisfação do Partido Republicano e de McCain. E cumprindo-se assim o chamado "Plano B" da candidatura Clinton: tudo fazer para enfraquecer Obama e permitir uma vitória de McCain em 2008; conseguindo criar condições para, em 2012, aparecer como "candidata para vencer", contrariamente a Obama (que terá sido o "candidato para perder"). Se algum de vós pensa que tudo isto é demasiado maquiavélico, leiam o próprio por favor e recordem-se de tantos casos a que assistimos em várias partes do mundo, nomeadamente no nosso país, nos nossos partidos, nas nossas empresas...
3.7.

Um dos problemas de Obama é conseguir manter o Partido unido em torno da sua candidatura para tentar vencer as eleições de 4 de Novembro. Se não o conseguir e se não mobilizar o voto de independentes e de republicanos descontentes, não vencerá. Embora seja difícil imaginar uma vitória "republicana" depois deste miserável reinado bushiano.
3.8.
Uma guerra com que a maioria (agora) discorda, uma crise económica gravíssima, o maior desemprego das últimas décadas, um fosso cada vez maior entre os mais poderosos e ricos e os mais desprotegidos e pobres (falando-se em 35 milhões a viver abaixo do limiar da pobreza), um sistema de saúde que deixa 40 milhões de fora e obriga os outros a pagar, dois sistemas de ensino que agravam as diferenças e promovem mais educação para quem tem dinheiro para isso, uma dependência do petróleo que a curto prazo não será possível reduzir, um crescente número de pessoas que não tem possibilidade de amortizar os empréstimos para compra de casa ou para os filhos estudarem e, ainda, suportar os aumentos do preço da gasolina e a inflacção a atingir, principalmente, os produtos alimentares.
3.9.

McCain conta com o argumento da guerra. E, principalmente, com o reinado do medo e da ignorância que, lamentavelmente, tem servido de suporte social à continuação do "sistema". Conta, também, com os complexos de quem não consegue criticar o que quer que seja que venha do poder, para não ser acusado de traidor ou anti-patriota. A "propaganda" da inevitabilidade de uma guerra "não necessária" começa a ser denunciada, inclusivamente por pessoas que estiveram dentro do processo, como é o caso do ex-Secretário de Imprensa da Casa Branca, McClellan, no livro que acaba de publicar (e que está a agitar os meios políticos cá do sítio) chamado "What Happened" (o que aconteceu). Até os "media" começam agora, timidamente, a reconhecer que "colaboraram" nas manobras que terminaram com a invasão do Iraque, por receio de serem confundidos com terroristas...
3.10.

A questão da unidade do Partido Democrático em torno de uma candidatura não existe, neste momento, para os Clinton. Sabem que não serão os nomeados. Por isso, não precisam de trabalhar ou se incomodar pela unidade em torno do nomeado. Dá-lhes jeito, até, um partido dividido que facilite a vitória de McCain. E terão tempo, pensam eles, para reparar os danos e conseguirem, dentro de 4 anos, uma nova unidade em torno da sua própria candidatura. Claro que não farão isto às claras. Em matéria de escuridão intelectual e política, desde que a política existe, sempre houve especialistas...
...
4. PONTO DE SITUAÇÃO
Se considerarmos as regras aprovadas, Obama tem, neste momento, quase assegurada a maioria absoluta necessária para ser o nomeado na Convenção.
Conta com um total de 1983 delegados, contra 1784 (menos 199) da Clinton e 8 de Edwards.
Se não tiver o apoio expresso de mais superdelegados nos próximos dias (o que não é provável) e se eleger 42 delegados nas 3 eleições que faltam, passará a ter 2025 delegados (a maioria absoluta, de acordo com as regras aprovadas). Se as regras mudarem precisará de mais uns quantos.
Mas falta ainda conhecer a decisão de 188 superdelegados. Consta que, destes, uma larga maioria declarará o seu apoio a Obama depois do dia 3 de Junho, terminadas que estarão as Primárias. Em princípio o assunto ficaria arrumado e entrava-se a sério na campanha eleitoral que oporá Obama e McCain.
Na próxima semana saber-se-á com mais rigor o que se irá passar:
a) Poderá haver um presumível nomeado desde já, sem contestação.
b) Poderá haver um presumível nomeado, com a contestação dos Clinton e seus apoiantes mais inflamados.
c) Poderá haver recursos em tribunal, ameaças, sondagens, discursos, debates, acusações, insinuações, mentiras e outras coisas que façam eternizar a situação (até à Convenção), seja ela qual for.
Tudo isto com o Partido Republicano a tentar juntar forças (muito enfranquecidas, por sinal) em torno do seu candidato e os seus propagandistas (canais de televisão, rádios locais, profissionais da política, alguns jornalistas, comentadores encartados,...) a apoiarem (!!), cinicamente e sem escrúpulos, a senadora...
...
Um abraço para todos.
Boa noite e boa sorte.
fernando
...
PS: Envio um link interessante. Foi divulgado hoje no site do Obama. Chama-se Movement Buttons for Obama.
http://my.barackobama.com/page/community/post/HQblog/gGB4qh



1 comentário:

aminhapele disse...

Começo por agradecer,com todo o entusiasmo,o reaparecimento do N&R.
E,em grande!
Embora eu continue com grandes dificuldades em entender o esquema eleitoral dos EUA,a reportagem de Fernando deu uma boa ajuda.
Quanto a mim,continuo com a dúvida inicial:
Era óbvio que os democratas tinham o caminho livre para a vitória!
Mas seriam capazes de eleger uma mulher?
As coisas complicaram-se!
Serão capazes de eleger um negro?
A guerra que HC tem feito,vai impedir qualquer tipo de unidade entre os democratas.
E muito mais estará para acontecer!
Até,pelos vistos,a possibilidade de um assassinato!
Os democratas,para se verem livres disto e limparem a imagem,até são capazes de votar no "veterano" republicano.
Não serão só eles a gastarem os milhões no circo deles!
O mundo inteiro também financia esse "número"!
Aposto que Obama ganha,mas não é nomeado candidato.

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