quarta-feira, janeiro 17, 2007

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


Sumário:

- A multifacetada figura de Benjamin Franklin: cientista autodidacta, filósofo, político e diplomata, jornalista, editor, autor e figura chave da Independência dos EU, o único que deixou a sua assinatura nos quatro documentos fundamentais da História do país

- Com a tomada de Varsóvia (II Grande Guerra), e a aproximação das tropas soviéticas, os nazis começam a evacuar o campo de extermínio de Auschwitz

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Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

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Benjamin Franklin (foto da Wikipédia)


Passaram-se 301 anos sobre o nascimento, em Bóston, no DM 17.01.1706, de Benjamin Franklin, cientista, filósofo, político e diplomata, nome chave na independência dos EU.

Em Inglaterra reinava Ana Stuart – Ana I – filha de Jaime II. A última monarca da dinastia Stuart sucedeu ao cunhado, Guilherme de Orange, viúvo da sua irmã mais velha, Maria II.

Em França reinava o Rei-Sol, Luís XIV.

Em Portugal reinava o pai de D. João V, D. Pedro II (23º) que, traindo o seu irmão, D. Afonso VI, lhe sucedeu, em vida, no trono e na nupcial alcova.

No Vaticano pontificava Clemente XI (243º) que, por bulas de 1710, 1716 e 1718, concedeu à catedral de Lisboa, ao seu bispo, auxiliares e cabido, extraordinárias mercês e dignidades, convertendo o patriarcado de Lisboa numa” miniatura da corte pontifícia” (Padre Miguel de Oliveira, op. cit, pág 308)

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Cientista autodidacta, escritor e estadista, Benjamin Franklin participa da Declaração de Independência.

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A Declaração da Independência Americana foi o documento em que as Treze Colónias na América do Norte declararam, e fundamentaram, a sua independência do Reino Unido. Foi ratificada no Congresso Continental em 4 de Julho de 1776, considerado o dia da independência dos Estados Unidos.

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«Benjamin Franklin

América celebra o seu grande génio»

- era o antetítulo e o título dum trabalho da correspondente do Público, em Washington, Rita Siza, de há um ano atrás, quando se comemorava o terceiro centenário do nascimento do ilustre norte-americano, considerando-o «uma das figuras primordiais da luta pela independência dos Estados Unidos e uma das personalidades mais fascinantes do século XVIII».

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«Benjamin Franklin é a única personalidade que deixou a sua assinatura nos quatro documentos fundamentais da História dos EUA: a Declaração da Independência, o tratado de aliança com a França, o acordo de paz com a Inglaterra e a Constituição» – refere ainda a mesma jornalista no mesmo trabalho. E logo esclarece: «impressionante, tendo em conta a época histórica e sobretudo as origens de Franklin: sem riqueza, herança ou posição social, era o décimo filho de um operário de Bóston». Contudo – prossegue - «deixou uma importante herança histórica que transcende a sua actividade política e se estende pelos domínios da ciência, educação, jornalismo, empreendedorismo e filantropia».

Considerado «o paradigma do self-made man», «"Benjamin Franklin é o único pai fundador com quem toda a gente se pode identificar. É uma espécie de patrono das pessoas comuns. Ao mesmo tempo, é o grande génio norte-americano", comentou o historiador Walter Isaacson, autor de Benjamin Franklin, An American Life» - cita ainda Rita Siza.

«"A sua longa vida pública e os seus prolíferos escritos revelam um labirinto de diferentes personalidades. Franklin era mestre em mascarar-se; ele entendia a vida norte-americana como um grande baile de máscaras", refere Michael Zuckerman, professor de História da Universidade da Pensilvânia» - cita desta vez aquela correspondente do Público.

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São raras as áreas em que Benjamin Franklin não tenha tido uma intervenção: jornalista, editor, autor, filantropo, funcionário público, cientista. Foi ainda o primeiro diplomata norte-americano, tendo servido como embaixador dos EU em França, durante vários anos.

Em matéria das suas invenções ficou mais célebre – na área da electricidade – a do pára-raios (1752). Mas elas estenderam-se a outros domínios: inventou as lentes bifocais, instrumentos musicais e um famoso forno que era conhecido pelo seu nome, Franklin.

