quinta-feira, junho 26, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 14




Já chegaram ontem, mas só hoje me dei conta deles: dois mails do meu contacto, nesta matéria, acerca das última reportagem do “nosso enviado especial” às presidenciais dos States deste ano (o primeiro mail) e ainda para enviar um vídeo de recentes declarações do Senador do Illinois (hoje confirmado como o candidato democrata às mesmas presidenciais), na sede da sua Campanha, em Chicago, ao seu staff e voluntários (2ª mensagem).
Algumas das novidades (como o do aparente deslize do Director Estratégico da candidatura McCain, Charlie Black [a ironia do acaso e das palavras!...], assim como da “volta” que o Senador do Arizona, deu ao episódio), já são do nosso conhecimento, mas são aqui apresentadas numa diferente perspectiva e com outro realismo.
Só a título de parêntesis, pela sua actualidade, hoje o Público traz um artigo do Prof Carlos Ferreira dos Santos acerca da, já muito badalada, proposta de McCain de introdução de uma
gas tax hollidays, que veio marcar mais uma cisão nas perspectivas dos dois candidatos democratas acerca da matéria dos impostos sobre os combustíveis, por um lado, e o ambiente, do outro, em que Obama “deu mostra de maior bom senso” do que a Senadora Clinton.
Mas o nosso amigo Fernando não deixará, quase de certeza, de nos contar algo acerca do assunto.
Ainda só mais uma nota acerca da segunda mensagem (abaixo: II.): retirei várias repetições que ela continha. Porque meras repetições, logo evitáveis; e para não tornar a postagem tão “pesada”. Não se tratando, pois, de nenhuma espécie de censura.
E, sem mais, vamos às mensagens:



