Sumário:
- A multifacetada figura de Benjamin Franklin: cientista autodidacta, filósofo, político e diplomata, jornalista, editor, autor e figura chave da Independência dos EU, o único que deixou a sua assinatura nos quatro documentos fundamentais da História do país
- Com a tomada de Varsóvia (II Grande Guerra), e a aproximação das tropas soviéticas, os nazis começam a evacuar o campo de extermínio de Auschwitz
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Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.
Respondendo a uma interrogação,
continuo a dar relevo ao papado.
Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.
E não só, nos últimos séculos.
Os papas sempre foram,
para muitos, figuras de referência,
e para a generalidade, figuras de relevo;
por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.
Alguns
(muitos)
não pelas melhores razões.
Mas foram.
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O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao: . ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira) . ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma) . ano 4703/4704 do calendário chinês . ano 5767/5768 do calendário hebraico |
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO: |
2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África. 2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo. 2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo. 2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos. 2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável. 2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida". |
2007 Ano Internacional da Heliofísica |
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Passaram-se 301 anos sobre o nascimento, em Bóston, no DM 17.01.1706, de Benjamin Franklin, cientista, filósofo, político e diplomata, nome chave na independência dos EU.
Em Inglaterra reinava Ana Stuart – Ana I – filha de Jaime II. A última monarca da dinastia Stuart sucedeu ao cunhado, Guilherme de Orange, viúvo da sua irmã mais velha, Maria II.
Em França reinava o Rei-Sol, Luís XIV.
Em Portugal reinava o pai de D. João V, D. Pedro II (23º) que, traindo o seu irmão, D. Afonso VI, lhe sucedeu, em vida, no trono e na nupcial alcova.
No Vaticano pontificava Clemente XI (243º) que, por bulas de 1710, 1716 e 1718, concedeu à catedral de Lisboa, ao seu bispo, auxiliares e cabido, extraordinárias mercês e dignidades, convertendo o patriarcado de Lisboa numa” miniatura da corte pontifícia” (Padre Miguel de Oliveira, op. cit, pág 308)
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Cientista autodidacta, escritor e estadista, Benjamin Franklin participa da Declaração de Independência.
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A Declaração da Independência Americana foi o documento em que as Treze Colónias na América do Norte declararam, e fundamentaram, a sua independência do Reino Unido. Foi ratificada no Congresso Continental em 4 de Julho de 1776, considerado o dia da independência dos Estados Unidos. |
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«Benjamin Franklin
América celebra o seu grande génio»
- era o antetítulo e o título dum trabalho da correspondente do Público, em Washington, Rita Siza, de há um ano atrás, quando se comemorava o terceiro centenário do nascimento do ilustre norte-americano, considerando-o «uma das figuras primordiais da luta pela independência dos Estados Unidos e uma das personalidades mais fascinantes do século XVIII».
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«Benjamin Franklin é a única personalidade que deixou a sua assinatura nos quatro documentos fundamentais da História dos EUA: a Declaração da Independência, o tratado de aliança com a França, o acordo de paz com a Inglaterra e a Constituição» – refere ainda a mesma jornalista no mesmo trabalho. E logo esclarece: «impressionante, tendo em conta a época histórica e sobretudo as origens de Franklin: sem riqueza, herança ou posição social, era o décimo filho de um operário de Bóston». Contudo – prossegue - «deixou uma importante herança histórica que transcende a sua actividade política e se estende pelos domínios da ciência, educação, jornalismo, empreendedorismo e filantropia».
Considerado «o paradigma do self-made man», «"Benjamin Franklin é o único pai fundador com quem toda a gente se pode identificar. É uma espécie de patrono das pessoas comuns. Ao mesmo tempo, é o grande génio norte-americano", comentou o historiador Walter Isaacson, autor de Benjamin Franklin, An American Life» - cita ainda Rita Siza.