E são ainda obra sua, a primeira biblioteca pública da América, o primeiro colégio não confessional e o primeiro jornal nacional.

Como foi ainda o filósofo que criou a American Philosophical Society.

Como foi, ainda ele, que mandou cartografar a corrente do golfo.

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«Franklin abandonou a escola aos 10 anos para ajudar o pai, e aos 17 anos mudou-se para Filadélfia para iniciar o seu negócio de tipografia, que depois estendeu à publicação do jornal Pensilvania Gazette. Aos 42 anos era um dos homens mais ricos e influentes da cidade - tendo decidido, por essa altura, que era chegado o tempo de promover o desenvolvimento da sua comunidade. A sua actividade cívica teve tanto de filantrópica como de política: foi o promotor da pavimentação, iluminação e limpeza das ruas de Filadélfia, constituiu a comissão instaladora do primeiro hospital da cidade [e] lançou a primeira companhia de seguros (...)» - lê-se no mesmo artigo que vimos acompanhando. Que prossegue de seguida: «como delegado da Pensilvânia no Congresso de Albany, foi o primeiro a propor a união de todas as colónias, antecipando o movimento revolucionário que daria origem à independência. Mais tarde, esteve à frente de todos os fóruns congressionais que culminaram com a Declaração da Independência e a redacção da Constituição. Apesar de ser um dos líderes da revolução, Franklin foi sempre um diplomata e homem de consensos, preferindo acordos, alianças e tratados (políticos e económicos) à insubordinação militar e à guerra. Negociou intensamente com os ingleses e os franceses, a quem pediu apoio para a independência».

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«Benjamin Franklin foi muitas coisas na vida, mas a forma de pensar de cientista influenciou decisivamente a sua acção. (...) O físico Neal Lane, que foi conselheiro para a ciência de Bill Clinton, diz mesmo que ele é um exemplo do "cientista cívico". "Um cientista cívico é alguém que usa os seus conhecimentos científicos para influenciar a política e informar os cidadãos", explicou Lane, na revista Physics Today de Outubro de 2003» - como noutro artigo, no mesmo diário e na mesma data, nos dá conta Clara Barata.

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A popularidade de “Ben Franklin”, que morreu com 84 anos, em Filadélfia, no SB 17.04.1790, deve-se ainda, como assinala o citado historiador Walter Isaacson, "[à] sabedoria e [às] tiradas que Franklin reuniu no seu Poor Richard"s Almanac [que] permaneceram no imaginário e na linguagem modernas - expressões como "no pain, no gain", "haste makes waste", "in this world nothing can be said to be certain except death and taxes" – recorda Rita Siza.

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Aliás, diz-se ser também dele a velha máxima "TIME IS MONEY".

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B. Franklin foi ainda abolicionista: aos 79 anos, embora padecendo de gota, encabeçou a sua derradeira causa: a abolição da escravatura no país. Mas esta só se tornaria efectiva em 31.01.1865.

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O "portão da morte" do campo de concentração de Birkenau (Auschwitz II) (foto retirada da Wikipédia)


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Passaram-se 62 anos - foi na QA 17.01.1945: os nazis começam a evacuar o campo de concentração e extermínio de Auschwitz devido à aproximação das tropas soviéticas.

A derrota da Alemanha e o fim do regime nazi já eram uma certeza.

Nos EU decorria o mandato do 32 presidente, Franklin Delano Roosevelt, do partido democrata. Em Inglaterra reinava Jorge VI, pai de Isabel II. Na França instalara-se o Governo Provisório da República, com sucessivas lideranças, designadamente Charles de Gaulle, entre Junho de 1944 e Janeiro de 1946. Em Portugal ia-se radicando e radicalizando a ditadura sob a batuta de Oliveira Salazar com a conivência do general Carmona e as complacentes bênçãos do Cardeal Cerejeira. Mais lá adiante, em Roma, pontificava Pio XII (260º), uma voz que era suposto incomodar... Mas que diplomaticamente se conformou.

