quinta-feira, junho 19, 2008

PRESIDENCIAIS NOS EUA - 13



Continuemos a acompanhar os mails do Fernando e as suas notas e informações nesta prolongadíssima campanha.




Obama News
- 20080619 -
Algumas notas

Caros amigos,
Um dos objectivos das minhas Obama News (que, neste momento, conta com 75 leitores directos) era e é fornecer-vos informação honesta e actualizada a que, certamente, não poderão ter acesso através dos meios de comunicação de que dispõem.
O facto de me encontrar a viver nos EUA dá-me a vantagem de poder estar, não apenas a assistir, mas a participar.
Por outro lado, tenho procurado estudar tudo isto, tentar perceber, caminhar pela complexidade das coisas e não me satisfazer com aparências, notícias de ocasião, impressões do momento, apoios ou rejeições impensadas, palavras ou frases fora do contexto, distracções várias, provocações, etc.
Outro aspecto enriquecedor desta minha iniciativa é receber comentários, críticas, observações, correcções, perguntas, silêncios, recusas, apoios, abraços... que servem para aprendeer mais e matar algumas saudades.
Por hoje, aqui vão 4 comentários.
1. SONDAGENS DE ONTEM
O aspecto mais significativo das sondagens de ontem eram os valores registados em 3 Estados muito importantes em Novembro: Florida, Ohio e Pennsylvania.
Na Florida Obama ganha a McCain por 4 pontos percentuais. Em Ohio ganha por 6. Na Pennsylvania ganha por 12.
Se estes resultados se confirmassem em Novembro era o suficiente para Obama conseguir a maioria do Colégio Eleitoral que, posteriormente, elegerá o futuro Presidente dos EUA.
A somar a isto há que considerar que Obama continua a consolidar posições nos chamados Estados Azuis (tradicionalmente de maioria do Partido Democrático), enquanto vai ganhando posições nos chamados Estados Vermelhos (tradicionalmente de maioria do Partido Republicano). Poderá admitir-se a hipótese de, em Novembro, Obama ganhar em todos os chamados Estados Azuis e conquistar, ainda alguns Estados tradicionalmente Vermelhos.
2. REUNIÃO DE VOLUNTÁRIOS
Envio 3 fotografias de uma reunião em que estive ontem, ao fim do dia.