«"A sua longa vida pública e os seus prolíferos escritos revelam um labirinto de diferentes personalidades. Franklin era mestre em mascarar-se; ele entendia a vida norte-americana como um grande baile de máscaras", refere Michael Zuckerman, professor de História da Universidade da Pensilvânia» - cita desta vez aquela correspondente do Público.
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São raras as áreas
Em matéria das suas invenções ficou mais célebre – na área da electricidade – a do pára-raios (1752). Mas elas estenderam-se a outros domínios: inventou as lentes bifocais, instrumentos musicais e um famoso forno que era conhecido pelo seu nome, Franklin.
E são ainda obra sua, a primeira biblioteca pública da América, o primeiro colégio não confessional e o primeiro jornal nacional.
Como foi ainda o filósofo que criou a American Philosophical Society.
Como foi, ainda ele, que mandou cartografar a corrente do golfo.
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«Franklin abandonou a escola aos 10 anos para ajudar o pai, e aos 17 anos mudou-se para Filadélfia para iniciar o seu negócio de tipografia, que depois estendeu à publicação do jornal Pensilvania Gazette. Aos 42 anos era um dos homens mais ricos e influentes da cidade - tendo decidido, por essa altura, que era chegado o tempo de promover o desenvolvimento da sua comunidade. A sua actividade cívica teve tanto de filantrópica como de política: foi o promotor da pavimentação, iluminação e limpeza das ruas de Filadélfia, constituiu a comissão instaladora do primeiro hospital da cidade [e] lançou a primeira companhia de seguros (...)» - lê-se no mesmo artigo que vimos acompanhando. Que prossegue de seguida: «como delegado da Pensilvânia no Congresso de Albany, foi o primeiro a propor a união de todas as colónias, antecipando o movimento revolucionário que daria origem à independência. Mais tarde, esteve à frente de todos os fóruns congressionais que culminaram com a Declaração da Independência e a redacção da Constituição. Apesar de ser um dos líderes da revolução, Franklin foi sempre um diplomata e homem de consensos, preferindo acordos, alianças e tratados (políticos e económicos) à insubordinação militar e à guerra. Negociou intensamente com os ingleses e os franceses, a quem pediu apoio para a independência».
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«Benjamin Franklin foi muitas coisas na vida, mas a forma de pensar de cientista influenciou decisivamente a sua acção. (...) O físico Neal Lane, que foi conselheiro para a ciência de Bill Clinton, diz mesmo que ele é um exemplo do "cientista cívico". "Um cientista cívico é alguém que usa os seus conhecimentos científicos para influenciar a política e informar os cidadãos", explicou Lane, na revista Physics Today de Outubro de 2003» - como noutro artigo, no mesmo diário e na mesma data, nos dá conta Clara Barata.
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A popularidade de “Ben Franklin”, que morreu com 84 anos, em Filadélfia, no SB 17.04.1790, deve-se ainda, como assinala o citado historiador Walter Isaacson, "[à] sabedoria e [às] tiradas que Franklin reuniu no seu Poor Richard"s Almanac [que] permaneceram no imaginário e na linguagem modernas - expressões como "no pain, no gain", "haste makes waste", "in this world nothing can be said to be certain except death and taxes" – recorda Rita Siza.
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Aliás, diz-se ser também dele a velha máxima "TIME IS MONEY".
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B. Franklin foi ainda abolicionista: aos 79 anos, embora padecendo de gota, encabeçou a sua derradeira causa: a abolição da escravatura no país. Mas esta só se tornaria efectiva em 31.01.1865.
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O "portão da morte" do campo de concentração de Birkenau (Auschwitz II) (foto retirada da Wikipédia)
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Passaram-se 62 anos - foi na QA 17.01.1945: os nazis começam a evacuar o campo de concentração e extermínio de Auschwitz devido à aproximação das tropas soviéticas.
A derrota da Alemanha e o fim do regime nazi já eram uma certeza.
