De facto não é nada fácil falar e escrever português com absoluto rigor.
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Eis a colocação do problema e a resposta.
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«Sou estudante universitário e é-me bastante importante saber o motivo pelo qual a expressão "O João, preocupado que ele voltasse a sair mais cedo, saiu" está errada, e quais os fenómenos linguísticos implicados.
David Guerreiro (Portugal)
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O adjectivo preocupado selecciona habitualmente um grupo nominal preposicionado (ex. está preocupado com a doença da mãe) e não uma frase finita (ex. *está preocupado que a mãe esteja doente; o asterisco indica agramaticalidade). Num dicionário de regências como o Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, de Francisco FERNANDES (25.ª ed., São Paulo: Globo, 2000), por exemplo, poderá encontrar as estruturas abonadas e consideradas correctas para este adjectivo: preocupado com + grupo nominal (ex. preocupado com as dívidas), preocupado em + frase infinitiva (ex. preocupado em pagar as dívidas), preocupado de + grupo nominal (ex. preocupado das dívidas), preocupado por + grupo nominal (ex. preocupado pelas dívidas), sendo as duas últimas estruturas algo raras.
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Por este motivo, na frase em questão, não é aconselhável o uso do adjectivo preocupado seguido de uma frase finita (que ele voltasse a sair mais cedo). Como alternativa, poderia utilizar uma construção como preocupado com a possibilidade de ele voltar a sair mais cedo (a frase infinitiva está contida no grupo nominal cujo núcleo é possibilidade).
Bibliografia: João Andrade PERES e Telmo MÓIA, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa: Caminho, 1995, p. 80
Resposta: Helena Figueira, 19-Jan-2007
(Fonte: Texto Editores, Dicionário Priberam ol, Dúvidas linguísticas, Estruturas argumentais, Regência de “preocupado”)
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Quem foi que disse que o português é fácil?... Quem foi?
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(Nunca vamos saber tudo. É aprender até nos apagarmos...)
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