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Se entre os mais radicais e descontrolados apoiantes do SIM há manifestos exageros que a generalidade dos defensores dessa opção não aceita, entre os apoiantes do NÃO é escandalosa a falta de seriedade, a falta de verticalidade intelectual na abordagem da matéria no que toca à apreciação dos argumentos sérios dos que tomam a posição contrária.
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É extraordinária a linguagem terrorista (o raciocínio vesgo) dos ultra “ortodoxos” defensores do NÃO.
As distorções que fazem para fazer passar a respectiva mensagem...
As comparanças que estabelecem...
O uso despudorado da mentira e da insinuação torpe...
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Enfim, são, em geral, exímias na hipocrisia, estas “santas” criaturas - os ultras do NÃO...
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Infelizmente, é um bom retrato dessa falta de seriedade e de verticalidade intelectual, a destemperada e catequética prelecção do Sr Professor Mário Pinto na sua habitual coluna no Público desta última Segunda-feira, 15.01.2007.
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Aprecie-se até onde vai o arrojo, NA DETURPAÇÃO E NA FALTA DE VERDADE, do Senhor Professor, que termina assim a sua homilia:
«Conclusão evidente: a alternativa aberta pelo próximo referendo de uma total liberalização do aborto até às dez semanas, por vontade discricionária e incontrolada da mulher grávida, é um excesso bárbaro, uma injustiça humana e uma mistificação constitucional. Com efeito, se as reais razões da mulher para abortar não precisam de ser invocadas, então poderão elas ser quaisquer: desde razões sérias, a razões perversas; desde reais dificuldades, até caprichos, negócios, feitiços, vinganças, crueldades, tudo. Desta maneira, note-se bem, deixa de haver limites, nem éticos, nem morais, nem sociais, juridicamente relevantes. Literalmente: "não há direito"»
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Quer dizer: o Senhor Professor confessa que há “reais dificuldades” e “razões sérias” para a IVG, mas logo sai do sério para inventar “razões perversas” que atribui aos seus oponentes. E descamba para a tal linguagem terrorista e vérmica (“excesso bárbaro”), numa falsa e abusiva interpretação da posição dos apoiantes do SIM: “as reais razões da mulher para abortar não precisam de ser invocadas” porque tudo decorre – é o Senhor Professor que diz, não somos nós – da “vontade discricionária e incontrolada da mulher grávida”. E sem avisar que a avaliação é de sua conta e risco, mais que insinua, antes, aleivosamente e falseando a verdade, afirma que aos seus opositores quaisquer razões servem, na defesa do seu (dos opositores) ponto de vista: “caprichos, negócios, feitiços, vinganças, crueldades, tudo”.
É “isto” tratamento sério e intelectualmente vertical da matéria?
É nisto que consiste um debate leal e digno do problema?
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Bom, imaginemos que é excessivo considerar o seu sermão como linguagem terrorista...
Gostaria que as pessoas ponderadas e sérias me dissessem como qualificá-lo.
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(Mas não o Senhor Professor – nem outros que tais professores e acólitos – de quem não aceitamos lições... pela simples razão de que não obedecem àquele pressuposto: dignidade, seriedade, verticalidade, sensatez.
Dispam-se das roupagens dum humanismo hipócrita e da caridadezinha farisaica. Ganhem coragem e enfrentem o Mundo com verdadeiro humanismo e solidariedade.)
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3 comentários:
Já que este Senhor Professor se veste de tão pretensas roupagens católicas deveria Deus Nosso Senhor fazer o milagre de o engravidar. Depois falaríamos.
MUITO BEM!
Excelente artigo de resposta a um bárbaro!
Um grande abraço.
Jorge G
Não será que faz parte da "estratégia" desses senhores,dizerem esse chorrilho de disparates,para desacreditarem a questão e fazerem o "povinho" voltar as costas ao referendo?!
É inconcebível a desonestidade intelectual desses "senhores"!
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