Nos EU decorria o mandato do 32 presidente, Franklin Delano Roosevelt, do partido democrata. Em Inglaterra reinava Jorge VI, pai de Isabel II. Na França instalara-se o Governo Provisório da República, com sucessivas lideranças, designadamente Charles de Gaulle, entre Junho de 1944 e Janeiro de 1946. Em Portugal ia-se radicando e radicalizando a ditadura sob a batuta de Oliveira Salazar com a conivência do general Carmona e as complacentes bênçãos do Cardeal Cerejeira. Mais lá adiante, em Roma, pontificava Pio XII (260º), uma voz que era suposto incomodar... Mas que diplomaticamente se conformou.
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Segundo se lê na Wikipédia, “campo de extermínio (Vernichtungslager) era o termo aplicado a um grupo de campos construídos pela Alemanha Nazi durante a Segunda Guerra Mundial com o objectivo expresso de matar os Judeus da Europa”.
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Bom, não só judeus, mas também outros “impuros”: como ciganos, comunistas e homossexuais.
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É que havia, também, os campos de concentração e os campos de trabalho escravo, sendo que a exploração deste era comum aos dois tipos de presídio.
Os outros, porém, eram puros campos de extermínio, destinados a dizimar elevado número, especialmente, de Judeus, pouco depois de aí terem chegado.
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“O método de matança nestes campos era o gás venenoso, normalmente em câmaras de gás, apesar de muitos prisioneiros terem sido mortos em massa por fuzilamento e outros meios. Os corpos dos mortos eram destruídos em crematórios (excepto em Sobibór onde eles foram cremados em fogueiras ao ar livre), e as cinzas eram enterradas ou dispersas” – lê-se na mesma enciclopédia.
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Foi o Holocausto, cuja realidade alguns hoje querem negar, e muitos esquecer.
Tratava-se, aliás, da “operação Reinhard, o nome de código para a matança sistemática dos judeus na Europa, conhecido amplamente sob o eufemismo, de "solução final da questão judia" (Endlösung der Judenfrage). A operação foi decidida na conferência de Wannsee de Janeiro de 1942 e conduzida sob o controle administrativo de Adolf Eichmann” – consta ainda da mesma enciclopédia.
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Um dos mais célebres dos seis campos de extermínio – ou campos da morte - existentes na Polónia ocupada, foi o de Auschwitz-Birkenau ou Auschwitz II.
Só neste campo foram exterminados um milhão e seiscentos mil judeus.
Selecção dos prisioneiros em Auschwitz: à direita, o comboio
da derradeira viagem; ao fundo, à esquerda, a entrada do campo.
A imagem apresenta certas manchas: neblina ou fumo da cremação dos “impuros”?
(foto copiada da Wikipédia)
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As vítimas eram “armazenadas” nas humanas condições que a seguinte imagem deixa entender.
Alojamento dos prisioneiros no campo de concentração de Birkenau (foto da Wikipédia)
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Hoje, desse pesadelo restam algumas sinistras memórias e macabros sinais.
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Ruínas de Auschwitz. Fazem parte do património da humanidade.
(Outro crédito fotográfico da Wikipédia)
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Mas as “boas ideias” sempre têm os seus seguidores.
Campos de concentração, há-os (Guantánamo, por ex.) e houve-os em todos os regimes ditatoriais ou musculados – como o campo do Tarrafal, na ilha de Santiago, Cabo Verde, para onde eram desterrados os inimigos políticos do cristianíssimo Salazar e do seu regime e onde ficou célebre a tortura da “frigideira”
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"Frigideira": uma "caixa" completamente fechada, com paredes, tecto e chão em cimento, com uns |
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2 comentários:
Belíssimo trabalho!
Infelizmente, não tenho tempo para mais demorado e merecido comentário.
Para reler!!!
Um abraço.
Salazar, fez em erro grave de não ter matado pelo menos uns 500 mil comunistas portuguese, de não ter feito campos de trabalhos forçado e de exterminio, de não ter feito um Gulag em Portugal para matar os bandidos comunistas portuguses!
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