Éramos cerca de 40 pessoas e, por curiosidade, como de costume, dois terços eram mulheres. Outra curiosidade: apenas 4 não eram brancos.
Fez-me recordar o romantismo e a entrega de certos movimentos e iniciativas que começam nos dias difíceis e em que cada um dá o que tem. Desde as lutas clandestinas, às acções mais simples. Nessas alturas não havia (e não há) "tachos" para distribuir ou "penachos" para alguns... Nada era fácil a não ser a entrega voluntária a uma causa em que se acreditava... E, quando chegava a hora da verdade, cada um, por mais isolado que estivesse (nas celas de Caxias ou nas veredas da clandestinidade) sabia que não estava só.
A minha mãe, na sua infinita preocupação de me proteger, dizia: "O que andas a fazer, meu filho!?... Não vês que isto sempre foi assim e será!?... Não compreendes que, sozinho, não poderás mudar o mundo!?"... E eu sem lhe poder dizer que estava acompanhado...
Depois vem a fase da instalação, da rotina, da partilha de poderes (grandes e pequenos), das listas, da continuidade, da reacção ao que é novo e quer agitar, do proteccionismo e da corrupção (muitas vezes, intelectual), do adormecimento, do profissionlismo incompetente mas fiel substituir a militância crítica, do medo, da dependência e de tanta outra coisa que dá vida aos chamados "aparelhos partidários", essas realidades tentaculares que não podem deixar de existir mas que, a maior parte das vezes, perdem a capacidade de renovação e de auto-crítica.
Será, porventura, o que se irá passar por aqui. Poderá, quem sabe, ser excepção.
Mas, o que me interessa, é que neste momento estamos numa fase que antecede a do poder. Mais tarde, se acontecer porcaria, será tempo de voar para lá de outras fronteiras, de olhar para trás e não renegar, de olhar para a frente e continuar à procura de outras utopias.
Estou a viver a fase infantil de um processo democrático mitigado. Imagine-se o que é ter como primeira tarefa conseguir inscrever uns milhões de americanos nos cadernos eleitorais para poderem votar pela primeira vez!!!... Ainda por cima quando eu nem sequer posso votar!...
Para tentar compreender isto comprei ontem um livro intitulado Why Americans Still Don't Vote - And Why Politicians Want It That Way. Os autores são Frances Fox Piven e Richard A. Cloward.
3. O LIVRO DE PIVEN E CLOWARD (capa e contra-capa, tradução da minha responsabilidade)
"Intrigante e perturbador... Uma introdução desafiante e informativa a uma das questões mais graves da política americana actual", T. R. Reid, The Washington Post Book World.
Frances Fox Piven e Richard A. Cloward foram elementos chave da longa batalha para reformar as leis de registo eleitoral que finalmente deu origem ao National Voter Registration Act of 1993 (também conhecida como a lei que motiva ao voto, the motor voter law). Quando a primeira edição foi publicada em 1988, esta batalha estava ainda em curso e o livro representou uma veemente rajada. Demonstrava-se que o século XX tinha assistido a um esforço concertado para restringir o direito ao voto de imigrantes e pretos, através de uma complexa combinação de exigências fiscais, testes de literacia e complicadas exigências no registo de eleitores.
Esta edição completa a história até à actualidade. Analisando os resultados da reforma e utilizando comparações históricas paralelas (de outros países), Piven e Cloward revelam as razões pelas quais nenhum dos principais partidos (quer o Repubicano, quer o Democrático) realizou um esforço concertado para apelar ao registo eleitoral - e, por isso mesmo, porque continua a verificar-se que os Americanos continuam a não votar.
"É difícil ler este livro e não reconhecer que o nosso sistema, se não está completamente "partido", foi historicamente distorcido para favorecer os votantes privilegiados e as influências do voto", Garry Wills, The New York Review of Books.
"Uma importante e fascinante análise", Los Angeles Times Book Review.
"Genuinamente esclarecedor, oferecendo uma fotografia clara aos reformadores do que eles têm pela frente e porquê", Walter Dean Burham, The New Republic.
"Piven e Cloward escreveram um trabalho fundamental para o registo de eleitores e as suas consequências para a nossa política, as nossas eleições e o nosso governo", John W. Douglas, Philadelphia Inquirer.
Frances Fox Piven e Richard A. Cloward são coautores de Regulation the Poor, The Politics of Turmoil, Poor People's Movements e muitos outros livros. Receberam o 2000 American Sociological Association Distinguished Career Award for the Practice of Sociology.
"Intrigante e perturbador... Uma introdução desafiante e informativa a uma das questões mais graves da política americana actual", T. R. Reid, The Washington Post Book World.
4. DECLARAÇÃO DE OBAMA FEITA HOJE
Através do site oficial, Obama anuncia hoje a decisão de não contarem com fundos públicos para o financiamento da campanha eleitoral.
Apela aos seus apoiantes para que enviem pequenas contribuições (5, 10, 25, 50,... dólares). Recorda que conta com o apoio regular de mais de um milhão e meio de americanos que, durante as Primárias, apoiaram financeiramente a sua candidatura.
É um texto interessante. Limito-me a enviar o link para quem estiver interessado.
http://my.barackobama.com/page/community/post/samgrahamfelsen/gG5SPm
...
Um enorme abraço para todos,
fernando

1 comentário:

bettips disse...

É para mandar um abraço solidário ao Fernando, embora "aquela democracia" seja um caminho muiiitttoo leennnto ... e estou quase como dizia a mãe dele: meu filho???
Ao ZL, outro abraço pela sua persistência lúcida.
Boa sorte

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