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Segundo se lê na Wikipédia, “campo de extermínio (Vernichtungslager) era o termo aplicado a um grupo de campos construídos pela Alemanha Nazi durante a Segunda Guerra Mundial com o objectivo expresso de matar os Judeus da Europa”.

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Bom, não só judeus, mas também outros “impuros”: como ciganos, comunistas e homossexuais.

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É que havia, também, os campos de concentração e os campos de trabalho escravo, sendo que a exploração deste era comum aos dois tipos de presídio.

Os outros, porém, eram puros campos de extermínio, destinados a dizimar elevado número, especialmente, de Judeus, pouco depois de aí terem chegado.

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“O método de matança nestes campos era o gás venenoso, normalmente em câmaras de gás, apesar de muitos prisioneiros terem sido mortos em massa por fuzilamento e outros meios. Os corpos dos mortos eram destruídos em crematórios (excepto em Sobibór onde eles foram cremados em fogueiras ao ar livre), e as cinzas eram enterradas ou dispersas” – lê-se na mesma enciclopédia.

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Foi o Holocausto, cuja realidade alguns hoje querem negar, e muitos esquecer.

Tratava-se, aliás, da “operação Reinhard, o nome de código para a matança sistemática dos judeus na Europa, conhecido amplamente sob o eufemismo, de "solução final da questão judia" (Endlösung der Judenfrage). A operação foi decidida na conferência de Wannsee de Janeiro de 1942 e conduzida sob o controle administrativo de Adolf Eichmann” – consta ainda da mesma enciclopédia.

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Um dos mais célebres dos seis campos de extermínio – ou campos da morte - existentes na Polónia ocupada, foi o de Auschwitz-Birkenau ou Auschwitz II.

Só neste campo foram exterminados um milhão e seiscentos mil judeus.

Selecção dos prisioneiros em Auschwitz: à direita, o comboio
da derradeira viagem; ao fundo, à esquerda, a entrada do campo.
A imagem apresenta certas manchas: neblina ou fumo da cremação dos “impuros”?
(foto copiada da Wikipédia)

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As vítimas eram “armazenadas” nas humanas condições que a seguinte imagem deixa entender.

Alojamento dos prisioneiros no campo de concentração de Birkenau (foto da Wikipédia)

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Hoje, desse pesadelo restam algumas sinistras memórias e macabros sinais.

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Ruínas de Auschwitz. Fazem parte do património da humanidade.
(Outro crédito fotográfico da Wikipédia)

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Mas as “boas ideias” sempre têm os seus seguidores.

Campos de concentração, há-os (Guantánamo, por ex.) e houve-os em todos os regimes ditatoriais ou musculados – como o campo do Tarrafal, na ilha de Santiago, Cabo Verde, para onde eram desterrados os inimigos políticos do cristianíssimo Salazar e do seu regime e onde ficou célebre a tortura da “frigideira”

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"Frigideira": uma "caixa" completamente fechada, com paredes, tecto e chão em cimento, com uns 5 a 6 metros de comprimento, por três de largura e, no máximo, uns dois metros e meio de altura. Sem uma enxerga, sequer, e sem qualquer móvel ou utensílio. "As portas de ferro tinham meia dúzia de orificiozinhos de diâmetro inferior a um centímetro por onde se fazia um simulacro de arejamento. Por cima das portas, junto ao tecto, uma pequena fresta gradeada." Estas "caixas" ficavam num sítio ermo, sob a acção do sol ardente africano durante o dia, e as, por vezes, acentuadas variações térmicas nocturnas. Nestes "caixotes" se amontoavam, não raramente, dez e doze especiais "premiados", pelo seu activo anti-salazarismo.

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2 comentários:

Anónimo disse...

Belíssimo trabalho!
Infelizmente, não tenho tempo para mais demorado e merecido comentário.

Para reler!!!

Um abraço.

Anónimo disse...

Salazar, fez em erro grave de não ter matado pelo menos uns 500 mil comunistas portuguese, de não ter feito campos de trabalhos forçado e de exterminio, de não ter feito um Gulag em Portugal para matar os bandidos comunistas portuguses!

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