I.
Obama News - 20080623 -
1. Politizar o medo; 2. As dívidas de Clinton


Caros amigos,
Envio hoje breves notas e reflexões relativas a dois assuntos muito diferentes mas que fazem parte do complexo puzzle eleitoral americano.
1. POLITIZAR O MEDO
1. Charlie Black é o Director Estratégico da candidatura McCain (chief campaign strategist). À revista Fortune disse o seguinte: "Um ataque terrorista no solo americano representaria certamente uma grande vantagem para o candidato do Partido Republicano". Charlie Black é também um dos três membros do staff da candidatura de McCain que, no passado, estiveram ligados ao célebre caso Enron, uma empresa que faliu estrondosamente e que lezou muitos milhares de apostadores da Bolsa (muitos de vós lembram-se certamente dessa história).
2. Certamente disse o que pensava, dizendo no entanto o que nunca deveria dizer. Por aqui há uma expressão muito utilizada quando se fala de uma grande surpresa que é preparada para Outubro, umas semanas antes das eleições presidenciais (que, tradicionalmente, se realizam na primeira terça-feira de Novembro): "A primeira regra da Surpresa de Outubro é não falar da Surpresa de Outubro".
3. Charlie Black não se limitou a expressar esse pensamento. Explicou com o exemplo do atentado que levou à morte, no Paquistão, a candidata da oposição Benazir Bhutto. Também poderia ter falado do atentado de Madrid (10 bombas e 191 mortos), três dias antes das eleições gerais de 2004 em Espanha e que foi aproveitado pelo Primeiro-Ministro no poder, José María Aznar, para acusar a ETA, mesmo quando havia provas de que se tratava de um atentado terrorista não organizado pela ETA.
4. Quando um jornalista perguntou a McCain qual o significado das palavras do seu Director de campanha, respondeu: "Não posso imaginar porque terá dito isso. Não é verdade". Depois foi a vez de membros da candidatura afirmarem que o Sr. Black não se recordava de ter dito aquilo à Fortune. Mas o próprio Charlie Black veio, mais tarde, "lamentar profundamente os seus comentários". Como referiu o jornalista Keith Olberman (msnbc - Countdown): "Black lamenta profundamente ter dito aquilo que os seus colegas de campanha afirmaram que ele não se recordava de ter dito"!!!
5. Para lá da enormidade do erro e da brutalidade do disparate o que se torna claro é o seguinte
:
a) Alguém (o director da candidatura, ainda por cima!) disse o que, dentro da própria candidatura e no meio dos "círculos geralmente mais bem informados", já se sabia que constava: um certo desejo que acontecesse qualquer coisa em Outubro, umas semanas ou uns dias antes de 4 de Novembro. Pela segunda vez (recorde-se o acidente de Hillary Clinton quando referiu o assassinato de Robert Kennedy para justificar a sua manutenção na campanha das Primárias até à Convenção Democrática de Agosto) se fala de "qualquer coisa que possa vir a acontecer" e que possa interferir na campanha eleitoral...
b) Em muitos países, é prática comum politizar as questões de segurança nacional. Por aqui, quem o costuma fazer é o Partido Republicano porque, de certa maneira, encarna a política crua e dura da chamada "defesa dos interesses americanos". A candidatura McCain limita-se a, sem imaginação, repetir velhos slogans. O drama para eles é que os americanos consideram que as questões mais importantes são a crise da economia, o fim (e não a continuação) da chamada guerra do Iraque, o problema da saúde, a crise da habitação, o desemprego. Só depois disso é que se preocupam com a segurança interna. Como é que os Republicanos conseguirão fazer com que este passe a ser o assunto que mais afecta os eleitores de Novembro?
c) A política do medo tem imperado, principalmente depois dos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001. À conta disso a administração Bush montou a campanha que permitiria a invasão do Iraque e a sua reeleição em 2004. Amedrontar os eleitores e condicionar-lhes o voto é uma estratégia muito bem sabida e aplicada e que, no passado, deu óptimos resultados para quem dela beneficia. Também não é novidade que é coisa sabida há muito e aplicada nos mais diversos países. Muitos outros exemplos se podem recordar. Lembro-me da história que a minha avó me contava dos tempos de Sidónio Pais. Uma certa noite bateram à porta uns senhores que perguntaram pelo meu bisavô. Ela disse que ele ainda não tinha chegado e que eles entrassem para o esperar. Foi o que fizeram. Passou tempo e nada. Eles estavam com pressa. Tinham outras missões para cumprir. À saída prometeram voltar. Depois de saírem e da minha avó ter a certeza que o pai poderia estar a salvo, informou-o (ele estava escondido lá em casa!) e permitiu que ele fugisse e andasse a monte para não ser apanhado. Foi assim que o velho maçon escapou à morte certa...
d) O "terrorismo", mesmo quando não actua, paira como uma ameaça. Para além disso, como prova de força e influência, pode ser utilizado para condicionar os cidadãos e os eleitores. As suas forças escondidas são aproveitadas pelos que, afinal, precisam dele para continuar a fazer o chorudo negócio da guerra. Uma simbiose a que é preciso pôr fim. Só possível se houver uma política global capaz de, para lá de o combater com eficácia, enfraquecer a sua base de apoio, que bebe, por sua vez, das injustiças que grassam pelo mundo, dos extremos de riqueza e miséria, da propagação da ignorância, dos mil e um graves problemas que permanecem por resolver.
2. AS DÍVIDAS DE CLINTON
1. Hillary Clinton suspendeu, como se sabe, a campanha eleitoral para as Primárias. Não a deu por terminada. Suspendeu-a até à Convenção.
2. Dentro de dois dias aparecerá lado a lado com Obama na campanha eleitoral para as Presidenciais de 4 de Novembro. Curiosa e significativamente a sua primeira acção de campanha irá concretizar-se em New Hampshire, num local onde empataram nas Primárias, uma pequena town chamada Unity (Unidade), em que cada um deles teve, exactamente, 107 votos.
3. Termina assim o período de dúvida e interrogação. Lado a lado irão continuar até 4 de Novembro. A própria carreira política da senadora depende disso. Poderá ser Vice-Presidente ou não. Neste momento, o que interessa é que estarão no mesmo combate.
4. Para trás ficam umas Primárias que fizeram História. E ficam muitas histórias por contar. Principalmente as que explicam a derrota de uma candidata que, no final de 2007, uns dias antes das Primária começarem: a) tinha 80% de probabilidade de ganhar; b) contava com o apoio da maioria do Partido Democrático (militantes, votantes e "aparelho"); c) tinha mais fundos e mais dadores de peso; d) tinha um afamado marido ex-Presidente; e) tinha "experiência" e ambição (uma enormíssima ambição pessoal); f) contava com 60% de mulheres no seu universo eleitoral; g) durante mais de 8 anos alargara laboriosamente os seus lobbies e influências (junto de governadores e sindicatos, de jornalistas e religiosos, de representantes das mais diversas raças, a nível nacional e internacional); h) etc...
5. A sua campanha foi, no entanto, em muitos aspectos, um exemplo do que se não deve fazer. Será certamente analisada, se não por académicos e especialistas, por mim próprio, a seu devido tempo. Limito-me, neste momento, a falar do desastre da sua gestão financeira. Quem gere assim uma campanha, como poderá gerir uma barca destas?
6. Hillary Clinton tem dívidas a credores (até final de Abril) que ultrapassam os 9,5 milhões de dólares. Para além disso, ela própria, emprestou, à campanha, 11,4 milhões. A dívida global ultrapassará os 22 milhões. Precisa de ajuda.
7. No seu site da campanha continua a apelar aos seus apoiantes. Um enorme ractângulo vermelho com a palavra CONTRIBUTE apela aos que a apoiaram. Mas, pelo vistos, isso não chega. Mesmo que estejam lá as seguintes frases: "Você e Hillary podem escrever em conjunto o próximo capítulo da história da América. Ao ajudarem-nos a pagar o défice da nossa campanha, estará, também, a ajudar Hillary a eleger um Presidente Democrata e a aumentar a nossa maioria no Congresso (nota: realizar-se-ão, em simultâneo, eleições para o Congresso). Estarão a tornar possível que ela trabalhe arduamente nos assuntos que a si lhe interessam."
8. Obama não pode ajudar. Está impedido por lei: não pode transferir fundos da sua campanha para outra qualquer campanha, mesmo do seu próprio Partido. As receitas da sua campanha, da sua campanha são. A única coisa que poderá fazer é apelar a que os seus apoiantes vão carregar no botão CONTRIBUTE do site de Hillary. Mas ele próprio tem de contar com as despesas dos próximos meses e com as necessidades do próprio Partido.
9. Mesmo que sejam candidatos a Presidente e a Vice-Presidente, as receitas que recolherem não poderão servir para cobrir défices das Primárias. Trata-se de outra campanha que deverá ter contas próprias.
10. Hillary vai ter de resolver o problema até à Convenção, altura em que tem de fechar as contas e apresentar os resultados. Se até lá conseguir pagar aos credores (mais de 10 milhões de dólares), ainda lhe faltará resolver o problema dos seus próprios empréstimos (11,4 milhões). Se não conseguir recolher os fundos necessários, as contas serão fechadas e ela terá direito a receber, apenas, 250 mil dólares.
11. Aqui está. A campanha de Hillary foi suspensa. Será encerrada com o fecho das contas.
...
Um abraço para todos.
Boa noite e boa sorte.
fernando





II.
VIDEO: Barack speaks to staff



Caros amigos,
Apenas para quem está interessado, aqui vai um email que acabo de receber e um vídeo com uma intervenção que Obama fez, na sua sede, em Chicago, com os colaboradores mais chegados.
(...)


Um abraço,
fernando


---------- Forwarded message ----------
From: Steve Hildebrand, BarackObama.com
Date: Tue, Jun 24, 2008 at 6:03 AM
Subject: VIDEO: Barack speaks to staff
To: Fernando...



Dear Fernando --
I want to share a very special video with you that shows a side of Barack Obama few outside the campaign have seen.
A few days after he became the presumptive Democratic nominee, Barack spoke to campaign staff and volunteers at our headquarters in Chicago.
He shared his personal thoughts about what we had accomplished and outlined the challenging road ahead.
We were all so moved by what Barack had to say that I knew we had to share it with all of you:
In just a few minutes, Barack expressed what this campaign is all about. He reminded us of the challenges we face -- and that our fellow Americans are counting on our success.
That's a message that everyone who believes in this campaign should hear.
And now that we have declared our independence from a broken campaign finance system, what Barack said about building a national movement is more important than ever.
As someone who has donated to this campaign in the past, you need to hear what Barack has to say about facing off against John McCain. The consequences for our country's future are enormous, and we need to build our movement in all 50 states if we are going to compete.
You can inspire a fellow supporter to step up and join this movement by promising to match their first donation. You will double your impact, and you can even choose to exchange a note about Barack's speech and why you've decided to support this campaign.

The stakes in this election couldn't be higher. Help build this movement by supporting our campaign today.
Thanks for everything you do,
Steve

Steve Hildebrand
Deputy Campaign Manager
Obama for America

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